A sociedade brasileira não pode mais aceitar que líderes de anjos caídos e com chifres de carneiro voltem a protagonizar a barbárie.
A CPMI dos atos golpistas e as investigações de uma Polícia Federal independente, são os freios de arrumação para a reorganização brusca que vai recolocando o país em modo de democracia
Freio de arrumação
por Ricardo Mezavila
Com o ponto de referência cada vez mais distante e desaparecendo nas cinzas do fascismo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro buscam nos rescaldos o que pode vir a ser uma ‘nova’ corrente política, afastada da extrema direita e do radicalismo violento dos fanatizados.
Uma coisa é certa, o antipetismo continuará a ser abastecido nas cartilhas ideológicas e nas narrativas que colocam a corrupção no epicentro de todos os problemas.
Se a guerra contra o PT continua, o que pode ser diferente?
A dessemelhança fica por conta da aceitação de que o governo anterior foi um desastre em diversas áreas como saúde e meio-ambiente. Na economia, a responsabilidade pela mediocridade, pesa nos ombros de Paulo Guedes, ex-guru liberal, que agora é visto como um ministro que atuou em causa própria, principalmente nos conflitos de interesses relacionados a suas participações em offshores.
Para essa gente que ainda tenta escapar da fornalha, que percebeu que não vale a pena ranger os dentes, Bolsonaro agora é um imbecil, desqualificado, um político rastejante que empurrou as Forças Armadas para o descrédito frente à opinião pública.
Podem acreditar que esses adjetivos estão sendo utilizados para resumir o ex-presidente, pela própria claque que o colocou no altar. A percepção disso pode servir de base para um novo tempo de debates civilizados, como eram no passado entre a direita, o centro e a esquerda.
Como ninguém sobrevive sozinho na política, Partidos da direita histórica como o PSDB, tendem a ganhar fôlego com os novos rumos e a demanda no desembarque extremista radical.
A sociedade brasileira não pode mais aceitar que líderes de anjos caídos e com chifres de carneiro voltem a protagonizar a barbárie.
A CPMI dos atos golpistas e as investigações de uma Polícia Federal independente, são os freios de arrumação para a reorganização brusca que vai recolocando o país em modo de democracia.
Ricardo Mezavila, cientista político
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