quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Condicionamentos

Nos disseram um dia
Que para ser alguém
É necessário lutar
Competir por um lugar

Agora corremos,
Quase nunca porque queremos
O tempo parece ser cada vez menos
E tão inteligentes que somos
passamos pela vida, não vivemos

Meu vizinho é um estranho
Na estranheza de ser outro
Agora distante, não é mais gente
É um perigo que desejamos ausente

Só aprendemos a cuidar
De tudo o que não é mais nosso
Do ofício do escritório
Á máscara anônima do frio olhar

Corremos para trabalhar
O pouco que ganhamos, como esmola
Pensam os que nos compram a força de agir,
Nos serve para nos restaurar o suficiente - e olhe lá!
Para no outro dia
Mais uma vez labutar.

A natureza não é mais viva
Não é mais querida
Passou a ser mera coisa
Mera mercadoria

E nós somos os civilizados
Pensamos ser sábios e educados
Há real saber onde o que se faz importante
é tão somente aparentar desconhecendo nosso próprio ser?

Ser, crescer, ora, hoje, que significado terá?
Cedo se aprende a arte de fingir, mimetizar
Ganha mais a quem pode
Simular ser o robô que esperam que sejamos

Não importa mais se conhecer
Evoluir, se cultivar, para quê?
Não há mais sentido em se conviver
Amizade é algo que não se pode mais ter

Nada somos a não ser
acidentes fortuitos
em um desencatado, científico
competitivo mundo por nós mesmos tornado sem sentido

Não se perca tempo
Pensando viver em uma democracia
Vivemos sim, no clima de uma grande civilidade
onde só para consumir e produzir se faz a liberdade

E tão ciosos somos de sermos civilizados
Que bebemos, nos entorpecemos, fugimos de nós mesmos
Por que de todos os desconhecidos que nos possam cercar
Mais desconhecidos que somos de nós mesmos não podermos ficar.

Carlos Antonio Fragoso Guimarães, 14/09/2011

Um comentário:

  1. Muito Bom. É O QUE EU SEMPRE DIGO, MAS NUNCA CONSEGUI ME EXPRESSAR DE UMA FORMA TÃO BELA

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