texto de
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Poucas pessoas no mundo tiveram tanta influência e, por isso mesmo, foram tão mal-compreendidas quanto Karl Marx (1818-1883).
Filósofo, Sociólogo, Historiador e Economista, todo o século XX teve a marca (ainda que deturpada) do seu gênio. Disciplinas como a História, a Sociologia e a Economia sofrerem um impacto e transformação por suas idéias a ponto de não serem mais as mesmas de antes de Marx. O problema surge quando sua obra passa a ser "apropriada" por pretensos seguidores e admiradores (e todo messias, infelizmente, tem seguidores que transformam o ouro da mensagem em cinzas a serem adoradas).
Marx, ao contrário da tradição intelectual ocidental, nunca postulou ou quis fazer um sistema ou doutrina que pretendesse ser uma visão acabada e indiscutível da realidade. Isso fica para as elocubrações da teologia ou a arrogância do positivismo generalizador e suas ramificações cientificistas.
Como bem aponta Denis Collin em seu excelente livro, "Compreender Marx" (editora Vozes), o pensamento de Marx é uma avaliação bem fundamentada de uma situação histórica, avaliação crítica do modo como os homens se associam para produzir sua subsistência em dado momento, suas característcas e o modo como perdem a consciência de serem atores e agentes de sua própria realidade, acreditando em um sistema que divide as pessoas desigualmente em classes sociais antagônicas.
É crítica de uma economia política que pretende passar a idéia, de modo formal, de que são "naturais" a exploração, a degradação da natureza pela indústria, a massificação do trabalho ao mesmo tempo que propoga um ideai de individualidade calcada no consumo. "Naturaliza" a padronização dos comportamentos e pensamentos e que são, no final, produtos de uma relação humana alienada, explorada por uma minoria que consegue a façanha de fazer a maioria deixar de perceber o óbvio: de que são as relações humanas que fazem a História, fazem a realidade social e as conflitantes e alienantes relaões de trabalho, produção e consumo (e pouca qualidade de vida) do capitalismo. Relações de conflito calcada em uma divisão entre uma minoria que possui bens de produção (fábricas, máquinas, terras, lojas) e os que só podem vender sua própria força de trabalho (assalariados) para garantir a subsistência e que também querem viver, amar, criar, crescer... Anseios que não são vistos com muito bons olhos pela minoria.
Esta crítica é a fonte da atualidade de Marx e continua a fortalecer àquelas pessoas que não se deixam coisificar, homgeineizar por uma sociedade de consumo, que avalia as aparências em detrimento das essências, endeusa o mercado, faz da TV a janela do mundo, separa as pessoas, banaliza a vida e a natureza. Compreender Marx é perceber este pensamento crítico, perspicaz. É questionar um tipo de ação e pensamento hegemônico que destrói o mundo, transformando-o em um lugar estranho à vida e ao próprio homem.
Para terminar, uma reflexão do jornalista Hélio Fernandes:
Marx caluniado
Helio Fernandes
Fazem tudo para desmoralizá-lo, diminuí-lo, jogá-lo contra a coletividade. Mas com tudo que tentam, não o atingem nem de raspão. Ainda na Tribuna impressa, escrevi dois artigos sobre o genial economista, com afirmações que reproduzo, gostaria de republicar, não há como entrar nos prédios da Tribuna.
1 – A parte Social do “Manifesto” de 1848, é dele e dos ensinamentos de Jesus Cristo. Marx não fez a menor força para refutar os que diziam isso.
2 – Deixava bem clara a minha posição em relação ao genial economista, e na comparação que faziam do “Capital” e as “descobertas” de Adam Smith. “Marx não ligava a mínima para os críticos”.
3 – Terminava afirmando: “O mundo CAMINHA com Marx ou se ARREGIMENTA contra ele. E isso ficará para sempre na História”. 162 anos depois do “Manifesto”. Marx irrita e revolta anões que se exaltam para diminuí-lo.
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