Texto de Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Rupert Sheldrake (foto) é um daqueles cientistas-pensadores a quem as pessoas inteligentes, em contato com suas ideias, dificilmente ficam indiferentes... Elas, logo de início, ou vêem nele uma espécie de "porta-voz" de intuições há muito acalentadas, mas ainda sem as palavras certas, ou, então, o odeiam por seus questionamentos provocativos à visão tradicional, positivista, determinista e materialista, de mundo, cultivada, e por várias maneiras, imposta pela cultura ocidental, em especial e com bastante ênfase, após a II Guerra Mundial.
Biólogo, bioquímico, pesquisador (inclusive de áreas consideradas por muitos como "marginais"), escritor e conferencista, Rupert Sheldrake, nascido em 1942, é um britânico que obteve o melhor e viu o pior daquilo que o ocidente pôde oferecer nós últimos 75 anos.
Estudou ciências naturais na Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde recebeu uma bolsa de estudos, graduando-se com distinção e onde também concluiu o doutorado em bioquímica. Estudou também Filosofia, em Harvard, nos EUA, com especial interesse nas áreas de Epistemologia e Filosofia da Ciência. Foi membro pesquisador de importantes instituições (Royal Society, Cambridge University - onde foi professor -, etc), com especial foco em biologia celular, bioquímica e fisiologia vegetal, sendo um dos co-descobridores, junto com Philip Rubery, do processo de transporte celular da auxina (hormônio que permitem o alongamento celular) e foi pesquisador importante no desenvolvimento de técnicas de cultivo agrícola em regiões semi-áridas, atualmente muito utilizadas em vários países, em especial a Índia. Desempenha ainda a função de diretor de pesquisas do Perrot-Warrick Project da Trinity College, Cambridge. Porém, o foco de interesse de Sheldrake nos últimos trinta anos tem se descolocado cada vez mais para as questões de epistemologia, ciência de fronteira e psicologia. Este interesse o fez tornar-se pesquisador e membro de instituições de pesquisa de vanguarda - para os quais uma parte dos cientistas tradicionais "normais" torce o nariz -, como o Instituto de Ciências Noéticas, IONS (Institute of Noetic Sciences), fundado pelo ex-astronauta Edgar Mitchell para incentivo e estudo de visões de mundo emergentes e potenciais pouco explorados da capacidade humana, incluindo estados alterados de consciência e fenômenos psi.
Estudou ciências naturais na Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde recebeu uma bolsa de estudos, graduando-se com distinção e onde também concluiu o doutorado em bioquímica. Estudou também Filosofia, em Harvard, nos EUA, com especial interesse nas áreas de Epistemologia e Filosofia da Ciência. Foi membro pesquisador de importantes instituições (Royal Society, Cambridge University - onde foi professor -, etc), com especial foco em biologia celular, bioquímica e fisiologia vegetal, sendo um dos co-descobridores, junto com Philip Rubery, do processo de transporte celular da auxina (hormônio que permitem o alongamento celular) e foi pesquisador importante no desenvolvimento de técnicas de cultivo agrícola em regiões semi-áridas, atualmente muito utilizadas em vários países, em especial a Índia. Desempenha ainda a função de diretor de pesquisas do Perrot-Warrick Project da Trinity College, Cambridge. Porém, o foco de interesse de Sheldrake nos últimos trinta anos tem se descolocado cada vez mais para as questões de epistemologia, ciência de fronteira e psicologia. Este interesse o fez tornar-se pesquisador e membro de instituições de pesquisa de vanguarda - para os quais uma parte dos cientistas tradicionais "normais" torce o nariz -, como o Instituto de Ciências Noéticas, IONS (Institute of Noetic Sciences), fundado pelo ex-astronauta Edgar Mitchell para incentivo e estudo de visões de mundo emergentes e potenciais pouco explorados da capacidade humana, incluindo estados alterados de consciência e fenômenos psi.
Detentor de um conhecimento enciclopédico e uma curiosidade intelectual rara - e, para alguns, temerária -, Rupert Sheldrake não se furtou a debates acalorados com representantes da escola mecanicista e materialista de interpretação cientifícista do mundo. Seus questionamentos à várias posições ou "dogmas" intelectuais de cientistas o tornaram figura conhecida. Veja-se, por exemplo, seus questionamentos aos posicionamentos de Richard Dawkins (clique aqui para assistir a um vídeo, em inglês, sobre este embate). Sua principal - e mais instigante e polêmica - contribuição teórica refere-se à chamada Teoria dos Campos Mórficos ou Morfogenéticos, apresentado com detalhes em vários de seus livros, em especial Uma Nova Ciência da Vida (Ed. Cultrix, São Paulo) e em A ressonância mórfica & a presença do passado (Ed. Piaget, Lisboa). Nesta teoria - que aproxima a biologia da Psicologia de Carl Gustav Jung e da teoria do Modelo Organizador Biológico do brasileiro Hernani Guimarães Andrade, bem como das ideias pioneiras de Ludwig von Bertalanffy, pondo-o ao lado de pesquisadores e epistemólogos como Prigogine, Maturana, Varela, Capra e Edgar Morin -, questiona-se a visão mecanicista cartesiana atualmente dominante, que dá por explicado qualquer comportamento dos seres vivos mediante o estudo analítico e linear de suas partes constituintes e sua posterior redução para as leis químicas e físicas. Ante tal modelo, Sheldrake propõe a ideia de que os elementos biofísicos e bioquímicos estruturais (proteínas, etc.) são postos em formação e atividade por ativação do DNA e orientação intercelular pelos campos morfogenéticos, os quais ajudam a compreender como os organismos adotam as suas formas e comportamentos característicos (um texto básico sobre a teoria pode ser lido clicando-se aqui).
Em tese, os campos morfogenéticos são campos de conformações estruturais, ou seja, atuam sobre o substrato biofísico direcionando formas, campos padrões, estruturas de ordem. Estes campos organizam não só o desenvolvimento de organismos vivos, mas também de cristais e moléculas e explicariam a ação psíquica entre seres vivos, que escapam ao modelo mecanicista de realidade, ainda em vigor. Veja um vídeo (legendado em português) onde o próprio Sheldrake apresenta sua teorias e implicações do Campo Morfogenético, clicando aqui.
Contudo, uma das maiores contribuições de Sheldrake está no questionamento e demonstração das "estruturas dogmáticas" que, conformando a percepção e pensamento de muitos cientistas, transformam a ciência - um empreendimento que deveria ser aberto e continuamente questionador dos limites do saber - em uma espécie de feudo semi-fechado, cientificista, onde novos guardiões da verdade decidem, a priori, o que é possível e impossível no mundo, dando a entender que já sabem tudo, ou ao menos, a essência da realidade que nos cerca.
Seu mais recente livro publicado em português, Ciência sem Dogmas, é, justamente, uma demonstração desta visão tacanha, onde "o maior delírio do pensamento científico atual é a crença de que ele ja compreende a natureza da realidade". Sheldrake, na obra, mostra que as pressuposições paradigmáticas mecanicistas implícitas na visão geral de muitos cientistas cristalizaram-se em dogmas que, no fim, por mais úteis que sejam ao pensamento do capitalismo - que, aliás, serve de "justificativa" a atacar o trabalho de gênios da ciência quando seus trabalhos contrariam os interesses do capital, como foi o caso, entre outros, de Nikola Tesla e suas pesquisas de produção e distribuição gratuita de eletricidade e transmissão sem fios-, estão restringido a própria ciência que acaba por ter traços de uma espécie de religião laica - o que, aliás, era a pretensão de certos filósofos positivistas, em especial Augusto Comte -, transformando a ciência em cientificismo. Sheldrake analisa cientificamente estes dogmas e aponta suas falhas, limitações e aspectos nocivos, mostrando que a ciencia seria mais rica, mais humana, mais atraente sem eles. Portanto, seu livro, como ele mesmo afirma, é "pró-ciência. Quero que ela seja menos dogmática e mais científica".
Seu mais recente livro publicado em português, Ciência sem Dogmas, é, justamente, uma demonstração desta visão tacanha, onde "o maior delírio do pensamento científico atual é a crença de que ele ja compreende a natureza da realidade". Sheldrake, na obra, mostra que as pressuposições paradigmáticas mecanicistas implícitas na visão geral de muitos cientistas cristalizaram-se em dogmas que, no fim, por mais úteis que sejam ao pensamento do capitalismo - que, aliás, serve de "justificativa" a atacar o trabalho de gênios da ciência quando seus trabalhos contrariam os interesses do capital, como foi o caso, entre outros, de Nikola Tesla e suas pesquisas de produção e distribuição gratuita de eletricidade e transmissão sem fios-, estão restringido a própria ciência que acaba por ter traços de uma espécie de religião laica - o que, aliás, era a pretensão de certos filósofos positivistas, em especial Augusto Comte -, transformando a ciência em cientificismo. Sheldrake analisa cientificamente estes dogmas e aponta suas falhas, limitações e aspectos nocivos, mostrando que a ciencia seria mais rica, mais humana, mais atraente sem eles. Portanto, seu livro, como ele mesmo afirma, é "pró-ciência. Quero que ela seja menos dogmática e mais científica".
A profundidade, alcance e estímulo intelectual desta obra é difícil de ser resumida em poucas palavras. Sugerimos que o leitor interessado veja o seguinte vídeo abaixo (com legendas em português) onde o próprio Rupert Sheldrake faz uma apresentação geral do mesmo e que, claro, leia o livro.
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