Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Mais algumas reflexões que, por mais tolas que possivelmente sejam, talvez tenham algum sentido... Estou aberto à críticas e sugestões.
O foco destas está no desequilíbrio de nosso sistema de educação parcial, que favorece mais o lado racional cartesinano que uma integração de aspectos discursivos analíticos com intuitivos sintéticos, razão e emoção, análise e poética. Faço-me explicar:
Pensar leva ao representar da realidade... isso cria um modelo, um conceito, uma interpretação da realidade, mas todo mapa está aquém da riqueza do território... embora, obvimente, a representação inteletcual seja um instrumento útil.... e como todo instrumento útil, terá suas limitações e a possibilidade de ser descartado diante de outro melhor.
Bem ilustrou isso Antoine de Saint-Exupèry. O geógrafo de O Pequeno Príncipe sabia de todos os conceitos sobre as montanhas, nomes, relevos, aspectos, seu impacto no clima... mas jamais sentiu o peito se inflar diante do nascer do sol entre elas, seus picos pintados de dourados pelos raios do sol nascente, sua nudez coberta pela neve, árvores ou núvens... Ou seja, ele nunca viu uma montanha, nunca vivenciou a experiência de estar em uma... tinha, contudo, todas as informações possíveis sobre ela... mas ter informação até mesmo uma estante de livros tem; saber e senti-la a partir do que ela retrata é algo bem diferente...
Pensar é bom, mas pensar demais pode levar a um mundo de lógica própria que nos isole da beleza ao redor... Também nos pode isolar das pessoas, das ávores, do vento e da chuva. Muitos economistas pensam tanto que suas decisões acabam com a vida de inúmeras pessoas e espécies, isso porque seus modelos são apenas construções de gráficos e números, mas lhes faltam levar em conta a vida, os anseios e sonhos desta e das demais gerações. Então, por que não acrescentar ao linear cartesianismo de nosso racionalismo bidimensional o espaço da vida, as cores da poesia? Muitas vezes a qualidade está na descoberta da beleza sobre o esqueleto das estruturas matemáticas... Somos sentimentos, emoções, desejos, além da razão... Não vejo onde a inteligência sensível de um Renoir seja inferior a da inteligência analítica de um Newton... são apenas exemplos de que o espírito humano produz conhecimentos diversos... Um instrumental, outro, espiritual, ambos necessários ao nosso bem-estar e equilíbrio. Favorecer um em detrimento de outro é uma atitude doentia que pode - e leva, como vemos - a extremos trágicos. Entre Buda e a Bomba, incluindo-se o meio termo, a escolha é nossa... mas acho que a que foi feita pelo ocidente nos últimos sessenta anos não foi a mais equilibrada e muito menos sensata.
Pensem nisso...
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