O jornalista inglês Dom Philips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram há mais de 24 horas entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e Atalaia do Norte, no estado do Amazonas
O jornalista inglês Dom Philips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram há mais de 24 horas entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. O alerta foi dado pela Organização Indígena UNIVAJA. Os dois estavam a caminho de visitar a equipe de Vigilância Indígena, próxima ao Lago do Jaburu para que Philips pudesse conhecer o local e entrevistar indígenas.
Logo depois de dado o alarme do desaparecimento de Philips e Pereira, uma equipe de busca da UNIVAJA, formada por indígenas conhecedores da região, saiu de Atalaia, cobrindo o trecho que os dois supostamente teriam percorrido. Não encontraram nenhum vestígio.
Duas horas depois, outra equipe de busca saiu de Taguatinga, em uma embarcação mais robusta, retornando ao local onde deveriam ter saído. Nada foi encontrado.
A UNIVAJA informa que Bruno Pereira é pessoa experiente e conhecedor da região, tendo sido Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos. Ele e Philips viajavam em uma embarcação nova e com capacidade para viagens longas.
A entidade informa também que, na semana do desaparecimento, colaboradores confirmam que a equipe recebeu ameaças.
A UNIVAJA soltou nota informando o ocorrido e o jornal The Guardian soltou matéria alertando do sumiço de Philips e Pereira.
Da UNIVAJA
Assunto: Desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e jornalista Dom Phillips
A Coordenação da Organização Indígena UNIVAJA, em nome dos povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá e o Opi – Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato vêm a público informar que o indigenista Bruno Araújo Pereira, e o Jornalista Dom Phillips, de nacionalidade inglesa e correspondente do Jornal The Guardian, encontram-se desaparecidos, há mais de 24 horas, no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, pontos de ida e ponto de retorno respectivamente, no estado do Amazonas.
Os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 03 de junho de 2022 às 19:25h. No dia 05/06 os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte, porém, antes pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões.
Pelo que consta nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06:00h, onde conversaram com a esposa do “Churrasco”, visto que este não estava na comunidade e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã na cidade, o que não ocorreu.
Às 14h, saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da UNIVAJA, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, percorrendo, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado. A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte.
Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.
Ressalte-se que Bruno Pereira é pessoa experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos. Os dois desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, 40 HP, 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem e 07 tambores vazios de combustível.
Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da UNIVAJA, a equipe recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International.
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