sexta-feira, 29 de novembro de 2024

General truculento acusado pela morte de Rubens Paiva recebe ainda hoje salário de R$ 35 mil

 

Do Metrópoles

Em 2014, MPF denunciou 5 militares pelo homicídio de Rubens Paiva, deputado torturado na ditadura militar. No entanto, processo não avançou

 atualizado 


Divulgação/ Memórias da Ditadura
Imagem colorida de homem sorrindo e usando chapéu - Metrópoles


Em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou cinco militares pelo homicídio e ocultação do cadáver de Rubens Paiva, político cassado pela ditadura militar, que foi morto em janeiro de 1971. No entanto, desde então, o processo não avançou e nem houve desfecho. Um dos acusados é o general José Antônio Nogueira Belham.

De acordo com o Portal da Transparência, Belham segue recebendo uma remuneração básica bruta de R$ 35.991,46 enquanto vive em Brasília, no Distrito Federal. O homem também aparece com a patente de marechal, considerada uma honraria voltada apenas a oficiais do Exército Brasileiro que tiveram atuação excepcional durante período de guerras.

Na época do crime, o militar era comandante do Destacamento de Operações e Informações (DOI) do 1º Exército, na zona norte do Rio, onde Rubens Paiva teria morrido. Ele foi levado para unidades militares após ser preso, em casa, no Leblon, zona sul do Rio, por seis agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa).

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), em 2013, o general negou que sabia sobre as torturas a Rubens Paiva e ainda acrescentou que estaria ausente do local pois estava de férias. O MPF, por sua vez, apontou que os militares envolvidos, incluindo Belham, todos previamente ajustados e agindo com unidade de desígnios, mataram o ex-deputado.

Assassinato

Após a denúncia ter sido aceita, a defesa dos militares moveu uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro de 2014, o ministro Teori Zavascki concedeu liminar ao pedido e suspendeu o curso da ação penal.

Os advogados questionaram decisões anteriores da Justiça Federal e do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Para a defesa, o processo não deveria continuar por causa da Lei da Anistia. O MPF discorda e considera o caso um crime contra a humanidade, imune a anistias.

Os acusados são José Antônio Nogueira Belham; Jacy Ochsendorf e Souza; Raimundo Ronaldo Campos; Jurandyr Ochsendorf e Souza; e Rubens Paim Sampaio. Pelo menos os três últimos já faleceram. O major Jacy Ochsendorf e Souza ganha um salário bruto de R$ 23.457,15.

Com a morte de Zavascki, a ação passou a ser analisado por Alexandre de Moraes. O processo não era movimentado desde o fim de 2018, mas o ministro do STF pediu um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o julgamento de cinco militares em outubro deste ano.

Na última quinta-feira (21/11), a PGR apontou que é mais adequado aguardar a decisão do STF no âmbito do recurso extraordinário que trata da aplicação da Lei da Anistia. Em resumo, a procuradoria que a Corte continue o caso da morte de Rubens Paiva.

Procurada pelo Metrópoles, a defesa dos militares, incluindo o general Belham, considerou a nova manifestação da PGR como “decepcionante” por vários motivos: “O primeiro deles é a constatação de que agora até o cinema impulsiona o judiciário brasileiro. Isso é muito frustrante. O processo ficou parado 10 anos e editaram um filme, lançaram um filme candidato ao Oscar sobre o tema e o processo voltou a andar, quer dizer, a mensagem que fica do Brasil no cenário internacional é de que os órgãos públicos brasileiros só se mexem quando tem alguém olhando”.

Em relação ao mérito, segundo o advogado Rodrigo Roca, não haveria nem mais a quem se processar já que boa parte dos envolvidos já morreu. Além disso, a defesa aponta que o tema, baseando-se na aplicação da Lei da Anistia, já foi debatido por diversas vezes.

“O ministro Teori Zavascki concedeu a liminar para suspender o andamento da ação penal. Essa liminar foi referendada pelo ministro Alexandre de Moraes. O Supremo Tribunal Federal já enfrentou esse tema algumas vezes. Nos tribunais, porque foram várias as ações, também houve esse mesmo frenesi no cinquentenário do regime militar, em 2014, e foram deflagradas simultaneamente várias demandas, todas extintas ou bloqueadas de alguma forma, como é o caso desse processo”, afirma Roca.

Por fim, a defesa dos militares espera que “o Supremo Tribunal Federal mantenha a posição que ensaiou até o presente momento, ou seja, que se ponha definitivamente uma pá de cal sobre esse assunto e que a reclamação seja julgada procedente”.

Rubens Paiva

O ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva tem sua história contada no filme Ainda Estou Aqui, longa-metragem de Walter Salles inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do político. Ele nunca mais foi visto após ser levado para prestar depoimento em 1971, período da ditadura militar.

Rubens Beyrodt Paiva, nascido em 26 de dezembro de 1929 em Santos, São Paulo, se casou com Maria Lucrécia Eunice Facciola e teve cinco filhos com ela: Vera Sílvia Facciolla Paiva, Maria Eliana Facciolla Paiva, Ana Lúcia Facciolla Paiva, Maria Beatriz Facciolla Paiva e Marcelo Rubens Paiva.

3 imagens
Eunice Paiva

A carreira política de Paiva teve início em 1962, quando foi eleito deputado federal por São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Durante a ditadura, Paiva se tornou um símbolo de resistência contra o regime antidemocrático e chegou a confrontar publicamente o então governador paulista, Ademar de Barros, que apoiava o golpe.

Paiva também integrou a CPI destinada a investigar as atividades do IPES-IBAD, instituições acusadas de financiar palestras e artigos que alertavam para a chamada “ameaça vermelha” no Brasil. Essa atuação lhe custou o mandato, que foi cassado em abril de 1964.

Rubens Paiva se exilou na Iugoslávia, na França e em Buenos Aires após ter o mandato cassado. Ele retornou ao Brasil e sua família deixou São Paulo para morar no Rio de Janeiro. O patriarca da família Paiva não voltou a trabalhar com a política, mas manteve contato com exilados enquanto seguia a carreira como engenheiro.

Prisão e morte

Em 1969, Rubens Paiva viajou ao Chile para prestar auxílio a Helena Bocayuva Cunha, que estava exilada após se envolver no sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick. Algum tempo depois, pessoas que portavam cartas de Helena para o ex-deputado foram detidas, e Paiva acabou sendo vinculado a Carlos Alberto Muniz, que, por sua vez, tinha ligações com Carlos Lamarca, o homem mais procurado do país na época.

Em 20 de janeiro de 1971, seis homens invadiram a casa de Rubens no Rio de Janeiro fortemente armados e levaram o político para prestar depoimento. Eunice, esposa de Paiva, e Eliana, filha do casal, foram presas no dia seguinte.

Rubens foi torturado e morto no Destacamento de Operações Internas (DOI), no quartel da Polícia do Exército. Segundo Amílcar Lobo, médico do DOI, Paiva morreu devido aos ferimentos sofridos em sessões de tortura. Na época, os órgãos oficiais alegaram que Paiva havia fugido durante transferência de prisão e nunca mais fora encontrado.

Eunice Paiva, liberada depois de 12 dias presa no DOI, passou a brigar para que o desaparecimento do marido fosse investigado. Somente em 2014 foi revelado que a fuga de Rubens havia sido inventada pelo ex-major Raimundo Ronaldo Campos e outros dois companheiros.

Em 1996, depois da sanção da Lei dos Desaparecidos pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi emitido o atestado de óbito do ex-deputado, ficando assim reconhecida oficialmente a sua morte. O corpo nunca foi encontrado.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Faixas de golpistas acampados em frente de quartéis eram confeccionadas e distribuídas por militares no Planalto, diz inquérito da PF

 

Da Coluna de Jamil Chade (trechos), no UOL:


Faixas de golpistas em quartéis eram confeccionadas no Planalto, diz PF

Manifestações ocorreram desde o fim das eleições de 2022
Manifestações ocorreram desde o fim das eleições de 2022Imagem: Tércio Teixeira/AFP

As faixas que eram usadas por manifestantes nas portas de quartéis e em atos de apoio a Jair Bolsonaro eram pensadas pelo próprio Palácio do Planalto, que orientava quais mensagens deveriam ser mostradas nas manifestações supostamente espontâneas do povo.


A informação faz parte do inquérito realizado pela Polícia Federal e que embasou o indiciamento do ex-presidente e mais 36 pessoas, inclusive militares.


No final de 2022, Bolsonaro usou suas redes sociais para dizer que não participou das manifestações diante dos quartéis. "Eu não participei desse movimento. Eu me recolhi", disse. Bolsonaro ainda disse que os protestos foram do "povo" e que não tinham uma "liderança".


inquérito, porém, revela algo diferente.


"A atuação coordenada entre a Presidência da República, por meio do general Mario Fernandes e os manifestantes ficou novamente evidenciada em mensagens de áudio e documentos trocados entre o investigado e a pessoa de George Hobert Oliveira Lisboa, coronel do Exército da reserva e na época dos fatos, Assessor Especial no Gabinete do Ministro da Secretária-Geral da Presidência da República", diz o inquérito.


"Nas mensagens fica evidente que os militares, integrantes do governo do então presidente Jair Bolsonaro, estavam confeccionando materiais de propaganda das manifestações antidemocráticas que ocorriam no QG do Exército em Brasília/DF", conclui a PF.


Num dos diálogos obtidos, em 7 de novembro de 2022, Hobert "parece passar orientações sobre a montagem de uma imagem, inclusive dando instruções para colocar a frase "Concentração no QG do Exército".

"Nos arquivos extraídos, aparecem ainda duas imagens. A primeira é um rascunho feito a caneta do que seria o projeto de um flyer para convocar uma manifestação", indica a PF.

Os crimes da extrema-direita lavajatista atrelada aos interesses norte-eamericanos contra o Almirante Othon, por Luís Nassif

 Do Jornal GGN:


Othon, equiparado pelos físicos a César Lattes, quedou nas mãos de um juiz exibicionista, com excesso de ego e carência de cérebro.


Reprotagem de Luis Nassif

Segundo a jornalista Tania Malheiros, especializada em energia nuclear, auditoria do Tribunal de Contas da União alertou para riscos iminentes de faltar recursos para o projeto de extensão da vida útil de Angra 1.

Esse tema me remete para os abusos cometidos pela Lava Jato, e pelo inacreditável juiz Marcelo Bretas, contra o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Na época, Othon foi acusado pela Lava Jato do Rio de Janeiro de ter recebido dinheiro de empreiteiras. Nem se cuidou de saber qual a razão do pagamento. Foi acusado de ter sido subornado pela Odebrecht para conseguir a parceria com a França na construção do submarino nuclear. Ou seja, teria utilizado o dinheiro para subornar todo alto comando da Marinha – a quem cabia a decisão. Aliás, a escolha da Odebrecht foi uma imposição da própria Dassault, devido à reputação internacional da empreiteira.

Othon, equiparado pelos físicos a César Lattes, autor dos maiores feitos da ciência aplicada brasileira, quedou nas mãos de um juiz exibicionista, que se fotografava em academias mostrando excesso de ego e carência de cérebro.

Na época, Othon estava trabalhando em uma série de projetos destinados justamente a estender o tempo de vida útil das usinas. E esses projetos passavam pelo aprimoramento das turbinas.

Um pouco antes, Othon comandou um grupo de especialistas, com financiamento público, trabalhando em uma redução do modelo energético brasileiro. Usando dados climáticos históricos, o grupo reduziu todo fluxo hídrico brasileiro a um rio teórico e, em cima dele, montou projeto de desenvolvimento hidrelétrico para alimentar políticas públicas.

Um dos pontos centrais das recomendações era a adoção de usinas a fio dágua para evitar alagamentos. O problema é que os grandes fabricantes mundiais de turbinas – franceses e alemães – trabalhavam apenas com usinas clássicas.

Para as usinas a fio d’água, seriam necessários reatores usados em usinas nucleares, construídos com uma tecnologia que reduz o atrito. Reduzindo, qualquer coisa que movimentasse a turbina – urânio ou água – conseguia um poder rotativo imenso.

Na ocasião, Othon foi contratado pela Odebrecht justamente para desenvolver as turbinas das usinas a fio d’água de Belo Monte e Santo Antônio. O que foi feito com enorme sucesso.

Até hoje, Othon está com os bens bloqueados. Há vários movimentos pedindo sua reabilitação. O correto seria um pedido público de desculpas da Procuradoria Geral da República e do poder judiciário, em nome do Estado brasileiro. E jogar os autores desses abusos contra Othon na lata de lixo da história.

Leia também:

Mais agroNEGÓCIO, menos clima, menos consciência ambiental: Tarcísio de Freitas, o militar bolsonarista dito "moderado", veta educação climática em escolas após lançar Agro Jovem

 

Governo de SP vetou PL de educação climática 12 dias após anunciar plano de envolver estudantes a favor dos interesses antiecológicos do agronegócio




Do site Pública:

Mais agro, menos clima: Tarcísio veta educação climática em escolas após lançar Agro Jovem

Por Gabriel Gama

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vetou o Projeto de Lei nº 80/2023, que incluía conteúdos sobre as mudanças climáticas na grade curricular das escolas estaduais de São Paulo, 12 dias após ter anunciado o programa Agro Jovem, destinado a “incentivar a participação da juventude no agronegócio paulista”. O PL havia sido aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e recebeu a oposição do governo paulista no mês passado. Segundo especialistas ouvidos pela Agência Pública, o movimento “oficializa” a oposição da gestão à educação climática.

A Pública apurou que a equipe mais próxima ao governador está envolvida na elaboração do Agro Jovem, que inclui ações educativas em universidades e escolas estaduais de ensinos médio e fundamental II e prevê o recrutamento de estudantes para compor um “conselho” da juventude rural. O programa também oferecerá 200 vagas de estágios na Secretaria de Agricultura e Abastecimento e premiações de projetos desenvolvidos pelos estudantes, mas ainda depende de decreto para ser instituído.

As emissões de gases causadores do efeito estufa pela agropecuária corresponderam a 22,7% do total emitido em 2023 pelo estado de São Paulo, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases (Seeg), do Observatório do Clima. O setor ocupa a segunda posição no ranking de maiores emissores do estado, ficando atrás apenas do de energia.

O veto de Tarcísio ao PL 80/2023 foi publicado no Diário Oficial em 8 de outubro. De autoria do deputado Guilherme Cortez (PSOL), o projeto previa a inclusão de conteúdos sobre as mudanças climáticas no programa de ensino da rede estadual, de maneira transversal e interdisciplinar. O texto havia sido aprovado pela Alesp em votação simbólica, quando a maioria dos parlamentares é favorável à proposta e apenas os votos contrários são computados. Somente oito dos 94 deputados votaram contra o projeto.

O deputado Guilherme Cortez (PSOL), autor do PL 80/2023, planeja dialogar com parlamentares para tentar derrubar o veto do governador Tarcísio

Em entrevista à Pública, Cortez afirmou que planeja dialogar com a base bolsonarista da Assembleia para derrubar o veto do governador. “O veto é uma sinalização clara do negacionismo que existe no governo e da pressão de setores econômicos que não querem o avanço da consciência da população em relação à mudança climática. Sabemos dos interesses políticos e econômicos dessa administração, que impedem o governador de ter uma postura coerente com o tema”, disse o parlamentar.

“O agronegócio é predominante no estado de São Paulo, principalmente no interior. É um setor que trabalha com métodos que são insustentáveis e causam emissão de poluentes na atmosfera, como as queimadas, o uso indiscriminado de agrotóxicos e as formas antiquadas e predatórias de uso do solo. É um setor que economicamente apoia o governo e para o qual o governo faz todas as sinalizações possíveis”, complementa Cortez.

A abertura para valorização do agronegócio nas escolas, como prevê o programa Agro Jovem, acentua um posicionamento do governo paulista quanto à priorização da educação climática. “A educação ambiental climática é realmente antagônica a essa dita educação sobre o agro, que parece muito com o movimento Escola Sem Partido. O agronegócio é o modelo da insustentabilidade”, afirma Rachel Trajber, coordenadora do Cemaden Educação, programa do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

Escola Sem Partido à la agro

O seminário Agrotalk Mind, promovido pelo governo de Tarcísio, marcou o lançamento do programa Agro Jovem e reuniu lideranças do agronegócio

O programa Agro Jovem foi apresentado durante o seminário Agrotalk Mind, cujo anfitrião foi o próprio governo paulista. Com o tema “A educação brasileira e o ecossistema da indústria agrocultural”, o encontro reuniu mais de 150 produtores rurais no Salão Nobre da Secretaria de Agricultura, no dia 26 de setembro. O evento teve ares de festa e foi organizado pela AGX Estratégias, agência de marketing comandada por Aryane Garcia, que integrou a campanha à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio.

O secretário-executivo de Agricultura, Edson Fernandes, apresentou o Agro Jovem no evento, que teve participação do deputado estadual Lucas Bove (PL), vice-presidente da Comissão de Educação da Alesp e que votou contra a aprovação do PL de educação climática, e da presidente da associação De Olho no Material Escolar, Letícia Jacintho.

A De Olho no Material Escolar foi criada em 2021 com o objetivo de “contribuir para uma educação positiva e atualizada sobre o agro”. A associação faz lobby entre os parlamentares e atua para revisar material didático que “demonizaria” o agro – tendo, inclusive, chamado atenção após ter criticado questões do Enem 2023 que envolviam o agronegócio.

Letícia Jacintho (de blusa preta), presidente da associação De Olho no Material Escolar, defende a valorização do agronegócio nas escolas

Jacintho, que vem de família ruralista, disse em entrevista ao podcast da revista agropecuária Coopercitrus que “pode-se fazer propaganda dizendo que o ‘agro é pop’ e o ‘agro é tudo’ ou qualquer outro tipo de publicidade, mas se não consertarmos a base, que é a educação, será muito difícil conseguir mostrar toda a grandeza do agronegócio”.

Em entrevista ao Canal Rural durante o Agrotalk Mind, o deputado Lucas Bove enalteceu o foco do evento no que chamou de “doutrinação nas escolas contra o agronegócio”. “A ideia [do Agro Jovem] é justamente fazer com que esse tipo de problema não ocorra mais e que a gente possa, de fato, ter uma educação de qualidade que não prejudique o nosso agronegócio e também ajude o produtor rural”, disse o parlamentar.

“Nós [lideranças do agronegócio] estamos correndo atrás do prejuízo e do tempo em que não nos envolvíamos com política e não fazíamos questão de debater o que nossos filhos estão aprendendo na escola. Eu vejo vídeos de meninas e meninos que mudaram completamente a personalidade e estão irreconhecíveis por conta daquilo que é ensinado ideologicamente nas escolas”, afirmou Aryane Garcia, idealizadora do Agrotalk Mind, em entrevista ao portal Notícias Agrícolas.

Durante o evento, foi assinado um protocolo de intenções entre a Secretaria de Agricultura e o Instituto Presbiteriano Mackenzie, com o objetivo de firmar um “projeto de qualificação e formação especializada, teórico e prático de estudantes universitários e a transferência de conhecimento por meio de estágios”. O diretor do instituto, Milton Flávio, recebeu a “joia do agro”, banhada em ouro de 18 quilates.

Aryane Garcia, idealizadora do Agrotalk Mind, entrega a “joia do agro” ao diretor do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Milton Flávio, em evento do setor

Diálogo e coincidência de objetivos

À Pública, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento afirmou que o programa Agro Jovem “busca fortalecer o diálogo entre a sociedade civil e o poder público, estimulando o desenvolvimento de soluções inovadoras e a formação de uma nova geração de profissionais qualificados para o agronegócio”. 

A pasta negou que o Agro Jovem tenha qualquer relação com a associação De Olho no Material Escolar, “apesar de ambos possuírem objetivos convergentes, como capacitação da juventude, divulgação do setor agropecuário e difusão das características do segmento”.

A secretaria acrescentou que “tem diálogo aberto e recebe os pleitos desta e qualquer outra iniciativa com objetivo pedagógico e de conscientização, quando fundamentadas na produção científica e acadêmica disponível e que demonstram a sustentabilidade e contribuição social da agropecuária para o desenvolvimento da sociedade”.

Procurada, a De Olho no Material Escolar afirmou que “iniciativas que tenham os mesmos princípios e propósitos são bem recebidas”. A entidade negou que tenha qualquer participação no programa Agro Jovem. Em relação ao PL de educação climática vetado por Tarcísio, a De Olho afirmou que “desconhece seu teor e, portanto, reserva-se à posição de não comentá-lo”.

A reportagem também procurou o governo de São Paulo, mas não houve retorno até a publicação.

Na contramão da tendência nacional e internacional

Presidente Lula sanciona lei que inclui mudanças climáticas na Política Nacional de Educação Ambiental, fortalecendo diretrizes nacionais

Tarcísio de Freitas apresentou dois programas estaduais como razões para o veto ao projeto de lei: o “Escola Mais Segura”, que trata sobre resiliência estrutural das escolas e não cita educação climática, e “Alfabetização Ambiental”, que promove temáticas socioambientais no ensino público.

Para a professora de educomunicação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e membro da Coalizão Brasileira pela Educação Climática Thaís Brianezi, as justificativas apresentadas pelo governador durante o veto ao PL não seriam suficientes para garantir a implementação da educação climática.

“Há uma certa distância entre a educação ambiental e as ciências do clima. Por isso, o governo federal considerou importante que a educação climática fosse uma prioridade e constasse como um destaque dentro da política de educação. Cai por terra a justificativa do Tarcísio, porque, senão, o governo Lula também teria reconhecido que não era necessário fazer essa inclusão.”

Em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei nº 14.926/2024, fruto de um projeto de lei apresentado pelo Senado. A legislação inclui as mudanças do clima, a proteção da biodiversidade e os riscos e vulnerabilidades a desastres socioambientais na Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), instituída em 1999. Na prática, o veto de Tarcísio à educação climática não impede as escolas estaduais de abordarem o tema em sala de aula, já que a atualização na PNEA supre essa lacuna.

Diretrizes para a educação sobre mudanças climáticas também estão estabelecidas por organizações internacionais. A Unesco, órgão das Nações Unidas para a educação, promove a iniciativa Greening Education Partnership, que estimula a colaboração entre governos e a sociedade civil para incentivar a educação climática. A 29ª Conferência do Clima da ONU (COP29), que se encerrou na semana passada, também teve programações voltadas para a educação.

“É lamentável, simboliza uma não priorização do tema”, analisa Brianezi. “Da maneira como foram pautados esses dois movimentos antagônicos, um ganhando projeção e espaço na agenda [a educação sobre o agro], e o outro sendo simplesmente vetado [a educação climática], passa a mensagem de que o governador não quer rever os privilégios que o agronegócio desfruta e nem repensar as práticas da agricultura industrial. Quando o governador veta, ele está se comportando como o capitão do Titanic, que não deixou soar os sinos da emergência.”

Edição: Ed Wanderley

Reinaldo Azevedo – CCJ do Fim do Mundo da Câmara, dirigida pela extrema-direita bolsonarista, aprova, na prática, uma espécie de legalização do estupro

 

Da Rádio BandNews FM:




Reinaldo Azevedo: O corte de gastos do governo e os fanáticos da direita vampiresca e apedeuta contra os pobres

 

Da Rádio BandNews FM




quarta-feira, 27 de novembro de 2024

KIDS PRETOS CRIARAM UM GRUPO À PARTE NO EXÉRCITO | LUIS NASSIF NO ICL NOTÍCIAS

 

Da TV GGN e ICL Notícias:




Portal do José: NA HORTA DAS RATAZANAS KIDS PRETO DE BOLSONARO UMA CHUVA DE CRIMES! BOLSONARO SEM SAÍDA: 02 IMPLORA SURREAL ANISTIA! O INQUÉRITO E AS CENAS SINISTRAS!

  Do Portal do José:

27/11/24 - INQUÉRITO EXPOSTO MOSTRA A VIDA DO CLÃ. CRIMES DESDE O BERÇÁRIO. SEM SAÍDA. PGR TERÁ QUE DENUNCIAR SIGAMOS



Reinaldo Azevedo: As 884 páginas relatando golpismo de Bolsonaro são públicas. E mostrou que o fascismo armado é pior do que parecia

 

Da BandNews FM:




Bolsonaro, o INIMIGO da Democracia ("formado" por militares) em artigo de Igor Carvalho

 Bolsonaro atuou para o golpe de Estado com apoio de militares


Em seu relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no país em 2022, a Polícia Federal (PF) afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha “plena consciência” do plano para a ruptura democrática e que atuou para que a medida fosse adotada.

“Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, afirma a PF em seu relatório, que foi liberado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (26).

Durante a investigação, os agentes federais escutaram os depoimentos dos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, que afirmaram que Bolsonaro convocou reuniões no Palácio do Planalto, após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, em novembro de 2022.

O intuito dos encontros seria organizar um plano para a implementação de um golpe de Estado no país, para a manutenção de Bolsonaro no poder. De acordo com os ex-comandantes, o ex-presidente apresentou um documento que detalhava as hipóteses em que a ruptura democrática seria provocada.

“Em outra reunião no Palácio da Alvorada, em data em que não se recorda, o então presidente Jair Bolsonaro apresentou uma versão do documento com a decretação do estado de defesa e a criação da comissão de regularidade eleitoral para ‘apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral'”, disse o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes.

Em seu depoimento, do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, afirmou que Bolsonaro teria sido alertado por ele que, caso continuasse com a tentativa de golpe de Estado, teria que ser preso.

“Em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ou estado de defesa, ou estado de sítio, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, afirmou Baptista.

Igor Carvalho – Brasil de Fato

Bob Fernandes: General criminoso convidou Chefe do Exército pra golpe e não foi preso... E PF põe Bolsonaro no centro do alvo

 Do Canal do analista e jornalista político Bob Fernandes:




terça-feira, 26 de novembro de 2024

Reportagem de Igor Mello e Juliana Dal Piva: Bolsonaro articulou golpe de Estado previsto para 15 de dezembro, diz PF

 

A quebra do sigilo do relatório da PF que indiciou golpistas afirma que Bolsonaro discutiu teor de decreto golpista com assessor, padre e comandantes das Forças Armadas

Do ICLNotícias:

Colunistas ICL

Bolsonaro articulou golpe de Estado previsto para 15 de dezembro, diz PF





Igor Mello

A PF (Polícia Federal) encontrou evidências de que o ex-presidente Jair Bolsonaro se envolveu diretamente na articulação de um golpe de Estado após perder a eleição de 2022.

A trama golpista tinha até mesmo data: 15 de dezembro de 2022, dia em que militares com treinamento em operações especiais, conhecidos como kids pretos, foram às ruas para capturar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

“De acordo com os elementos de prova colhidos, o golpe deEstado seria consumado no dia 15 de dezembro de 2022. Nesta data, uma equipe de militares Forças Especiais executaria a ordem de prisão/execuçãodo ministro ALEXANDRE DE MORAES. No dia 16 de dezembro de 2022, após aconsumação da ruptura institucional, seria criado o Gabinete Institucional deGestão de Crise, formado em quase a totalidade por militares, sob comandodos Generais HELENO e BRAGA NETTO, havendo poucos civis, dentre eles FILIPEMARTINS”, mostra trecho do relatório da PF.

Um grupo de ao menos seis oficiais do Exército de fato foi às ruas de Brasília para tentar capturar o ministro Alexandre de Moraes. Conversas em aplicativo de mensagens obtidas pelos investigadores mostram que os militares, integrantes dos chamados kids pretos, mostram que eles estiveram posicionados para o sequestro do ministro até as 21h de 15 de dezembro

O plano foi abortado porque Moraes saiu do STF antes do esperado pelos militares, frustrando o plano.

Minuta do golpe

A PF encontrou diversos elementos que ligam Bolsonaro à elaboração da chamada minuta do golpe, manobra jurídica que marcaria a ruptura institucional e determinaria a prisão de seus desafetos.

A primeira versão foi apresentada por Filipe Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais, e previa as prisões dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.

De acordo com as evidências achadas pela PF, Bolsonaro se engajou pessoalmente na elaboração da minuta do golpe por quase um mês. A primeira versão foi apresentada por Filipe Martins em novembro.
No dia 19 de novembro, Martins levou o padre José Eduardo de Oliveira e Silva –que também ajudou a elaborar a minuta– ao Palácio do Alvorada, onde Bolsonaro seguia recluso após a derrota. Os dois chegaram na residência oficial do presidente às 14h59, segundo registros de entrada encontrados pela PF.

“JAIR BOLSONARO, com apoio do núcleo jurídico da organização criminosa, elaborou um Decreto que previa uma ruptura institucional, impedindo a posse do governo legitimamente eleito, estabelecendo a Decretação do Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral e a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral para apurar a “conformidade e legalidade do processo eleitoral”, diz trecho do relatório.

Acompanhado do ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira, Bolsonaro apresentou a minuta aos comandantes das três forças pela primeira vez em 7 de dezembro. Foi nessa reunião em que os comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, se negaram a aderir ao golpe.

Diante da recusa, Bolsonaro convocou o general Estevam Theophilo, àquela altura comandante do Coter (Comando de Operações Terrestres) do Exército, para propor o golpe. Segundo a PF, Theophilo se comprometeu a colocar suas tropas a serviço do golpe, caso Bolsonaro assinasse a minuta.

ICL NOTÍCIAS 2 - 26/11/2024 - XANDÃO EXPÕE ENVOLVIMENTO DIRETO DE JAIR EM TENTATIVA DE GOLPE!

 

Do Canal Instituo Cinhecimento Liberta




O golpismo e o limite da tolerância, por Aldo Fornazieri

 

"Bolsonaro e os bolsonatistas, Nicolas Ferreira, Pablo Marçal, Bruno Engler e tantos ouros precisam ser combatidos como intolerantes"


Jair Bolsonaro durante participação em evento em Goiânia, 04/04/2024
Jair Bolsonaro durante participação em evento em Goiânia, 04/04/2024 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

247. Todo o Brasil já sabia que Bolsonaro e a cúpula bolsonarista haviam conspirado para dar um golpe para permanecer no poder e evitar a posse de Lula. A preparação desse caminho foi longa: começou com discursos e atos golpistas desde o início do governo Bolsonaro e culminou com o 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e depredadas. Ataque às eleições, motociatas, manifestações, reuniões, convocação de embaixadores, bloqueios de estradas e ruas, acampamentos em frente a quarteis do exército foram momentos articulados de incitação permanente ao golpe. Dois dias se destacam nesse processo: o dia 12 de dezembro de 2022, com a diplomação de Lula, quando distúrbios e tentativas de atentados sacudiram Brasília, e o dia 15 de dezembro, quando os golpistas planejaram desfechar atos violentos contra Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, com a subsequente instalação de um gabinete de gestão de crise golpista.

Esse último episódio, no qual se revelou o planejamento do assassinato do presidente, do vice e do ministro do STF, só veio à tona na última semana, alguns dias após o atentado contra o STF perpetrado por Francisco Wanderlei Luiz. Pelo que foi divulgado até agora, a Polícia Federal fez um trabalho de investigação muito consistente, com fartas provas materiais, para denunciar Bolsonaro e mais 36 integrantes da cúpula golpista, incluindo os generais Braga Neto e Augusto Heleno. 

A cúpula golpista foi denunciada por três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa. A soma total das penas pode chegar a 28 anos de prisão. Passado o espanto inicial das revelações sobre o plano golpista, o assunto caiu numa certa normalidade. Nenhuma grande mobilização ocorreu. As manifestações de repúdio também não fugiram muito à normalidade. 

Os democratas e as esquerdas perderam várias oportunidades de derrotar politicamente o bolsonarismo e o golpismo desde a posse de Lula. O 8 de janeiro foi a mais efusiva e evidente. Por incrível que pareça, os progressistas e as esquerdas escolheram permanecer numa pacata posição de defensiva, assumindo a retórica da normalidade democrática, quando não da necessidade de pacificação, numa circunstância histórica em que a extrema-direita move uma guerra permanente contra o governo e contra tudo o que é progressista.

O defensivismo resultou numa estrondosa derrota nas eleições municipais. Que Lula, como presidente e como chefe de Estado, promova o discurso da paz, da concórdia, da civilidade democrática e da união, tudo certo. Mas ele não pode se esquecer nunca do paradoxo de Maquiavel: “o príncipe guerreiro em incrédulo deve proclamar a paz e a fé”. Proclamar a paz e a fé não significa deixar de fazer a guerra. E Lula deveria instruir o seu estado-maior, os seus “exércitos”, a promoverem a guerra política contra o bolsonarismo, contra o golpismo e contra o extremismo de direita. 

Ocorre que estado-maior (o comando das esquerdas) não é constituído por “generais” de campo, mas por “generais” de gabinete. Parafraseando Júlio César: são generais sem exércitos e os grupos militantes e ativistas são exércitos sem generais. 

O fato é que há bastante tempo, as esquerdas e os progressistas delegaram a tarefa de combater o golpismo ao STF, ao TSE e, agora, à Polícia Federal. Que as instituições do Estado Democrático façam sua parte e cumpram a Constituição, é louvável. Que as esquerdas e os progressistas se furtem de impor uma derrota política ao bolsonarismo e ao golpismo, é criticável. 

Este é o momento de derrotar o golpismo. A derrota precisa abranger três aspectos: o jurídico, o político e o moral. O jurídico implica no julgamento e na condenação dos golpistas. O político significa numa forte ofensiva política para desnaturalizar o discurso golpista, que se manifesta em várias narrativas e expressões retóricas. O moral implica na denúncia permanente do caráter criminoso do golpismo e em ações e manifestações que visem deslegitimar não só o golpismo, mas a natureza fascista, antipopular e anti-direitos do bolsonarismo golpista. 

Em que pese a perspectiva da cúpula golpista ser presa, há, contudo, um grande risco. Se os democratas e as esquerdas não fizerem sua parte, a extrema-direita pode assumir uma nova ofensiva pela anistia e pela libertação dos presos, com todo tipo de argumento mentiroso

Impor uma derrota política e moral ao golpismo significa deslegitimar o discurso de que o 8 de janeiro não passou de uma depredação de prédios públicos. Significa denunciar a bandeira da anistia como uma bandeira de estímulo ao golpe, à violência e à impunidade. Significa não aceitar a minimização dos atos de 12 de dezembro de 2022 e o recente atentado contra o STF. Significa denunciar os acampamentos diante dos quartéis como apelo e incitação golpista aos militares. Significa desmascarar os bloqueios das estradas e de ruas como atos atentatórios ao Estado de Direito. Significa imputar os golpistas a qualificação de terroristas por terem cometido atos violentos e por planejarem o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. As narrativas golpistas precisam ser deslegitimadas no Congresso, nas redes e nas ruas. 

Os progressistas e as esquerdas precisam ser tolerantes apenas com aqueles que são tolerantes, que querem dialogar, buscar consensos a partir do reconhecimento das diferenças. Com os intolerantes não se pode ser tolerante. Convém lembrar o paradoxo da tolerância de Carl Popper: “tolerância ilimitada levará ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos tolerância até àqueles que são intolerantes, se não estamos prontos para defender a sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, juntamente com a tolerância”.

Popper não está dizendo que se saia por aí a brandir ideias intolerantes. Mas cobra uma ação combativa quando os intolerantes agem para destruir a tolerância, a democracia, a liberdade, os direitos e o Estado de Direito. Se for necessário é preciso usar a força do Estado de Direito para coibir a intolerância. Não há meio termo nisso: ou a intolerância é combatida ou ela destruirá a tolerância. 

Ele acrescenta: “Devemos afirmar que qualquer movimento que prega a intolerância está fora da lei, e considerar criminoso o incitamento à intolerância e perseguição, da mesma forma que é criminoso o incitamento ao homicídio, ao rapto e ao reavivar da escravatura”. Falta essa clareza e essa firmeza aos progressistas e às esquerdas. 

Bolsonaro e os bolsonatistas, Nicolas Ferreira, Pablo Marçal, Bruno Engler e tantos ouros precisam ser combatidos como intolerantes. Não se pode aceitar as teses, discursos e práticas fascistas e golpistas desses segmentos como algo legítimo e normal na democracia. 

Cortes 247

RELACIONADOS