segunda-feira, 20 de abril de 2020

Espiritismo não pertence a Divaldo, sabia? Por Ana Cláudia Laurindo, no Repórter Nordeste


Ninguém deveria ser espírita por causa de um médium.
Espiritismo não tem dono.
Do Repórter Nordeste:

Espiritismo não pertence a Divaldo, sabia?





Espiritismo é elevação que alegra o coração e impulsiona a mente a desafiar o estabelecido, que nem sempre significa conhecimento ou sabedoria. É um canto espalhado entre mundos, desmontando ilusões e nos convidando a aumentar os esforços rumo aos pontos mais altos da montanha, em uma visão íntima de subida.
Não há necessidade de galões dourados, mas também não necessita de vícios de tratamento, idolatrias, personalismos e seduções de marketing. É posicionamento filosófico, político, rumando nas direções do amor que amadurece o sabor das escolhas.
Eis aqui os nossos posicionamentos em escritas espontâneas, sem vernizes, sem fantasias, na medida do suportável à razão que tantas vezes chora, que tantas vezes fere. É o processo. Crescimento em alguns momentos, também é desgarrar de necessidades comuns como por exemplo, a aprovação dos mornos, adequados, enfileirados, bem posicionados nas fotos amareladas do arcaísmo que mescla religiosidade e medo nos domínios das vulnerabilidades humanas.
Não é uma afronta, mas também não se trata de um pedido de permissão para pensar, questionar e quando necessário discordar de direcionamentos institucionais do movimento espírita brasileiro. Não há crime em ser atuante.
Esta escrita surge em resposta a uma demanda cansativa de abordagens que me chegam quando analiso posicionamentos de Divaldo Franco e discordo deles por razoabilidade, fidelidade aos fundamentos kardecianos e acima de tudo por sensibilidade humana e social, algo que o Evangelho de Jesus ajuda a desenvolver, ressignificando práticas religiosas desde os sentimentos que se aninham no peito à compreensão de gente que nos move ao encontro do outro.
Os ecos dos aplausos compulsivos de tais espíritas colaboraram para os desvarios contumazes de Divaldo Franco em suas falas perturbadas. Os preconceitos transferidos ao nível de temáticas, as elucubrações acerca das penalizações aos que já sofrem e a insistente arrogância de se pretender capaz de discorrer sobre tudo, merecem críticas por transformar a ideia de espiritismo uma posse de classe e casta, ferindo a liberdade da revelação.
Nosso interesse pelo amor é social, histórico, político e humanitário. Todos estes elementos associados nos mantém em ligação profunda com a espiritualidade, no ambiente supra-institucional da fé que raciocina, questiona e reelabora condutas.
O amor tem parágrafos inteiros de rebeldia quando a verdade adquire musgos institucionais acima da lógica, da ética humanitária mais simplória que seja. Porque é nos outros que vemos Jesus, e neste espelho o próprio Jesus nos olha.
Ninguém deveria ser espírita por causa de um médium.
Espiritismo não tem dono.
Como livre pensadora espírita me permito fazer uso da razão como elemento de integralidade, na escalada da fé em sintonia com o pensamento progressista, libertário.
Ao mundo nossas vibrações de solidariedade sem laivos de condenação ou castigo, porque o rosto de Jesus também acolhe medos e angústias, e tocando o Mestre em nossas frontes limpa as feridas.

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