Há duas semanas, Jair Bolsonaro cruzou o Atlântico para uma photo-op com Putin. Ato tonto de diplomacia trêfega e acéfala terá consequências para ele e para o País
Por Luís Costa Pinto, do 247 – Foram feitas advertências internas, no Itamaraty, ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França, para que ele se empenhasse em convencer o chefe Jair Bolsonaro a cancelar a viagem à Rússia há duas semanas. Os ouvidos moucos de França e a arrogância dos ignorantes de Bolsonaro desdenharam os alertas dados pelos escalões profissionais da diplomacia brasileira. Resignados, insistem em persistir atuando friamente e profissionalmente nesses anos de chumbo de uma chancelaria nacional que desmonta a tradição do Brasil como protagonista da solução de conflitos internacionais.
Andrajoso em suas vestes de Chefe de Estado roto e esfarrapado, porque mesmo os uniformes de gala caem-lhe como os macacões sujos dos soldados rasos que cumprem caninamente as missões determinadas pelo voluntarismo dos idiotas com atitude, Bolsonaro foi à Rússia. Estava convencido que Vladimir Putin não daria o primeiro tiro em direção à Ucrânia e anexaria as regiões de Donetsk e Luhansk apenas com a exibição de seu potencial de força. Deixava-se monitorar pelas informações de baixíssima qualidade do aparato de informações estratégicas do Estado brasileiro. Em Moscou, Bolsonaro chegou a dizer que o autocrata russo busca a paz.
Na madrugada desta 5ª feira, 24 de fevereiro, no Brasil, Vladimir Putin ordenou os primeiros bombardeios a alvos dentro do território ucraniano e começou a primeira guerra entre nações na Europa desde o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945. Há uma evidente escalada de anexação da Ucrânia à Rússia, como é possível depreender dos discursos bélicos de Putin. O autocrata russo, amigo de Bolsonaro e visto pelo brasileiro como uma personalidade pacífica, põe em dúvida até a legitimidade da existência de um Estado ucraniano. Para ele, a Ucrânia seria uma Nação artificial criada em 1991 depois do desmonte da União Soviética.
Jair Bolsonaro é irrelevante na cena internacional. O Brasil, não. Ou melhor, não era até Jair Bolsonaro cair de pára-quedas na cadeira presidencial, largado do ar pelo “Partido Militar” que se esforçou em pô-lo onde está e depois se dividiu ante o ruinoso legado que a criatura desumana produziu. Um dia antes do início efetivo da guerra europeia, celebrava-se no Palácio do Planalto a esquisita pesquisa “Futura/ModalMais” (assista o link no fim deste texto, com um corte da TV 247, para entender do que trata a pesquisa) que apontou de forma esdrúxula (usando metodologia condenada por cientistas políticos), um improvável empate entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro em intenções de voto.
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