A imprensa internacional destacou nesta quarta-feira (24) o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, no qual defendeu a democracia e criticou pressões externas. O Brasil também ganhou espaço na cobertura global em razão das sanções impostas pelos Estados Unidos e de temas econômicos que movimentam o cenário interno. Confira:
A repercussão nos Estados Unidos
O The New York Times destacou a reação do presidente norte-americano, Donald Trump, após o discurso “contundente” de Lula, na Assembleia Geral da ONU. Também citou o breve encontro entre os líderes nos bastidores do evento.
Já o The Washington Post publicou que Trump aproveitou seu discurso para fazer críticas à ONU e atacar políticas climáticas e de migração — e ressaltou o contato com Lula como ato simbólico.
A Reuters fez uma cobertura sobre compromissos econômicos e decisões macro, com reportagem sobre o anúncio de investimento de US$1 bilhão do Brasil no Fundo Global de Florestas Tropicais e também sinalizações do Banco Central quanto à nova etapa de manutenção da taxa Selic.
A agência ainda reportou que Trump anunciou uma reunião com Lula na “próxima semana”, após mencionar que os dois tiveram “química excelente” durante contato nos corredores da ONU.
A The Associated Press (AP), por sua vez, publicouvídeo com trechos do discurso de Lula na ONU e também uma matéria sobre o impacto das leis de armas no tráfico para o crime organizado no Brasil.
A repercussão na Europa
O The Guardian fez uma ampla cobertura do discurso de Lula na ONU, com live-updates e análise do posicionamento do presidente brasileiro contra o que chamou de ameaças autoritárias e pressões externas.
O El País destacou o contato entre Lula e Trump e publicou análise sobre o papel do Brasil na COP30.
AFP / BBC / Deutsche Welle (DW) acompanharam o UNGA e repercussões diplomáticas e domésticas; AFP publicou notas sobre mensagens do Brasil.
A repercussão na Ásia
A cobertura oficial chinesa, da Xinhua, enfatizou a Assembleia Geral da ONU em tom de multilateralismo e destacou o papel do Brasil no debate global (reportagens e fotos do primeiro dia da Assembleia).
China Daily e Global Times publicaram os desdobramentos multilaterais e as oportunidades econômicas/ambientais entre China e Brasil, além de comentar as posições de Lula e as reações às retaliações dos EUA.
O Times of Indianoticiou a Assembleia Geral da ONU como parte do balanço global do dia, citando o discurso de Lula.
A mídia russa TASS cobriu a participação do Brasil no contexto BRICS/Assembleia Geral da ONU, com foco em respostas multilaterais.
Nota da redação: Este texto, especificamente, foi desenvolvido parcialmente com auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial. A equipe de jornalistas do Jornal GGN segue responsável pelas pautas, produção, apuração, entrevistas e revisão de conteúdo publicado, para garantir a curadoria, lisura e veracidade das informações.
O Brasil é um país de paradoxos. O reconhecimento, ainda que tímido, dos méritos de Lula pela mídia nacional só ocorreu após a consagração internacional do Bolsa Família e sua liderança no G20 e entre países agrícolas durante a crise de 2008.
O mesmo padrão se repete agora.
Desde o início de sua trajetória presidencial, Lula revelou características políticas marcantes:
É um democrata, por convicção e prática.
É um social-democrata, que jamais tentou confrontar os pilares do sistema financeiro que herdou.
Avança pontualmente ao buscar brechas no orçamento para incluir os mais pobres e fortalecer os movimentos sociais — vistos por ele, corretamente, como pilares da democracia.
Mas tem dificuldade em consolidar planos estratégicos de desenvolvimento nacional.
Cede excessivamente nas negociações políticas, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão.
Seus dois primeiros mandatos foram favorecidos pelo boom das commodities, que ampliou o orçamento e permitiu atender simultaneamente ao mercado, aos grandes grupos e às políticas sociais.
É, sobretudo, o presidente brasileiro de maior prestígio internacional, atualmente reconhecido como uma das principais lideranças globais pela paz.
Contudo, não é o estadista disposto a reformar profundamente o Estado.
A polarização política, intensificada com a ascensão de Lula e do PT, atingiu níveis de irracionalidade preocupantes. Em vez de ser reconhecido como o líder que ajudou a consolidar a democracia, suavizar os excessos do capitalismo e fortalecer os movimentos sociais, Lula passou a ser rotulado como esquerdista e estatista — inclusive por setores da opinião pública considerados racionais, que se informavam pelos grandes veículos de mídia.
Foi alvo da mídia, do Supremo Tribunal Federal, do chamado “partido do TRF4” e de diversos atores institucionais que, apenas recentemente, passaram a reconhecer sua relevância para a democracia brasileira.
Lula tinha o potencial de ser o grande conciliador nacional — capaz de unir uma esquerda moderada e uma direita não radical em torno de um projeto que fortalecesse a classe média, promovesse a ascensão social sem rupturas e equilibrasse regras de mercado com estímulo à organização dos pequenos. Impedido de realizar esse papel no Brasil, sua vocação conciliadora encontrou espaço no cenário internacional, onde hoje é reconhecido como um dos líderes mais influentes do mundo, com uma dimensão geopolítica que ultrapassa a do próprio país.
Em seu discurso no encontro de lideranças internacionais, intitulado “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos”, sua conclamação em defesa da democracia soou quase como uma autocrítica. A direita cresceu porque a esquerda parou — não soube como atender às demandas da população. No poder, preocupou-se mais em atender aos interesses dos poderosos do que às necessidades dos oprimidos.
Reeleito, não se deve esperar de Lula as reformas estruturais profundas que o Estado brasileiro necessita para se tornar uma verdadeira democracia social. No entanto, sua presença no poder representa, mais uma vez, a salvação da democracia brasileira — ainda que no limite do tempo.
O primeiro encontro entre Lula e Donald Trump na ONU surpreendeu diplomatas e mudou a dinâmica entre Brasil e Estados Unidos, disse a colunista Mariana Sanches no UOL News - 2ª edição, do Canal UOL.
Do Canal Canadá Diário, citando jornais internacionais:
Quer entender como a imprensa internacional reagiu ao confronto histórico entre Lula e Trump na 80ª Assembleia-Geral da ONU? Neste vídeo apresentamos uma análise aprofundada das opiniões dos principais veículos, como The New York Times, The Washington Post, Reuters, Bloomberg, CBC, Politico e Al Jazeera. Lula foi amplamente reconhecido por sua defesa do multilateralismo, a crítica às sanções unilaterais e a defesa do Sul Global, enquanto Trump foi duramente criticado por seu discurso negacionista, protagonismo e ataques à ONU. Saiba o que jornais e agências estrangeiras destacaram sobre a postura dos dois líderes e as consequências diplomáticas desse embate. Use este vídeo para ficar informado e acompanhar o que acontece na política global com fontes de confiança do exterior.
Manifestantes fazem ato contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia em Brasília, Salvador, BH, Manaus e outras capitais neste domingo (21).
No UOL News, Diego Sarza traz as últimas notícias sobre a manifestação contra a PEC da Blindagem e a anistia em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e mais capitais.
Movimentos populares estão convocando manifestações para o próximo domingo (21) contra o projeto de Lei 2162/23, que pode conceder anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e contra a PEC da Bandidagem. A Frente Povo Sem Medo já confirmou atos em várias cidades.
Nas redes, parlamentares como Talíria Perrone e Guilherme Boulos e movimentos sociais como o Mestão convocando para as manifestações contra a anistia e a PEC da Bandidagem.
“O povo não vai aceitar impunidade para golpistas! É hora de mostrar que quem manda é o povo nas ruas. Vamos juntos defender a democracia, barrar a anistia e enfrentar esse Congresso cúmplice dos golpistas”, escreve Talíria.
Para Guilherme Boulos, a votação do projeto de anistia é um “escândalo”: “O povo brasileiro já disse nas urnas: não aos golpistas! E repete hoje: PEC da Bandidagem NÃO! Sem anistia! Os golpistas vão perder no horizonte da história. Pra nós: coragem ao campo democrático!”
Atos já confirmados pelo Brasil (outros ainda será confirmados até dia 21)
Piloto diz que Rueda é dono de aviões operados por empresa de voos do PCC
Segundo o piloto, presidente do União Brasil, Antonio Rueda, era citado pelo dono e por funcionários da TAP como o líder de um grupo que financiou clandestinamente a compra de aeronaves particulares
Por Leandro Demori, Cesar Calejon, Flávio VM Costa e Alice Maciel, do ICL Notícias; Thiago Herdy, Colunista do UOL
Um piloto que transportava regularmente a dupla que liderava um mega-esquema de lavagem de dinheiro que atendia ao PCC afirmou em depoimento à Polícia Federal que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, está entre os verdadeiros donos de quatro dos dez jatos executivos operados por uma empresa de táxi aéreo.
Em entrevista exclusiva ao ICL Notícias, Mauro Caputti Mattosinho, 38 anos, disse que Rueda era citado por seu chefe como o líder de um grupo que “tinha muito dinheiro que precisava gastar” na compra de aeronaves, avaliadas em dezenas de milhões de dólares.
“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, diz Mattosinho na entrevista gravada em vídeo.
Rueda nega ser dono das aviões e “repudia com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito”, afirmou em nota oficial.
O presidente do União Brasil diz que “já voou em aeronaves particulares em voos fretados por ele ou como convidado”, mas que “nunca participou da compra das aeronaves”. E que costuma realizar seus deslocamentos “em voos comerciais”.
Piloto Mauro Caputti Mattosinho
“A história que contei para vocês eu repeti para a Polícia Federal”, afirmou Mattosinho, na entrevista ao ICL Notícias. A reportagem teve acesso ao depoimento, prestado por ele há 17 dias no aeroporto Catarina, em São Roque (SP), antes de pedir demissão.
Mattosinho entrou na TAP (Taxi Aéreo Piracicaba) em 2023 e saiu há duas semanas, depois de transportar os parentes de Beto Louco para o Uruguai na véspera da mega-operação da PF, da Receita e do Ministério Público de SP, realizada no fim de agosto, que revelou um enorme esquema de lavagem de dinheiro que inclui o uso de fundos de investimento.
O piloto afirma ter transportado ao menos 30 vezes Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco. Ambos são apontados como líderes do esquema que atendia ao PCC e estão foragidos da Justiça.
Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco
O depoimento à PF ocorreu na volta do voo ao Uruguai com a família de Beto Louco. Havia a suspeita de que ele pudesse estar no voo.
O piloto, que se diz indignado pelo conteúdo das conversas que presenciou, procurou o ICL Notícias pela primeira vez em novembro do ano passado.
O ICL Notícias e o UOL apuraram que duas aeronaves atribuídas por Mattosinho a Rueda pertencem a fundos de investimentos que têm apenas um controlador, cujo nome não é divulgado.
Uma terceira aeronave está em nome de uma empresa registrada na periferia de Imperatriz (MA). Em entrevista, a única sócia da empresa disse desconhecer a firma e a aeronave.
Na entrevista em vídeo, Mauro Mattosinho reafirmou ter transportado em voo uma sacola de papelão que aparentava conter dinheiro vivo, na mesma data em que Beto Louco mencionou a outros passageiros que teria um encontro com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, conforme revelou o ICL Notícias no dia 1º deste mês.
O senador nega ter “tido proximidade de qualquer espécie” com Beto Louco e também nega ter recebido qualquer valor. Ciro ingressou com processo contra o ICL Notícias, pedindo pagamento de indenização por danos morais.
“O senador tem direito de buscar a Justiça em uma sociedade em pleno exercício do Estado Democrático de Direito. Não o teria em caso de ditaduras, nem armadas e nem ‘de toga’. O ICL não se intimida com tentativas de assédio judicial e reafirma a qualidade de suas práticas jornalísticas”, reagiu Leandro Demori, diretor de jornalismo do ICL Notícias..
O piloto trabalhou de novembro de 2023 até o começo deste mês na empresa Táxi Aéreo Piracicaba, conhecida pela sigla TAP. Ele começou atuando como piloto de voos do Primo e depois passou a atender Beto Louco. Os dois estão foragidos da Justiça.
A TAP é administrada pelo empresário Epaminondas Chenu Madeira. O ICL Notícias teve acesso a conversas de Whatsapp entre Mattosinho e Epaminondas, em que o dono da TAP cita “Beto” e “Moha”, referindo-se a Beto Louco e Mohamed (Primo).
Mauro Caputti Matosinho e Epaminondas Chenu Madeira
“Irmão ta foda a situação Beto e Moha Velho. Eu voltando vamos trocar uma ideia. Pra nós alinhar. Mas os caras lá tão foda. Mas to carregando nas costas sozinho”, escreveu Epaminondas no dia 14 de março de 2025, às 16h50. A reportagem transcreveu a mensagem da maneira como ela foi escrita.
Procurada, a defesa de “Primo” informou que não irá se manifestar. Já o advogado de “Beto Louco”, Celso Vilardi, não retornou os contatos.
A TAP operava cinco aeronaves em 2023 e, neste ano, passou a operar dez, de acordo com Mattosinho.
Em nota, a empresa informou “desconhecer qualquer declaração atribuída a funcionário sobre aquisição de aeronaves” e atuar “em observância à lei”. A empresa afirma que “não tinha conhecimento do envolvimento de investigados na Operação Carbono Oculto até sua deflagração”.
“Por fim, não pode fornecer informações sobre clientes ou passageiros sem autorização destes ou por requisição das autoridades competentes”, acrescentou, em nota.
Aeronaves em nome de terceiros
Mattosinho diz que Rueda viaja constantemente em jatos operados pela mesma empresa, embora ele não fosse o piloto destes voos. Era mencionado como “Ruedinha”, diminutivo de seu nome.
A vida de luxo e as polêmicas que envolvem o político foram relatadas no ano passado em reportagem do UOL.
“[Rueda] É uma pessoa que já fazia negócios com a Táxi Aéreo Piracicaba desde quando eu cheguei lá como funcionário, aproximadamente dois anos atrás. Ele já era um nome que circulava como [sendo] sócio em uma aeronave de pequeno porte”, lembra.
A aeronave à qual ele se refere é o jato bimotor Raytheon 390 Premier, matrícula PR-JRR.
De acordo com os registros da Anac, a aeronave pertence à empresa Fênix Participações, controlada pelo advogado Caio Vieira Rocha, filho do ex-ministro César Asfor Rocha; pelo ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos-CE) e por um dono de concessionárias de Pernambuco.
Falando em nome dos sócios, Vieira Rocha negou que Rueda tenha participação na aeronave ou tenha viajado nela.
”Antonio Rueda não é proprietário da aeronave e nem sócio de nenhuma das 3 empresas sócias da aeronave”, escreveu Vieira Rocha.
Conforme registros oficiais,o jatinho foi comprado pela Fênix por US$ 2,3 milhões (R$ 13 milhões), em 2 de outubro de 2024. A transação foi feita com a RZK Empreendimentos Imobiliários, que havia adquirido a aeronave em 2014.
A RZK pertence a José Ricardo Rezek, que é doador do União Brasil, dentre outros partidos, e próximo a Antônio Rueda. Rezek estava na lista de convidados do aniversário de 50 anos do presidente da legenda este ano. A empresa informou por meio de nota que nunca vendeu nenhuma aeronave a Rueda. “Ele jamais atuou como intermediário em qualquer compra e venda e muito menos participou das negociações. A aeronave citada foi regularmente vendida à Fênix Participações Ltda., em conformidade com todas as normas legais, devidamente registrada na Anac”, acrescentou.
Os outros três jatinhos bimotores que, segundo o piloto, teriam sido adquiridos com participação de Rueda são: um Gulfstream G200, matrícula PS-MRL; um Citation Excel, matrícula PR-LPG; e um CitationJet 2, matrícula PT-FTC.
O Gulfstream G200 e o Citation Excel pertencem a empresas controladas pela Bariloche Participações S/A, empresa com capital social de R$ 110 milhões e controlada por fundos de investimentos geridos pelo banco Genial.
Um único cotista do Viena Fundo de Investimento Multimercado é dono do patrimônio da Bariloche, de acordo com a Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Sua identidade não é divulgada em documentos públicos.
“Rueda não tem relação com a Bariloche Participações S.A., tampouco é ou foi cotista do Viena Fundo de Investimento Multimercado”, informou a assessoria do presidente do União Brasil.
A quarta aeronave citada pelo piloto, o CitationJet, está em nome da Serveg Serviços.
Localizada em imóvel da periferia de Imperatriz (MA), a empresa tem como atividade principal criação de bovinos, mas registra atividades secundárias diversas, que vão de serviços de malote não realizados pelos Correios a limpeza, conforme cadastro na Receita Federal. A firma está em nome de Antonia Viana Silva Soares.
Procurada, ela disse que desconhece as atividades da Serveg. “Não sei o que você está falando, não”, disse ela, desligando o telefone. Em seguida, bloqueou o número de contato da reportagem.
O uso de fundos de investimento para ocultar patrimônio ou para realizar operações de lavagem de dinheiro foi uma das principais descobertas das operações recentes da PF que miraram no PCC e em empresas financeiras sediadas na Avenida Faria Lima, em São Paulo.
Interesse em aeronave que foi à Grécia
Mattosinho afirmou que o presidente do União Brasil tinha interesse em adquirir uma quinta aeronave, um Gulfstream de Série 550, matrícula PS-FSR, capaz de realizar viagens intercontinentais. A negociação desse modelo de luxo começa a partir de US$ 10 milhões (R$ 54,5 milhões). O piloto não sabe se a transação foi concretizada.
O jatinho foi colocado à venda em julho deste ano, conforme anúncio publicado nas redes sociais de uma empresa que comercializa aeronaves.
No entanto, o site da empresa informava nesta semana que ela não está mais disponível.
A aeronave está registrada em nome do agente de jogadores Luís Fernando Garcia, dono da Elenko Sports. Ele negou ao ICL Notícias que seu jatinho tenha sido vendido e que Rueda tenha realizado viagens nele.
Garcia bloqueou o contato da reportagem no aplicativo. Ele alegou que não responderia aos questionamentos por entender que se trata de negócios particulares.
Em agosto, Rueda reuniu políticos, empresários e artistas para comemorar seus 50 anos na ilha grega Mykonos, que faz parte de um arquipélago no Mar Egeu.
O site de monitoramento global de voos, Adsb Exchange, mostra que o Gulfstream viajou em 31 de julho de Brasília à região de Mykonos, na Grécia. O aniversário de Rueda foi comemorado em 4 de agosto na ilha.
Ainda segundo o site de monitoramento, a aeronave saiu dia 10 da região em direção ao Brasil, aparecendo próximo a Sorocaba (SP) no dia 11.
O dono da TAP enviou mensagens de Whatsapp a Mattosinhos no dia 6 de agosto, falando sobre o serviço na Grécia, aos quais também tivemos acesso. “Irmão. Tô numa correria absurda com avião lá na Grécia. Pode tocar com Brunão pfv Ta foda aqui. 2 dias varados.
“Acompanhando programação da Grécia”, escreveu Epaminondas ao funcionário.
À reportagem, Rueda disse ter viajado em voo comercial da British Airways para a Grécia, dias antes do voo identificado pela reportagem. E negou ter adquirido a aeronave citada pelo piloto.
Investigado do governo Bolsonaro
A TAP está oficialmente registrada no nome da mãe de Epaminondas Chenu Madeira. O empresário, e também piloto, no entanto, é quem toca os negócios. Ele é sócio de outras duas empresas de táxi aéreo, a ATL Airlines e a Aviação Alta.
Mattosinho afirma que pilotava o bimotor Israel G150, prefixo PR-SMG, que pertence aos donos da Copape Produtos de Petróleo. Primo e Beto Louco ainda seriam sócios ocultos de Epaminondas na compra de outros dois jatinhos.
Documentos públicos mostram que a ATL Airlines e a Aviação Alta são cotistas da Capri Fundo de Investimento em Participações, que tem como representante legal Rogério Garcia Peres, alvo da operação realizada pelo MP-SP contra o esquema do PCC. Ele está foragido.
Advogado, Peres é apontado pela promotoria como “administrador de fundos de investimento, amplamente envolvido com o grupo Mohamad, sócio em postos de combustíveis”.
Ele foi nomeado em 17 de setembro de 2019 pelo Secretário Executivo do Ministério da Economia, Marcelo Pacheco dos Guaranys, para exercer o mandato de Conselheiro, representante dos Contribuintes, junto à Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do ministério.
A pasta à época era chefiada por Paulo Guedes.
Segundo o MP-SP, Peres também seria o controlador da Altinvest Gestão e Administração de Recursos de Terceiros, também alvo da operação.
A gestora de fundos aparece como administradora do fundo Capri em um relatório de demonstração financeira de 2024, registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com o nome Ruby Capital Gestão e Administração de Recursos de Terceiros.
A reportagem apurou, no entanto, que o CNPJ registrado no documento com este nome é o mesmo da Altinvest.
Mattosinho afirma que o nome da Ruby foi citado por Epaminondas Madeira e por um advogado da TAP, durante um diálogo que mantiveram quando o piloto apresentou sua demissão.
De acordo com o piloto, o advogado de Epaminondas afirmou que o “Ruby estava intacto”, querendo dizer que o fundo não tinha sido identificado pelas operações da PF e do MPSP, o que revelou não ser verdade já que a Altinvest foi alvo da Operação Carbono Oculto.
A Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê autorização da Câmara ou do Senado para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar deputado ou senador, a PEC da Impunidade. Foram 344 votos a favor e 133 contra o texto, em segundo turno.
Para concluir a votação, os deputados ainda precisam analisar dois destaques que podem alterar pontos da proposta. Essa votação ocorrerá em outra sessão, em data a ser definida.
No começo da madrugada desta quarta-feira (17), o Plenário rejeitou, por insuficiência de quórum, a exigência de votação secreta para Câmara ou Senado decidirem se seu parlamentar pode ser processado criminalmente pelo Supremo.
Foram apenas 296 votos a favor do voto secreto, quando o mínimo para manter a regra é de 308 votos. Outros 174 deputados votaram a favor do destaque do Novo pela retirada da votação secreta. Dessa forma, a votação deverá ser aberta e realizada em um prazo de 90 dias, contado do recebimento da ordem emitida pelo STF.
O deputado Gilson Marques (Novo-SC) deu argumentos contra o voto secreto, como a falta de transparência, a dificuldade de o eleitor saber como pensa seu representante, menos responsabilidade do parlamentar e incentivo à corrupção. “Qual a vergonha de apresentar seu voto, de defender sua posição, de atuar como representante, se o voto é sigiloso?”, questionou.
Logo após a votação do destaque, a sessão do Plenário foi encerrada.
Segundo o texto do relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA), deputados e senadores somente poderão ser alvo de medidas cautelares de natureza pessoal ou real provenientes do Supremo.
Isso se aplica a qualquer tempo após a concessão do diploma de eleito, mesmo que ele deixe de ser parlamentar e o processo que originou a medida cautelar se refira a fato que teria sido cometido durante esse período.
Para o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), a PEC não é de interesse dos brasileiros. “A pauta nossa tem de ser a vida do povo, e é nisso que insistimos”, disse, ao citar a Medida Provisória 1300/25, que isenta famílias de baixa renda da conta de luz em casos de baixo consumo. A MP, que aguarda votação no Plenário, perde a validade nesta quarta-feira (17).
Para a líder do PSOL, deputada Talíria Petrone (RJ), a imunidade parlamentar não é absoluta. “Esta não é a agenda que o Brasil espera de nós”, disse. Ela criticou a possibilidade de a medida beneficiar deputados que cometeram crimes hediondos, como estupro e latrocínio, que dependeriam do aval do Congresso para serem processados.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou que não há justificativa para a necessidade de autorização do Congresso para um congressista ser investigado e punido. “A imunidade parlamentar não pode ser confundida com impunidade parlamentar”, declarou.
Para o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), a PEC poderia ter sido construída para ser um texto razoável. “Se há reclamações de excesso, podemos ouvir e tentar construir um texto melhor. Mas o que está aqui é um crime contra a democracia”, afirmou.
O deputado Luiz Carlos Hauly (Pode-PR) disse ser contra qualquer privilégio ou prerrogativa que um parlamentar honesto não precisa. “Nunca precisei da proteção da lei, mais que o cidadão tem”, declarou.
Deputada federal Talíria Petrone: “Esta não é a agenda que o Brasil espera de nós”. (Divulgação)
Crime organizado no Congresso
Para o deputado Kim Kataguiri (União-SP), aprovar a PEC é pedir para o crime organizado disputar cadeiras e vencer eleições para fugir de investigações. “Durante o período da Constituição de 1988, quando o texto que querem aprovar agora estava em vigor, nenhuma investigação foi autorizada”, disse.
Kataguiri afirmou que a proposta não reage a abusos do STF, mas cria abusos do Parlamento para blindar a corrupção. “O que está sendo votado é a diferença entre o remédio e o veneno, é a dose”, declarou.
A deputada Duda Salabert (PDT-MG) disse que a PEC “vai justamente beneficiar o corrupto, beneficiar o ladrão”. Segundo ela, a proposta vai tentar salvar parlamentares investigados e que podem ser presos, por exemplo, por desvio de emendas parlamentares.
Voto secreto
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) criticou a tentativa de retorno do voto secreto dos parlamentares.
Qualquer crime comum seria julgado em conluio e corporativismo, por debaixo do pano, no voto secreto para livrar a cara de um e de outro”, disse.
Ivan Valente coordenou uma frente parlamentar pelo voto aberto quando a Constituição foi alterada em 2013 para prever voto aberto.
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) disse que a defesa do voto secreto é para proteger deputados da cobrança da opinião pública e dos eleitores.
Sem base na realidade, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que o voto secreto serviria para garantir que o Supremo Tribunal Federal (STF) não chantageie deputados.
Jair Bolsonaro é condenado a 27 anos de prisão no Brasil por tentativa de golpe, enquanto Donald Trump, nos Estados Unidos, segue livre e sem accountability real pelo ataque de 6 de janeiro. A MSNBC mostra a revolta americana diante do contraste brutal entre as democracias: por que o Brasil prende o golpista e os EUA protegem o deles? Entenda os bastidores da sentença, a reação explosiva da mídia americana e as implicações globais para a justiça, democracia, populismo e polarização. De referências históricas a análises inéditas, este vídeo mergulha nos detalhes do julgamento, as pressões internacionais e revela o duplo padrão da Justiça dos Estados Unidos. Assista agora a um debate provocador, recheado de dados, opiniões contundentes e todas as informações para quem quer entender o futuro da democracia mundial. Compartilhe, comente e viralize para fortalecer a discussão sobre justiça, política internacional e responsabilidade democrática.
Assassino de Charlie Kirk pode ter ligação com grupo supremacista branco cristão, crítico à própria organização do influenciador. Confira a análise de Andrea Dip!
Julgamento dá orgulho
Cármen Lúcia foi concisa, de clareza não entediante e natural, o que é raridade entre as disputas por holofotes do colegiado
Dependendo do que cada um faz da própria vida, 27 anos é uma medida de tempo que se esgota rápido. Tomem-se gigantes da cultura musical como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain, Amy Winehouse. Cada um escolheu um viver em intensidade máxima, acelerada, que durou 27 anos. Morreram prematuramente de forma trágica, deixando órfãs suas legiões de seguidores. No outro extremo está Jair Bolsonaro. A sentença de 27 anos e três meses de prisão, mesmo se algum dia reduzida para um sexto da pena ou aliviada para prisão domiciliar, encontra um homem condenado a um perpétuo vazio. O vazio da desumanidade que semeou.
Trama golpista: Bolsonaro se beneficiará de mudança na Ficha Limpa? Juristas divergem
O que fez da própria vida, em 70 anos? Desperdiçou-a, sempre em busca de atalhos, vantagens, conluios, arranjos. Como militar, foi inglório — chegou a capitão reformado por uma dessas maracutaias, mas a partir da sentença desta semana pode perder também a patente. Como parlamentar, foi desprezível, juntando-se ao que há de mais corrosivo na vida política nacional. E, como presidente, envenenou de tal forma as instituições democráticas que algumas levarão tempo para ser sanitizadas. Uma delas, o Supremo Tribunal Federal (STF), felizmente ficou de pé para julgá-lo.
Pulso: Prisão de Bolsonaro é apoiada por 50% da população e rejeitada por 43%, aponta Datafolha
Ironicamente, é a partir do voto soberano de quatro dos cinco togados da Primeira Turma do STF que Jair Messias Bolsonaro adquire agora uma marca inédita, histórica e indelével para chamar de sua: primeiro ex-presidente do Brasil condenado por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, liderar uma organização criminosa armada para se manter no poder, além de dois outros crimes consoantes. Nosso 11 de setembro também passa a ser data histórica de consequências ainda inalcançáveis. Mas, ao contrário do golpe militar no Chile em 1973 e do atentado terrorista às Torres Gêmeas de 2001, seu sentido exemplar e civilizatório dá orgulho.
Ainda assim, Bolsonaro conseguiu escapar de ser julgado como ser desumano. Não existe tribunal para isso.
— Presidentes não são treinados para ter ou aparentar empatia, nem para fazer as vezes de pastores de almas doídas — escreve o jornalista John Dickerson, autor de “The hardest job in the world — the American presidency”.
Tensão sobre pedido de vista de Fux preocupou ministros durante todo julgamento de Bolsonaro
Só que esse papel também faz parte do cargo, pois tragédias ocorrem, e a nação precisa receber conforto e atenção do cuidador em chefe. É conhecida a história do pai de um soldado americano morto na Guerra da Coreia que enviou uma carta ao então presidente Harry Truman. Inclusa no envelope, estava a condecoração militar Purple Heart recebida pelo filho. O texto dizia:
— Como o senhor foi diretamente responsável pela morte de nosso filho, pode ficar com essa insígnia para sua coleção de troféus... Lamentamos que sua filha não estivesse na guerra para receber o mesmo tratamento dado a ele.
Truman guardou a carta numa gaveta de sua mesa de trabalho até morrer.
O desdém, o sarcasmo e a irresponsabilidade com que Bolsonaro abandonou perto de 700 mil compatriotas à morte por Covid-19 durante seu mandato permanecem sendo um libelo à parte na avaliação dos males que sua Presidência trouxe ao país. Embora estrangeira à condenação atual, a dimensão desse apagão cívico irreparável também faz parte do DNA do personagem julgado. O desprezo pela vida humana e a tentativa de desconstrução da normalidade democrática andaram de mãos dadas naquele país à deriva, capitaneado por um grupo de salteadores civis e militares.
— A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro — disse a ministra do STF Cármen Lúcia, no voto que formou a maioria pela condenação dos réus.
Foi concisa, de clareza não entediante e natural, o que é raridade entre as disputas por holofotes do colegiado. Única mulher entre os cinco magistrados da Primeira Turma (e também única mulher do total de 11 integrantes da Corte), ela se referia especificamente à área das políticas públicas dos órgãos de Estado.
Pois seria mais do que hora para o atual ou futuros(a)s presidentes da República tirarem o Brasil do atraso e equilibrarem essa composição antediluviana. Pelo menos antes do ano 2060, quando Jair Bolsonaro, então com 105 anos de idade, poderá deixar de ser inelegível.
14/09/2025 CHOQUE DE REALIDADE DÓI!