Do Canal do analista político Bob Fernandes:
Falamos da carne que os bravos rapazes e senhoras das Forças Armadas consumiram entre fevereiro deste ano de 2022 e fevereiro de 2021.
Foram consumidos R$ 56 milhões em filé mignon, salmão e picanha.
No total, 558 toneladas de filé mignon, 372 toneladas de picanha e 254 toneladas de salmão consumidas pelos militares.
Arredondando, 1 milhão e 100 mil quilos de carne e peixes.
Aja sal. Não, o de nitrato. O sódio.
FORÇAS ARMADAS COMPRAM 35 MIL VIAGRAS E 1 MILHÃO DE QUILOS DE CARNE E PEIXE. SURGE EMPREITEIRA AMIGA
Só entre 2020 e 2021 as Forças Armadas do Brasil aprovaram a compra de 35 mil comprimidos de Viagra.
No pedido de compra, o nome científico, princípio ativo do medicamento objeto do desejo militar.
O citrato de sildenafila ou sildenafil. Composição: sal nitrato. Popularmente conhecido como Viagra, “azulão”, “azulzinho” etc.
Pelos pedidos, fica claro que o naufrágio mais acentuado costuma se dar na Marinha. Que solicitou 28.320 comprimidos de Viagra.
O segundo pedido mais volumoso de Viagra foi para os senhores do Exército. Não sabemos se também para os reformados.
Os que menos pediram foram os que vivem no ar. Os da Aeronáutica.
Talvez também por isso a conhecidíssima expressão “céu de brigadeiro”.
No específico caso da Aeronáutica, essa expressão carrega em si mesma um paradoxo. Porque “céu de brigadeiro” é exatamente quando está tudo azul.
A excitante informação foi trazida por Bela Megale, de O Globo. Via Portal da Transparência e Painel de Preços do governo federal.
Em resposta a Bela, Marinha e Aeronáutica explicaram…
O medicamento é utilizado para tratar Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP).
As Forças do mar e ar assim descreveram:
- É uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar.
Hum-hum. Então tá bom.
Não há por que não crer. De qualquer forma, não poucos agradecerão à dissertação das Forças Armadas.
Em qualquer situação em que um civil tenha que explicar como subitamente surgiu o comprimido azul no bolso da camisa ou na carteira, é só sacar...
- É por causa da Síndrome da resistência vascular na pequena circulação. E fim de papo.
Tal descoberta se dá exatamente na semana em que Bolsonaro, o presidente chefiado por militares, decidiu vetar a lei de incentivo cultural chamada Paulo Gustavo.
Lei que previa repasse de R$ 3,8 bilhões a estados e municípios.
A presidência informa: a lei não apresentou formas de compensar a “despesa”.
E que as “despesas discricionárias se encontram em níveis criticamente baixos".
Quanto às “despesas em níveis criticamente baixos”, não é recomendável analisarmos aqui sem, antes, a certeza de que as crianças já foram tiradas da sala.
Não é elegante, não fica bem tratar da intimidade alheia. Menos ainda dos que tanto defendem a Pátria.
E só quem não é patriota se espanta com outro nível de despesas para além do sal nitrato.
Falamos aqui e agora da carne.
Não isso que a amiga e o amigo estão pensando desde que introduzimos o tema sal nitrato, o azulzinho e tudo mais.
Falamos da carne que os bravos rapazes e senhoras das Forças Armadas consumiram entre fevereiro deste ano de 2022 e fevereiro de 2021.
Foram consumidos R$ 56 milhões em filé mignon, salmão e picanha.
No total, 558 toneladas de filé mignon, 372 toneladas de picanha e 254 toneladas de salmão consumidas pelos militares.
Arredondando, 1 milhão e 100 mil quilos de carne e peixes.
Aja sal. Não, o de nitrato. O sódio.
Mas não nos percamos, voltemos à alegação de “despesas” com a arte e com artistas.
A malta que chegou ao Poder odeia arte, artistas. Eles gostam de armas. Arte, para eles, é um horror.
O horror porque pode tirar as cabeças das caixinhas, arrancar viseiras. São mata-burros em forma de literatura, música, desenho, pintura, áudio-visual, tudo pode ser arte.
Para quem tem como ter e ir, também a arte liberta.
Por isso, amiga, amigo, quantas vezes em meio a um destampatório… escrito, falado, tanto faz... você não ouviu um tumpano sacar, como quem saca uma arma...
“Porque a Lei Rouanet...”
Criada em 91, Rouanet é um mecanismo de incentivo fiscal.
A empresa que patrocina um projeto pode oferecer como apoio até 4% do seu Imposto de Renda e assim obter o abatimento desse valor.
Pessoa física pode patrocinar o correspondente a 6% do seu IR.
O estado não “dá” dinheiro a ninguém, como imagina e expele o tumpanato.
Quem apoia pode abater do imposto. “Ah, mas isso é renúncia fiscal, é despesa”, como agora alegou Bolsonaro ao vetar a lei Paulo Gustavo.
É um farsante. São farsantes. Não faltam bilhões para corromper via orçamento secreto. Inclusive o de militares.
Quando ministro da Defesa, o agora candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto, teve orçamento secreto de R$ 588 milhões.
R$ 401 milhões enviados por 11 parlamentares para gastos em seus redutos eleitorais.
“Ah, mas tem o Tribunal de Contas da União”. O TCU? Vejam a principal manchete dominical da Folha de S. Paulo, último domingo:
- Bolsonaro afrouxa licitações para acelerar verba a aliados.
Com aval do TCU, obras indicadas na CODEVASF, controlada pelo Centrão e por correligionários de Bolsonaro, subiram 240%.
CODEVASF é a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco.
Polícia Federal investigar? Esqueçam. Delegados que investigavam Bolsonaro e os seus foram exonerados ou afastados.
Bolsonaro impôs um século de sigilo sobre idas e vindas de seus filhos ao Palácio do Planalto.
Para não se saber o que eles andaram fazendo por lá.
Impôs 100 anos de sigilo sobre seus anticorpos. E determinou um século de sigilo sobre seu cartão de vacinação.
Óbvio que ele se vacinou e mente para o tumpanato, vendendo-se como macho alfa.
O Procurador Geral, Aras? Esqueçam. Arando vergonhosamente em busca de uma vaga no Supremo Tribunal.
Arte é “despesa”. E o que são pastores roubando no MEC?
E o que é o governo tentando impedir a CPI do MEC?
Ciro Nogueira é o ministro-chefe da Casa Civil. Só nos últimos dias, quadruplamente coroado em citações de escândalos de corrupção.
Acusado de liberar a compra de ônibus superfaturados para prefeitos aliados. Com sobrepreço, leia-se corrupção na licitação, de R$ 732 milhões.
Acusado de usar o FNDE, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, para liberar recursos para aquisição de caminhões frigoríficos.
14 cidades comandadas pelo seu PP. Nove delas no seu Piauí: R$ 3,1 milhões, 75% das verbas para o setor.
E isso não para. Nesta terça-feira, manchetes:
- Governo autoriza 52 escolas fake de Ciro Nogueira no Piauí.
Isso enquanto outras 99 escolas, quadras esportivas etc, lá no Piauí, estão abandonadas.
Por fim, a PF concluiu antiga investigação apontando crime de corrupção de Ciro Nogueira.
O STF mandará o caso para o Procurador Aras decidir se faz a denúncia ou se arquiva.
A acusação se refere a R$ 8 milhões. E mais R$ 5 milhões para o PP deixar ou não a base do governo.
Não o governo de agora. O PP deixar ou não o governo quando derrubavam Dilma. Daí o dilema de Aras: arar ou não arar, eis a questão.
Em entrevista à Folha de S. Paulo no sábado, o ministro de Bolsonaro candidamente se explicou.
- Não existe corrupção no governo. É uma corrupção virtual.
Entendam: seriam só denúncias de algo ainda não roubado.
Roubalheira, mamata, propinodutos, orçamento secreto… Esqueçam, tudo isso é só miragem, é só virtual.
A Folha de S. Paulo juntou duas respostas de Ciro Nogueira e, na manchete, deixou o bando todo nu:
- Ciro Nogueira diz que corrupção no governo é “virtual” e defende a aliança Centrão-Militares.
Algo assim tipo côncavo e convexo. Ou íncubo e súcubo.
Centrão & Militares. Ou vice-versa. Dá no mesmo.
Na mesma Folha, manchete nesta segunda-feira:
- Empreiteira usa empresa de fachada e domina licitações sob Bolsonaro.
A empreiteira, a Engefort. R$ 620 milhões de orçamento para pagamentos à Engefort.
Bota forte nisso!
R$ 84,6 milhões já foram pagos à Engefort. Informam os repórteres da Folha, que dizem:
- Diferentes licitações nas quais participou sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios.
Deve ser virtual.
A sede da Engefort é Imperatriz, no Maranhão. Mas, relatam os repórteres, “sob Bolsonaro, obtém recursos para asfaltamento longe de sua base”.
A fonte dos contratos é a mesma CODEVASF acima já citada.
A CODEVASF, uma estatal federal nordestina. Historicamente, desde o governo Sarney, a CODEVASF é condomínio do Centrão.
Na origem, era atenta a municípios ao redor do Rio São Francisco.
O Centrão foi moldando a CODEVASF como instrumento de poder. Hoje atende a municípios a mais de 600, 700 km do Rio São Francisco, o Velho Chico.
Por exemplo, asfaltando ruas em Maceió, capital das Alagoas. de Arthur Lira.
Quem esticou, enlargueceu a área de atuação da CODEVASF foi o então senador Benedito de Lira.
Hoje prefeito da Barra de São Miguel. E nas Alagoas conhecido como De Lira.
Benedito de Lira, o De Lira, vem a ser o pai de...Arthur Lira, o Yama. O presidente da Câmara dos Deputados.
Câmara onde nasceu, cresceu e se espalhou o orçamento secreto.
No Nordeste, até os mandacarus sabem que dois homens hoje dividem os, digamos, poderes na Codevasf: Arthur Lira e Ciro Nogueira.
Pra tudo isso, toda essas... chamemos de “despesas”, sobram bilhões e bilhões de reais.
Mas não para a maldita Arte e artistas.
Amiga, amigo, quando tumpanos abrirem a boca para expelir “A Lei Rouanet”, lembre ao beócio ou à beócia...
Mesmo massacrada, a Arte, o setor Cultural, é responsável por gerar R$ 170 bilhões, 2,5% do PIB do Brasil. E isso com ódio, ignorância e tudo mais. Responsável por 5 milhões de empregos, mesmo com tudo isso.
Mundo afora, o Estado, seja municipal, estadual ou federal, além do óbvio, considera arte um investimento. Que seja propaganda, soft power. Assim é.
Num país com mais de 211 milhões de habitantes, infelizmente são poucos os que têm acesso, mas quem tiver acesso a canais fechados confira. Se o tumpanato insistir, esfregue o seguinte... E isso aí só no cinema.
Filmes.
O Declínio do Império Americano.
Copatrocínio: Conselho Nacional de Cinema do Canadá.
As Invasões Bárbaras.
Coprodução da Telefilm, estatal do Canadá.
Incêndios.
Filme coproduzido pela Estatal do Canadá.
Brilho de uma Paixão.
Entre outros, BBC, a empresa pública britânica, com patrocínio também Conselho de Cinema do Reino Unido, da Austrália.
Filme Belfast.
Coproduzido pela Agência Nacional da Irlanda do Norte.
O Discurso do Rei.
Coprodução: Conselho do Reino Unido.
A vida dos outros.
Belo filme alemão.
Coprodução: Serviço Público de Transmissão da Baviera, Alemanha.
O labirinto do fauno.
Instituto de Cinematografia e Artes Audiovisuais da Espanha. Dinheiro público.
O segredo dos seus olhos.
Instituto de Cinematografia e Artes Audiovisuais da Espanha.
O clã.
Espanha e Argentina, idem.
Melancolia.
Coprodução: França, Alemanha e Euroimagens. Dinheiro público.
Druk.
Institutos de cinema de Dinamarca, Suécia e Holanda e um fundo do Conselho da Europa.
Infância roubada.
Fundação Nacional de Filme e Vídeo da África do Sul.
São milhares e milhares de filmes, de peças de teatro, e tudo mais, exposições, feitos mundo afora. E feitos com leis tipo Rouanet, Aldir Blanc, Paulo Gustavo ou outras semelhantes.
Mas, se mesmo assim, mesmo diante de milhares e milhares, milhares de exemplos, não bastar, amiga, amigo, aí ofereça capim. Pode ser Brachiaria, Mombaça, Massai, Humidicola… Ou ração.
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