segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sobre o que dizem ser o fim do mundo...


Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Não se espere uma ira divina, uma vigança da natureza ou um súbito ataque de agentes microbiológicos para nos sentirmos no fim do mundo. Basta para tanto perceber-se as atitudes destrutivas do homem contra o próprio homem e contra a natureza, em sua ganância imediatista, instrumental, bancária, plutocrática, tornando-se um ser frio, indiferente, instrumentalista... um meio-homem, já que é um cérebro sem coração que faz pouco do encanto, dos ideais, sonhos, anseios e utopias transformadoras...

Sobre isso, de modo mais direto e mais amplo, gostaria de expor o poema de João Cabral de Melo Neto, intitulado, muito à propósito, O Fim do Mundo:

"No fim de um mundo melancólico
os homens lêem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
que ardem como o sol.

Me deram uma maçã para lembrar
a morte. Sei que cidades telegrafam
pedindo querosene. O véu que olhei voar
caiu no deserto.

O poema final ninguém escreverá
desse mundo particular de doze horas.
Em vez de juízo final a mim me preocupa
o sonho final
."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá... Aqui há um espaço para seus comentários, se assim o desejar. Postagens com agressões gratuitas ou infundados ataques não serão mais aceitas.