Inúmeros apoiadores de Bolsonaro utilizaram apetrechos e outras simbologias nazistas, ao passo em que mais de 300 células de nazismo foram localizadas no país. O que estará interligando as histórias passadas e recentes?
Texto de Ana Cláudia Laurindo, publicado originalmente no Repórter Nordeste
O que o povo brasileiro sabe sobre Holocausto e Ditadura Militar?
A impressão que temos a priori é muito desanimadora do ponto de vista humanitário.
Diásporas, holocaustos, ditaduras, parecem palavras desconexas para o brasileiro médio, que não se interessa pelas rotas coletivas, usando toda energia existencial no consumo de si e de coisas.
Essa lacuna foi de extrema utilidade ao bolsonarismo.
Povo que conhece minimamente os terrores de se derramar sangue humano pela sanha de domínio ideológico, político, econômico, não consegue apoiar narrativas anti-vida, não importando quem seja o alvo.
27 de janeiro é uma data para ser explorada, aberta em imagens e memórias, na esperança de que o holocausto não se repita.
Contudo, a distopia brasileira contabiliza 570 mortes prematuras de crianças indígenas, motivadas por desnutrição, doenças tratáveis (não tratadas) e efeitos da invasão do garimpo em terras e águas destes povos. Um holocausto nas florestas de Roraima.
Inúmeros apoiadores de Bolsonaro utilizaram apetrechos e outras simbologias nazistas, ao passo em que mais de 300 células de nazismo foram localizadas no país. O que estará interligando as histórias passadas e recentes?
A motivação sanguinária, por um poder que legitima a dizimação de grupos considerados desnecessários ao projeto econômico imposto.
No parêntese hitleriano inúmeros serviram aos seus propósitos por acreditarem na superioridade da raça ariana e no Brasil, neste hiato de obscuridade, inúmeros seguiram o bolsonarismo por sentimento de pertença aos vencedores, aos escolhidos, aos ungidos, que no resumo, coloca todos no mesmo ponto de sedução pelo poder.
Precisamos falar mais sobre estas histórias.
Ainda não saímos da zona de risco como seria desejável.
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