Para entendimento do conflito militar de Israel sobre cidadãos palestinos sem exército ou força aérea, segue artigo de Marwan Bishara, do Qatar
O Hamás é conseqüência da violenta ocupação israelense na Palestina
Marwan Bishara
Fonte: Tribuna da Imprensa
Assistindo à escalada em Israel/Palestina e aos preparativos para um possível grande assalto por terra contra a Faixa de Gaza, ouvem-se os mais variados comentários. Quando o comentário é novo, raramente é correto; e quando é correto, raramente é novo.
Netanyahu, como seus predecessores, está usando o assassinato do líder do Hamás Ahmad Jabari e a subsequente escalada militar para minar as lideranças políticas na Palestina (do Hamás e do Fatah) e aumentar suas chances de reeleição, incendiando as questões de segurança nacional de Israel, pondo-as em evidência acima das questões de segurança econômica, na mente dos eleitores israelenses.
Há seis anos, escrevi um artigo sob o título “Oriente Médio: o ciclo das retaliações tem de acabar”, que se aplica hoje, com pequenas correções de datas, alguns nomes etc. Dado que os fatos não mudam e repetem-se incansavelmente, repito também a análise.
Quando a poeira assentar, a ofensiva de Israel contra os territórios palestinos sitiados terá causado mais mortes e mais destruição; e o governo de Israel continuará preso no mesmo beco sem saída. Em vez de atacar os vizinhos, os israelenses têm de pôr fim ao ciclo vicioso de provocações e retaliações e engajar-se em negociações sérias e significativas.
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TRÊS FALÁCIAS
TRÊS FALÁCIAS
O governo israelense do primeiro-ministro [há seis anos, era Ehud Olmert; hoje, é Binyamin Netanyahu] fundamenta sua campanha contra a infraestrutura civil dos palestinos em três falácias: (1) que Israel não inicia os ataques, apenas responde para proteger seus cidadãos, no caso de um soldado sequestrado; (2) que sua resposta é proporcional e não visa a ferir a população civil; e (3) que não negocia com terroristas.
Embora os crimes-provocação de Israel não justifiquem os atentados de suicidas-bomba, eles demonstram suficientemente que a fonte do terrorismo é, sempre, a agressão militar israelense e a violência da ocupação. Nesse contexto, os civis palestinos não se veem como “dano colateral”, mas como vítimas do terrorismo de Estado.
Quanto à natureza da “retaliação” pelos israelenses, difícil considerar “proporcional e moderada” a destruição que Israel promove de toda a infraestrutura civil da região onde vivem 1,3 milhões de palestinos. O Exército de Israel abriu a ofensiva da semana passada contra Gaza bombardeando pontes, estradas, redes elétricas e redes de suprimento de água.
A própria natureza da ofensiva israelense visa a castigar, intimidar, assustar, apavorar e conter, com força bélica desproporcional, indiferente ao sofrimento que a ação inflija a civis. Cortar serviços básicos de toda a população é ação não apenas injustificável: implica castigo coletivo, ação ilegal expressamente proibida nos termos da Convenção de Genebra.
O Ocidente goste ou não, o Hamás, como o Hezbollah, são, sobretudo, produtos da violência e da opressão da ocupação israelense, não o contrário. Por isso, Israel teria tudo a ganhar se moderasse o uso de seu aparato bélico e se dedicasse a negociar o fim da ocupação. Não há como pensar em segurança de Israel, sem isso.
Se insistir no uso desproporcional da violência, Israel só conseguirá fazer aumentar a popularidade e o prestígio do Hamás e empurrar o grupo de volta à clandestinidade e à guerra.
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