quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Auditoria dos militares sobre as eleições 2022 não encontra indícios reais de fraude na vitória de Lula. Reportagem de Cíntia Alves

 

Relatório entregue ao TSE pelo Ministério da Defesa diz que "não foi possível fiscalizar o sistema completamente" e sugere melhorias


O relatório que o Ministério da Defesa decidiu elaborar, de maneira inédita, por ocasião das eleições gerais de 2022, foi divulgado nesta quarta-feira (9) por alguns veículos de imprensa, após ser entregue ao Tribunal Superior Eleitoral. Para o desânimo dos bolsonaristas, a auditoria dos militares não encontrou qualquer prova material de que a eleição foi fraudada em benefício de Lula.

Ao contrário disso, enterrando uma das principais teorias da conspiração de Jair Bolsonaro – de que há uma sala secreta no TSE, onde os ministros amigos de Lula mudam o resultado da votação – o relatório diz que, “quanto à fiscalização da totalização [de votos], foi constatada, por amostragem, a conformidade entre os BU [boletins de urna] impressos e os dados disponibilizados pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”.

Por outro lado, o relatório afirma que os militares não fizeram uma vistoria completa, porque supostamente não tiveram acesso a todas as informações necessárias à conclusão do serviço. Ao final, os militares limitam-se a enviar recomendações de melhorias ao TSE.

“De todo o trabalho realizado, observou-se que, devido à complexidade do SEV e à falta de esclarecimentos técnicos oportunos e de acesso aos conteúdos de programas e bibliotecas, mencionados no presente relatório, não foi possível fiscalizar o sistema completamente, o que demanda a adoção de melhorias no sentido de propiciar a sua inspeção e análise completas.”

O relatório ambíguo, tão aguardado por bolsonaristas revoltados com a vitória de Lula, é assinado pelo coronel Marcelo Nogueira de Sousa, representante do Exército, pelo coronel Wagner Oliveira da Silva (Força Aérea) e pelo capitão Marcus Rogers Cavalcante Andrade (Marinha). Todos trabalharam sob comando do ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira.

Em nota, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que o relatório foi recebido com “satisfação”. O ministro ressaltou que o relatório “não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022.”

“As sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas. O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e que as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”, conclui a nota.

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