domingo, 1 de janeiro de 2017

Miguel Nicolelis conversa com Luis Nassif. Entrevista em vídeo


Do Contexto Livre:








Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro responsável pela descoberta do sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por sinais cerebrais, é o entrevistado desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif.



Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro responsável pela descoberta do sistema 
que possibilita a criação de braços robóticos controlados por sinais cerebrais, é o
entrevistado desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif.

Ele recebeu nossa equipe na sede do Projeto Andar de Novo, no bairro da Vila Madalena, 
em São Paulo. Durante a entrevista, que durou um pouco mais de 50 minutos, o 
pesquisador falou do projeto educacional que incentiva a produção científica de crianças 
na periferia de Natal, tocado pelo Instituto Internacional de Neurociências - Edmond e 
Lily Safra (IINN), avaliou o desenvolvimento no Brasil, elogiando o programa Ciências Sem 
Fronteiras e seu impacto na auto estima de estudantes brasileiros que encontrou em outros 
países, além da necessidade de uma política pública de descentralização da ciência 
e tecnologia no país, hoje concentrada na região Sudeste.

Num segundo momento, Nicolelis contou o início da sua carreira, nos Estados Unidos, 
abordou a dificuldade de desenvolver ciência no Brasil, e o importante papel do Estado na 
promoção de conhecimento, lembrando que o governo norte-americano investe cerca de 5
% do Produto Interno Bruto anual em ciência.

O Neurocientista avaliou, ainda, a forma como a mídia nacional desvaloriza os avanços 
brasileiros, com destaque para a pífia cobertura do funcionamento do exoesqueleto 
em um paciente há dez anos paraplégico, durante a abertura da Copa do Mundo no 
Brasil, em 2014. "O governo japonês nos chamou para repetir a nossa demonstração 
nas Olimpíadas de Tóquio, já criaram um comitê para ter uma demonstração de robótica 
nos mesmos termos que o nosso, com todo apoio da sociedade japonesa", rebateu.

O pesquisador enxerga com preocupação o desmonte recente da indústria nacional, 
decorrente da crise política, criticando fortemente a desvalorização da Petrobras, que
deveria  ter seus ativos protegidos, e não vendidos, como está ocorrendo por conta dos 
desdobramentos da Operação Lava Jato.

Por fim, Nicolelis entrou na sua área de conhecimento, sobre o potencial intuitivo do 
cérebro humano, condição que jamais um computador será capaz de emular, porém 
ressaltou a preocupação do fenômeno de sincronização de pensamentos, por conta do uso 
cada vez mais constante da internet e redes sociais. Esse novo modelo de comunicação,
 rápido o suficiente para acompanhar o funcionamento cerebral, estaria trazendo prejuízos
à capacidade de reflexão dos indivíduos, lembrando que, na obra "Understanding Media", 
dos anos 1960, o teórico da comunicação, Marshall Mcluhan, já alertava para isso.

“Ele previu que os grupamentos sociais iam começar a fragmentar a sociedade, porque 
os grupos de interesse iam começar a se auto referenciar no momento em que houvesse um 
meio de mídia capaz de ser rápido o suficiente para sincronizar as pessoas na ordem da 
magnitude de funcionamento do cérebro”.

O cientista indicou, também, que o imperialismo norte-americano continua atuante, agora 
em movimentos cibernéticos, com alcance sobre vidas e mentes sem precedentes na história 
da humanidade.

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