domingo, 16 de março de 2014

A nova e farsante edição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", tal qual a primeira, revela a faceta hipócrita e autoritária de uma parte pífia da sociedade


Carlos Antonio Fragoso Guimarães


    A primeira "Marcha da Família" foi uma reação de uma elite conservadora que não via com bons olhos as propostas progressistas do Presidente João Goulart, expressas no Comício da Central do Brasil do dia 13 de março de 1964. Instigados por vários setores reacionários e grupos conservadores, entre eles o Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), financiando pelos EUA, a direita se organizou para fazer uma Marcha conservadora de protesto a Jango, embora o grosso da população visse com bons olhos a proposta do presidente.

    Os quarteis, já há anos conspirando contra a democracia e os presidentes Vargas e JK até chegar a Jango, com incentivo e apoio dos Estados Unidos que não viam Jango com bons olhos, viram na tal "Marcha com Deus" o pretexto para lançar um Golpe Militar que lançaria o Brasil em 21 anos de Ditadura, com consequências funestas até hoje.

   Agora, 50 anos depois, embora o mundo e o Brasil tenham mudado, o mesmo ranço autoritário, imbecilizante e elitista que só aceita a democracia quando esta funcione em acordo com seus interesses, com o apoio de uma mídia empresarial golpista, quer reeditar uma nova edição da Marcha, mesmo sabendo que muito mais que metade da população é a favor do governo democrático e legitimamente eleito de Dilma Roussef.

   A proposta de alguns dos extremistas desta segunda edição é de uma nova intervenção militara golpista, e de outros, uma tentativa de enfraquecer a força eleitoral do PT, buscando uma chance de um segundo turno nas eleições de 2014. De qualquer modo, é chocante que a história que, na primeira vez, se transformou em tragédia, agora seja uma farsa perigosa calcado em uma mentalidade tacanha, apoiada pelo pior da sociedade, indo dos fundamentalistas evangélicos pentecostais a ultra-direitistas pró-fascismo.

  É interessante notar que uma das "cabeças" responsáveis pela criação da segunda edição da "Marcha", Bruno Toscano Franco, que a Folha de São Paulo (que apoiou vivamente a primeira Marcha e a derrubada de Jango) destacou em uma matéria publicada ainda hoje, seja reconhecido nas redes sociais pelas ameaças que faz a quem for de esquerda ou simplesmente seja a favor do governo, ameças que vão da morte ao incentivo ao uso de bombas e armas contra o que ele chama de "ditadura comunista" (além de ameaçar igualmente nordestinos, homossexuais, críticos da direita e da ditadura, ou seja, apresentar todos os sintomas, por ignorância, má-fé, deformação ou convicção, que são característicos de sociopatia fascista). Bruno Toscano Franco, o ameaçador da internet alçado a cidadão contrariado pela Folha, responde à processo junto à 1ª Vara Criminal de São Paulo, processo  de nº00006262820148140401 (clique no número para conferir).

  Outro  "exemplo" que também aparece como apoiador da farsa da nova "Marcha" é o já conhecido Maycon Freitas, aquele mesmo dublê da Globo, que a Veja alçou a herói da direita ano passado, nas manifestações de julho, como símbolo da juventude "esclarecida", mas que logo foi desmascarado como um factoide fabricado pela - há muito - não confiável revista dos Civitas.
    
  Veja-se mais sobre os cabeças da "Marcha",  Bruno e Maycon, o artigo esclarecedor de Miguel do Rosário intitulado "O que a Folha não deu sobre os organizadores da nova Marcha da Família". Veja o que a "cabeça organizadora da Marcha" fala dos nordestinos:




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