domingo, 13 de outubro de 2024

Extrema-direita bolsonarista e negacionista prioriza ataques à ciência e à Universidade

 

Extrema-direita prioriza ataques a pesquisadoras porque, além de subjulgá-las, elas trazem à tona dados que contrariam interesses de grupos econômicos

Do Jornal GGN:

Crédito: Reprodução/ TVGGN

Nova Economia: Como a indústria da desinformação ataca a ciência brasileira?


A coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Luciana Gatti, relatou que sofre uma série de represálias pelo seu trabalho, que consiste em ressaltar como o agronegócio é o maior responsável pela devastação do meio ambiente. 

Consequentemente, a pesquisadora está sofrendo represálias de figuras da extrema-direita, fato que ela atribui ao fato de ser mulher, mas também por falar, a partir de dados e estudos, o óbvio em relação ao meio ambiente. Ao afirmar, em uma entrevista, que os incêndios em todo o país foram provocados para atender aos interesses do agronegócio. 

Em vez de apoio ou influenciar políticas públicas, Gatti foi advertida pelo secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, que considerou suas falas criminosas e pediu explicações ao Ministério da Ciência e Tecnologia. 

“Você não vê a extrema-direita ir assim para o lado de homem. A extrema-direita é covarde. Covarde, porque quem vai em cima de mulher com toda essa agressividade é covarde. Vamos começar pelo secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. O cara é secretário da Agricultura e vê as lavouras do Estado de São Paulo queimando com fogo provocado. O cara está furioso atrás dos criminosos que tacaram fogo na lavoura que ele tem que cuidar? Não, ele chama de criminosa a cientista que afirma que aquilo tem por trás uma organização que não é pequena, porque em um único dia quase 1.900 focos de incêndio no Estado de São Paulo”, comenta a entrevistada do programa Nova Economia, da última quinta-feira (11).

Além da represália, Luciana afirmou ainda que já era monitorada e, durante uma entrevista em que abordava os incêndios criminosos, sua ligação caiu e ela demorou um tempo até conseguir se reconectar.

“No dia seguinte, de manhã, os senadores da extrema direita já tinham convocado a ministra, com ofício de dois sindicatos, de pessoal ligado à produção de cana-de-açúcar”, continua.

Desinformação

Também convidada do programa Nova Economia, a fundadora do Netlab Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marie Santini, explicou que os ataques são resultantes de dois fatores específicos. Além de confrontar interesses econômicos, a exemplo do agronegócio, a produção científica no Brasil e no mundo nunca avançou a passos tão largos, tanto que a ciência foi capaz de desenvolver, em dois anos, uma vacina para conter uma pandemia global. 

“Então tudo está extremo, tudo está realmente muito sobressalente, o ódio está mais explícito, a violência está mais explícita, esses grupos estão aparecendo mais porque a gente está na véspera do fim do mundo”, afirma Marie.

A docente da UFRJ também acrescentou que a desinformação é uma indústria lucrativa, que se tornou um mercado paralelo sem regulação que cresceu de tal forma que é difícil para governos impor regras. Tanto que a União Europeia só teve êxito neste sentido por se tratar de um bloco econômico. 

“A eleição é o laboratório perfeito, em que pode entender causa e efeito, pois quando a eleição termina, há um ganhador. Fica mais fácil tentar entender o que funciona para manipular, quais são as táticas que influenciam determinados segmentos. Você consegue produzir estatística sobre esses experimento”, continua Marie Santini. 

Além da política, o mercado de informação é expressivo também na área da saúde, em que são vendidos todo tipo de produto praticamente sem fiscalização, pois enquanto a Anvisa não regula medicamentos e tratamentos na internet, é neste canal que as pessoas buscam cada vez mais informação sobre produtos que, muitas vezes, sequer são regulamentados. 

Veja o debate completo na TVGGN:

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