Do Contexto Livre:
Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro responsável pela descoberta do sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por sinais cerebrais, é o entrevistado desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif.
Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro responsável pela descoberta do sistema
que possibilita a criação de braços robóticos controlados por sinais cerebrais, é o
entrevistado desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif.
entrevistado desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif.
Ele recebeu nossa equipe na sede do Projeto Andar de Novo, no bairro da Vila Madalena,
em São Paulo. Durante a entrevista, que durou um pouco mais de 50 minutos, o
pesquisador falou do projeto educacional que incentiva a produção científica de crianças
na periferia de Natal, tocado pelo Instituto Internacional de Neurociências - Edmond e
Lily Safra (IINN), avaliou o desenvolvimento no Brasil, elogiando o programa Ciências Sem
Fronteiras e seu impacto na auto estima de estudantes brasileiros que encontrou em outros
países, além da necessidade de uma política pública de descentralização da ciência
e tecnologia no país, hoje concentrada na região Sudeste.
Num segundo momento, Nicolelis contou o início da sua carreira, nos Estados Unidos,
abordou a dificuldade de desenvolver ciência no Brasil, e o importante papel do Estado na
promoção de conhecimento, lembrando que o governo norte-americano investe cerca de 5
% do Produto Interno Bruto anual em ciência.
O Neurocientista avaliou, ainda, a forma como a mídia nacional desvaloriza os avanços
brasileiros, com destaque para a pífia cobertura do funcionamento do exoesqueleto
em um paciente há dez anos paraplégico, durante a abertura da Copa do Mundo no
Brasil, em 2014. "O governo japonês nos chamou para repetir a nossa demonstração
nas Olimpíadas de Tóquio, já criaram um comitê para ter uma demonstração de robótica
nos mesmos termos que o nosso, com todo apoio da sociedade japonesa", rebateu.
O pesquisador enxerga com preocupação o desmonte recente da indústria nacional,
decorrente da crise política, criticando fortemente a desvalorização da Petrobras, que
deveria ter seus ativos protegidos, e não vendidos, como está ocorrendo por conta dos
deveria ter seus ativos protegidos, e não vendidos, como está ocorrendo por conta dos
desdobramentos da Operação Lava Jato.
Por fim, Nicolelis entrou na sua área de conhecimento, sobre o potencial intuitivo do
cérebro humano, condição que jamais um computador será capaz de emular, porém
ressaltou a preocupação do fenômeno de sincronização de pensamentos, por conta do uso
cada vez mais constante da internet e redes sociais. Esse novo modelo de comunicação,
rápido o suficiente para acompanhar o funcionamento cerebral, estaria trazendo prejuízos
à capacidade de reflexão dos indivíduos, lembrando que, na obra "Understanding Media",
dos anos 1960, o teórico da comunicação, Marshall Mcluhan, já alertava para isso.
rápido o suficiente para acompanhar o funcionamento cerebral, estaria trazendo prejuízos
à capacidade de reflexão dos indivíduos, lembrando que, na obra "Understanding Media",
dos anos 1960, o teórico da comunicação, Marshall Mcluhan, já alertava para isso.
“Ele previu que os grupamentos sociais iam começar a fragmentar a sociedade, porque
os grupos de interesse iam começar a se auto referenciar no momento em que houvesse um
meio de mídia capaz de ser rápido o suficiente para sincronizar as pessoas na ordem da
magnitude de funcionamento do cérebro”.
O cientista indicou, também, que o imperialismo norte-americano continua atuante, agora
em movimentos cibernéticos, com alcance sobre vidas e mentes sem precedentes na história
da humanidade.
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