sábado, 29 de julho de 2017

O Mal da Bancada Evangélica e sua responsabilidade no desastre do Golpe, sob auspícios de Eduardo Cunha, Feliciano, Bolsonaro e assemelhados em artigo de Fábio de Oliveira Ribeiro




  "O fenômeno político recente mais importante no Brasil foi o crescimento da bancada evangélica, da qual Eduardo Cunha fazia parte. Apesar de ter sido preso, durante o período em que presidiu a Câmara dos Deputados Cunha sabotou o governo e conseguiu organizar a maioria parlamentar que derrubou Dilma Rousseff e enfiou goela abaixo dos brasileiros o desastroso governo Michel Temer." - Fábio de Oliveira Ribeiro





O dragão da internet contra o pastor evangélico guerreiro
por Fábio de Oliveira Ribeiro
GGN. - O fenômeno político recente mais importante no Brasil foi o crescimento da bancada evangélica, da qual Eduardo Cunha fazia parte. Apesar de ter sido preso, durante o período em que presidiu a Câmara dos Deputados Cunha sabotou o governo e conseguiu organizar a maioria parlamentar que derrubou Dilma Rousseff e enfiou goela abaixo dos brasileiros o desastroso governo Michel Temer.
As lideranças católicas e operárias escreveram a história do Brasil após o fim da ditadura militar. Mas estes dois segmentos sociais perderam a guerra midiática. Comparadas à imensa e poderosa Rede Record controlada pelos donos da Universal do Reino de Deus, a rede de TV dos católicos é modesta e a TVT dos operários é minúscula.
Jair Bolsonaro, que pertence à bancada evangélica, já desponta como um sério concorrente à presidência. Marina Silva, também evangélica, provavelmente disputará uma vez mais a presidência. Gostemos ou não, lideranças evangélicas como Garotinho e sua esposa e Crivella estão reescrevendo a história administrativa do Rio de Janeiro. E até lideranças operárias (como Dilma Rousseff, por exemplo) já se sentem obrigadas a fazer rapapés para os bispos da Universal no Templo de Salomão em São Paulo. Como explicar este fenômeno?
O contato dentro dos templos é pessoal. A posição de autoridade do pastor facilita a construção de consensos políticos e eleitorais. A hierarquia mais ou menos rígida dentro das igrejas evangélicas (obreiros na base e bispos no topo) facilita a criação de vínculos estáveis e fomenta a disciplina política e eleitoral. Os eleitores evangélicos são diariamente instigados a votar em candidatos evangélicos e a fidelidade deles (ou de uma maioria dentre eles) talvez tenha permitido a consolidação de bancadas parlamentares cada vez maiores e mais influentes.   
Depois que chegou ao poder o partido dos operários ficou mais e mais distante de suas bases. A militância virtual dos católicos e dos operários iguala e provavelmente até supera a dos evangélicos, mas isto não se traduz em maior poder político. Talvez isto se deva à uma característica da própria internet.
“Dúzias de estudos psicológicos, neurobiólogos, educadores e web designers indicam a mesma conclusão: quando estamos on-line, entramos em um ambiente que promove a leitura descuidada, o pensamento apressado e distraído e o aprendizado superficial. É possível pensar  profundamente enquanto se surfa na net, assim como é possível pensar superficialmente enquanto se lê um livro, mas não é o tipo de pensamento que a tecnologia encoraja e recompensa.” (O que a internet está fazendo com os nossos cérebros – A geração superficial, Nicholas Carr, editora Agir, Rio de Janeiro, 2011, p. 161/162)
Um pouco adiante o autor é mais específico:
“As dificuldades de desenvolver a compreensão de um assunto ou conceito parecem ser ‘fortemente determinados pela carga da memória de trabalho’, escreve Sweller, e, quanto mais complexo o material que tentamos apreender, maior a penalidade imposta por uma mente sobrecarregada. Há muitas fontes possíveis de sobrecarga cognitiva, mas duas das mais importantes são, segundo Sweller, a ‘resolução de problemas externos’ e a ‘atenção dividida’. Ocorre que essas são duas das características centrais da net como uma mídia informacional. Usar a internet pode, como sugere Gary Small, exercitar o cérebro de modo como faz um jogo de palavras cruzadas. Mas tal exercício intensivo, quando se torna o nosso primário de pensamento, pode impedir o pensamento e o aprendizado profundos. Tente ler um livro enquanto está fazendo palavras cruzadas; esse é o ambiente intelectual da internet.” (O que a internet está fazendo com os nossos cérebros – A geração superficial, Nicholas Carr, editora Agir, Rio de Janeiro, 2011, p. 174/175)
A internet brasileira está sendo continuamente abastecida por textos mais ou menos complexos produzidos por intelectuais de esquerda. Estes textos são freneticamente compartilhados por militantes. Mas nem sempre eles são lidos e compreendidos pelo público em geral. Em contrapartida, a mensagem política simples dos pastores evangélicos (salvação centrada no respeito à autoridade de quem interpreta e repete exaustivamente a Bíblia), é capaz de fixar na memória dos eleitores evangélicos a certeza de que os políticos evangélicos sempre fazem o que é correto (mesmo que eles prejudiquem seus próprios eleitores, como ocorreu recentemente durante a votação da Reforma Trabalhista).
Ao discorrer sobre a dispersão provocada pela internet, Nicholas Carr afirma:
“É importante enfatizar que a capacidade da net de monitorar eventos e enviar automaticamente mensagens e notificações é uma das suas grandes forças como tecnologia de comunicação. Baseamo-nos nessa capacidade para personalizar o funcionamento do sistema, para programar a vasta base de dados para responder às nossas necessidades particulares, interesses e desejos. Nós queremos ser interrompidos, porque cada interrupção nos traz uma informação preciosa. Ao desligar esses alertas, nos arriscamos a nos sentir desconectados ou mesmo socialmente isolados. O fluxo quase contínuo de novas informações pela web também apela à nossa tendência natural de ‘supervalorizar amplamente o que está acontecendo exatamente agora’, como explica o psicólogo do Union College, Christopher Chabris. Ansiamos pelo novo mesmo quando sabemos que o ‘novo é na maior parte das vezes trivial em vez de essencial’.” (O que a internet está fazendo com os nossos cérebros – A geração superficial, Nicholas Carr, editora Agir, Rio de Janeiro, 2011, p. 185)
Os evangélicos se reúnem nos templos. Os militantes operários se reúnem na internet. Os governos Lula e Dilma apostaram na inclusão digital acreditando que poderiam assim aumentar sua base de sustentação política. Este erro estratégico pode ter sido fatal.
É fato, o ambiente virtual escolhido pela esquerda para competir politicamente com os evangélicos é inadequado. Enquanto a profundidade intelectual da esquerda se torna superficial na internet por causa das características da própria rede mundial de computadores, a superficialidade dos pastores evangélicos se torna mais e mais profunda nas consciências dos fiéis porque o ambiente dentro das igrejas proporciona concentração e não dispersão. Portanto, não se engane, ao ler e compartilhar este texto você poderá estar fazendo mais mal do que bem à esquerda operária. 

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