quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Bob Fernandes: Arruaça em Aparecida, críticas de arcebispos e CNBB enquanto Bolsonaro, que fez pouco caso das vítimas da covid, diz pregar “valores cristãos”

 

Do Canal do analista político Bob Fernandes:

Bolsonaro dedicou a semana à defesa dos “valores cristãos”. No Círio de Nazaré foi desconvidado em nota do arcebispo, Dom Taveira. Críticas da CNBB pelo uso político da religião na véspera da ida a Aparecida. No Santuário, arruaça dos fiéis… de Bolsonaro.

O Bolsonaro presidente usou esta semana para alardear a defesa dos “valores cristãos e da família”.

Já a campanha do Bolsonaro candidato usou a semana para atacar com violência nunca antes vista em campanhas eleitorais.

No horário eleitoral e nos comerciais, atacou Lula com extrema virulência.

Isso é uma estratégia. Para forçar a campanha de Lula a responder com a mesma e igual violência.

Isso porque os níveis de rejeição  e abstenção  serão fatores decisivos neste segundo turno da eleição presidencial.

E a rejeição a Bolsonaro segue maior que a rejeição a Lula.

Lembrai-vos de “padre” Kelmon e imaginem o que será o debate da Band no domingo.

O TSE? O Tribunal Superior Eleitoral? Deve estar escondido debaixo de alguma mesa, fingindo não ver nada disso.

Nesta quarta, feriado, Bolsonaro foi a Aparecida e a Minas. Anunciando a defesa dos “valores cristãos e da família”.

Assistiu a uma missa na Basílica. À tarde desfilou ao lado do Santuário de Aparecida.

Desfilou com Tarcísio, seu candidato ao Governo de SP.

Carro de portas abertas, ambos com corpos para fora, interagindo como candidatos em campanha eleitoral.

Mas algo falhou na articulação bolsonárica com os céus e famílias nesta semana.

Ao menos com o céu habitado por arcebispos e a hierarquia dos cristãos católicos.

A articulação falhou também com famílias de fanáticos por Bolsonaro.

Que vaiaram e promoveram arruaça no meio da missa para Nossa Senhora de Aparecida, a padroeira católica do Brasil.

Isso diante do monumental Santuário. Vaias e arruaças do lado de fora.

Quiçá por desígnios superiores, no exato momento em que o arcebispo, Orlando Brandes, falava da “fome no Brasil”.

Às portas do Santuário, o espetáculo bizarro.

Babando ódio para jornalistas da TV Aparecida, que é da Igreja.

E repórteres das TVs Vanguarda, afiliada da Globo, repórteres SBT e do UOL.

Figuras grotescas.

De amarelo-CBF, bebendo, e a berrar em coro “Bolsonaro, Bolsonaro” e “comunista, comunista”. Confiram.

Isso porque se dizem cristãos e defensores dos valores da família. Com crianças junto, ao lado, e enchendo a cara diante do Santuário.

No púlpito da Basílica, ainda pela manhã, Dom Brandes foi claríssimo em seu recado.

— Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que é o tentador, o dragão que já foi vencido — a pandemia —, mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira. [...] E o dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade.

O ódio de bolsonaristas a Dom Brandes e à hierarquia da Igreja é antigo. O arcebispo já havia criticado, há um ano:

— Pátria amada não é Pátria armada.

Ouçam a reação de então do deputado estadual Frederico D’Ávila, do PL-SP, o mesmo partido do presidente.

D’Ávila, autoproclamado amigo e parceiro político de Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de São Paulo.

Monarquista, Frederico D’Ávila é autor de um projeto para homenagear o ditador Pinochet. E vejam o que ele diz, esse cristão, sobre a Igreja, sobre o papa…

— Dom Orlando Brandes, seu vagabundo! Safado da CNBB! (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também! (…) Seus pedófilos, safados, a CNBB é um câncer! Um câncer que precisa ser extirpado do Brasil. E quero abraçar aqui a Opus Dei e Arautos do Evangelho (...) Dom Orlando Brandes e sua CNBB imunda! Canalhas! Canalhas!

Um fascista de corpo e alma.

Nesta mesma semana, no Pará, outro dissabor de Bolsonaro com a igreja.

Ele foi a Belém, para a procissão do Círio de Nazaré.

A bordo de uma lancha da Marinha, disse ter sido convidado como “Chefe de Estado, e não como candidato”.

A Arquidiocese de Belém não acreditou. Clareza solar na nota oficial do arcebispo, Dom Alberto Taveira, Disse ele:

— Comunicamos não ter havido nenhum convite da parte da arquidiocese, nem da diretoria da festa de Nazaré, a qualquer autoridade (...) Não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio.

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, foi ainda mais clara.

Em nota publicada um dia depois do Círio de Nazaré, em Belém, e na véspera da arruaça em Aparecida, a dura mensagem.

A CNBB alertou contra “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno”.

Para a CNBB, “a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas...”

Lula, embora também preocupado com o tema religião, evitou proselitismo religioso em templos e procissões.

A menos que se queira interpretar, literalmente, ao pé da letra.

Nesta quarta-feira, Lula foi, primeiro, a São Sebastião… do Rio de Janeiro.

Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, esteve, por exemplo, no Complexo do Alemão.

Depois rumou para a Bahia. Para a cidade do... São Salvador.

E lá fez campanha diante de um cenário que tem por nome... Baía de Todos os Santos.

E a multidão que, cercada pelo mar, no cortejo seguiu Lula e Jerônimo, candidato do PT a governador da Bahia, em nada ficou devendo às multidões que, todo ano, vão à igreja e à Festa de Nosso Senhor do Bonfim.

Bolsonaro sempre se queixa da imprensa, das mídias.

Que informam, analisam com suas visões, não com as visões dele, Bolsonaro.

Não também com as visões da imprensa e das mídias de Bolsonaro.

Para o presidente, os que não são dele nunca dizem o que ele faz, pensa, quem e o que ele realmente É.

Em atenção às queixas, num minucioso levantamento e edição de Eliano Jorge e Mikhael Theodoro, vamos a Jair Messias Bolsonaro segundo o próprio Jair Messias Bolsonaro...

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