segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A Farsa da Meritocracia, por Janderson Lacerda

 

Era considerado um verdadeiro prodígio na artimanha de explorar o trabalho alheio. Buscava jovens talentosos, incapazes de questionar e dispostos a trabalhar e receber modestas remunerações.

Do Jornal GGN:

Meritocracia

por Janderson Lacerda

Nasceu rico; homem; branco; heterossexual. Frequentou as melhores escolas, não obteve as maiores notas, mas foi capaz de cultivar boas amizades que renderam frutos e negócios à sua família.

Sempre foi muito dedicado e responsável. Não acordava cedo, mas dormia tarde e empenhava-se para frequentar requintados restaurantes em bairros nobres de São Paulo. Vestia-se com elegância e era habilidoso ao tratar de questões relacionadas à etiqueta. Por vezes, empregava seu precioso tempo para acompanhar possíveis parceiros comerciais a espetáculos teatrais e até mesmo concertos. Falava com pouca desenvoltura sobre arte e cultura, porém com bastante entusiasmo!

Era considerado um verdadeiro prodígio na artimanha de explorar o trabalho alheio. Buscava jovens talentosos, incapazes de questionar e dispostos a trabalhar e receber modestas remunerações. Utilizava as relações sociais, cultivadas desde os tempos de escola até a fase adulta, para vencer licitações e consumir verbas públicas a fim de dar a merecida guinada aos negócios…

Persuasivo, severo e fiel ao próprio dinheiro. Era defensor do Estado mínimo de direito, amigo de magistrados e de políticos profissionais. Teve seu nome condecorado em livros de autoajuda e palestras motivacionais que visavam formar lideres de sucesso. Venceu por mérito na vida e tornou-se, efetivamente, um exemplo para o empreendedorismo nacional.

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