quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Resgate da função e importância dos mitos autênticos


A linguagem e função das Imagens, Símbolos e Mitos

Texto de 

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

   Da mesma forma como sonhamos individualmente e estes sonhos possuem elementos de nossa psicologia que apontam para etapas de nosso desenvolvimento pessoal, os mitos nascem do meio da coletividade e apontam para o estágio de desenvolvimento de uma sociedade.

  Freud e Jung demonstraram que a linguagem mais fundamental e própria de nosso psiquismo é fundamentalmente simbólica, imagética (o que não inclui somente imagens, mas representações conceituais e/ou sonoras atreladas a um sentimento ou ideia). Muitas vezes, a sabedoria intuitiva se expressa por imagens ou representações que incluem o que nos é conhecido, mas apresentados de algumas maneiras paradoxais, porque elas tenta, através das imagens e símbolos, apontar para alguma coisa ainda não conhecida ou vivenciada, mas que pode ser conhecida, pode ser vivenciada. Por isso, como diz Joseph Campbell, os mitos são, como os sonhos, expressões da sabedoria da vida, da vida humana. Frequentemente trazem temas universais que vestem roupagens das culturas locais, mas sempre se referindo a um enredo atemporal conhecido de quase todas as pessoas. Por isso, tanto um médico de São Paulo quanto um índio do Xingu podem ter sonhos ou gostarem de um conto que, tirando as diferenças superficiais das roupagens culturais, possuem uma mesma temática, que pode ser desde a jornada épica de um herói ao modo como se dá a paixão entre um homem e uma mulher, por exemplo.

  Como bem aponta o filósofo e historiador romeno Mircea Eliade, as imagens, símbolos e mitos apontam para aquele conteúdo profundo que é próprio da espécie humana: a capacidade de buscar sentido na vida e no mundo, e estes sãos os meios de nossa alma de expressar seus anseios, suas tendências de desenvolvimento (ou de estagnação). As imagens, símbolos e mitos são a linguagem figurada da alma e veículos de uma sabedoria só possível de ser "entendida" quando a aceitamos tal qual se nos apresentam para, assimiladas, poderem ser refletidas na alegoria de sua sabedoria sintética e poética, que ainda não foi deturpada pela racionalização ou pela seleção dos preconceitos de uma sociedade hiper-pragmática e voltada para as coisas externas como a nossa.

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