A direita e suas elites exploradoras se utilizam do fascismo sempre que se sentem ameaçadas
Do Jornal GGN:
Conservadores remontam ao passado glorioso para emplacar agenda de retrocessos, a fim de frear o desejo por mudanças e a aproximação com a esquerda
Crédito: Reprodução/ TVGGN
Camila Bezerrajornalggn@gmail.com
O programa TVGGN20H da última segunda-feira (20) contou com a participação do cientista político, professor de Políticas Públicas (UERJ) e especialista em Teoria do Voto Samuel Braun, para comentar o principal assunto do dia: a volta de Donald Trump à Casa Branca dos Estados Unidos.
“A direita tem o fascismo como um instrumento que ela utiliza em momentos de crise. Nos momentos normais, ela vai seguindo com o discurso liberal, que do ponto de vista econômico, a gente conhece toda a opressão que ele promove, o escorchar do povo trabalhador. Mas em momentos de crise, esse discurso padrão, liberal, neoliberal, ele não basta. Ele cria na população um sentimento tão grande de que é preciso mudar, que se o capital e a direita não oferecem também uma alternativa de pseudo mudança, eles correm um risco muito sério dessa população ser trazida por movimentos revolucionários, sindicatos, partidos de esquerda, mobilizarem essa sensação de que precisa ser mudado, de que precisa alguma transformação”, observa o cientista político.
Consequentemente, para frear a crise, a direita remonta ao retrocesso, apontando um momento do passado em que tudo era maravilhoso, quando havia ordem e um passado glorioso que nos trouxe até aqui.
“É uma tentativa de fazer uma mudança para manter tudo como está e impedir que haja, de fato, uma mudança. Então, a direita recorre a essas medidas ultra-reacionárias e aí elas variam. Você vai lá na Argentina, o Milei é uma defesa da radicalização do combate ao Estado. O Estado é o grande vilão, ele precisa ser combatido. De que forma? Permitindo que as vantagens exageradas daqueles que têm muito dinheiro se materializem sem nenhum filtro social em cima da população”, emenda Braun.
O entrevistado ressalta ainda a contradição que tomou conta dos Estados Unidos, uma vez que a base do eleitorado de Trump são trabalhadores, negros e imigrantes que tendem a ser perseguidos no novo governo, enquanto bilionários compõem o alto escalão do governo para representar o voto popular.
Já no Brasil, a contradição continua, já que aqueles que se dizem patriotas saúdam a bandeira norte-americana. “São pseudopatriotas defendendo a pátria estrangeira, elogiando, aplaudindo, batendo continência para uma bandeira estrangeira. Isso é, em qualquer medida que você tome, em qualquer língua, a coisa mais antipatriótica que você pode fazer. Depois que o Bolsonaro bateu continência para a bandeira americana…”, continua Samuel Braun.
Esquerda
Para contrapor o projeto imperialista de Trump, o cientista político fala sobre o papel da esquerda, que já não consegue se comunicar com os trabalhadores, ainda que adote um discurso em defesa do proletariado e contrário à desigualdade.
“Essa, para mim, é a grande pergunta que está colocada, não porque o povo pode ser ludibriado com uma estratégia contraditória com o da direita, mas sim porque a nossa, que deveria ser muito mais fácil de penetrar na população, não penetra”, observa o convidado.
Confira a entrevista na íntegra em:
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