Jejum
"Bolsonaro segue instruções dos charlatões da cristandade que mantêm, sobretudo nas periferias dos grandes centros, populações inteiras reféns de um misticismo doentio, base de nossa desgraça política, não é de hoje", escreve o jornalista Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia
charge Charge do jornal alemão Stuttgarter Zeitung
Por Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia - Sem outra saída, senão a de incentivar os fanáticos que lhe seguem bovinamente, Jair Bolsonaro propôs um domingo de jejum a seu recorte evangélico de eleitores. A começar, certamente, pelas macacas de auditório do Palácio da Alvorada, onde se misturam, além de fanáticos religiosos, imbecis de diversos matizes.
Bolsonaro segue instruções dos charlatões da cristandade que mantêm, sobretudo nas periferias dos grandes centros, populações inteiras reféns de um misticismo doentio, base de nossa desgraça política, não é de hoje.
Sabem esses pastores que, em tempos de quarentena, manter ativada a besta do Palácio do Planalto pode lhes garantir o fluxo de dízimos com o qual mantêm, alheios à realidade das ovelhas que os financiam, uma vida de luxo e diversão.
A contrapartida é dar a Bolsonaro um tipo de apoio - cego e irracional - que a política, cada vez mais, tem lhe negado.
Por isso, o candidato que gostava de posar, falsamente, empanturrando-se de pão com leite condensado, orgulhoso em ser um porco à mesa, entrou nessa de jejum.
Inútil, porque desde os tempos mais remotos do cristianismo, todo carola sabe que o mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem.
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