Para os apóstolos, a democracia estabelece paridade e igualdade. É inadmissível que a comunidade cristã conviva com qualquer negação da democracia
Publicado 04/09/2021 - 10h19
Os apóstolos, aqueles que andaram com Cristo durante sua peregrinação, como cidadão, entre nós, lideraram a primeira Igreja, que foi instalada em Jerusalém. Como haviam aprendido com Jesus de Nazaré, os apóstolos levaram a comunidade de fé a viver uma vida de absoluta solidariedade, na qual, voluntariamente, todos concordaram que tudo deveria ser para todos.
Algum tempo depois, os apóstolos enfrentaram uma crise na comunidade. Isso foi quando, por racismo, as viúvas gregas foram desprezadas na distribuição dos víveres. Mas os apóstolos resolveram a crise de forma inusitada. Primeiro, reconheceram o direito das irmãs gregas, surpreendente numa época em que as mulheres nem sequer eram contadas. Segundo, reconheceram a sua incompetência logística, e que era chegada a hora de distribuir o poder.
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Daí, contra todas as previsões, convocaram uma assembleia geral. Desse modo, expuseram o problema, acolheram as irmãs em seu direito, admitiram sua impossibilidade de resolução. E, para solucionar o impasse, em vez de usar o poder que lhes era reconhecido, evocaram a democracia como modo de solução de impasses de relacionamento e de poder dentro da comunidade.
Assim, provavelmente pela primeira vez na história, homens e mulheres, gregos e judeus, livremente, elegeram um corpo de oficiais para prover todas as condições para que houvesse justiça social.
Em seguida, esse grupo, chamado de diácono, passou a estabelecer uma espécie de seguridade social na comunidade, garantindo o acesso de todos a tudo, indiscriminadamente.
Todo o corpo diaconal, livremente eleito, era composto de gregos, o que significa que, antes de tudo, os apóstolos trabalharam a questão do racismo, levando os judeus a reconhecer o seu pecado, a ponto de a assembleia eleger de tal maneira que não houvesse lugar para o que poderia ser racismo estrutural.
Paridade e igualdade
Os apóstolos de Cristo democratizaram a Igreja, de modo que não só cada pessoa valia um voto, mas de modo a entender que a democracia tinha de estabelecer paridade e igualdade, privilegiando os meios de promover igualdade e de impedir qualquer tipo de segregação.
E, à medida que a Igreja se espalhava, não só os diáconos eram eleitos, mas os que assumiriam o trabalho dos apóstolos, o de ministrar o ensino e promover a comunhão com Deus e entre os membros da comunidade, também passaram a ser eleitos e foram conhecidos como presbíteros.
Assim, é inadmissível que a comunidade cristã conviva com qualquer negação da democracia, muito menos com um golpe de Estado.
Ariovaldo Ramos é coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e apresentador do programa Daqui pra Frente, toda quarta, às 20h30, na TVT
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