quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Luis Nassif sobre a violência genocida de Israel sobre Gaza: a causa é o petróleo, estúpido!

 Geólogos confirmaram a existência de reservatórios de petróleo e gás em território palestino, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.




Wafa in contract with APAimages / Wikimedia Commons


Jornal GGN:


Em 28 de agosto de 2019, a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) agência da Organização das Nações Unidas que tem por objetivo promover o comércio internacional, publicou um trabalho sobre “o potencial não realizado das reservas de petróleo e gás palestino“, que pode explicar bem o apoio dos Estados Unidos ao genocídio praticado por Israel contra a população palestina de Gaza.

O intertítulo do artigo dizia: “Os recursos de petróleo e gás natural no território palestino ocupado podem gerar centenas de bilhões de dólares para desenvolvimento”.

Geólogos confirmaram a existência de reservatórios consideráveis de petróleo e gás em território palestino, na Área C da Cisjordânia e na costa mediterrânea da Faixa de Gaza.

As estimativas iniciais calculavam em 122 trilhões de metros cúbicos de gás e 1,7 bilhão de barris de petróleo recuperável.  O artigo menciona outro trabalho da UNCTAD, sob o título “Os custos económicos da ocupação israelita para o povo palestino: o potencial não realizado do petróleo e do gás natural”. Nele, constata que a ocupação contínua do território por Israel impede os palestinos de desenvolverem seus campos de energia para financiar o desenvolvimento socioeconômico e atender às suas necessidades de energia.

O trabalho trazia uma predição trágica: “Elas também podem ser potencialmente uma fonte de conflito e violência adicionais se as partes individuais explorarem esses recursos sem a devida consideração pela parcela justa dos outros. O que poderia ser uma fonte de riqueza e oportunidades pode ser desastroso se esse recurso comum for explorado individual e exclusivamente, sem a devida consideração pelas leis e normas internacionais”.

Constata o trabalho que a exploração dos recursos naturais palestinos pela potência ocupante impõe ao povo palestino enormes custos, “que continuam a aumentar à medida em que a ocupação permanece em vigor”. A UNCTAD afirma que essa situação não é apenas contrária ao direito internacional, mas também viola a justiça natural e a lei moral.

Israel lançou uma contra-ofensiva no segundo semestre do ano passado, quando as críticas contra o genocídio se espalharam pelo mundo. O artigo “O mito do petróleo de Gaza”, de Elai Retting e Lee Wilcox, questionando as conclusões dos estudos da UNCTAD e acusando-o de ter inflado os números das reservas de petróleo e gás. Diz ele: Gaza não tem reservas de petróleo conhecidas e apenas um pequeno campo de gás offshore não desenvolvido, que Israel nunca reivindicou”. O estudo é desmentido por uma infinidade de informações sobre o gás de Gaza.

Em novembro de 2023, segundo o The New York Times, a Chevron reiniciou a produção de gás em plataforma perto da faixa de Gaza. Segundo a reportagem, “a Chevron é agora a principal participante na indústria energética de Israel, operando não apenas a plataforma Tamar, mas uma segunda grande fonte de gás chamada campo Leviathan”.

A importância estratégica da região fica nítido na informação de que a Chevron espera usar sua posição em Israel, Egito e Chipre como um trampolim regional para se tornar uma grande exportadora para a Europa .

Diz a reportagem: “A Chevron se encontra com um estoque de gás na porta da Europa que a guerra brutal da Rússia na Ucrânia tornou mais valioso. Os fluxos de gás da Rússia, há muito o principal fornecedor do continente, despencaram enquanto Moscou buscava usar o combustível como uma arma econômica, elevando os preços no ano passado e criando uma corrida para encontrar fontes de energia em outros lugares”.

En 6 de março, o Al Jazeera trazia denúncias adicionais, de autoria do Sultão Barakat, Professor de políticas públicas na Universidade Hamad Bin Khalifa, professor honorário na Universidade de York e membro do Grupo de Referência de Especialistas do Instituto Raoul Wallenberg do ICMD, reiterou as denúncias. Em outubro de 2023, o Ministério de Energia e Infraestrutura de Israel promulgou os resultados da 4a Rodada de Licitações Offshore, concedendo 12 licenças a seis empresas.

Dizia a nota: “As empresas vencedoras se comprometeram com um investimento sem precedentes na exploração de gás natural nos próximos três anos, o que, esperançosamente, resultaria na descoberta de novos reservatórios de gás natural. Isso, por sua vez, solidificará a segurança energética de Israel, aumentará as relações internacionais do país, contribuirá para a redução do custo de vida e formará uma fonte de energia de reserva segura para acelerar a transição para energias renováveis”.

Como lembrou Barakat, “Nem é preciso dizer que Israel, como ocupante, não tem o direito de conceder licenças em áreas sobre as quais não detém soberania, sob nenhuma circunstância”.

Em 6 de fevereiro de 2024, o escritório de advocacia Foley Hoag LLP, representando a Al-Haq, o Al Mezan Center for Human Rights e o Palestinian Centre for Human Rights (PCHR) enviou notificações às empresas  Eni SpA ,  Dana Petroleum Limited e  Ratio Petroleum  para que desistissem de realizar quaisquer atividades em áreas da Zona G que se enquadram nas áreas marítimas do Estado da Palestina, enfatizando que tais atividades constituiriam uma violação flagrante do direito internacional. 

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