Do Canal Paz e Bem:
Mauro Lopes e Pedro Vasconcellos dialogam neste Paz e Bem de númermo 2347 sobre o que foi o papado de Francisco e o que pode vir à frente na sua sucessão
Textos de Filosofia e ensaios sobre temas atuais
Do Canal Paz e Bem:
Mauro Lopes e Pedro Vasconcellos dialogam neste Paz e Bem de númermo 2347 sobre o que foi o papado de Francisco e o que pode vir à frente na sua sucessão
A sabedoria amorosa do Papa Francisco acrescentou virtudes a uma das instituições mais antigas e conservadoras do mundo, a mesma que instituiu morticínios e se apropriou das chaves do céu, no simbolismo de Pedro, o discípulo de Jesus.
Será este dia um divisor de águas na história contemporânea?
Estará riscada na linha do tempo uma nova idade das trevas?
Será Bergoglio, o Francisco católico, um marco de luz no fim do túnel dessa história?
Setores da igreja rezaram por sua morte no reclame do arcaísmo que ele combateu.
A sabedoria amorosa do Papa Francisco acrescentou virtudes a uma das instituições mais antigas e conservadoras do mundo, a mesma que instituiu morticínios e se apropriou das chaves do céu, no simbolismo de Pedro, o discípulo de Jesus.
Mas também foi nos arrabaldes da igreja católica que ganhou força a Teologia da Libertação e as comunidades dançaram e cantaram a esperança nas ruas, superando ditaduras e movimentando uma sociedade libertária em comunidades eclesiais.
A imperfeição e a perfeição postas na mesa, na consagração de um corpo sacrificado e um derramamento de sangue dito redentor que vira pão, que se transforma em vinho, que promete a salvação aos fiéis. Essa mesma igreja reúne interesses os mais divergentes, afina com poderes políticos e econômicos e continua detendo importância na condição de milhares de mentalidades.
Francisco foi uma estrela latina que brilhou no Vaticano.
Um Papa que fez o mundo se sentir mais aconchegado.
Deixou esperança nos dias pandêmicos e enfrentou tabus.
A morte de Francisco deixa uma sensação de perda em caráter global. Mas seu exemplo fincou nuances importantes nessa história, e sem sua presença física, um temor do arcaísmo ressurge, porque a igreja católica não logrou superar o medieval que palpita na ânsia de domínio do mundo sob os discursos celestiais.
O sentimento de gratidão ao Papa Francisco também é global, passando pelos corações humanizados, pelos espíritos sensibilizados e por todas as consciências amorosas que palpitam nesta terra.
Missão cumprida, segue em paz a estrela latina, e agora rezaremos pelo porvir.
O fim não é exatamente o último segundo do viço da orquídea. O fim não é nem mesmo a destruição feita pela bomba atômica. Nós seremos os grãos de pó que escreveram estes dias.
Do Jornal GGN:
Foto: Vatican NewsO Papa Francisco e a Literatura
por Urariano Mota
Li há pouco a notícia de um prefácio muito bem escrito do Papa Francisco para um livro do Cardeal Angelo Scola. Texto belo e fecundo, que eu aproximo à literatura. Nele, eu li que “a morte não é o fim de tudo”. Que o livro tem páginas que saíram “do pensamento e do afeto”, como o Papa diz. Agora olhem que feliz coincidência. No romance “A mais longa duração da juventude”, escrevi:
“Nada passou nem ficou sepultado. Então vem, e vejo agora que a sobrevivência do acontecimento não é uma revolta romântica. Nem uma luta quixotesca e inglória contra a morte. O fim, o tudo acaba não é a dissolução de tudo. O fim não é exatamente o último segundo do viço da orquídea. O fim não é nem mesmo a destruição feita pela bomba atômica. Nós seremos os grãos de pó que escreveram estes dias”.
Vocês veem que aquela reflexão teológica do Papa termina por se confundir com a visão da matéria da nossa luta, que sobrevive à força da arte, da ciência e da literatura, que vai além dos nossos dias.
https://www.facebook.com/reel/1864087407775000
Urariano Mota – Escritor, jornalista. Autor de “A mais longa duração da juventude”, “O filho renegado de Deus” e “Soledad no Recife”. Também publicou o “Dicionário Amoroso do Recife”.
Arantes traça um panorama histórico da direita brasileira, desde o fascismo de Plínio Salgado até o “neofascismo” de figuras recentes
Do Jornal GGN:
Foto: Reprodução/Portal VermelhoO ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) antes do golpe de 1964, Aldo Arantes, em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do canal TV GGN, discorreu sobre seu novo livro, “Domínio das Mentes, do golpe militar à guerra cultural”.
A obra analisa a ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo, argumentando que, diferentemente do passado em que golpes militares eram o método de tomada de poder, hoje a direita radical conquista espaço através da manipulação ideológica e da influência nas mentes da população. Arantes enfatiza que esse processo se desenvolveu gradualmente, impulsionado pela consolidação de ideias neoliberais e anticomunistas, e ganhou uma nova dimensão com o advento das redes sociais e a mineração de dados pelas grandes empresas de tecnologia.
Segundo Arantes, a esquerda brasileira subestimou historicamente a importância da luta ideológica, que ele considera decisiva. Ele se baseia nas ideias de Gramsci e Raymond Williams para explicar como essa batalha se manifesta atualmente, tocando mais nos sentimentos do que na razão, explorando o ódio e a violência. O autor aponta que a extrema direita soube utilizar as redes sociais para disseminar suas ideias, de forma similar a como se vendem produtos, e que a eficácia da desinformação (“fake news”) se tornou extremamente poderosa através dos algoritmos que identificam e reformulam a mentalidade dos usuários, criando realidades paralelas.
Arantes traça um panorama histórico da direita brasileira, desde o fascismo de Plínio Salgado até o “neofascismo” de figuras recentes, com forte base nos militares. Ele menciona tentativas de golpe anteriores e a efetivação do golpe de 1964, que teria liquidado as forças nacionalistas e democráticas nas Forças Armadas. O autor também destaca a aliança dessas forças com o empresariado, que se articulou fortemente a partir da Constituinte de 1988, e o papel crescente dos evangélicos, influenciados por concepções conservadoras dos Estados Unidos. Arantes relata um memorando de John Rockefeller alertando para a influência da Teologia da Libertação na Igreja Católica, o que teria incentivado o apoio a igrejas evangélicas no Brasil.
Para contrapor essa guerra cultural, Arantes propõe o que ele chama de “luta ideológica democrática”, baseada no diálogo e na discussão com setores da sociedade passíveis de serem conquistados para o pensamento democrático. Ele critica a incapacidade da esquerda de entender e reagir efetivamente a essa disputa no campo das ideias. O autor defende a necessidade de os setores progressistas apresentarem um discurso alternativo ao da extrema direita em diversas áreas, como economia, direitos humanos e soberania nacional. Ele ressalta que essa disputa se dá no nível das concepções de mundo, indo além de questões de comunicação do governo.
Arantes considera o ex-presidente Lula a principal referência da esquerda e fundamental para enfrentar o cenário político complexo, marcado por um Congresso conservador, oposição de muitos governadores, grande parte da mídia contrária e a influência de setores empresariais, evangélicos e das Forças Armadas. Ele apela para a necessidade de mobilização dos movimentos sociais e partidos políticos, reconhecendo que a esquerda também precisa “dar a volta por cima” e renovar suas ideias diante do avanço do pensamento neoliberal e da extrema direita. O autor enfatiza a urgência de se concentrar na luta de ideias para reconquistar setores da sociedade e alterar a correlação de forças, visando não só a eleição de Lula, mas também a eleição de senadores e deputados que permitam a aprovação de medidas mais progressistas.
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Com sua conclamação em favor dos empobrecidos e sua crítica corajosa ao sistema que produz morte, Francisco compareceu como líder religioso e político.
Segue o texto de Leonardo Boff, publicado no ICL Notícias:
Todo ponto de vista é a vista de um ponto, afirmei certa vez. O meu ponto de vista acerca do papa Francisco é aquele latino-americano. O próprio papa Francisco se apresentou como “aquele que vem do fim do mundo”, isto é, da Argentina, do extremo Sul do mundo. Este fato não é sem relevância, pois nos oferece uma leitura diversa de outras, de outros pontos de vista.
A escolha do nome Francisco, sem antecedentes, não é fortuita. Francisco de Assis representa um outro projeto de Igreja cuja centralidade residia no Jesus histórico, pobre, amigo dos desprezados e humilhados como os hansenianos com os quais foi morar.
Pois esta é a perspectiva assumida por Bergoglio ao ser eleito papa. Quer uma Igreja pobre para os pobres. Consequentemente, despoja-se das vestes honoríficas, que vem da tradição dos imperadores romanos, bem representadas pela mozzeta (aquela capinha branca ornada de joias), símbolo do poder absoluto dos imperadores e incorporada às vestimentas papais. Recusou-a e a deu ao secretário com recordação. Veste um simples manto branco com a cruz de ferro que sempre usou.
Viveu na maior simplicidade (o papa não veste Prada) e, sem cerimônia, quebrou ritos para poder estar perto dos fiéis. Isso seguramente escandalizou a muitos da velha cristandade europeia, acostumada à pompa e à glória das vestimentas papais e, em geral, dos prelados da Igreja. Cabe recordar que tais tradições remontam aos imperadores romanos, mas que não têm nada a ver com o pobre artesão e camponês mediterrâneo de Nazaré. Surpreendentemente apresenta-se, primeiro com bispo local, de Roma. Depois, como papa para animar a Igreja universal e, como enfatizou, não com o direito canônico, mas com o amor.
Escolheu o nome Francisco porque São Francisco de Assis é o “exemplo por excelência do cuidado e por uma ecologia integral vivida com alegria e autenticidade (“Laudato Sí“, n.10) e que chamava a todos os seres com o doce nome de irmão e de irmã. Não quis morar num palácio pontifício, mas numa casa de hóspedes, Santa Marta. Comia na fila como todos os demais e, com humor, comentava: “Assim é mais difícil que me envenenem”.
A centralidade de sua missão foi colocada na preferência e cuidado dos pobres especialmente dos migrantes. Disse com honradez: “Vocês europeus estiveram primeiro lá, ocuparam suas terras e riquezas e foram bem recebidos. Agora eles estão aqui e não estão dispostos a recebê-los.” Com tristeza, constata globalização da indiferença.
Pela primeira vez na história do papado, o papa Francisco recebeu, por várias vezes, os movimentos sociais mundiais. Via neles a esperança de um futuro para a Terra, porque a tratam com cuidado, cultivam a agroecologia, vivem uma democracia popular e participativa. Repetiu-lhes muitas vezes o direito que lhes é negado, os famosos três Ts: Terra, Teto e Trabalho. Devem começar de lá onde estão: na região, pois aí se pode construir uma comunidade sustentável. Com isso legitimou todo um movimento mundial, o biorregionalismo, como forma de superação da exploração e da acumulação de poucos e com mais participação e justiça social para muitos.
Foi neste contexto que escreveu duas extraordinárias encíclicas: “Laudato sì: sobre o cuidado da casa comum” (2020), de uma ecologia integral que implica o meio ambiente, a política, a economia, a cultura, a vida cotidiana e a espiritualidade ecológica. Na outra, na “Fratelli tutti” (2025), face à degradação generalizada dos ecossistemas, faz a severa advertência:”estamos no mesmo barco: ou nos salvamos todos, ou ninguém se salva” (n.34).
Com estes textos, Francisco se coloca na ponta da discussão ecológica mundial que vai além da simples ecologia verde e de outras formas de produção sem nunca questionar o sistema capitalista que, por sua lógica, cria acumulação de um lado às custas da exploração do outro, das grandes maiorias.
O papa Francisco vem da Teologia da Libertação de vertente argentina, que enfatiza a opressão do povo e o silenciamento da cultura popular. Foi discípulo do teólogo da libertação Juan Carlos Scannone, mencionado num rodapé da “Laudato Sí”. Já como estudante e inspirado nesta teologia, fez para si uma promessa: de toda semana fazer, sozinho, uma visita às favelas (“vilas miseria”). Entrava nas casas, informava-se dos problemas dos pobres e suscitava esperança em todos.
Durante anos levou uma polêmica com o governo que fazia assistencialismo e paternalismo como políticas do estado. Reclamava dizendo: “Assim jamais se tirará os pobres da dependência. O que precisamos é de justiça social, raiz da real libertação dos pobres”. Em solidariedade para com os pobres, vivia num pequeno apartamento, cozinhava sua comida, buscava seu jornal. Recusou viver no palácio e usar o carro especial.
Esta inspiração libertadora iluminou o modelo de Igreja que se dispôs a construir. Não uma Igreja fechada tal qual um castelo, imaginando-a cercada de inimigos por todos os lados, vindos da modernidade com suas conquistas e liberdades. A esta Igreja fechada opôs uma Igreja em saída rumo às carências existenciais, uma Igreja como hospital de campanha que acolhe a todos os feridos, sem lhes perguntar a tendência sexual, a religião ou ideologia: basta serem humanos necessitados.
Papa Francisco não se apresenta como um doutor da fé, mas como um pastor que acompanha os fiéis. Pede aos pastores que tenham cheiro de ovelhas, tal a sua proximidade e compromisso com os fiéis, exercendo a pastoral da ternura e da amorosidade.
Talvez nenhum papa na história da Igreja mostrou tanta coragem quanto ele ao criticar o sistema vigente que mata e que produz duas ferozes injustiças: a injustiça ecológica, devastando os ecossistemas e a injustiça social, explorando até o sangue a humanidade. Nunca na história houve tanta acumulação de riqueza em poucas mãos. Oito pessoas individualmente possuem mais riqueza que 4,7 bilhões de pessoas. É um crime que brada ao céu, ofende o Criador e sacrifica seus filhos e filhas.
Como pastor, mais do que como doutor, sua mensagem é fundada especialmente no Jesus histórico, amigo dos pobres, dos doentes, dos marginalizados e dos oprimidos. Foi assassinado na cruz por um duplo processo, um religioso (ofensas à religião da época e sua afirmação de sentir-se de Filho de Deus) e outro político, pelas forças de ocupação romana.
Não colocava muito o acento nas doutrinas, nos dogmas e nos ritos que sempre respeitou, pois reconhecia que com tais coisas não se chega ao coração humano. Para isso precisa-se de amor, de ternura e misericórdia. Disse, certa feita, uma das frases mais importantes de seu magistério: “Cristo veio nos ensinar a viver: o amor incondicional, a solidariedade,a compaixão e o perdão, valores que compõe o projeto do Pai que é o cerne do anúncio de Jesus: o Reino de Deus”. Prefere um ateu sensível à justiça social que um fiel que frequenta a igreja mas não tem um olhar para o semelhante sofredor.
Tema recorrente em suas pregações é o da misericórdia. Para o papa Francisco, a misericórdia é essencial. A condenação é só para este mundo. Deus não pode perder nenhum filho ou filha que criou no amor. A misericórdia vence a justiça e ninguém pode impor algum limite à misericórdia divina. Alertava os pregadores o que se fez durante séculos: pregar o medo e infundir pavor do inferno. Todos, por piores que tenham sido, estão sob o arco-íris da graça e da misericórdia divina.
Logicamente, nem tudo vale nesse mundo. Mas os que viveram uma vida sacrificando outras vidas e pouco se importando ou até negando Deus, passarão pela clínica curadora da graça, na qual reconhecerão suas maldades e aprenderão o que é o amor, o perdão e a misericórdia. Só então a clínica de Deus, que não é a ante-sala do inferno, mas a antessala do céu, se abrirá para que participem também eles das promessas divinas.
Com sua conclamação em favor dos empobrecidos, com sua crítica corajosa ao sistema vigente que produz morte e ameaça as bases ecológicas que sustentam a vida, por seu apaixonado amor e cuidado da natureza e da Casa Comum, pelos incansáveis esforços para mediar guerras em função da paz, emergiu com um grande profeta que anunciou e denunciou, mas sempre suscitando a esperança de que podemos construir um mundo diferente e melhor. Com isso compareceu como um líder religioso e político respeitado e admirado por todos.
Inesquecível é a imagem de um papa caminhando solitário sob chuva fina, na praça de São Pedro em direção da capela de orações para que Deus poupasse a humanidade do coronavírus e tivesse misericórdia dos mais vulneráveis.
O Papa Francisco honra a humanidade e ficará na memória como uma pessoa santa, amável, carinhosa e extremamente humana. É por causa de figuras assim que Deus ainda se tem apiedado de nossas maldades e loucuras e nos mantém vivos sobre esse pequeno e belo planeta.
Fedro (partes 178a-180b)
Tese: Eros é o mais antigo dos deuses, fonte de virtude e inspiração.
Argumento: O amor incentiva os amantes a agirem com nobreza para não decepcionarem seus amados. Exemplo: o mito de Alceste, que morreu pelo marido.
Pausânias (180c-185c)
Tese: Há dois tipos de amor:
Eros Vulgar (amor físico, reduzido pelo desejo do corpo).
Eros Celeste (amor intelectual, pela alma e virtude.).
Argumento: O amor nobre (celeste) leva à sabedoria e à educação, como na relação entre um amante mais velho (erasta) e um jovem (erômeno) na Grécia antiga.
Erixímaco (185c-188e)
Tese: O amor é uma força cósmica que harmoniza opostos (medicina, música, estações).
Argumento: Como médico, ele vê o amor como equilíbrio entre os humores do corpo e da natureza.
Aristófanes (189a-193d)
Tese: O amor é a busca da metade perdida.
Mito: Originalmente, os humanos eram seres esféricos com dois corpos, mas Zeus os dividiu como castigo. O amor é a tentativa de reencontrar a outra metade.
Agáton (194e-197e)
Tese: Eros é jovem, belo e delicado, fonte de poesia e arte.
Argumento: O amor evita a violência e inspira criação artística.
Sócrates (e Diotima) (201d-212c)
Tese: O amor é desejo pela beleza eterna e pela sabedoria (filósofo = amante da sabedoria).
Argumento:
O amor não é um deus, mas figuradamente um daimon (um espírito intermediário) entre mortal e divino.
O verdadeiro amor começa pela atração física, mas evolui para níveis mais sutis: almas belas, o conhecimento e o amor às ideias e à beleza absoluta (Teoria das Ideias).
Escada do Amor: Do corpo belo → almas belas → leis belas → conhecimento → Beleza em si (Forma do Bem).
Alcibíades (212c-223a)
Discurso disruptivo: Ele chega bêbado e faz um elogio apaixonado a Sócrates, comparando-o a Eros.
Contraste: Enquanto os outros falaram do amor ideal, Alcibíades mostra o amor conflituoso e humano.
A natureza do amor: Do físico ao filosófico.
A escada dialética: Como o amor eleva o homem do sensível ao inteligível.
A imortalidade através da criação: Seja de filhos (física) ou ideias (intelectual).
Ironia socrática: Sócrates questiona os discursos anteriores e apresenta o amor como busca da verdade.
O Banquete não é apenas sobre o amor romântico, como a cultura ocidental costuma pensar, mas sobre o desejo humano pela completude, beleza e sabedoria. A fala de Sócrates (inspirada pela sacerdotisa Diotima) é o ápice, mostrando que o verdadeiro amor é filosófico – um caminho para a verdade eterna.
(189a-193d)
Aristófanes, o famoso comediógrafo, apresenta um mito criativo para explicar a origem do desejo amoroso. Sua fala é cheia de humor, mas também de profundidade psicológica.
No início, para Aristófanes em O Banquete, os seres humanos eram esféricos, com duas costas, quatro braços, quatro pernas e duas faces.
Havia três gêneros originais:
Masculino (descendente do Sol) – união de dois homens.
Feminino (descendente da Terra) – união de duas mulheres.
Andrógino (descendente da Lua) – união de homem e mulher.
Esses seres eram poderosos e arrogantes, então Zeus os dividiu ao meio como punição.
Desde então, cada metade anseia pela sua complementar, buscando reencontrar sua "alma gêmea".
O amor como falta: O desejo nasce da incompletude.
Dualidade e busca de união: Explica a atração homo e heterossexual (diferentes combinações das metades originais). Platão - e sua época - escapa às noções reducionistas e preconceituosas próprias da modernidade e tenta expor o mundo e as formas das relações humanas tais como se econtram na realidade.
Crítica à hybris (orgulho excessivo): A divisão foi um castigo pela arrogância humana.
Metáfora existencial: O ser humano é, por natureza, um ser em busca de reconexão.
(201d-212c)
Sócrates não oferece o seu próprio discurso, mas o apresenta a partir do que relata dos ensinamentos de Diotima de Mantineia, uma sacerdotisa que lhe explicou a verdadeira natureza do eros.
Eros não é um deus, mas um daimon (espírito ou alma, lu uma caracterísitca desta):
Filho de Pobreza (Penia) e Recurso (Poros), simbolizando que o amor está sempre em busca (nunca plenamente satisfeito).
O amor é desejo pela posse do belo e do bom:
Não se ama o que já se tem, mas o que falta.
A "Escada do Amor" (Ascese Amorosa):
O verdadeiro amor é um processo de elevação espiritual:
Amar um corpo belo (atração física).
Amar a beleza em todos os corpos (reconhecer padrões universais).
Amar almas belas (valorizar a virtude acima da aparência).
Amar leis e instituições belas (a beleza das ideias sociais).
Amar o conhecimento (a filosofia e as ciências).
Amar a Beleza em si (a Forma Imutável do Belo), que é eterna e divina.
Amor platônico: Não é sobre sexo ou repressão sexual, mas sobre transcendência.
O filósofo como amante: A busca da sabedoria é o ápice do eros.
Imortalidade através da criação: Quem alcança o topo da escada gera virtude e sabedoria (não filhos físicos, mas obras eternas).
Aristófanes | Diotima/Sócrates |
---|---|
Explica o amor como falta de uma metade perdida. | Vê o amor como desejo de ascensão espiritual. |
Foco no reencontro (passado mítico). | Foco no progresso (futuro filosófico). |
Amor como necessidade emocional. | Amor como caminho para a verdade. |
Visão mais humana e cômica. | Visão mais metafísica e idealista. |
Aristófanes antecipa teorias psicológicas sobre o desejo e a incompletude.
Diotima/Sócrates funda a noção de que o amor é a força motriz da filosofia.
Esses conceitos influenciaram a psicologia (Freud, Jung) e a filosofia moderna (como no Romantismo)
“A contínua criação e difusão de notícias falsas não só distorcem a realidade dos fatos, mas acabam também distorcendo as consciências, dando origem a falsas percepções da realidade. (…) No nosso tempo, a negação das verdades óbvias parece tomar a dianteira”, disse o Papa Francisco, em janeiro deste ano.
Do Jornal GGN:
O Conclave enfrenta a primeira disputa submersa nas Fake News e manipulação de Inteligência Artificial de sua história
Foto: Franco Origlia/Getty ImageReportagem de Patricia Faermann
“A contínua criação e difusão de notícias falsas não só distorcem a realidade dos fatos, mas acabam também distorcendo as consciências, dando origem a falsas percepções da realidade. (…) No nosso tempo, a negação das verdades óbvias parece tomar a dianteira”, disse o Papa Francisco, em janeiro deste ano. Quatro meses depois, o Conclave enfrentaria a primeira disputa submersa nas Fake News e manipulação de Inteligência Artificial de sua história.
Depois de 12 anos de Francisco, a escolha do novo papa enfrenta um cenário não esperado, com uma ampla influência das redes sociais, Fake News e pressões de movimentos ultraconservadores.
Apesar de todo o processo sigiloso que envolve a votação, que ocorre duas semanas após o sepultamento de Francisco, conversas e articulações já estão ocorrendo entre os cardeais e a Cúria, conforme adiantou Jamil Chade, em sua coluna para o Uol. Segundo o jornalista, vaticanistas e integrantes da Santa Sé o confirmaram que “um dos maiores desafios será blindar os cardeais da interferência cada vez maior da internet”.
O Papa Francisco sabia o que seria a troca de seu posto e o mundo em que vivemos.
Em janeiro, pouco tempo depois de a Meta acabar com as políticas de verificação das Fake News no Instagram e Facebook nos Estados Unidos, o papa falou dos riscos: “Alguns desconfiam de argumentos racionais, que consideram instrumentos nas mãos de algum poder oculto, enquanto outros acreditam possuir inequivocamente a verdade que construíram para si mesmos”.
As manipulações, adiantava ele, “podem ser amplificadas pela mídia moderna e pela inteligência artificial, que são usadas como meio de manipular a consciência para fins econômicos, políticos e ideológicos”.
Por isso, ele se preparou, mantendo 60% dos cardeais que votam com posições empáticas ao seu legado. Trata-se, ainda segundo levantamento de Jamil Chade, da Igreja mais universal em 2 mil anos, uma vez que ele trouxe eleitores de todos os cantos do mundo, principalmente de suas “margens” e países periféricos, até então não representados em escolhas anteriores.
Ao todo, 71 países estarão presentes na votação, incluindo cardeais de países como Haiti, Timor Leste, Mianmar, Sudão do Sul, Papua-Nova Guiné, Albânia, entre outras regiões marginalizadas.
Assim, há grandes chances de o novo papa trazer uma postura similar ou condizente em manter o legado de Francisco. Mas a influência prévia das Fake News, nestas duas semanas anteriores, ainda pode representar riscos.
Para questionar o discurso de anistia (que visa mais salvar Bolsonaro que os peões que visavam derrubar Lula), Moraes comparou os ataques do 8/1 a uma invasão domiciliar durante o julgamento do núcleo 2
Do Jornal GGN:
O ministro Alexandre de Moraes comparou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 a uma invasão domiciliar, como forma de questionar o discurso dos que clamam por anistia aos envolvidos na tentativa de ruptura institucional.
“Se o que aconteceu no Brasil acontecesse na sua casa, você pediria anistia a essas pessoas?”, indagou Moraes. “Se um grupo armado, organizado, ingressasse na sua casa, destruísse tudo, com a finalidade de fazer o seu vizinho mandar na sua casa, afastando você e sua família do comando com violência, destruição e bombas… Haveria perdão?”
Durante sessão do Supremo Tribunal Federal realizada nesta segunda-feira (22/04), Moraes ainda fez um apelo à reflexão por parte da sociedade. “Se na minha casa eu não admitiria que destruíssem tudo para me tirar do comando, por que admitiria isso para o país, para a República que elegeu democraticamente os seus membros?”.
A fala foi proferida no momento em que o ministro votava pelo recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF. Oliveira compõe o núcleo 2 da trama golpista, responsável por gerenciar ações que culminaram na invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Além de Fernando, o núcleo 2 da trama é composto por Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF); General da reserva Mario Fernandes; Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro; Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro; e Marília de Alencar, ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal.
Moraes não aceitou os argumentos apresentados para rejeição da denúncia, e reforçou que os requisitos legais necessários para o andamento da ação penal estão presentes: tipicidade, punibilidade e viabilidade da acusação.
“A peça acusatória não representa um juízo condenatório, mas sim um juízo inicial de que a materialidade dos crimes ocorreu, e há indícios razoáveis de autoria”, afirmou o ministro.