Pesquisadora afirma que fake news sobre a guerra, além de prorrogá-la, acabam escondendo o genocício do povo palestino.
GGN. - O hospital batista de de Ahly Arab, em Gaza, foi atacado por um míssel nesta terça-feira (17), deixando mais de 500 mortos, além de centenas de pessoas sob os escombros. Porém, até agora, não se sabe quem foi o autor do disparo: Isral, Hamas ou o grupo Jihad Islâmico.
Isso porque a repercussão internacional sobre o fato, que é um crime de guerra, foi tão negativa que agora os suspeitos passaram a jogar a responsabilidade para o inimigo, confundindo a opinião pública e criando uma disputa de narrativas, como descreve a doutora em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP) e pesquisadora do grupo de estudos sobre conflitos internacionais da PUC-SP, Isabela Agostinelli, convidada do programa TVGGN 20H desta terça-feira.
“O que eu tenho percebido, principalmente a partir desse ataque, é que a guerra se tornou um tanto midiática, uma disputa de narrativas e uma tendência muito grande de nos encontrarmos com fake news ou com fontes não confiáveis. Isso tem alimentado também o desdobrar dessa guerra. Tem sido muito difícil, inclusive nas últimas horas. Primeiro, o próprio porta-voz do governo Netanyahu tinha dito que as forças de Israel tinham acabado de atacar o hospital que servia de base para o Hamas, no norte da Faixa de Gaza, que era a região que eles tinham falado para os palestinos fugirem de lá, seguirem para o sul. A própria ONU e a OMS tinha confirmado que Israel já tinha avisado que iria bombardear aquela região”, observa a pesquisadora.
Posteriormente, o governo israelense negou o ataque, atribuindo-o ao Jihad Islâmico. “Então, a gente também tem uma disputa de narrativas muito complicada, que acaba escondendo o que de fato está acontecendo, que é o genocídio da população civil palestina”, continua Isabela.
Muito além da religião
A convidada do programa reafirmou, ao longo da entrevista, que a guerra entre Israel e Hamas não é religiosa, mas sim territorial, tendo em vista que a fundação do Estado de Israel, em 1948, deu origem ao movimento político sionista como resposta ao antissemitismo.
Porém, como observa Isabela, a formação desse estado judeu veio pela colonização da Palestina, que foi reduzida à Faixa de Gaza e à Cisjordânia. Os acordos de Oslo, firmados entre 1993 e 2000, até tentaram estabelecer a criação do Estado Palestino, mas fracassaram.
“Muitos judeus ao redor do mundo se consideram antissionistas porque não concordam com a forma pelo qual o Estado de Israel foi criado e se mantém no poder até hoje. É muito importante fazermos essa distinção, até porque os defensores da colonização da Palestina vão sempre dizer que quem critica o Estado de Israel é antissemita. E não tem nada a ver uma coisa com a outra”, conclui a pesquisadora.
Para conferir a entrevista na íntegra, assista ao TVGGN 20H no YouTube:
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