O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, atacou o Papa Francisco depois que o pontífice pediu a proteção da floresta amazônica, e atacou também o grupo ambiental Greenpeace chamando-o de “lixo”.
A reportagem é publicada por The Guardian, 13-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“O Papa Francisco falou ontem que a Amazônia é dele, do mundo, de todo mundo”, disse Bolsonaro, que muitas vezes se levantou contra as críticas internacionais sobre as suas políticas ambientais como um ataque à soberania brasileira.
“O papa é argentino, mas Deus é brasileiro.”
O comentário dessa quinta-feira, 13, veio um dia depois que Francisco publicou um texto exortando os católicos a “sentirem indignação” diante da exploração dos povos indígenas e da devastação causada pela mineração e pelo desmatamento na Amazônia.
Os comentários também coincidiram com uma visita ao Vaticano do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – um feroz opositor de Bolsonaro. Lula se encontrou do Papa Francisco e recebeu uma bênção dele, e disse no Twitter que os dois conversaram sobre “um mundo mais justo e fraterno”.
Encontro com o Papa Francisco para conversar sobre um mundo mais justo e fraterno.
Foto: Ricardo Stuckert
19,1 mil pessoas estão falando sobre isso
Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019, Bolsonaro enfrentou a condenação de ambientalistas e da comunidade internacional pelas suas políticas em relação à maior floresta tropical do mundo, que foi devastada por incêndios recordes no ano passado.
Na semana passada, ele voltou a ser criticado por propor um projeto de lei que permitiria projetos de mineração, agricultura e hidrelétricas em terras anteriormente protegidas da Amazônia, chamando-o de “um sonho”.
O desmatamento da Amazônia brasileira aumentou 85,3% no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, para mais de 9.000 quilômetros quadrados.
Falando aos jornalistas fora da residência presidencial em Brasília, Bolsonaro questionou por que não houve, na sua opinião, uma reação mundial semelhante diante dos recentes incêndios na Austrália, que queimaram mais de 100.000 quilômetros quadrados.
“Pegou fogo na Austrália toda, ninguém fala nada. Cadê o sínodo da Austrália?”, questionou ele.
Bolsonaro também lançou um novo ataque contra o Greenpeace.
“Quem é essa porcaria chamada Greenpeace? Isso é um lixo”, disse ele quando questionado sobre suas medidas para promover o que ele chama de “desenvolvimento sustentável”, abrindo áreas protegidas da Amazônia para a mineração e a agricultura.
O Greenpeace tem sido um crítico aberto das políticas de Bolsonaro, acusando-o de uma “agenda racista e antiambiental” que prejudica o meio ambiente do Brasil e seus povos indígenas.
O líder brasileiro costuma responder a seus críticos com ataques vitriólicos.
Em outubro, ele tentou, sem evidências, conectar o Greenpeace a um enorme derramamento de óleo na costa nordeste do Brasil, chamando-o de “ato terrorista”.
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