O jornalista e colunista Reinaldo Azevedo, em sua coluna publicada hoje na Folha de S. Paulo, argumenta que a abordagem de tolerância em relação ao bolsonarismo é um erro que não pode ser mais sustentado.
247 – No cenário político atual, há uma crescente preocupação sobre a influência e as consequências do bolsonarismo no Brasil. Nesse contexto, o jornalista e colunista Reinaldo Azevedo, em sua coluna publicada hoje na Folha de S. Paulo, argumenta que a abordagem de tolerância em relação ao bolsonarismo é um erro que não pode ser mais sustentado.
Azevedo começa destacando como muitos interpretaram o bolsonarismo como uma mera expressão mais áspera da direita política, mas alerta que esse entendimento não é suficiente para compreender a real natureza do movimento. Ele argumenta que o erro foi supor que Jair Bolsonaro, por sua retórica agressiva e fanfarrona, não buscaria efetivamente minar as instituições democráticas. Esse equívoco, segundo Azevedo, deve ser confrontado, pois o bolsonarismo representa uma ameaça mais profunda à democracia do que simplesmente uma face feia do regime.
O colunista também critica a ideia de que Bolsonaro poderia ser aceito na esfera da civilidade com algumas modificações em seu comportamento. Ele destaca que a palavra "tolerância" deriva do latim "tolerantia", que significa "constância em suportar". Azevedo argumenta que a tolerância não implica em aceitar ideias que contradizem nossas convicções e valores, especialmente quando essas ideias ameaçam a própria estrutura democrática.
Azevedo invoca o "paradoxo da tolerância", formulado pelo filósofo Karl Popper, para questionar se a sociedade deve tolerar ideias que, se postas em prática, levariam à destruição das próprias bases que permitem a sua expressão. Ele enfatiza que a disposição do bolsonarismo de minar a democracia não pode ser encarada com condescendência, mas sim confrontada com firmeza.
O colunista também apresenta evidências que sugerem que o bolsonarismo não é apenas uma retórica inflamada, mas sim uma ameaça concreta à democracia. Ele menciona a articulação da Polícia Rodoviária Federal, sob comando de aliados do então presidente, para fraudar os resultados eleitorais. Além disso, Azevedo aponta para diversos aspectos do governo Bolsonaro que indicam uma falta de governança e uma aproximação perigosa com a barbárie.
Em sua conclusão, Reinaldo Azevedo argumenta que o bolsonarismo não pode ser tolerado em nome da diversidade ou da convivência pacífica. Ele defende que, para preservar os fundamentos democráticos, o bolsonarismo deve ser banido do debate político, sem prejuízo de ser compreendido em sua essência. Azevedo destaca a importância de estabelecer limites inegociáveis para garantir a existência de uma direita democrática no país.
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