sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A Vida Após a Morte pela visão da Ciência, debante e entrevista entre o neurocientista Fernando Gomes e o psiquiatrar Alexandrer Moreira Almeida

 

Do Canal Dr. Fernando Gomes:


A vida após a morte sempre foi considerada como crença religiosa ou filosófica que a ciência não teria nada a ver. Mas, temos mais de 150 anos de pesquisas da ciência sobre a ideia da sobrevivência.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Ainda estamos aqui!, por Dora Incontri

 

O filme está ótimo, com toda a dor do momento histórico, retratada com sensibilidade e contenção. Mas a repercussão está melhor ainda. Firma-se o cinema nacional internacionalmente, depois de um período de descaso no desgoverno anterior, e estamos mostrando uma brasilidade no que tem de melhor para o público internacional, com toda a campanha feita pela esquipe, mas sobretudo com Fernanda Torres. Está desenvolta, bonita, com falas precisas e originais e sempre politizadas.

Do Jornal GGN:



Ainda estamos aqui!

por Dora Incontri

Neste domingo próximo, teremos a premiação do Oscar e o filme Ainda estou aqui, de Walter Salles, com Fernanda Torres e Selton Mello, inspirado do livro de Marcelo Rubens Paiva, está indicado para três prêmios: de melhor atriz, de melhor filme e melhor filme estrangeiro. Há uma torcida entusiástica nas redes sociais para emplacarmos esses prêmios e penso que, principalmente, o de melhor atriz para Fernanda Torres.

O filme está ótimo, com toda a dor do momento histórico, retratada com sensibilidade e contenção. Mas a repercussão está melhor ainda. Firma-se o cinema nacional internacionalmente, depois de um período de descaso no desgoverno anterior, e estamos mostrando uma brasilidade no que tem de melhor para o público internacional, com toda a campanha feita pela esquipe, mas sobretudo com Fernanda Torres. Está desenvolta, bonita, com falas precisas e originais e sempre politizadas.

Afinal, exibir um filme passado durante a ditadura militar, em plena era Trump, com a ascensão da extrema direita e já ter sido premiada com o Globo de Ouro e ter sido indicada ao Oscar, já é uma glória. Fernanda não tem economizado palavras, com toda a simpatia herdada da mãe, contextualizando o caso de Rubens Paiva e o ativismo de Eunice Paiva numa ditadura que foi promovida e apoiada pelos Estados Unidos, durante a Guerra Fria.

Mede-se a importância desse filme estar sendo um sucesso de bilheteria no Brasil e assistido por muita gente nos EUA e na Europa, pela cada vez maior movimentação de movimentos nazifascistas no mundo e em entre nós.

É um filme que deveria ser passado nas escolas. Como já contei aqui nesta coluna, quando morei na Alemanha, na minha adolescência, na década de 70, durante a vigência da social-democracia do SPD (Partido Social Democrata), ainda não tão rendido ao neoliberalismo, havia propaganda antinazista nas escolas, com filmes, documentários, palestras, livros de história crítica. É o que deveríamos fazer aqui em relação à longa história de golpes e ditaduras no Brasil, como um antídoto à renovada adesão das massas a tendências autoritárias. Claro está, com o recente crescimento da extrema direita na Alemanha que, ou esses programas escolares foram descontinuados, aliás, com o rebaixamento do ensino que se deu nas últimas décadas no mundo ocidental, e ou, ao mesmo tempo, houve a captura das novas gerações pela mídia digital, que manipula gostosamente o povo do planeta no rumo do radicalismo de direita. Aliás, a melhora do desempenho do partido Die Linke (A esquerda), deve-se ao dinamismo e ao discurso ágil e fortemente presente nas redes de Heidi Reichinnek, que conseguiu atingir os jovens.

Apesar dos méritos do filme e da sua relevância neste momento histórico, há grupos que se queixam e tecem críticas – aliás muito elegantemente respondidas por Marcelo Paiva durante a Roda Vida de que participou recentemente. É que se trata da história de uma família branca de classe média e, segundo essas críticas, não há a menção de que a ditadura que se tinha na época continua existindo nas periferias brasileiras, com a morte sistemática de jovens negros, com a presença opressora e repressora de todo um aparato policial (que agora será mais reforçado com a ampliação de poderes da Guarda Civil Municipal em São Paulo, que poderá prender em flagrante, fazer revistas, entrar em propriedades etc.).

É verdade que o filme não se estende a essa questão que, em nossa sociedade, ainda é a continuidade do período de escravidão, com o sistemático apartheid da população negra e periférica. Mas não era disso que se tratava. O livro de Marcelo Paiva e o filme de Walter Salles estão focados no relato de uma família que, embora branca e de classe média, sofreu com a ditadura de forma brutal, como tantas outras famílias sofreram. Não podemos menosprezar nenhuma dor, nenhuma luta, nenhuma forma de resistência, em que pese a profunda divisão de classes no Brasil.

Além disso, Eunice Paiva, a maior heroína do relato de Marcelo, que dedica o livro sobretudo à figura de sua mãe e de quem Fernanda Torres não se cansa de falar, depois da tragédia do desaparecimento de seu marido, tornou-se durante anos uma ativista dedicada à causa indígena, outra população que sofre segregação e genocídio, desde a vinda dos portugueses para o Brasil.

Por tudo isso, está valendo muito o filme, o seu sucesso, a sua divulgação no Brasil e no mundo e me permito torcer muito pelo Oscar. Afinal, serão os EUA premiando um filme que é uma crítica a tudo que apoiaram de mais tenebroso na história.

Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.


Reinaldo Azevedo: Proposta aprovada por comissão nos EUA para atingir Alexandre de Moraes é uma aberração hipócrita

 

Da Rádio BandNews FM:




UOL: "Patriotas" bolsonaristas sonham com intervenção dos EUA sobre o Brasil, comenta Sakamoto

 

Do UOL:

Em meio à artilharia contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), alguns patriotas bolsonaristas sonham com a punição e intervenção dos Estados Unidos sobre o Brasil, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News.



Reinaldo Azevedo sobre os sabujos "patriotas" adulando Trump contra o Brasil

  Da Rádio BandNews FM:




terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Jeferson Miola: Big techs agem como criminosas facções: sabotam audiência do governo mas participam de seminário do PL da extrema direita bolsonarista

 

Caso nada seja feito em termos de regulação e regulamentação do funcionamento das plataformas digitais, a lisura da eleição de 2026 ficará seriamente ameaçada

    Celular (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)


As big techs sabotaram a audiência pública de 22 de janeiro convocada pela Advocacia Geral da União para debater a regulamentação das plataformas digitais com especialistas, entidades sociais e instituições públicas.

As empresas foram extremamente desrespeitosas, e sequer apresentaram justificativas públicas sobre os motivos para se ausentarem do evento oficial do governo.

No entanto, um mês depois de se recusarem a participar da audiência do governo, nos dias 20 e 21 de fevereiro estas empresas participaram do 1º Seminário Nacional de Comunicação do PL, partido de Bolsonaro, cujo objetivo foi o de “debater estratégias para ampliar a presença digital do PL e preparar o caminho para as eleições de 2026”.

O Partido informou que “o seminário ainda contou com a colaboração de representantes das principais plataformas digitais, como X, Meta, Google, Tik Tok e Kwai, que dividiram suas experiências para enriquecer o conteúdo apresentado durante o evento”.

No local do evento foram espalhados banners com mensagens como: “O Partido Liberal e as big techs unidos pela liberdade de expressão”; “O maior evento de comunicação partidária digital do Brasil”; “Em defesa da democracia e liberdade de expressão dos brasileiros”.

As escolhas das big techs –de sabotagem do governo e de colaboração institucional ao PL– evidenciam pelo menos três posturas das gigantes de tecnologias de comunicação e informação: [1] não pretendem cooperar com o esforço da sociedade para impedir o uso das plataformas digitais como veículos de disseminação de mentiras e de discursos de ódio, violência e intolerância, [2] agem ou por ideologia ou por conveniência econômica como facções ideológicas a serviço da ultradireita e do extremismo, e [3] não pretendem respeitar a soberania nacional e se submeter às leis e à Constituição brasileiras.

Após a posse de Donald Trump as big techs se assumiram nitidamente como instrumentos ideológicos de viés fascista a serviço da Administração Trump, e, ao mesmo tempo, da organização mundial da extrema-direita.

A defesa da liberdade de expressão falseia, na realidade, a lógica do libertarianismo por trás da perspectiva da contrarrevolução fascista e reacionária a que se dedicam.

Elon Musk é o mais ativista dos donos das big techs. Ele costuma exercer ingerência indevida em assuntos internos de vários países, como estratégia dos seus negócios – como no golpe na Bolívia em 2019 para controlar a exploração de lítio.

Musk tem encabeçado a ofensiva extremista contra a soberania do Brasil e se colocado na linha de frente no enfrentamento ao governo e ao STF.

Na eleição legislativa na Alemanha [23/2] Musk usou o X [antigo Twitter] para ajudar no desempenho do partido nazi AfD, de Alice Weidel, que dobrou sua votação em relação à eleição anterior.

As plataformas digitais cujos proprietários aparentemente não têm o mesmo perfil ideológico nazi-fascista como Musk, no fim também acabaram adotando o mesmo modelo de negócio defendido por ele, como fez recentemente Mark Zuckerberg, o dono da Meta [Facebook, Instagram e WhatsApp]. Ou seja, ou aderem ao fascismo por ideologia, ou para auferirem maior rentabilidade dos seus negócios com as práticas criminosas de extremistas.

A dificuldade do governo Lula em melhorar sua popularidade deriva do alto custo de vida, é verdade. Mas é preciso considerar, ao lado disso, também o peso das plataformas digitais, que permitem a propagação de mentiras e práticas de terrorismo econômico pela extrema-direita, como no caso do PIX.

Caso nada seja feito em termos de regulação e regulamentação do funcionamento das plataformas digitais, a lisura da eleição de 2026 ficará seriamente ameaçada pelas big techs.

A suspensão ou o banimento das empresas que desrespeitam nosso sistema legal poderá não ser viável, se não existirem no país alternativas disponíveis de plataformas sociais.

A suspensão do X no ano passado foi totalmente absorvida, não causou maiores transtornos. O mesmo não se pode assegurar, por exemplo, com a suspensão ou o eventual banimento do Instagram, que é utilizado como meio de trabalho por dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros.

Torna-se urgente, portanto, que juntamente com a regulamentação das plataformas digitais, se discuta a viabilização imediata de plataformas públicas, de caráter não-estatal, “para garantir a ampla liberdade, pluralidade e diversidade de uma internet livre de crimes, violências e ódios”.

Alexandre de Moraes diz que big techs norte-americanas não são enviadas de Deus e associa redes sociais a fascismo

 

“Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, ignorando a soberania nacional de cada país, ignorando legislações, para terem poder e lucro”, afirmou Alexandre de Moraes.

Da Folhapress e ICL Notícias:

POLÍTICA

Moraes diz que big techs não são enviadas de Deus e associa redes sociais a fascismo

'Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, ignorando legislações', afirmou


Por Júlia Barbon

(Folhapress) – Em meio a embates com grandes empresas de tecnologia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), fez um discurso de cerca de 45 minutos aos novos alunos da Faculdade de Direito da USP criticando as big techs nesta segunda (24).

O magistrado afirmou que “as big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem”.

“Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, ignorando a soberania nacional de cada país, ignorando legislações, para terem poder e lucro”, afirmou.

Ele associou essas companhias ao fascismo e a uma lavagem cerebral, afirmando que as redes sociais foram instrumentalizadas pela extrema direita em diferentes países para atacar o que chamou de três pilares da democracia: imprensa livre, eleições periódicas e Judiciário independente.

“Estamos começando a entender como se deu esse processo de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta, o fascismo, disseminando discursos de ódio, misoginia, homofobia e até ideias nazistas”, declarou.

Descreveu então o que seria o “modus operandi” dos “movimentos de populismo digital extremista”.
“Em nenhum lugar do mundo esses grupos dizem que são contra a democracia. Eles dizem: ‘essa democracia tem fraudes’. Então, essa não vale. Se eu perder, não vale. Só tem democracia se eu ganhar. E para fortalecer a democracia, eu tenho que tomar o poder. Esse é o discurso.”

Na semana passada, Moraes foi alvo de uma ação conjunta em um tribunal federal dos EUA impetrada pela empresa de mídia do presidente Donald Trump e pela plataforma de vídeos Rumble. O processo foi movido em distrito na Flórida onde o Rumble está sediado.

As plataformas afirmam que recentes ordens de Moraes determinando que o Rumble feche a conta do influenciador bolsonarista Allan dos Santos e forneça os seus dados de usuário violam a soberania dos Estados Unidos, a Constituição americana e as leis do país.

Moraes

Moraes suspendeu a Rumble no Brasil

O Rumble saiu do Brasil em dezembro de 2023 devido ao que descreveu como diversas “ordens injustas de censura” emitidas por Moraes para banir da plataforma criadores de conteúdo e figuras públicas, incluindo parlamentares.

Na época, Moraes determinou que o Rumble mantivesse sigilo sobre essas ordens, ameaçando a empresa com a interrupção de seus serviços no Brasil caso não a cumprisse imediatamente. A decisão da plataforma de sair do país se deu para evitar a imposição de multas pela Justiça brasileira.

Um dia depois de a Folha de S.Paulo revelar a ação judicial, na sexta (21), Moraes mandou suspender a plataforma em todo o território nacional. Ele afirmou que a medida era necessária diante de “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”.

No mesmo dia, a conta do ministro no X (ex-Twitter) apareceu desativada. Segundo o STF, foi o próprio Moraes que inativou o seu perfil, pois já não o utilizava desde janeiro de 2024. “Me retirei”, disse à CNN Brasil o ministro, que tem promovido uma série de decisões duras contra a plataforma do empresário Elon Musk.

Áudios de militares criminosos reforçam elo entre 8 de Janeiro e a cúpula ORCRIM do governo Bolsonaro no plano de golpe

 

Um dos trechos mostra pedido de militar em posição de comando para Bolsonaro não deixar prender caminhoneiros em manifestação


Do Jornal GGN:

Áudios reforçam elo entre 8 de Janeiro e a cúpula do governo Bolsonaro no plano de golpe




O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu na noite de domingo (23) uma reportagem que mostra trabalho da perícia da Polícia Federal em cima de mais de 1,2 mil dispositivos eletrônicos apreendidos com os investigados no inquérito da tentativa de golpe e do 8 de Janeiro.

A matéria exibiu áudios inéditos que reforçam o elo entre os acampamentos antidemocráticos, a invasão e depredação os prédios do Três Poderes, em Brasília, e militares em posição de comando que interagiam com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, em busca de ajudar os bolsonaristas nas ruas.

Vários áudios são protagonizados pelo tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que estava no comando de operações terrestres do Exército em Brasília no começo de janeiro de 2023, quando houve a troca de presidente da República. Nas conversas, Almeida revela que se infiltrou em grupos de conversação onde civis organizavam as manifestações contra a posse de Lula.

“Seu tu tiver alguma possibilidade de influenciar alguém dos movimentos, eu tô tentando plantar isso nas redes onde eles estão. Tô participando de vários grupos civis”, disse o militar. participação popular e discutiam como usar manifestantes em frente aos quartéis como massa de manobra para pressionar por uma intervenção [militar].”

Em outro trecho capturado pela PF, Almeida dizia que as manifestações deveriam ser feitas em frente ao Congresso para despertar atenção das Forças Armadas. “Para apaziguar, a gente resolve destituir, invalidar a eleição, colocar voto impresso e fazer nova eleição, com ou sem Bolsonaro”, disparou o militar.

O programa também mostrou que Almeida ajudava os acampamentos bolsonaristas e, quando não tinha como resolver algum problema, ele apelava para que os pedidos dos manifestantes chegassem a Bolsonaro. Foi o que ele fez quando recebeu pedido de ajuda de caminhoneiros que estavam com medo de serem presos por ordem do Tribunal Superior Eleitoral ou Supremo Tribunal Federal. Almeida pediu para Mauro Cid falar para Bolsonaro mobilizar a Polícia Federal ou o próprio Exército para “segurar” os mandados de prisão e “proteger esses caras”.

Para o Fantástico, os áudios deixam claro que a estratégia da cúpula bolsonarista era “manter as manifestações nas ruas e a contestação das urnas”.

No final, no entanto, os áudios revelam que Jair Bolsonaro decidiu não assinar o decreto de golpe porque não houve apoio de todos os comandos das Forças Armadas.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O Fantástico, da Globo, divulgou áudios inéditos da conspiração criminosa de militares de extrema-direita com Bolsonaro para o 8 de janeiro para destruir a Democracia

 

Do G1:

Os áudios inéditos de militares e civis que planejavam derrubar o governo - Do FANTÁSTICO


Áudios inéditos revelam ligação de oficiais das Forças Armadas com o 8 de Janeiro

  O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou, neste domingo (23), áudios inéditos que revelam detalhes  para um golpe de Estado no Brasil. As gravações foram extraídas de celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal. Nos arquivos, conversas entre militares e civis envolvidos no plano de romper a ordem democrática.

ICL Notícias:

POLÍTICA

Áudios inéditos revelam ligação de oficiais das Forças Armadas com o 8 de Janeiro





As gravações mostradas pelo Fantástico foram extraídas de celulares e computadores apreendidos pela PF

O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou, neste domingo (23), áudios inéditos que revelam detalhes  para um golpe de Estado no Brasil. As gravações foram extraídas de celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal. Nos arquivos, conversas entre militares e civis envolvidos no plano de romper a ordem democrática.

Os áudios também não deixam dúvidas quanto ao vínculo da cúpula do ex-presidente Jair Bolsonaro com os acampamentos na frente dos quartéis em vários pontos do país e a invasão e depredação do 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Ao todo, a PGR denunciou ao STF 34 pessoas pela tentativa de golpe de Estado, incluindo Bolsonaro e 24 militares.

Oficiais do alto escalão das Forças Armadas mantinham contato direto com manifestantes contrários ao resultado das eleições e buscavam apoio para pressionar o governo.

Em um dos áudios, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então lotado no Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército, sugere que os militares teriam que “sair das quatro linhas” da Constituição para retomar o controle da situação.

O mesmo oficial diz em uma gravação: “Eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida aí, né? E ir atravancando mesmo. Porque, pô, a massa humana cheganbdo lá não tem PM que segure. Porra, vai atropelar a grade e vai invadir. Depois não tira mais, né?”

Tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida

Em outro trecho, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida fala: “Se tu tiver alguma possibilidade de influenciar alguém dos movimentos, eu tô tentando plantar isso nas redes onde eles estão. Tô participando de vários grupos civis”.

Ele revela em outra conversa a utilidade dos manifestantes para o plano golpista: “Não adianta protestar na frente do QG do Exército. Tem que ir para o Congresso. E as Forças Armadas vão agir por iniciativa de algum Poder. Porque, assim, todo mundo quer as Forças Armadas por quê? Quer um mecanismo de pressão chamado arma, né? Para apaziguar, a gente resolve destituir, invalidar a eleição. Colocar voto impresso, e fazer uma nova eleição. Com ou sem Bolsonaro”.

Em fevereiro de 2024, o Exército exonerou o tenente-coronel de cargo de comando. Alvo de operação da PF três meses depois, Almeida desmaiou ao ser abordado.

Segundo a PF, a estratégia do grupo era manter indefinidamente os protestos nas ruas e fomentar a contestação das urnas eletrônicas, tentando criar um ambiente favorável à intervenção militar. Quando não tinham autoridade para atender às demandas dos manifestantes, os militares recorriam a aliados dentro do governo para que as reivindicações chegassem ao então presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal apreendeu cerca de 1,2 mil equipamentos eletrônicos e conseguiu extrair um total de 255 milhões de mensagens, incluindo áudios e vídeos.

A perícia já elaborou 1.214 laudos que, segundo os investigadores, comprovam a articulação golpista e demonstram que integrantes do governo Bolsonaro tentaram influenciar os comandantes militares para aderirem ao movimento.


Imprensa empresarial ‘isentona’ (controlada por banqueiros e especuladores do mercado financeiro) ataca denúncia da PGR contra o Inelegível e faz a alegria dos golpistas

 

 Os motivos pelos quais os veículos de comunicação do Brasil têm tamanha assiduidade em se perfilar ao lado dos vilões estão à vista de todos. Interesses econômicos e diferenças ideológicas são as principais causas.

COLUNISTAS ICL

Imprensa ‘isentona’ ataca denúncia da PGR e faz a alegria dos golpistas

Bolsonaristas fizeram uso das matérias da grande imprensa para engordar sua defesa nas redes sociais




Uma das especialidades da imprensa brasileira é ficar do lado errado da história.

Foi assim com Getúlio Vargas.

Foi assim com a Ditadura Militar.

Foi assim com Brizola.

Foi assim com Dilma.

Foi assim com a Lava Jato.

As honrosas exceções confirmam essa lamentável regra.

Os motivos pelos quais os veículos de comunicação do Brasil têm tamanha assiduidade em se perfilar ao lado dos vilões estão à vista de todos. Interesses econômicos e diferenças ideológicas são as principais causas. Mas há motivações menos óbvias — idiossincrasias, exibição pública de poder, vaidade e por aí vai.

Quem quiser que arrisque o motivo que nesse momento leva parte da imprensa brasileira a exercer novamente seu talento para o erro, justamente em um dos momentos mais decisivos da República.

O certo é que alguns dos jornais e sites de maior audiência do país têm se dedicado com afinco nos últimos dias a descredibilizar a denúncia que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou contra 33 acusados de tentar golpe de Estado. Entre eles, o líder, Jair Bolsonaro.

Que fique claro: nenhuma autoridade ou processo deve estar imune a críticas. Mas o básico é que elas façam sentido.

Não é o que se vê.

Desde quarta-feira (19), a Folha de São Paulo dispara matérias que estão fazendo a felicidade dos golpistas. Em um dos textos, o jornal deu a entender que o delator Mauro Cid mudou a versão depois que Alexandre de Moraes o ameaçou de prisão. Isso porque, a certa altura, o ministro disse que Cid tinha a última chance para dizer a verdade.

As reclamações dos leitores explodiram instantaneamente. Muitos deles explicavam aos jornalistas da Folha o que realmente tinha acontecido. “Não houve ameaça e sim uma advertência do que iria acontecer, coisa que um juiz tem a obrigação de fazer”, escreveu um leitor. “O Cid tentou enrolar o ministro Alexandre e se deu mal”, observou outro.

No dia seguinte, outra reportagem seguiu essa mesma linha, dizendo que um vídeo mostrava “ameaça de prisão de Moraes a Cid”. Na verdade, o ministro comunicava ao delator que foram constatadas mentiras no seu depoimento anterior e tanto a PF quanto a PGR opinavam que ele deveria ser preso.

Em matéria na noite da sexta-feira (21), a Folha avança ainda mais: “Ameaça de Moraes a Cid abre brecha para contestar delação que implicou Bolsonaro”. No texto, dois juristas do grupo Prerrogativas não confirmam a tese anunciada, que é abraçada apenas pelo advogado de defesa de Cid e dois políticos bolsonaristas, Flávio Bolsonaro e Sóstenes Cavalcante.

Os leitores mais uma vez manifestaram seu inconformismo. “Folha procurando pelo em ovo, só prá variar! Moraes só falou a real para o delator e fez tudo às claras e filmado!”, escreveu um deles.

Já no Estadão, um colunista conhecido pela sintonia com a extrema direita teve a cara de pau de escrever na edição deste sábado (22) que o procurador-geral Gonet apresentou na denúncia provas que não existem. Outro colunista do mesmo jornal publicou dias atrás que a denúncia contra os golpistas “amplia imagem ruim do STF em ala da sociedade”.

Para um, a tentativa de golpe de Estado, com todos os atos evidentes dos bolsonaristas e a invasão das sedes dos três Poderes transmitida pela TV, simplesmente não existiu. Para outro, o Supremo deveria tratar a denúncia com prudência para não ficar malvisto entre os bolsonaristas. É como se um magistrado evitasse condenar Marcola para não ficar com “imagem ruim” entre os apoiadores do PCC.

Isso para não falar da tese esdrúxula defendida em algumas reportagens de que a denúncia da PGR teria ignorado trechos da investigação da PF que são favoráveis a Cid. A intenção seria apontar a parcialidade de Gonet. E ele é realmente parcial: como bem observaram os leitores (mais uma vez), a PGR é parte no processo, trata da acusação. É assim o rito legal.

Neste sábado (22), a Folha mostrou alguns sinais de mudança.

Luiz Francisco Carvalho Filho, advogado do jornal, publica artigo que já no título classifica a denúncia feita por Gonet como “sólida”. No texto, alerta para a necessidade da prisão preventiva de Bolsonaro,que pode causar muitos problemas se fugir para os Estados Unidos e fizer dueto antidemocrático com Donald Trump. Já no espaço de matérias, o jornal reconhece que o documento da PGR tem base em evidências e as margens para divergências são estreitas.

Antes dessa aparente guinada, porém, Bolsonaro e os bolsonaristas fizeram uso das matérias da grande imprensa para engordar sua defesa nas redes sociais. Certamente também serão anexadas à ação.

No jornalismo nacional, a preocupação com o devido processo legal tem sido seletiva. Não há como evitar comparação do espaço generoso na imprensa dado agora ao contraditório, em contraste com o massacre que midiático promovido contra Lula, nos seis anos da operação Lava Jato.

De qualquer forma, contestar o rito processual da acusação contra Bolsonaro e os golpistas poderá soar para alguns como isenção.

Nada disso.

A regra de ouro do jornalismo é tentar chegar o mais perto possível da verdade (ou das verdades) e manter honestidade total nos textos que entrega aos leitores. Isso não quer dizer isenção.

No embate entre a turba que tenta um golpe de Estado e aqueles que defendem as instituições republicanas não se deve ficar isento.

Os verdadeiros democratas têm um lado.

Não é difícil saber qual é.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Do Portal do José: ACUADO, O INELEGÍVEL BOLSONARO APELA AO RIDÍCULO! FOLHA DE SE TRAZ CAPIM PARA GADO! BANANAZ1 E BANNON! MORAES SEGUE FIRME!

 

Do Portal do José:

21/02/25 Vem coisa interessante aí. O Bolsonarismo está em total desespero. Eles tentam a todo custo descredibilizar a Justiça e as instituições a todo custo. Pensam que assim, livrarão o criminosos da cadeia. Ledo engano. Haverá muita diversão em breve no país! No mundo dos desesperados, a casa vai cair ainda mais! Sigamos.



Estudo coordenado pela USP aponta que médiuns têm alterações genéticas que poderiam permitir perceber aspectos da realidade que pessoas comuns não conseguem

 

"(...) Essas características, segundo o estudo, podem permitir que essas pessoas percebam aspectos da realidade que a maioria das pessoas não percebe. A pesquisa foi publicada pela revista Brazilian Journal of Psychiatry."

Do ICL Notícias:



Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul aponta que os médiuns têm alterações genéticas. Essas características, segundo o estudo, podem permitir que essas pessoas percebam aspectos da realidade que a maioria das pessoas não percebe. A pesquisa foi publicada pela revista Brazilian Journal of Psychiatry.

Realizado entre 2020 e 2021, o estudo comparou 54 pessoas identificadas como médiuns com 53 parentes de primeiro grau delas, sem nenhuma habilidade do tipo. A maioria dos médiuns eram adeptos da Umbanda ou do Espiritismo e atuam há mais de dez anos.

Em um questionário da pesquisa, 92,7% dos participantes reconheceram falar sob a influência de espíritos, 70,9% disseram se comunicar por escrito. Outros 52,7% disseram ter visto espíritos; 50,9%, ter entrado em incorporação; 47,3%, ter tido experiência fora do corpo.

“O estudo desvendou alguns genes que estão presentes em médiuns, mas não em pessoas que não o são e têm o mesmo background cultural, nutritivo e religioso. Isso significa que alguns desses genes poderiam estar ligados ao dom da mediunidade”, diz o coordenador da pesquisa, Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

médium umbanda estudo

Resultados da pesquisa revelaram quase 16 mil variantes genéticas encontradas exclusivamente em médiuns

O estudo e a glândula pineal

Os resultados da pesquisa revelaram quase 16 mil variantes genéticas encontradas exclusivamente em médiuns. De acordo com o estudo, essas variantes provavelmente impactam a função de 7.269 genes.

“Esses genes estão em grande parte ligados ao sistema imune e inflamatório. Um deles, de maneira interessante, está ligado à glândula pineal, que foi tida por muitos filósofos e pesquisadores do passado como a glândula responsável pela conexão entre o cérebro e a mente”, afirma o coordenador da pesquisa.

Os pesquisadores analisaram também o exoma dos voluntários, um conjunto total de genes codificadores das proteínas no corpo humano.

Inicialmente, foram encontradas diferenças entre os genes dos 54 médiuns e seus 53 parentes de primeiro grau que não apresentavam o dom da mediunidade. Após a análise desse grupo, foi feita uma comparação entre os genes dos 54 e outros 12 médiuns independentes, ou seja, que não faziam parte do grupo de controle da pesquisa.

Em 11 dos 12 indivíduos foram encontrados os mesmos genes mutáveis do grupo principal, representando 1.574 mutações de 834 genes. A análise também foi feita em um par composto por gêmeos idênticos médiuns. Neste caso, foram encontradas 434 mutações identificadas em 230 genes. Um irmão deles que não é médium também foi analisado e as mutações não foram encontradas.

Coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, o médico psiquiatra Alexander Moreira-Almeida justifica a opção por contrastar os médiuns com seus familiares durante a pesquisa. “Se eu pegasse um grupo de controle que fosse uma outra pessoa qualquer, aleatória, poderia ter muita diferença sociocultural, econômica e também da própria genética. Quando a gente pega um parente, vai ter uma genética muito mais parecida e um background sociocultural muito mais próximo”, explica.

O Papa Francisco e a esperança, por Dora Incontri

 

Ele trouxe a esperança de renovação religiosa e política, com seu exemplo, com suas ideias e com sua forma única de exercer o papado.



O Papa Francisco e a esperança

por Dora Incontri

Não quero de forma alguma caracterizar esse texto como um tributo que anuncia a morte de uma grande liderança mundial, o Papa Francisco, que de fato apresenta por esses dias um estado delicado de saúde. Ele está internado com pneumonia dupla. Quero, queremos muitos, que consiga superar esse momento, porque precisamos de sua presença no mundo.

É que estou quase terminando a leitura de seu livro Esperança, a autobiografia. Minha apreciação já começa com o título peculiar. Significativo que o subtítulo é a autobiografia, como se sua vida fosse uma nota de rodapé, submetida ao compromisso da esperança, um ensaio constante de esperançar – para usar um verbo caro a Paulo Freire.

É verdade que a vida de Giorgio Bergoglio trouxe por si mesma a esperança de renovação religiosa e política, com seu exemplo, com suas ideias e finalmente com sua forma única, simples e transformadora de exercer o papado. Lembremos que a instituição do papado levou à divisão da Igreja do Ocidente e do Oriente, provocou a ruptura da Reforma protestante e representou ao longo da história um lugar de poder desmedido, de imposições e perseguições, de corrupção e luxúria. O anarquista e espírita Maurice Lachâtre se deu ao trabalho, no século XIX, de escrever milhares de páginas de horrores em seu livro Crimes e história dos Papas.

No início deste século XXI, a Igreja tinha atravessado o retrocesso de Papas conservadores (João Paulo II e Bento XVI), quando surge a figura leve, aberta, amorosa e simples do Papa Francisco, um papa que transpôs os limites da Igreja Católica, para ser amado e admirado por pessoas de outras religiões ou mesmo sem religião. Prova disso é que estou aqui escrevendo esse texto em sua homenagem, sendo espírita kardecista, e, portanto, completamente desconectada da tradição do papado.

Giorgio chegou ao Vaticano e já evocou o que houve de mais luminoso e autenticamente cristão em toda a história da Igreja Católica: Francisco de Assis. Sendo jesuíta, mas tendo adotado o nome de Papa Francisco, (pela primeira vez na história da Igreja) já anunciava que seu compromisso seria de despojamento, de renúncia ao culto pessoal, de conexão com a natureza, de compaixão para com todos os excluídos e de disposição de diálogo com religiosos de todos os matizes e não religiosos de todos os rincões.

Começou por abolir os rituais de submissão pessoal: beija-mão, ajoelhar-se diante dele, tapete vermelho, vestimenta de púrpura, assento em trono, moradia em palácio.… Simplificou tudo, despojou-se de formalismos, como convém a alguém que esteja inspirado pelo exemplo de Francisco de Assis.

Depois, partiu para o diálogo com o mundo. Abriu-se para lideranças religiosas e políticas de todo o planeta, procurando estabelecer vínculos fraternos, cheios de respeito e proposta de cooperação universal, para salvar a Terra, para acabar com a guerra, para proteger os vulneráveis.

A sua história de vida, tão saborosamente retratada nesta Autobiografia, explica muito de sua postura humana e humanista. É de uma família de imigrantes italianos, por todos os lados (aliás como a minha, e essa ressonância produz intensas emoções nesta leitura). As circunstâncias da imigração e as lutas intensas semelhantes na Argentina e no Brasil, nas primeiras décadas do século XX deixaram nele marcas profundas. O interessante que, ao contrário de muitos italianos que já estavam radicados por aqui quando da ascensão do fascismo e, de longe, aderiram entusiasticamente ao Duce, a família de Bergoglio saiu da Itália em oposição a essa tomada de poder pela extrema direita. O menino foi criado de maneira simples, pobre, num catolicismo popular, mas com espírito crítico. Essa sua ascendência fez dele um defensor engajado dos refugiados, dos imigrantes, dos que enfrentam a fuga das guerras, da fome, das violências políticas, com tanta resistência de acolhimento por parte dos países mais ricos.

O que transparece na obra toda em que narra a sua vida é a profunda conexão com o mundo e seus problemas, com o momento histórico e suas tragédias globais. Isso vem também de sua inserção cultural. Leitor de boa literatura, amante da música, ligado ao cinema de arte – ou seja, uma erudição que não é apenas teológica, fechada em fontes religiosas – mostra que a arte é transformadora e formadora de pessoas engajadas no mundo.

Suas duas encíclicas, diretamente inspiradas em Francisco de Assis, Laudato si’ (2015) e Frattelli Tutti (2020) são obras-primas de defesa da vida, da natureza, de todos os povos e pessoas excluídas e marginalizadas. São apelos ao cuidado com o planeta e ao cuidado com o outro. E já no início da Frattelli Tutti, o Papa alude ao seu diálogo com uma liderança muçulmana, o Imã Ahmad Al-Tayyeb, lembrando da visita que Francisco de Assis fez ao Sultão Malik-al-Kamil, no Egito, em plena vigência das Cruzadas.

A sua atitude de abertura não se manifestou, nestes anos todos, apenas em relação ao diálogo com o outro, mas nas reformas que conseguiu implementar dentro da própria Igreja. Herdeiro da Teologia da Libertação, como bom latino-americano, que enfrentou na Argentina os horrores da ditadura militar, soube trazer temas absolutamente urgentes: o acolhimento aos homossexuais, o combate ao abuso sexual dentro da Igreja, a maior inserção das mulheres – isso tudo apesar da resistência brutal que tem enfrentado dos mais conservadores e dos fundamentalistas, que não faltam em qualquer religião nos dias de hoje.

Mas Francisco afirma em seu livro: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e suja por ter saído pelas ruas a uma Igreja asfixiada e doente pela clausura e pela conveniência de se agarrar às próprias certezas”.

Esperemos que suas sementes frutifiquem, que venham outros papas que continuem a sua obra, quando ele se for, e que não assistamos a retrocessos tristes, em consonância com os retrocessos mundiais.

Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.


Agro cobrava golpe e Bolsonaro mantinha “a chama acesa”, diz Mauro Cid a Moraes

 

“Ele (Bolsonaro) tinha esperança até o último momento. Dizia: 'O papai do céu sempre ajudou a gente'. Eu acho que era o que se passava na cabeça dele"

Do Jornal GGN:

                                                     Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil


Os vídeos da delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, tornados públicos nesta quinta-feira (20/02), revelam que o ex-presidente manteve até os últimos momentos a “chama acesa” na esperança de que as Forças Armadas agissem para impedir a posse de Lula, democraticamente eleito em 2022.

“O papai do céu sempre ajudou a gente. Vamos ver o que aparece aí”, disse Cid, parafraseando Bolsonaro, que vislumbrava encontrar algo para descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro.

Os vídeos foram disponibilizados pelo Supremo Tribunal Federal um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A intenção de Jair Bolsonaro era manter a pressão popular, na esperança de que alguma evidência contra o resultado das urnas surgisse para convencer os militares a agir. “Ele tinha esperança até o último momento, até que um dia falou: ‘O papai do céu sempre ajudou a gente. Vamos ver o que aparece aí’ […] Então, eu acho que era o que passava na cabeça do presidente”, relatou Cid.

A permanência de manifestantes em frente aos quartéis é um exemplo dessa estratégia passiva para não levantar suspeitas, revelou Cid. “Bolsonaro não convocou, mas também nunca mandou o povo para casa”, disse. “Esse foi um dos motivos pelos quais Bolsonaro não desmobilizou o povo nas ruas”.

“O então presidente sempre dava esperanças de que algo fosse acontecer, para convencer as Forças Armadas a concretizarem o golpe”, concluiu Moraes, ao ouvir as explicações de Mauro Cid.

A esperança de um golpe, no entanto, foi esmorecendo entre os próprios militares. Segundo o depoimento, “depois do Natal, já estava morto qualquer coisa que poderia acontecer”. O último suspiro teria sido um vídeo do general Walter Braga Netto, gravado diante de manifestantes, no qual dizia: “Não desistam, ainda vai ter surpresa”.

Mauro Cid revelou essas informações sobre a “chama acesa” após ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre os financiadores do movimento golpista, que cobravam a realização de um “churrasco” — codinome para o golpe — por terem contribuído com “a carne”.

Os financiadores do golpe e a cobrança pelo “churrasco”

A troca de mensagens que revelou essa cobrança ocorreu entre Cid e Aparecido Andrade Portela, suplente da senadora e ex-ministra do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (PP-MS). Já dentro do governo, o principal elo com o agronegócio — um dos setores centrais no financiamento das articulações golpistas — era o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.

 “‘O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco’. Cid responde: ‘Vai sim, ponto de honra’“. A troca de mensagens fazia referência direta a esses financiadores, que não apenas custearam a alimentação dos manifestantes, mas também forneceram logística e infraestrutura para manter os acampamentos em frente aos quartéis.

“O pessoal do agro, não vendo nada acontecer, cobrava. Eles queriam, eles achavam que ia acontecer alguma coisa. Estavam naquele, ‘é hoje. Hoje vai acontecer’. Então, eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe, que o presidente assinasse um decreto e as Forças Armadas começassem a fazer alguma coisa. Era o que acontecia, ainda mais nesse período, que foi um período em que eles começaram a ir para frente do Alvorada, né?”.

Diante das evidências, Moraes confrontou Cid sobre o significado da mensagem:

Moraes: “Ele [Portela] pergunta: vai ser feito mesmo o churrasco? O que seria? O golpe? O que eu quero entender melhor é a sua resposta. O senhor disse: ‘vai sim, ponto de honra’. O que o senhor quis dizer com isso?”, disse Moraes, que depois reiterou a pergunta “Obviamente, não era a picanha que não estava acabada, não é, coronel?“.
Cid: “Ministro, eu acho que o contexto foi, que era que o presidente ainda mantinha a chama acesa, que pudesse acontecer alguma coisa.”
Moraes: “O senhor mantinha a chama acesa? O senhor acreditava que dava para dar o golpe até o último minuto?”
Cid: ”Não, senhor”.

Em um dos momentos que discutiam as articulações golpistas no final de 2022, no entanto, para blindar Bolsonaro, Cid afirmou que o general Walter Braga Netto ordenou que ele fosse retirado de uma reunião em que o tema ganhava contornos mais concretos.

“Não, o Cid não pode participar, tira o Cid porque ele está muito próximo a Bolsonaro”, teria dito Braga Netto.

Com a recente denúncia da PGR contra Bolsonaro e outros investigados pela Polícia Federal por tentativa de golpe, a delação de Mauro Cid reforça o papel do ex-presidente como instigador na intentona golpista, ainda que não tenha formalmente ordenado uma intervenção. “Bolsonaro não convocou, mas também nunca mandou o povo para casa”, delatou Cid.