sábado, 4 de junho de 2011

O Ser derrotado pela ganância do ter




"Para a ganância, toda a natureza é insuficiente."
Sêneca, século I d. C.

Refletia o filósofo francês Gabriel Marcel que parte da valorização do ter, do acumular coisas e aparentar com isso felicidade e poder, em detrimento do Ser, que é a vivência da alegria de amar, ser amado e partilhar, se deve ao desenvolvimento da mentalidade COISIFICANTE surgida do cientificismo e tecnicismo em um contexto capitalista. Com isso:

“O próprio mundo tende a aparecer como simples campo de manipulação e exploração e às vezes como escravo adormecido”, disse Marcel.

A conseqüência do isso é a frustração e o desamparo existencial em um mundo desencantado, pois aquele que possui sempre quer possuir mais e mais o vazio nunca parece ser preenchido. Ao contrário, ao lado da posse surge a escravidão do cuidar do possuído, sujeito ao desgaste a à impermanência que o faz escapar, criando temores e ansiedades, tornando a pessoa paranóica, nervosa, violenta. Assim, "aflição e ganância são tão indissoluvelmente enlaçadas quanto amor e matrimônio deveriam ser" (Ann Kent).

Se pensarmos a ganância individual sendo multiplicada pelo poder das corporações (chamadas de "pessoas" jurídicas, como bancos, indústrias, conglomerados multinacionais), vemos o mal desta patologia social elevado de modo exponencial atingido o mundo inteiro.

"A ganância do ter não só engoliu o ser e a convivência pacífica, mas até privou a maior parte dos homens do ter o indispensável para concretizar o desejo de acumular nas mãos de uns poucos o que a todos pertence." (autor desconhecido)

Carlos Antonio Fragoso Guimarães, 04/06/2011

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