sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sobre A Privataria Tucana



Carlos Antonio Fragoso Guimarães

        Finalmente, como um presente de Natal, saiu o livro de Amaury Ribeiro Jr., muito bem documentado, sobre o descalabro das doações, chamadas de privatizações, da época escura do neoliberalismo selvagem (que de forma menos intensa levou à crise de 2008 e 2011) tucano, e ainda do processo de tráfico de influência dentro do PSDB e as relações do alto tucanato com grandes empresários.

        Obra ímpar, pela apresentação detalhada dos fatos, esquemas, pessoas e documentos (muitos, oficiais), vinha, há mais de um ano, desde que foi conhecido seu projeto de lançamento, tirando o sono dos tucanos. 
      O livro narra diversas irregularidades no processo de entrega do patrimônio nacional - muitos dos quais, como a Vale do Rio Doce, altamente lucrativos - aos interesses privados, sem que tenha havido real benefício ao povo, ao contrário foi usado dinheiro público e de fundos de pensões (por exemplo, a Previ dos funcionários do Banco do Brasil, como está mostrado no livro, foi desviada pelo tesoureiro de campanhas de FHC e Serra para ajudar na compra da Vale onde quem manda hoje é o pessoal do Bradesco) para o financiamento das doações
      Também destaca o livro o papel de José Serra em tudo isso, braço direito de FHC, bem afinado que era com o consenso neoliberal de Washington e as receitas nocivas contra o Estado de bem-estar social do FMI, e enriquecimento fenomenal de associados, ligados ao que pode ser o maior crime de lesa-pátria oficioso. 
       O livro deixa claro, por meio dos documentos que apresenta, quem foi quem no processo de pirataria do patrimônio nacional. Apresenta quem se movimentava e o que fazia nos porões da privataria, o que esclarece algumas perguntas. Quem enriqueceu com isso? Quem recebeu propina? Quais meios de comunicação de massa foram os principais instrumentos de manipulação intelectual para encobrir os descalabros da privataria? Por que agentes de importância neste esquema de doações financiados com o dinheiro público recebem, repentinamente, perdão das dívidas com os bancos que eram públicos e que se enfraqueceram em frente aos bancos privados? Quem se tornou especialista em lavagem de dinheiro? E, por fim, qual a causa e motivo deste processo? Que caminhos ocultos tomaram os valores das privatizações? Tudo isso e muito mais está bem respondido, documentado e descrito no livro do repórter Amaury Ribeiro Jr.
     Apesar da grande procura, tornando-o um dos livros mais vendidos nas últimas semanas, tendo a sua primeira edição esgotada em 24 horas, a mídia comercial atrelada ao modelo neoliberal tucano faz um estrondoso e sonoro silêncio sobre a obra, com exceção da revista Carta Capital. Por que será?
         Também os citados no livro até bem pouco tempo seguiam em profundo (e suspeito) silêncio... Deles, depois de dias, veio apenas uma curta e lacônica afirmação de um José Serra visivelmente contrariado: "É lixo!"... Um lixo muito bem documentado, diga-se de passagem. Já na Internet, a situação é bem outra... O livro vem batendo recordes de comentários nas redes sociais e no Youtube, de onde se vê que o monopólio da informação não é mais "mercadoria" apropriada pela mídia comercial a ser comercializada e manipulada de acordo com os interesses das famílias Civita, Marinho, Mesquita ou Haddad, entre outras.
        A Privataria Tucana foi lançada pela Geração Editorial e está a agitar os ninhos onde dormitavam aparentemente calmos os tucanos. O livro demonstra o que todos já sabiam: envolve nomes como o de José Serra (principalmente) e tantos outros famosos nos porões do desmonte do patrimônio público. Dentre os conhecidos e semi-celebridades que se encontram na narrativa de Amaury Ribeiro estão, além de FHC e José Serra, é claro, o do ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o Mr. Big, homem forte do Banco do Brasil durante as privatarias de FHC, utilizando dinheiro dos fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e também ajudando a enfraquecer este banco para benefíciar os bancos privados que investiaram no processo, como o Bradesco. Também  se fazem bem presentes no texto três dos parentes de Serra: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Também a irmã do Daniel Dantas, Verônica Dantas, e o próprio Daniel Dantas estão no meio da privataria. Todos eles se beneficiaram muitíssimo com o processo de entreguismo e, afirma o autor, têm muito o que explicar ao Brasil, bem como os meios de desinformação e manipulação de informações por parte de Serra e do PSDB.

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