quarta-feira, 25 de maio de 2016

Supremo foi mais ativo no golpe do que se pensava antes das gravações, por Esmael Morais




Texto de Esmael Morais

Primeiro Romero Jucá, agora Renan Calheiros. Eles têm em comum, além da atuação parlamentar no mesmo partido, a capacidade de articulação, não só com seus pares no Senado, mas também com outros poderes, a exemplo do Supremo Tribunal Federal.
Conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que já foi senador pelo PSDB, revelam que os senadores peemedebistas Renan e Jucámantiveram intensos contatos com os ministros do Supremo para discutir os passos da deposição da presidente eleita Dilma Rousseff.
Num dos trechos divulgados hoje (25) pela Folha de S. Paulo, Renan, ao falar sobre os ministros do STF, disse que “todos estão putos com ela”, isto é, com a presidente da República.
Por quê? Qual motivo republicano ou não republicano da ira dos homens da toga com Dilma? Somente o presidente do Senado poderia nos contar…
Noutra gravação de Machado, que veio à tona ontem (24), Jucá também afirmara que havia mantido conversas com “ministros do Supremo” para deter a Lava Jato, sem, no entanto, nominá-los.
É bom deixar claro que não são apenas Jucá e Renan que dizem ter relações promíscuas com o impoluto Supremo. Em novembro do ano passado, o então senador Delcídio do Amaral foi flagrado em gravações – olha aí a coincidência! – onde citava nominalmente quatro magistrados da corte máxima.
Delcídio, logo depois, disse que se tratava de bravata. No entanto, acabou preso e cassado pelo Senado na véspera da votação do impeachment.
Ao comparar suas gravações com as de Jucá (ele ainda não sabia das de Renan), o ex-senador disse que elas pareciam “brincadeira” de criança.
O diabo é que não é só o STF que está sob suspeição. A Procuradoria-Geral da República, comandada pelo procurador Rodrigo Janot, também é apontado como sócio do golpe de Estado.
Definitivamente, não há isenção tanto do Senado quanto do STF para julgar o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff. O mais plausível, nesse caso, é anular todo o processo e devolver a cadeira para quem realmente pertence, ou seja, para quem foi escolhida pelo voto popular.

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