"É o que faz Malu Gaspar, com o seu Watergate que acabou no Irajá, agora sacrificando a reputação de um funcionário de carreira do Banco Central com base em deduções superficiais, que comprometem até a medula a reputação do jornalismo."
Do Jornal GGN:
Como utilizar o método Malu Gaspar para interpretar Malu Gaspar, por Luís Nassif
Está na hora dos veículos de imprensa se debruçarem sobre um código de ética mínimo. Tem-se um modelo de jornalismo que está sendo destruído pelas redes sociais, pelas informações desestruturadas, pelas fake news, pela irresponsabilidade no uso do off e dos assassinatos de reputação.
Mas insiste-se em combater esse desgaste recorrendo ao mesmo estilo irresponsável das redes sociais, sem nenhum compromisso com dados, com fontes, com fatos, apenas atrás de likes. E a falta de compromissos com a lógica e com os fatos é meio caminho andado para o exercício do lobby.
É o que faz Malu Gaspar, com o seu Watergate que acabou no Irajá, agora sacrificando a reputação de um funcionário de carreira do Banco Central com base em deduções superficiais, que comprometem até a medula a reputação do jornalismo.
Aqui, sua última versão. Não mais a de que a convocação do Diretor de Fiscalização do Banco Central para uma acareação com um diretor do BRB, visava intimidá-lo. Na última versão, o diretor de fiscalização passa a ser cúmplice do Banco Master em uma jogada articulada pelos advogados do Master.
| Malu Gaspar | |
|---|---|
| Depois de conseguir o envio da investigação sobre o Master para o Supremo Tribunal Federal e a decretação de sigilo absoluto no caso, a próxima etapa da estratégia de defesa do banco já está em andamento. O objetivo é minar a credibilidade do Banco Central e desmontar o trabalho que levou à liquidação do Master para revertê-la e, no limite, quem sabe até receber algum tipo de ressarcimento. | Não há uma fonte, uma explicação jurídica embasando a afirmação. É mero desconfiômetro ligado. |
| O plano já foi desenhado pelos advogados do Master nas manifestações feitas tanto ao próprio Supremo como ao Tribunal de Contas da União, no processo em que o ministro Jhonatan de Jesus pediu esclarecimentos ao BC sobre a “decisão extrema” de liquidar o banco de Vorcaro. | Mistura um Ministro do TCU, indicado pelo PL (partido por trás do Banco Master) com o BC. Não há nenhuma comprovação, nenhuma dica, nenhum indício de que há o tal plano desenhado pelos advogados do Master. |
| Para que o estratagema dê certo, porém, é preciso criar fatos para justificar uma decisão de Toffoli contra os diretores e técnicos do BC. O histórico do ministro autoriza supor que ele tem chance de prosperarDesde que embarcou no jatinho de um amigo empresário junto com o advogado de um dos investigados no caso para ir a Lima assistir a final da Libertadores, Toffoli vem seguindo à risca o script da defesa. | O jatinho não era do advogado. Ambos eram caronas de terceiros. E acertos obscuros são realizados em locais sigilosos, não em viagens para assistir jogo do Palmeiras. É uma ilação ridícula. |
| Primeira informação útil: a liquidação foi decidida com a aprovação unânime da diretoria colegiada do BC, incluindo o voto sim do presidente, Gabriel Galipolo, que em princípio não precisava se manifestar, já que os outros oito diretores eram a favor. A responsabilidade, portanto, é de toda a cúpula da autarquia.E ainda: de todos, quem mais resistiu à ideia da liquidação foi o próprio Ailton Aquino, da fiscalização. Internamente no BC e no sistema financeiro, Aquino era visto como um aliado do Master. | O diretor que, segundo Gaspar, é visto como aliado do Master, votou pela liquidação do banco.Ela acusa um f uncionário de carreira, de ficha limpa, de “aliado do Master”, baseado em fontes em off (se é que existem). |
| Registros do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), sustentado por recursos dos próprios bancos, mostram que houve 38 comunicados oficiais sobre os riscos de liquidez, furos no balanço do Master e outras questões que deveriam levar a uma ação mais contundente do órgão regulatório.Quase todos os alertas eram dirigidos à área de Aquino, e muitos foram feitos em reuniões presenciais. Duas pessoas que participaram desses encontros me relataram que a atitude do diretor era sempre a de minimizar os problemas – que foram só se agravando ao longo do tempo. | Confira a malícia.Todos os alertas eram produzidos pela área de Aquino, que era diretor de fiscalização. Mas, segundo Gaspar, “quase todos os alertas eram dirigidos à área de Aquino”, como se fossem alertas externos, não considerados pela diretoria de fiscalização. |
| Foi no processo de análise dessa operação que outra diretoria, a de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, encontrou as fraudes nos contratos de crédito consignado que avalizaram o repasse de R$ 12, 2 bilhões do BRB para o Master pela venda da carteira, antes mesmo da fusão dos dois bancos.A partir daí deu-se um racha interno, com a área de Renato Gomes propondo intervir no Master e a de Aquino tentando encontrar uma solução que permitisse ao banco seguir operando. Portanto, o integrante do BC que mais conhece as fraudes e seu mecanismo não é Aquino, e sim Gomes, que até já terminou o mandato. | Conclusão forçada. Em processos dessa natureza, o objetivo maior é impedir impactos sobre o sistema financeiro como um todo. A saída mais l ógica é propor medidas que permitam a venda do banco com problemas para outro, que absorva os passivos. A intervenção sempre é o último passo.Quando constatado o repasse de RF$ 12,2 bilhões do BRB para o Master, viu-se que o único caminho seria a liquidação.O fato de haver um diretor a favor da intervenção não o torna mais conhecedor do caso que o outro. |
| Os depoimentos ainda não foram marcados, mas há uma tensão entre os técnicos do BC sobre a possibilidade de serem chamados a depor, por temerem sofrer algum tipo de intimidação. | Poderia escrever: há um alívio entre os técnicos do BC sobre a possibilidade de serem esclarecidas as prováveis interferências em seu trabalho. Teria o mesmo valor que a afirmação ao lado. |
| Enquanto esse embate interno se dava, em julho de 2025, ocorreu uma reunião em que o ministro do STF Alexandre de Moraes pediu a Galipolo pelo Master. Moraes, cuja mulher tem um contrato de prestação de serviços jurídicos de R$ 130 milhões com o banco, disse gostar de Vorcaro e recorreu a um argumento muito usado à época – o de que o banqueiro vinha sendo perseguido pelos grandes que não queriam concorrência. Ao ser informado por Galípolo de que o BC havia descoberto as fraudes, Moraes recuou e disse que tudo precisava ser investigado. | Finalmente, admitiu o que outros jornalistas já haviam revelado. |
| Dois dias antes de a liquidação ser decretada e Vorcaro ser preso, o dono do Master pediu para antecipar uma reunião com Aquino para dizer que tinha encontrado compradores para seu banco, um consórcio entre a financeira Fictor e um fundo árabe que ele nunca soube qual era.Depois da prisão na área de embarque do aeroporto de Guarulhos, o registro da reunião foi usado pela defesa de Vorcaro para argumentar que ele tinha avisado ao BC que viajaria para Dubai e que portanto não poderia estar fugindo. O ofício com o registro, assinado por Aquino, foi fundamental para que Vorcaro fosse tirado da cadeia e enviado à prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. | Ai Vorcaro vai até o Aquino e diz que encontrou um comprador para seu banco. Toda reunião tem um registro. Teria registro se a reunião fosse com qualquer outro diretor do BC.Gaspar utiliza o ofício para insinuar cumplicidade de Aquino. |
| Se queria mesmo entender como foi feito o trabalho dos técnicos da autarquia, Toffoli deveria ter convocado ao menos os dois diretores – e não apenas o mais próximo de Vorcaro. Diante desse quadro, os representantes legais do BC acusaram o risco de “armadilhas processuais” e pediram o cancelamento da acareação. | Mentira! Ela coloca o questionamento dos representantes legais do BC – sobre a possibilidade do diretor ser colocado no mesmo nível dos acusados – para insinuar que o questionamento foi sobre a suposta imparcialidade do diretor. |
Vamos aplicar o método Malu Gaspar para interpretar o jornalismo de Malu Gaspar.
- A tese que se espalhou pelas redes é que a ofensiva contra Alexandre de Moraes é comandada por coronéis da Faria Lima, justamente para reduzir a ofensiva da PF sobre os crimes cometidos por instituições de lá.
- Pela legislação (Lei 4.595, Lei 13.506/2017 e normas do CMN), o BC tem o dever legal de comunicar o Ministério Público quando surgem indícios de crime, compartilhar informações com PF e MPF mediante requisição ou cooperação formal.
- Portanto, foi o trabalho da Diretoria de Fiscalização que permitiu a Operação Colossus – a primeira ofensiva séria da Polícia Federal sobre a máquina de lavar dinheiro da Faria Lima.
- Estender os ataques à Difis (Diretoria de Fiscalização do BC) se encaixa bem nessa estratégia.


Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá... Aqui há um espaço para seus comentários, se assim o desejar. Postagens com agressões gratuitas ou infundados ataques não serão mais aceitas.