terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Marx, apesar das calúnias, mais atual do que nunca


texto de
Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Poucas pessoas no mundo tiveram tanta influência e, por isso mesmo, foram tão mal-compreendidas quanto Karl Marx (1818-1883).

Filósofo, Sociólogo, Historiador e Economista, todo o século XX teve a marca (ainda que deturpada) do seu gênio. Disciplinas como a História, a Sociologia e a Economia sofrerem um impacto e transformação por suas idéias a ponto de não serem mais as mesmas de antes de Marx. O problema surge quando sua obra passa a ser "apropriada" por pretensos seguidores e admiradores (e todo messias, infelizmente, tem seguidores que transformam o ouro da mensagem em cinzas a serem adoradas).

Marx, ao contrário da tradição intelectual ocidental, nunca postulou ou quis fazer um sistema ou doutrina que pretendesse ser uma visão acabada e indiscutível da realidade. Isso fica para as elocubrações da teologia ou a arrogância do positivismo generalizador e suas ramificações cientificistas.

Como bem aponta Denis Collin em seu excelente livro, "Compreender Marx" (editora Vozes), o pensamento de Marx é uma avaliação bem fundamentada de uma situação histórica, avaliação crítica do modo como os homens se associam para produzir sua subsistência em dado momento, suas característcas e o modo como perdem a consciência de serem atores e agentes de sua própria realidade, acreditando em um sistema que divide as pessoas desigualmente em classes sociais antagônicas.

É crítica de uma economia política que pretende passar a idéia, de modo formal, de que são "naturais" a exploração, a degradação da natureza pela indústria, a massificação do trabalho ao mesmo tempo que propoga um ideai de individualidade calcada no consumo. "Naturaliza" a padronização dos comportamentos e pensamentos e que são, no final, produtos de uma relação humana alienada, explorada por uma minoria que consegue a façanha de fazer a maioria deixar de perceber o óbvio: de que são as relações humanas que fazem a História, fazem a realidade social e as conflitantes e alienantes relaões de trabalho, produção e consumo (e pouca qualidade de vida) do capitalismo. Relações de conflito calcada em uma divisão entre uma minoria que possui bens de produção (fábricas, máquinas, terras, lojas) e os que só podem vender sua própria força de trabalho (assalariados) para garantir a subsistência e que também querem viver, amar, criar, crescer... Anseios que não são vistos com muito bons olhos pela minoria.
Esta crítica é a fonte da atualidade de Marx e continua a fortalecer àquelas pessoas que não se deixam coisificar, homgeineizar por uma sociedade de consumo, que avalia as aparências em detrimento das essências, endeusa o mercado, faz da TV a janela do mundo, separa as pessoas, banaliza a vida e a natureza. Compreender Marx é perceber este pensamento crítico, perspicaz. É questionar um tipo de ação e pensamento hegemônico que destrói o mundo, transformando-o em um lugar estranho à vida e ao próprio homem.

Para terminar, uma reflexão do jornalista Hélio Fernandes:

Marx caluniado

Helio Fernandes

Fazem tudo para desmoralizá-lo, diminuí-lo, jogá-lo contra a coletividade. Mas com tudo que tentam, não o atingem nem de raspão. Ainda na Tribuna impressa, escrevi dois artigos sobre o genial economista, com afirmações que reproduzo, gostaria de republicar, não há como entrar nos prédios da Tribuna.

1 – A parte Social do “Manifesto” de 1848, é dele e dos ensinamentos de Jesus Cristo. Marx não fez a menor força para refutar os que diziam isso.

2 – Deixava bem clara a minha posição em relação ao genial economista, e na comparação que faziam do “Capital” e as “descobertas” de Adam Smith. “Marx não ligava a mínima para os críticos”.

3 – Terminava afirmando: “O mundo CAMINHA com Marx ou se ARREGIMENTA contra ele. E isso ficará para sempre na História”. 162 anos depois do “Manifesto”. Marx irrita e revolta anões que se exaltam para diminuí-lo.

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