Um editorial surpreendente e uma matéria publicada no Diário Centro do Mundo causam dúvidas na confiança que podemos ter na oligarquia da família Marinho
11/08/2015
A famiglia Marinho, que utilizou todos os veículos que compõe a sua propriedade cruzada na mídia para desgastar o governo Dilma e para insuflar as marchas golpistas de março e abril, parece que desembarcou da aventura dos que propõem o impeachment da presidenta. Em editorial nesta sexta-feira (7), a jornal O Globo criticou o oportunismo do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, e a “marcha da insensatez” da oposição. Também circula a informação de que um dos chefões da corporação, João Roberto Marinho, teria se reunido com nove dos 13 senadores do PT para defender “que Dilma seja sucedida por quem ganhar as eleições de 2018. Ou seja, impeachment, não”.
No editorial, intitulado “Manipulação do Congresso ultrapassa limites”, o jornalão anuncia o seu rompimento com Eduardo Cunha, a quem sempre protegeu. “Ele age de forma assumida como oposição ao governo Dilma na tentativa de demonstrar força para escapar de ser denunciado ao Supremo, condenado e perder o mandato, por envolvimento nas traficâncias financeiras desvendadas pela Lava-Jato. Daí, trabalhar pela aprovação de ‘pautas-bomba’, destinadas a explodir o Orçamento e, em consequência, queira ou não, desestabilizar de vez a própria economia brasileira... Se a conjuntura já é muito ruim, a situação piora com o deputado manipulando com habilidade o Legislativo na sua guerra particular contra Dilma e petistas. Equivale ao uso de arma nuclear em briga de rua, e com a conivência de todos os partidos, inclusive os da oposição”.
Ao final, a famiglia Marinho faz um apelo à paz: “É preciso entender que a crise política, enquanto corrói a capacidade de governar do Planalto, turbina a crise econômica, por degradar as expectativas e paralisar o Executivo. Dessa forma, a nota de risco do Brasil irá mesmo para abaixo do ‘grau de investimento’, com todas as implicações previsíveis: redução de investimentos externos, diretos e para aplicações financeiras; portanto, maiores desvalorizações cambiais, cujo resultado será novo choque de inflação. Logo, a recessão tenderá a ser mais longa, bem como, em decorrência, o ciclo de desemprego e queda de renda. Tudo isso deveria aproximar os políticos responsáveis de todos os partidos para dar condições de governabilidade ao Planalto”.
Se o editorial já havia surpreendido os que conhecem a história sinistra e golpista da Globo, o texto postado por um “anônimo” do blog Diário do Centro do Mundo gerou ainda maiores questionamentos sobre as movimentações recentes da famiglia Marinho. Vale conferir:
Dilma deve ser sucedida por quem ganhar em 2018, disse João Roberto Marinho a senadores do PT
João Roberto Marinho pediu encontro com os senadores do PT, na última quarta-feira.
Dos 13, nove aceitaram.
Durou quase duas horas. Ele abriu, dizendo-se muito preocupado com as “maluquices” de Eduardo Cunha na Câmara, que não comprometem apenas o próximo governo, mas o futuro do País;
Durante todo o tempo, escutou as queixas dos senadores, um por um, sobre a parcialidade, os dois pesos, duas medidas, as abordagens dos repórteres querendo declarações que apenas preencham a verdade que já está pré-estabelecida, a repercussão nula do que os governos Lula e Dilma fizeram pelo Brasil.
Recados que foram dados a ele: 1) não mexam com Lula – todos estavam ainda muito mordidos com a charge do Chico [Caruso] do dia anterior (“agora só falta você”), pois o Brasil pode pegar fogo e eles não vão ser bombeiros; 2) na mesma direção, não temos controle sobre nossa base social e é imprevisível a reação que se virá ante uma hipotética prisão de Lula.
Ele pediu desculpas, “ou os senhores estão enganados, ou nós estamos errando feio”, comprometendo-se a levar a avaliação geral dos senadores para os editores.
Disse ainda que, realmente, a cumplicidade entre jornalistas e procuradores de Curitiba, hoje, representa um fator de instabilidade, mas jogou a culpa no PT, “que deu início a essa parceria”. Ao final, pediu para o governo controlar sua base na Câmara.
Três hipóteses sobre o “recuo tático”
O que teria levado o poderoso império global a, aparentemente, abandonar a “marcha da insensatez” dos golpistas e a rifar o lobista Eduardo Cunha? Há pelos menos três hipóteses consistentes:
1- A crise política, insuflada pela oposição demotucana, os grupelhos fascistas e a própria mídia privada, agravou o cenário econômico. Setores empresariais, inclusive do ramo financeiro, temem pela deterioração dos seus negócios, dos seus lucros. A aposta no impeachment e na instabilidade permanente poderia contagiar ainda mais a economia. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda da ditadura e influente interlocutor das elites, já alertou que “esse impasse não pode continuar por muito tempo, porque quem vai pagar um preço muito alto é a sociedade brasileira”. No mesmo rumo, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista à Folha, apontou que “a crise política é mais forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento”. O Grupo Globo, que também sente os impactos da crise econômica, estaria tentando evitar o descarrilamento.
2- A famiglia Marinho, que historicamente sempre incentivou golpes e apostou na desestabilização de governos que não rezam da sua cartilha, teme que a crise atual gere convulsões sociais, acirrando ainda mais a luta de classes no país. Ela sabe que o Brasil não é o Paraguai ou Honduras, onde recentes golpes judiciais-midiáticos obtiveram êxito. Nestes países, a esquerda social e política era muito frágil. No Brasil, apesar das debilidades, as organizações populares e os partidos de esquerda ainda têm força e representatividade. A capacidade de reação é muito maior, o que tornaria infernal a adoção de um impeachment. O império global pode até saber como orquestrar e iniciar um golpe, mas não sabe como ele terminará. As consequências poderão ser trágicas, com alguns dias valendo anos em termos de politização e mobilização da sociedade contra as elites golpistas.
3- Por último, a famiglia Marinho não confia totalmente nas peças que estão em jogo para suceder a presidenta num possível impeachment. Michel Temer, o vice-presidente, tem telhado de vidro. Seu partido, o PMDB, é um dos principais focos da midiática Operação Lava-Jato. No caso da impugnação da chapa que venceu democraticamente as eleições do ano passado, quem assume é Eduardo Cunha. A Rede Globo até tentou se apresentar como porta-voz do lobista, escondendo sua história de achacador. Hoje, porém, parece que já rifou o aventureiro. No campo da oposição demotucana, o império global sabe que não há unidade entre os seus caciques. As bicadas são cada vez mais sangrentas no ninho entre o cambaleante Aécio Neves, o calculista José Serra e o pragmático Geraldo Alckmin. Uma nova eleição poderia ainda causar péssimas surpresas. “Se Dilma renunciar ou se sofrer impeachment, Lula é quem mais ganhará”, alertou nesta sexta-feira (7) a colunista Ruth de Aquino na revista Época, uma das preferidas da famiglia Marinho.
Dinheiro, dinheiro e dinheiro
Há ainda outras hipóteses sobre o “recuo tático” do império global. O jornalista Paulo Nogueira bate na tecla:
*****
A Globo não é exatamente original quando procura argumentos para suas atitudes. O que a move é sempre um desses três fatores: dinheiro, dinheiro e dinheiro. É dentro dessa premissa imutável que se deve buscar a grande questão que emergiu depois do editorial em que a empresa rompe com o golpe. Em 1964, a adesão aos golpistas foi motivada por dinheiro. E isso veio em proporções monumentais. Uma editora medíocre, com um jornal de segunda linha, virou o que virou com as mamatas dadas pelos militares em troca do apoio à ditadura. Agora, a Globo perderia muito dinheiro – e provavelmente o futuro – se alinhando com os golpistas. Não dando certo o golpe - e não daria - o risco era ver secar a verba multimilionária da propaganda federal”.
O gesto da Globo se explica e se encerra no dinheiro. Muito se especulará sobre os detalhes que se traduzirão nisso – dinheiro. Mas uma coisa é batata. Os aloprados da Globo entenderam perfeitamente o editorial. Assim como elevaram brutalmente o tom nos últimos meses, agora diminuirão na mesma proporção. Roberto Marinho sabidamente gostava de papistas, gente que obedece sem restrições ao Papa. Evandro de Andrade, chefe de jornalismo do Globo e depois da TV Globo, convenceu RM a dar-lhe o cargo com uma carta em que garantia ser papista. Os irmãos Marinhos, como o pai, também gostam de papistas. Dada a ordem contida no editorial, esperarão de seus aloprados, de Kamel a Merval, uma resposta imediata. E eles sabem disso.
De fato, a hipótese da razão monetária tem consistência. Basta lembrar o balanço publicado pelo repórter Fernando Rodrigues, do site UOL, no final de junho passado. O estudo revelou que a Rede Globo e as cinco emissoras do grupo (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014). O montante é ainda maior se somado aos valores pagos às afiliadas. A RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade estatal federal de 2003 a 2014; a Rede Bahia teve um faturamento de R$ 50,9 milhões no mesmo período. Já a TV Tem, maior afiliada da TV Globo no país, de propriedade de J. Hawilla, empresário metido nos escândalos de corrupção na Fifa, faturou R$ 8,5 milhões de publicidade estatal federal somente em 2014.
Somada todas estas possíveis explicações para o “recuo tático”, mesmo assim fica a pergunta: dá para confiar? A história do Brasil – com o suicídio de Vargas, a desestabilização de Kubitschek, o golpe contra Jango, o boicote às Diretas-Já, a farsa do “caçador de marajás”, a blindagem ao “príncipe da privataria” e outras ações golpistas – desaconselha qualquer tipo de ilusão no que se refere à famiglia Marinho. A conferir como será a “cobertura jornalística” dos seus vários veículos nos próximos dias. Nas marchas golpistas de março e abril, a TV Globo chegou a mudar a sua grade de programação para apoiar os grupelhos fascistas. Celebridades globais produziram vídeos conclamando os protestos. “Calunistas” ficaram excitados com o “Fora Dilma”. E agora? Como a Rede Globo se comportará? O editorial e a confissão de João Roberto Marinho são para valer ou só para enganar os ingênuos?
Dos 13, nove aceitaram.
Durou quase duas horas. Ele abriu, dizendo-se muito preocupado com as “maluquices” de Eduardo Cunha na Câmara, que não comprometem apenas o próximo governo, mas o futuro do País;
Durante todo o tempo, escutou as queixas dos senadores, um por um, sobre a parcialidade, os dois pesos, duas medidas, as abordagens dos repórteres querendo declarações que apenas preencham a verdade que já está pré-estabelecida, a repercussão nula do que os governos Lula e Dilma fizeram pelo Brasil.
Recados que foram dados a ele: 1) não mexam com Lula – todos estavam ainda muito mordidos com a charge do Chico [Caruso] do dia anterior (“agora só falta você”), pois o Brasil pode pegar fogo e eles não vão ser bombeiros; 2) na mesma direção, não temos controle sobre nossa base social e é imprevisível a reação que se virá ante uma hipotética prisão de Lula.
Ele pediu desculpas, “ou os senhores estão enganados, ou nós estamos errando feio”, comprometendo-se a levar a avaliação geral dos senadores para os editores.
Disse ainda que, realmente, a cumplicidade entre jornalistas e procuradores de Curitiba, hoje, representa um fator de instabilidade, mas jogou a culpa no PT, “que deu início a essa parceria”. Ao final, pediu para o governo controlar sua base na Câmara.
Três hipóteses sobre o “recuo tático”
O que teria levado o poderoso império global a, aparentemente, abandonar a “marcha da insensatez” dos golpistas e a rifar o lobista Eduardo Cunha? Há pelos menos três hipóteses consistentes:
1- A crise política, insuflada pela oposição demotucana, os grupelhos fascistas e a própria mídia privada, agravou o cenário econômico. Setores empresariais, inclusive do ramo financeiro, temem pela deterioração dos seus negócios, dos seus lucros. A aposta no impeachment e na instabilidade permanente poderia contagiar ainda mais a economia. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda da ditadura e influente interlocutor das elites, já alertou que “esse impasse não pode continuar por muito tempo, porque quem vai pagar um preço muito alto é a sociedade brasileira”. No mesmo rumo, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista à Folha, apontou que “a crise política é mais forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento”. O Grupo Globo, que também sente os impactos da crise econômica, estaria tentando evitar o descarrilamento.
2- A famiglia Marinho, que historicamente sempre incentivou golpes e apostou na desestabilização de governos que não rezam da sua cartilha, teme que a crise atual gere convulsões sociais, acirrando ainda mais a luta de classes no país. Ela sabe que o Brasil não é o Paraguai ou Honduras, onde recentes golpes judiciais-midiáticos obtiveram êxito. Nestes países, a esquerda social e política era muito frágil. No Brasil, apesar das debilidades, as organizações populares e os partidos de esquerda ainda têm força e representatividade. A capacidade de reação é muito maior, o que tornaria infernal a adoção de um impeachment. O império global pode até saber como orquestrar e iniciar um golpe, mas não sabe como ele terminará. As consequências poderão ser trágicas, com alguns dias valendo anos em termos de politização e mobilização da sociedade contra as elites golpistas.
3- Por último, a famiglia Marinho não confia totalmente nas peças que estão em jogo para suceder a presidenta num possível impeachment. Michel Temer, o vice-presidente, tem telhado de vidro. Seu partido, o PMDB, é um dos principais focos da midiática Operação Lava-Jato. No caso da impugnação da chapa que venceu democraticamente as eleições do ano passado, quem assume é Eduardo Cunha. A Rede Globo até tentou se apresentar como porta-voz do lobista, escondendo sua história de achacador. Hoje, porém, parece que já rifou o aventureiro. No campo da oposição demotucana, o império global sabe que não há unidade entre os seus caciques. As bicadas são cada vez mais sangrentas no ninho entre o cambaleante Aécio Neves, o calculista José Serra e o pragmático Geraldo Alckmin. Uma nova eleição poderia ainda causar péssimas surpresas. “Se Dilma renunciar ou se sofrer impeachment, Lula é quem mais ganhará”, alertou nesta sexta-feira (7) a colunista Ruth de Aquino na revista Época, uma das preferidas da famiglia Marinho.
Dinheiro, dinheiro e dinheiro
Há ainda outras hipóteses sobre o “recuo tático” do império global. O jornalista Paulo Nogueira bate na tecla:
*****
A Globo não é exatamente original quando procura argumentos para suas atitudes. O que a move é sempre um desses três fatores: dinheiro, dinheiro e dinheiro. É dentro dessa premissa imutável que se deve buscar a grande questão que emergiu depois do editorial em que a empresa rompe com o golpe. Em 1964, a adesão aos golpistas foi motivada por dinheiro. E isso veio em proporções monumentais. Uma editora medíocre, com um jornal de segunda linha, virou o que virou com as mamatas dadas pelos militares em troca do apoio à ditadura. Agora, a Globo perderia muito dinheiro – e provavelmente o futuro – se alinhando com os golpistas. Não dando certo o golpe - e não daria - o risco era ver secar a verba multimilionária da propaganda federal”.
O gesto da Globo se explica e se encerra no dinheiro. Muito se especulará sobre os detalhes que se traduzirão nisso – dinheiro. Mas uma coisa é batata. Os aloprados da Globo entenderam perfeitamente o editorial. Assim como elevaram brutalmente o tom nos últimos meses, agora diminuirão na mesma proporção. Roberto Marinho sabidamente gostava de papistas, gente que obedece sem restrições ao Papa. Evandro de Andrade, chefe de jornalismo do Globo e depois da TV Globo, convenceu RM a dar-lhe o cargo com uma carta em que garantia ser papista. Os irmãos Marinhos, como o pai, também gostam de papistas. Dada a ordem contida no editorial, esperarão de seus aloprados, de Kamel a Merval, uma resposta imediata. E eles sabem disso.
De fato, a hipótese da razão monetária tem consistência. Basta lembrar o balanço publicado pelo repórter Fernando Rodrigues, do site UOL, no final de junho passado. O estudo revelou que a Rede Globo e as cinco emissoras do grupo (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014). O montante é ainda maior se somado aos valores pagos às afiliadas. A RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade estatal federal de 2003 a 2014; a Rede Bahia teve um faturamento de R$ 50,9 milhões no mesmo período. Já a TV Tem, maior afiliada da TV Globo no país, de propriedade de J. Hawilla, empresário metido nos escândalos de corrupção na Fifa, faturou R$ 8,5 milhões de publicidade estatal federal somente em 2014.
Somada todas estas possíveis explicações para o “recuo tático”, mesmo assim fica a pergunta: dá para confiar? A história do Brasil – com o suicídio de Vargas, a desestabilização de Kubitschek, o golpe contra Jango, o boicote às Diretas-Já, a farsa do “caçador de marajás”, a blindagem ao “príncipe da privataria” e outras ações golpistas – desaconselha qualquer tipo de ilusão no que se refere à famiglia Marinho. A conferir como será a “cobertura jornalística” dos seus vários veículos nos próximos dias. Nas marchas golpistas de março e abril, a TV Globo chegou a mudar a sua grade de programação para apoiar os grupelhos fascistas. Celebridades globais produziram vídeos conclamando os protestos. “Calunistas” ficaram excitados com o “Fora Dilma”. E agora? Como a Rede Globo se comportará? O editorial e a confissão de João Roberto Marinho são para valer ou só para enganar os ingênuos?
*Altamiro Borges é jornalista e editor do Blog do Miro.
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