quinta-feira, 24 de abril de 2025

O Papa Francisco e a Literatura, por Urariano Mota

 

O fim não é exatamente o último segundo do viço da orquídea. O fim não é nem mesmo a destruição feita pela bomba atômica. Nós seremos os grãos de pó que escreveram estes dias.


Do Jornal GGN:

    Foto: Vatican News


O Papa Francisco e a Literatura

por Urariano Mota

Li há pouco a notícia de um prefácio muito bem escrito do Papa Francisco para um livro do Cardeal Angelo Scola. Texto belo e fecundo, que eu aproximo à literatura. Nele, eu li que “a morte não é o fim de tudo”. Que o livro tem páginas que saíram “do pensamento e do afeto”, como o Papa diz.  Agora olhem que feliz coincidência. No romance “A mais longa duração da juventude”, escrevi:

“Nada passou nem ficou sepultado. Então vem, e vejo agora que a sobrevivência do acontecimento não é uma revolta romântica. Nem uma luta quixotesca e inglória contra a morte. O fim,  o tudo acaba não é a dissolução de tudo. O fim não é exatamente o último segundo do viço da orquídea. O fim não é nem mesmo a destruição feita pela bomba atômica. Nós seremos os grãos de pó que escreveram estes dias”. 

Vocês veem que aquela reflexão teológica do Papa termina por se confundir com a visão da matéria da nossa luta, que sobrevive à força da arte, da ciência e da literatura, que vai além dos nossos dias.

https://www.facebook.com/reel/1864087407775000

Urariano Mota – Escritor, jornalista. Autor de “A mais longa duração da juventude”, “O filho renegado de Deus” e “Soledad no Recife”. Também publicou o “Dicionário Amoroso do Recife”.

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