quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O hino das Patricinhas e Mauricinhos coxinhas



Classe Média

Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual

Mas eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol

Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal

E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal

Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

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