Fonte: Brasil 247
Emissora dos três Marinhos aciona
máquina de guerra para influir o mais possível nas eleições presidenciais de
2014; minisséries disparam mísseis; no ar, A Mulher do Prefeito mostra político
que desviou verbas para construir estádio para a Copa do Mundo sendo
substituído por sua esposa; Amores Roubados, em janeiro, promete revelar
contradições da região Nordeste a partir do vale do rio São Francisco; O Brado
Retumbante, exibido no ano passado, mostrou presidente ético e galanteador;
qualquer semelhança com personagens reais não é mera coincidência; Globo foi
multada pela Receita Federal em R$ 274 milhões por irregularidades na compra
dos direitos da Copa do Mundo de 2002; tudo a ver?
8 DE OUTUBRO
DE 2013 ÀS 11:49
Do Brasil
274 – No Jornal Nacional, da Rede
Globo, uma matéria considerada grande, em extensão, tem contados três minutos.
No sábado 5, a entrada da ex-ministra Marina Silva no PSB teve uma cobertura de
nada menos que 4 minutos e 22 segundos. Foi um claro sinal de que a emissora
dos três irmãos Marinho entrara de cabeça, e ao seu modo, nas eleições
presidenciais de 2014. Mas já há bem mais politização na telinha da Globo do
que as escolhas de seu Departamento de Jornalismo.
Depois dar uma no cravo, ano passado,
com a minissérie O Brado Retumbante, na qual o presidente da República era
mostrado como um homem ético e profundamente sedutor, agora a Globo dá outra na
ferradura.
Com a também minissérie A Mulher do
Prefeito, no ar neste momento, a emissora testa seu poder de destruição de
imagem. O que se tem no roteiro é um prefeito corrupto, que desviou todas as
verbas de sua cidade para a construção de um estádio de futebol para a Copa do
Mundo. Derrubado do cargo, ele é substuído por sua esposa.
Foi facil enxergar o senador Aécio
Neves no presidente fictício de O Brado, assim como é inevitável lembrar o
ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff nos papéis ocupados por Toni
Ramos e Denise Fraga agora. Sem nenhuma discrição, a Globo dos três Marinho vai
mostrando de quem gosta e de quem não gosta.
Em janeiro, a emissora vai colocar no
ar Amores Roubados, minissérie na qual pretende mostrar as contradições da
região Nordeste. O foco estará no vale do rio São Francisco, cuja obra de
transposição de águas é talvez o maior fracasso do governo Lula – e um grande
abacaxi para a gestão Dilma. A região, de resto, tende a ser o palco principal
das eleições de 2014, onde o governo tentará manter e ampliar a diferença de 10
milhões de votos conquistada sobre a oposição nas últimas eleições. Ali, a
oposição renovada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e sua
neoaliada Marina Silva, do PSB, jogará a mãe de todas as batalhas eleitorais. A
Globo, portanto, procura chegar antes.
Ao tratar dos desvios de verbas
públicas para a construção de um estádio para a Copa do Mundo, em A Mulher do
Prefeito, a Globo nem passa perto, é claro, de discutir um problema que, para
ela própria, vem dando muita dor de cabeça – e de caixa. Este ano, a emissora
foi multada em R$ 274 milhões pela Receita Federal, em razão de operações
consideradas irregulares na compra dos direitos para transmitir a Copa do Mundo
de 2002.
SEM
LIMITES ÉTICOS - Uma multa dessa expressão
financeira – do tamanho de um estádio de futebol de pequeno porte, diga-se – dá
argumentos de sobra para qualquer roteirista escrever uma novela sobre os
meandros da maior máquina de propaganda política do País, a própria Globo. Mas
é claro que não espaço na grade da emissora para qualquer tipo de autocrítica.
O que se quer, ali, é jogar problemas no ventilador, dividir os políticos em
duas categorias, entre corruptos e honestos, e praticar em escala via satélite
ações de latente politização e falsa moralização.
Fazendo pressão com suas brigadas do departamento de jornalismo, de um lado, e seus exércitos na área de produção, de outro, sobre o governo e em benefício da oposição, a Globo mostra que pretende ser um fator de pressão ao eleitor na eleição de 2014.
Em 1982, no famoso caso Proconsult, a
Globo fez uma apuração paralela, no Estado do Rio de Janeiro, para tirar a
eleição que terminaria sendo vencida por Leonel Brizola para o governo
fluminense. Deu errado.
Em 1989, a mesma Globo editou o
debate presidencial decisivo entre os candidatos Fernando Collor e Lula de modo
a favorecer o primeiro. Deu certo.
Agora, o jogo de influência começou
um ano antes e não se sabe até onde poderá ir. Como já se viu, os limites
éticos da emissora dos três Marinho na prática não existem.
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