segunda-feira, 4 de abril de 2022

ONU alerta para o clima: pela ganância em um mundo finito, estamos a caminho do desastre

 

 No lançamento do novo relatório do IPCC, Guterres insistiu na importância de que os governos de todos os lugares reavaliem suas políticas energéticas, caso contrário o mundo será inabitável.

Fernando Frazão – Agência Brasil

A ONU divulgou o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a conclusão é preocupante: as emissões nocivas de carbono de 2010-2019 foram as mais altas na história da humanidade. António Guterres, secretário-geral da ONU, disse que isso prova que o mundo está em um ‘caminho rápido’ para o desastre.

No lançamento do novo relatório do IPCC, Guterres insistiu na importância de que os governos de todos os lugares reavaliem suas políticas energéticas, caso contrário o mundo será inabitável.

Esse comentário vai de encontro ao que o IPCC sempre evidencia, que que todos os países devem reduzir substancialmente o uso de combustíveis fósseis, ampliar o acesso à eletricidade, melhorar a eficiência energética e aumentar o uso de combustíveis alternativos, como o hidrogênio.

Se nenhuma ação for tomada de imediato, algumas grandes cidades ficarão submersas, alertou Guterres e também há a previsão de ‘ondas de calor sem precedentes, tempestades aterrorizantes, escassez generalizada de água e a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais’.

“Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro do limite de 1,5 grau Celsius que foi acordado em Paris em 2015″, disse ele.

O relatório enfatiza que “foram menores do que os aumentos de emissões, devido ao aumento dos níveis de atividade global na indústria, abastecimento de energia, transportes, agricultura e edifícios”.

Segundo o novo relatório, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram desde 2010 em todos os principais setores do mundo. O relatório é trabalho de centenas de cientistas independentes de todo mundo e foi aprovado por 195 países.

No entanto, a notícia reconfortante é de que ainda é possível reduzir pela metade as emissões até 2030, desde que os governos intensifiquem as ações para reduzir as emissões.

Como exemplo dos avanços, os autores chamam atenção para a redução significativa no custo das fontes de energia renovável desde 2010, em até 85% para energia solar e eólica e baterias.

De acordo com o presidente do IPCC, Hoesung Lee, o aumento atual representa uma ‘encruzilhada’. ‘As decisões que tomamos agora podem garantir um futuro habitável’, disse Lee.

Para limitar o aquecimento global a cerca de 1,5°C (2,7°F), o relatório do IPCC insiste que as emissões globais de gases de efeito estufa teriam que atingir o pico “antes de 2025, o mais tardar, e ser reduzidas em 43% até 2030”.

Outra questão é a necessidade de ter o metano reduzido em cerca de um terço, segundo o relatório. Mas, mesmo alcançando, é ‘quase inevitável’ que o limite de temperatura de 1,5 grau Celcius seja ultrapassado acima do período pré-industrial. Mas existe chance de retorno até o final do século.

O metano também precisaria ser reduzido em cerca de um terço, de acordo com os autores do relatório. Ainda assim, mesmo que isso fosse alcançado, é “quase inevitável” que ultrapassemos temporariamente o limite de temperatura de 1,5 grau Celcius acima do período pré-industrial. No entanto, ainda seria possível retornar a um valor abaixo deste limite até o final do século.

Mas a questão primordial é que tem que ser agora o enfrentamento para que consigamos limitar o aquecimento global a 1,5°C. ‘Sem reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores, será impossível’, disse Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, responsável pelo último relatório.

‘As mudanças climáticas são o resultado de mais de um século padrões insustentáveis de energia, uso da terra, estilos de vida, consumo e produção’, resumiu Skea. ‘Este relatório mostra como agir agora pode nos levar a um mundo mais justo e sustentável’, disse.

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