Do Jornal GGN:
O inimigo do modelo que norteia Trump é o Brasil, através da liderança individual de Lula, derrotando Bolsonaro, e seu papel no BRICS

Ontem participei de uma mesa na reunião anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência, em Recife, discutindo os rumos da geopolítica mundial e o papel a ser desempenhado pelo país. Foi uma mesa maiúscula, com a presença de Renato Janine, presidente da SBPC, Sérgio Rezende, ex-Ministro de Ciência e Tecnologia, o economista Elias Jabbour, especialista em China, e Luiz Fernandes, Secretário Executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Vou me retringir à minha apresentação. Depois, comentarei as principais conclusões da mesa.
Procurei mostrar as semelhanças entre o período das três últimas décadas do século 19 com o período atual até a crise de 2008. São períodos de grandes transformações tecnológicas, seguidos de liberalização do capital, criando uma geração de rentistas que tiram o dinamismo da economia britânica – até então hegemônica -, envolvem-se em sucessivas bolhas especulativas.
O modelo tira o dinamismo da economia, aumenta a concentração de renda até ingressar na década de 1920, com o descrédito na democracia ocidental e o surgimento de ideologias alternativas. Esse mesmo processo ocorre nas últimas décadas, até estourar na crise de 2008.
A crise marca o fracasso final do neoliberalismo como alternativa de política pública. Segue-se uma tentativa dos donos do poder de encontrar um outro receituário capaz de desviar a atenção da opinião pública e encontrar bodes expiatórias para o desalento.
Assim como no fascismo italiano e no nazismo alemão, há a adesão das grandes corporações a uma parceria com a ultradireita, transformando o Estado no grande inimigo, valendo-se das novas formas de comunicação (rádio nos anos 20, redes sociais agora) para embaralhar os diagnósticos. O problema deixa de ser a insuficiência de Estado – sugado pelo modelo de concentração de renda – para se transformar no excesso de Estado.
A partir daí, surgem dois fenômenos. De um lado, a ultradireita norte-americana, que fornece a Donald Trump o componente ideológico através de Steve Bannon. De outro, a consolidação das big techs como novos instrumentos de projeção do poder norte-americano.
O novo modelo se baseia na tentativa de privatizar a moeda, através das criptomoedas, e, ao mesmo tempo, eliminar a autonomia dos estados nacionais.
No meio disso tudo, a figura complexa de Donald Trump. Provavelmente o que o move é o modelo que melhor lhe permita acumular riqueza pessoal. Publicamos aqui a denúncia de um trade norte-americano sobre os movimentos de swap entre dólar e real apenas três horas antes de Trump anunciar as tarifas de 50% para o Brasil.
O grande inimigo desse modelo é o Brasil, através da liderança individual de Lula, derrotando Bolsonaro, e de seu papel na consolidaçao do BRICS; e de Alexandre de Moraes, enfrentando o poder das big techs. Desde 2016, Bannon já definia Lula como a maior ameaça ao avanço da direita mundial.
Daí se entende a ofensiva de Trump contra Lula e contra o Supremo Tribunal Federal. Jair Bolsonaro foi apenas um álibi.
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