Do Canal de Sérgio Aleixo:
Do Portal do José:
16/07/24 - ARAPOGAGEM DE policial trapalhão. Esse é o quadro que Bolsonaro recrutou para proteger o clã. Gonet tem 8 dias. O que dirá? Sigamos.
Do ICL Notícias:
Que Jair Bolsonaro e alguns de seus auxiliares colocaram a Presidência da República a serviço da prática de crimes, a Polícia Federal tem demonstrado desde que começou a tornar públicos os detalhes das investigações envolvendo o ex-presidente. Mas o áudio que o ministro Alexandre de Moraes tornou público nesta segunda-feira (15) é a prova final de que o principal político do Brasil usou o seu cargo para pressionar ilegalmente subordinados e órgão sob seu comando a proteger o filho Flávio, acusado de ter praticado rachadinha.
Era esse o objetivo da reunião feita no Palácio do Planalto no dia 25 de agosto de 2020, que teve a participação do ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL); duas advogadas de Flávio e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
“A quem interessa pra gente resolver esse assunto?”, pergunta o então presidente, tentando lembrar de quem poderia ajudar a blindar o filho.
“Eu falo com o Canuto pra saber do Serpro”, diz Bolsonaro, provavelmente se referindo a Gustavo Canuto, que foi presidente da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) . “Sem problema nenhum conversar com ele”.
Ramagem reforça: “Fala com o Canuto pra saber do Serpro. Fala com o Canuto pra saber do Serpro, tá?”
A grande ironia é que a conversa pornográfica foi gravada pelo próprio Ramagem, por motivos que a Polícia Federal ainda não identificou. O áudio foi encontrado entre os arquivos do ex-chefe da Abin e atual deputado federal, em uma operação de busca e apreensão.
Há outros trechos comprometedores na conversa gravada.
Como o momento em que Bolsonaro admite ter recorrido ao governador do Rio na época, Wilson Witzel, para tentar salvar o filho.
“O ano passado, no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel, não tive notícia (inaudível) bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. ‘Me dá uma vaga no Supremo’. Não sei para quem seria”, disse o presidente.
Ele próprio justifica o pedido de Witzel: “Não é chantagem não, é sede de poder. Você sabe, o que vale ter um ministro irmão seu no Supremo”.
Uma das advogadas de Flávio diz que o interesse de Witzel seria colocar um procurador-geral no STF.
Bolsonaro esclarece: “É o Flávio Itabaiana”.
Foi Itabaiana quem julgou o caso da rachadinha na primeira instância, mas acabou tendo seus atos anulados pelo Superior Tribunal de Justiça.
A gravação tem outros momentos constrangedores, que o ICL Notícias vai acrescentar nesta matéria em uma próxima atualização.
Esses trechos citados, no entanto, provam o quanto Jair Bolsonaro agiu contra a lei, colocando a República a serviço de seus interesses pessoais e, segundo diz a PF, criminosos.
Dessa vez, a prova da maracutaia está na viva voz do ex-presidente. Jair Bolsonaro não poderá que nada aconteceu.
Do Canal Paz e Bem:
O fundamentalismo religioso e a extrema direita fazem aliança e avançam no mundo. Como combatê-los e acordar as pessoas?
Para nos contrapormos a afetos desordenados e destrutivos, temos que suscitar afetos amorosos e construtivos. E por onde conseguimos isso?
O poder e as limitações do diálogo
por Dora Incontri
Num cenário virtual de discursos de ódio, cancelamentos, extremismos e Fake News, e num mundo real, regido agora tantas vezes pelo virtual, com o avanço preocupante da extrema direita, é justo nos indagarmos se ainda podemos apostar no poder e mesmo na possibilidade do diálogo.
Há diferentes níveis de diálogo, se assim pudermos especular. Há aquele diálogo que flui contente, satisfeito, de trocar ideias com pessoas com que comungamos visões de mundo, projetos de vida, afetos e ideais. Esse diálogo nos abastece, nos alivia, nos fortalece para as lutas.
Há o diálogo com os que pensam um pouco diferente, mas nem tanto… pequenos detalhes de divergência que não atrapalham um mesmo rumo de entendimento das coisas. Esse diálogo nos enriquece, porque permanecemos abertos ao aprendizado com o outro, mais flexíveis para ouvir posições diferentes, porque já partimos de uma base comum.
Há o diálogo que exige um pouco mais de esforço, mas aí entra nossa capacidade de abertura e civilidade: é aquele com quem se afasta muito de nossa visão de mundo, mas cujas virtudes pessoais admiramos em alguns aspectos, cuja convivência às vezes nos obriga a mantermos as portas abertas para conversações mais ou menos sérias.
Poderíamos e deveríamos parar por aí. Mas não é o que acontece. Hoje as redes sociais e o mundo concreto estão abarrotados de fundamentalistas, fanáticos, que fazem um trabalho furioso de convencimento, que mentem descaradamente, que não são capazes de escutar nenhuma palavra de alguém que pensa diferente e querem mesmo calar qualquer divergência. Claro que me refiro aqui à extrema direita e aos fundamentalistas religiosos (que andam aliás de braços dados na atual conjuntura mundial). Mas já houve momentos históricos em que setores da esquerda também agiram assim. Hoje é menos comum encontrarmos pessoas à esquerda com essa tônica, mas há também, mesmo porque parte dos que se dizem deste campo está amolecida, muitas vezes abraçada ao sistema, sem força de contestação.
Poderíamos aqui recorrer a dois autores distantes no tempo e pertencentes a diferentes correntes de ideias, mas que têm incríveis convergências: Allan Kardec e Erich Fromm. Para eles, todas as visões de mundo, sejam religiosas, políticas, filosóficas e mesmo científicas, têm alguma forma de fé, entendida a fé como uma dada concepção de mundo, com certos pressupostos. A diferença se daria no plano da racionalidade: uma fé que tem argumentos, que se abre ao diálogo, uma fé centrada na confiança na razão humana e seu desenvolvimento em contraposição a uma fé irracional, enraizada no poder da autoridade, na submissão fanática, nas pulsões mais primitivas do ser humano – que se agigantam quando se tornam manipuláveis nas massas.
Ora, essa é justamente a precariedade que nos assola: a precariedade da razão. As dancinhas no Tic Toc, a avalanche de informações e desinformações desencontradas, rápidas, não distinguidas, não digeridas, o declínio cognitivo provocado pelas telas – tudo isso nos lança num vazio de racionalidade de onde brotam os extremismos, os ódios, as violências de parte da população, tudo orquestrado pelo mau-caratismo de alguns.
E com gente furiosa, fanática, enceguecida, sem qualquer fio de racionalidade, torna-se impossível o diálogo, que pressupõe sempre algum grau de civilidade, respeito e até de domínio básico da linguagem.
E como atuar sobre esse contingente de pessoas enlouquecidas, que não são necessariamente más? Estão sim agindo com as pulsões mais primitivas de seu inconsciente (que todos temos), acordadas e manipuladas por estímulos calculados, como já foi feito antes, um século atrás, com as multidões que apoiaram o nazifascismo.
Há muito a sociedade de consumo manipula esses impulsos, apelando aos desejos, para vender produtos, para submeter as pessoas a uma vida de objetificação e descartabilidade. E quando há um recrudescimento do sistema capitalista, vem a investida no nazifascismo, sempre a favor do capital, desencadeando a submissão voluntária e suicida das massas.
O que fazer então? Para nos contrapormos a afetos desordenados e destrutivos, temos que suscitar afetos amorosos e construtivos. E por onde conseguimos isso? Através da espiritualidade (livre e crítica), das artes, do afeto pessoal – tudo embrulhado numa racionalidade impecável e muito didática. Uma racionalidade paciente, cotidiana, calma e amorosa.
E nesse intento, podemos usar – e muitos já fazem isso – do veículo mesmo que o outro lado usa, o mundo virtual. É claro que as grandes Big Techs estão do lado do sistema – elas mesmas são o sistema – e permitem e apoiam toda sorte de exploração do que há de mais sombrio no ser humano. E quando damos as caras nestas redes, temos que lutar com os algoritmos, com o investimento maciço dos manipuladores nas Fake News e com a adesão de milhões ao que distorce a visão da realidade.
Por isso, ocupemos as redes na medida de nossas possibilidades, mas façamos o encontro pessoal na máxima frequência que consigamos, para que o abraço, o olho no olho, e o acolhimento resgatem o que é humano em todos nós. Espalhemos a razão crítica aos quatro cantos das redes, das escolas, das universidades, das igrejas, dos lugares de encontro e mantenhamos a esperança de dias melhores.
Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.
Do Jornal GGN:
Autoridades espionadas também se tornaram alvos do "gabinete do ódio”, com a criação de perfis falsos e a divulgação de notícias falsas
Ana Gabriela Salesjornalggn@gmail.com
Autoridades da alta culpa do Judiciário e do Congresso Nacional estão entre as vítimas monitoradas pelo esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), segundo novas informações da apuração da Polícia Federal (PF) sobre caso.
Servidores, jornalistas e desafetos de Bolsonaro foram espionados a partir do sistema secreto FirstMile, usado clandestinamente pela “Abin paralela” para acessar aparelhos telefônicos, computadores e até infraestrutura de telecomunicações.
Segundo os investigadores, as vítimas foram também monitoradas pelo chamado “gabinete do ódio”, grupo que atuava nas redes sociais na disseminação notícias falsas e ataques contra autoridades. Neste caso, perfis falsos foram criados e informações deturpadas foram divulgadas.
De acordo com a apuração, o esquema era operado pela gestão Bolsonaro “com o objetivo de obter vantagens políticas“, segundo descrito em documentos obtidos pelo O Globo.
Judiciário: Ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
Legislativo: Atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; deputados federais Kim Kataguiri e Joice Hasselmann; senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
Executivo: Ex-governador de São Paulo, João Dória; servidores do Ibama, Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; auditores da Receita Federal, Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Jornalistas: Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Essas informações serviram como pano de fundo para a quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta manhã, a partir de autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Agentes, ex-servidores e influenciadores digitais do “gabinete do ódio” foram alvo de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão.
“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio“, comunicou à PF.
Do Canal Portal do José:
09/07/24 - BOLSONARO É LADRÃ0! Essa é a conclusão que a PF fez de toda a história mirabolante envolvendo a subtração de joias realizadas pela Orcrim! Não há jurista que consiga uma linha de defesa minimamente razoável para livrar o larápio. Vai aparecer muita coisa. E muita gente cairá no ridículo. TV Globo aliviou a cobertura jornalística ao não desmentir as respostas da defesa do gatuno. Sigamos.
Do Portal do José:
08/07/24 - SEM RUMO! É interessante pesquisarmos se algum patriota que esteve em SC para ver Milei entendeu algo? Todos ficaram mudos com os resultados das eleições no Reino Unido e na França! Milei se acovardou e só é notícia na Argentina em função dos problemas que causa ao povo de seu país. Em seu discurso disse algo curioso: que existem políticos que fazem do poder espaço para que os filhos se beneficiem. Isso mostra algum bandido com essa prática no Brasil? Avisem ao portenho! Sigamos.
Do Portal do José:
MIMIMI. BOLSONARISTAS ESPERNEIAM NAS REDES. PF PREPAROU PACOTE TOTAL! AGORA É COM A PGR! "MILEI VAGABUND0": É OMAR AZIZ QUE DIZ. SIGAMOS.
O grande desafio será a identificação e a nominação desses agentes especulativos. E o trabalho do MP das Contas será um divisor de águas.
Para entender os volteios do dólar, é importante fazer algumas distinções.
Não se deve criminalizar o tal do mercado como um todo. Há que se discutir, no futuro, as regras do jogo. Mas há os que jogam dentro das regras e há um grupo de manipuladores, que chamaremos, doravante de “a gang da Faria Lima”, para diferenciar dos que jogam dentro das regras do jogo..
São esses aventureiros que atuam em sintonia ampla com o operador e presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Têm acesso a telefonemas diretos de Campos Neto e podem planejar operações especulativas conjuntas, facilmente enquadráveis no crime de manipulação financeira e formação de cartel.
O jogo especulativo é simples:
No caso dos últimos dias, vários fatores contribuíram para a volta rápida do dólar.
O primeiro, foi a mudança de discurso de Lula. Não houve nenhuma mudança substancial em relação ao quadro anterior: apenas palavras deflagrando a volta do pêndulo.
O segundo, foi a exposição, pela primeira vez, dos crimes potenciais praticados pela minoria ululante do mercado e o anúncio da abertura de um processo pelo Ministério Público de Contas – ligado ao Tribunal de Contas da União. Com o mercado refluindo, qualquer tentativa da gang seria imediatamente percebida.
O grande desafio, daqui para a frente, será a identificação e a nominação desses agentes especulativos. E, para tanto, o trabalho do Ministério Público das Contas poderá ser um divisor de águas. Não mudará o modelo de política monetária, mas expurgará o mercado de parte das piranhas financeiras.
Nossa reflexão quer captar a emergência do mundo espiritual e enfatizar sua premente atualidade face às ameças de desaparecimento da espécie e da liquidação da biosfera seja por uma guerra nuclear, por um excessivo calor devido à mudança climática ou qualquer fator de desequilíbrio do próprio planeta Terra. Poderiam eventualmente pôr em xeque o futuro comum da Terra e da humanidade.
Segue o escrito de Leonardo Boff extradído do ICL Notícias:
Há muitos que estão fartos de bens materiais e do consumismo de nossa cultura. Como contraponto quero situar o tema dos bens espirituais no contexto dramático, perigoso e esperançador em que se encontra atualmente a humanidade, especialmente, a humanidade humilhada e ofendida que vive no Sul Global, as vítimas de 18 regiões de guerra, em particular na Faixa de Gaza, com viés de genocídio a céu aberto, sem esquecer as muitas vítimas da guerra Rússia-Ucrânia.
Nossa reflexão quer captar a emergência do mundo espiritual e enfatizar sua premente atualidade face às ameças de desaparecimento da espécie e da liquidação da biosfera seja por uma guerra nuclear, por um excessivo calor devido à mudança climática ou qualquer fator de desequilíbrio do próprio planeta Terra. Poderiam eventualmente pôr em xeque o futuro comum da Terra e da humanidade.
Em momentos assim, dramáticos, o ser humano mergulha em seu Profundo e se coloca questões básicas: O que estamos fazendo nesse mundo? Qual é o nosso lugar no conjunto dos seres? Como agir para garantirmos um futuro que seja esperançador para todos e para nossa Casa Comum? O que podemos esperar para além dessa vida? São questões do mundo espiritual.
É nesse contexto que devemos colocar a questão do mundo espiritual, em outras palavras, da espiritualidade. O mundo espiritual é uma das fontes primordiais, embora não única, de inspiração do novo, de esperança alvissareira, de geração de um sentido plenificador e de capacidade de autotranscendência do ser humano. Pois o ser humano só se sente plenamente humano quando busca se autossuperar. A razão reside no fato de vivenciar-se como projeto infinito, repleto de virtualidades que, em parte, se realizam na história e, no todo, para além dela.
Essa preocupação pelo mundo espiritual é recorrente em nossa cultura, não só no âmbito das religiões, que é o seu lugar natural, mas também no âmbito das buscas humanas tanto dos jovens, quanto dos intelectuais, de famosos cientistas e — para surpresa nossa — de grandes empresários. Tenho falado nos últimos anos, aqui e fora do país, para pessoas ligadas a esses grupos.
O fato de grandes empresários colocarem questões ligadas ao mundo espiritual, vale dizer, à espiritualidade, atesta as dimensões da crise que nos assola. Significa que os bens materiais que eles produzem, as lógicas produtivistas e concorrências que incentivam, o universo de valores comerciais (tudo virou mercadoria) que inspira suas práticas não dão conta das interrogações referidas. Há um vazio profundo, um buraco imenso dentro do seu ser. Por isso, penso, que só o mundo espiritual pode preenchê-lo.
É importante, no entanto, manter sempre nosso espírito crítico, porque, com o mundo espiritual, com a espiritualidade, também se pode fazer muito dinheiro. Há verdadeiras empresas que manejam os discursos da espiritualidade que, não raro, falam mais aos bolsos do que aos corações. Há líderes neopentecostais que são expressão do mercado com sua pregação do evangelho da prosperidade material e, recentemente, do domínio. Conquistam para os interesses de seus pastores os fiéis, religiosos e de boa fé.
Entretanto, os portadores permanentes do mundo espiritual são as pessoas consideradas comuns, que vivem a retidão da vida, o sentido da solidariedade e cultivam o espaço do Sagrado, seja em suas religiões e igrejas, seja no modo como pensam, agem, interpretam a vida e cuidam da natureza.
O que importa, porém, é que mundialmente há uma demanda por valores não materiais, por uma redefinição do ser humano como um ser que busca sentido plenificador, que está à procura de valores que propiciam alegria de viver. Em toda parte encontramos seres humanos, especialmente jovens, indignados com o destino previamente definido em termos de economia, como quando se diz que “não há outra alternativa” (como na sigla em inglês TINA — There is no Alternative) ao sistema de mercado, sob a qual somos obrigados a viver, que se recusam a aceitar os caminhos que os poderosos coagem a humanidade a trilhar. Esses jovens dizem: “não permitiremos que nos roubem o futuro. Merecemos um destino melhor, precisamos beber de outras fontes para encontrar uma luz que ilumine nosso caminho e nos dê esperança”.
Por isso, resulta importante, desde o início, introduzir uma distinção — sem separar, mas distinguir — entre o mundo religioso, a religião e o mundo espiritual, a espiritualidade. Aliás, o Dalai Lama o fez de uma forma extremamente brilhante e esclarecedora no livro “Uma ética para o Novo Milênio” (Sextante, Rio de Janeiro, 2000). São termos que usamos sem saber ao certo o que significam.
Permito-me citar, a seguir, alguns trechos de um tópico do livro de cuja compreensão participo e faço minha: “julgo que religião (mundo religioso) esteja relacionada com a crença no direito à salvação pregada por qualquer tradição de fé, crença esta que tem como um de seus principais aspectos a aceitação de alguma forma de realidade metafísica ou sobrenatural, incluindo possivelmente uma ideia de paraíso ou nirvana. Associados a isso estão ensinamentos ou dogmas religiosos, rituais, orações e assim por diante”.
“Considero que espiritualidade (mundo espiritual) esteja relacionada com aquelas qualidades do espírito humano — tais como amor e compaixão, paciência e tolerância, capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia — que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros”.
“Ritual e oração, junto com as questões de nirvana e salvação, estão diretamente ligados à fé religiosa, mas essas qualidades interiores não precisam ter a mesma ligação. Não existe, portanto, nenhuma razão pela qual um indivíduo não possa desenvolvê-las, até mesmo em alto grau, sem recorrer a qualquer sistema religioso ou metafísico.”
Como se depreende, essas reflexões são cristalinas pois mostram a distinção necessária entre o mundo religioso, a religião e o mundo espiritual, espiritualidade. Uma vez distintas, podem se relacionar e conviver, mas sem uma depender necessariamente da outra.
Viver o mundo espiritual com os valores apontados pelo Dali Lama, que são também os mesmos valores do Jesus histórico, poderá apontar caminhos que nos mostram uma eventual saída da crise dos tempos atuais.