"A Globo apoiou o golpe de 64 e todo o regime militar que durou 21 anos. Apoiou o golpe de 2016 que tirou Dilma do poder para colocar na presidência alguém que implantasse um projeto derrotado nas urnas. Por que não apoiaria outro golpe, seja pela via civil, pela via da toga, seja pela via militar, para impedir que Lula ou qualquer candidato de esquerda seja eleito em 2018, nem que para isso corra muito sangue?" Obs.: Assista primeiro ao vídeo abaixo, da televisão pública do Qatar, Al Jazeera, antes de ler o texto de Maria Luiza Q. Toneli, publicado pelo GGN.
A luta de classes é inerente às sociedades capitalistas, uma vez que as classes sociais são antagônicas entre si. Umas mais, outras menos, uma vez que grande parte da classe média não antagoniza com a elite do dinheiro porque se acha parte dela, por isso lhe serve como massa de manobra. É a parte da classe média (que não é homogênea) que odeia os pobres.
A mídia, Globo à frente, é o instrumento de poder da elite do dinheiro que não admite e nunca admitiu neste país tão profundamente desigual um Estado social. Foi assim com Getúlio, com Jango, com Lula e com Dilma.
O ódio a Lula e ao PT é um ódio latente de classe, não é um ódio criado pela mídia, Globo à frente. É o ódio autorizado a se manifestar de forma explícita e orgulhosa. Um ódio cultuado, cultivado, alimentado diariamente, dia após dia, ano após ano desde que Lula foi eleito pela primeira vez e continua com sua prisão na masmorra de Curitiba.
A Globo e o resto da mídia dominante deste país manipulam os fatos e sonegam informação. A mídia, como um bando de abutres, televisionou a prisão de Lula, mas em nenhum momento informou as proibições das visitas ao ex-presidente Lula, inclusive a visita de um prêmio Nobel e a visita do médico pela juíza da Vara de Execuções Penais.
A caravana de Lula sofreu um atentado a balas em um dos ônibus. Marielle foi assassinada. Lula está sendo mantido preso em uma solitária. Hoje o acampamento em Curitiba sofreu um ataque por atiradores que gritavam o nome de Bolsonaro. Duas pessoas foram feridas. Coisas piores podem acontecer e sabemos que a Globo não vai noticiar esse fato como algo de extrema gravidade. Talvez nem noticie.
Talvez o que a Globo pretenda, ao envenenar o telespectador contra Lula, o PT e a esquerda em geral, seja provocar uma guerra civil a fim de que uma intervenção militar ocorra e suspenda as eleições.
A Globo apoiou o golpe de 64 e todo o regime militar que durou 21 anos. Apoiou o golpe de 2016 que tirou Dilma do poder para colocar na presidência alguém que implantasse um projeto derrotado nas urnas. Por que não apoiaria outro golpe, seja pela via civil, pela via da toga, seja pela via militar, para impedir que Lula ou qualquer candidato de esquerda seja eleito em 2018, nem que para isso corra muito sangue?
Não adianta protestar contra Moro, contra o STF, contra Temer, contra os partidos de direita. É contra a Globo, que sempre esteve no comando. Todo o resto é café pequeno.
Em tempo: a Globo não está nem aí para aí possibilidade de Bolsonaro ser eleito. Não está nem aí para um governo fascista, pelo simples fato de que o fascismo é seu método preferencial. Acordemos, pois.
Na surpreendente Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate” (Alegrai-vos e exultai), Francisco muda a norma tradicional católica sobre santidade. A Exortação teve sua redação concluída numa assembleia com o pequeno Emanuele de 10 anos de idade e com os pobres da periferia de Roma. Ela indica que o caminho para a santidade é a decidida opção pelos pobres e a busca pela justiça. Mais ainda: que este caminho não é exclusivo dos católicos e nem mesmo dos cristãos; está aberto a todos, inclusive aos ateus e ateias. Dom Oscar Romero é santo; igualmente santas são Edith Stein, Olga Benário Prestes e Marielle Franco. Do site Caminho pra Casa:
O Papa, um menino e os pobres redefinem santidade
Por Mauro Lopes
O Papa imaginou haver concluído no dia dedicado à memória de São José (19 de março) o mais franciscano documento de seu papado, a Exortação Apostólica sobre o caminho de santidade. Mas não. O texto foi finalizado por Francisco somente um mês depois, no 3º Domingo da Páscoa, em 15 de abril, no encontro com um menino de dez anos com o significativo nome de Emanuele, numa assembleia com pobres da periferia de Roma.
Naquele domingo, o Papa, que é antes de tudo o bispo de Roma, foi à paróquia de São Paulo da Cruz, na periferia mais pobre de sua diocese. O primeiro momento da agenda foi um encontro com crianças que frequentam a catequese. Quando chegou a vez de Emanuele, de apenas 10 anos, o menino aproximou-se do microfone e começou a chorar copiosamente.
Francisco chamou-o, “Vem, vem aqui comigo, Emanuele, e me diz ao ouvido, diz-me ao ouvido”. O menino foi, aos prantos, abraçado pelo pároco, padre Roberto Cassano. Francisco e o menino conversaram por poucos minutos, longe dos microfones, cabeça a cabeça. Quando Emanuele voltou ao seu lugar, o Papa, autorizado pela criança, relatou o diálogo.
Emanuele perdeu o pai recentemente e estava com o coração apertado com a dúvida se seu pai, que era ateu, estaria no céu no inferno – mesmo ateu, o pai de Emanuele fez batizar o menino e seus dois irmãos e uma irmã. Esta era a razão do choro angustiado.
O que disse o Papa?
Primeiro, sobre o pai de Emanuele:
“Que bonito quando um filho diz que o seu papai era bom! Um bonito testemunho sobre aquele homem, quando os seus filhos podem dizer que ele era um homem bom! Se esse homem foi capaz de ter filhos assim, é verdade que era um grande homem!”
Depois, sobre a angústia do menino:
“Quem diz quem vai para o céu é Deus! Mas como será o coração de Deus diante de um pai assim? (…) Será que Deus abandona os seus filhos quando eles são bons?”
Nesta hora, a comunidade reunida respondeu –e foi um dos momentos culminantes do papado de Francisco, pois ali, na periferia, entre os pobres de Roma, sua Exortação Apostólica teve seu ponto final, em redação comunitária do o bispo com o povo pobre. Em uníssono, todos responderam à indagação do Papa se Deus abandona seus filhos:
“Não!”
“Bom, Emanuele, esta é a resposta” –atalhou o Papa, dirigindo-se ao menino e, na verdade, a todos os católicos e à humanidade.
Assista ao vídeo emocionante deste encontro decisivo:
Pois assim completou-se o espírito que animou a Exortação do Papa. O céu, tempo/lugar de realização máxima do ser, da Partilha e da Amizade, e a santidade são caminhos abertos a todas as pessoas que têm sede de justiça e fazem a opção de estar ao lado, vive e conviver com os pobres, marginalizados e excluídos pelo sistema.
Uma revolução na história do cristianismo. Nunca antes um Papa concluiu um texto seu numa assembleia com os pobres e sob inspiração de um menino de 10 anos de idade.
Como escrevi, Emanuele, o nome do menino, talvez não tenha sido tão acidental assim. Pois esse era o nome do menino esperado em Israel quando do nascimento de Jesus, conforme a profecia de Isaías (Is 7,14), o sinal de que Deus estava com seu povo pobre de Israel –Emanuel quer dizer exatamente Deus conosco. A passagem foi retomada no Evangelho de Mateus (Mt 1, 23) para anunciar que o Esperado havia chegado. Não teve o nome de Emanuel, mas de Jesus (o Senhor salva), mas era o pequeno Emanuel tão aguardado por seu povo.
Pois o pequeno Emanuel tomou para si a condução da assembleia de Francisco com aquele grupo de pobres em Roma e imprimiu uma virada história no catolicismo.
Sim, porque a resposta da comunidade da paróquia de São Paulo da Cruz não foi nada óbvia. Fosse um encontro com paroquianos ricos ou integristas, a resposta seria provavelmente oposta. Ou seja: que a santidade e o céu eram “propriedades” reservadas exclusivamente aos batizados e (aqueles que a hierarquia denomina de fiéis). Este era até agora o estabelecido, a regra, a lei, e ela foi reafirmada por João Paulo II em 1983 na Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister e no Catecismo da Igreja Católica (nº 1023)
Com a Exortação de Francisco em coautoria com Emanuele e os pobres da paróquia de São Paulo da Cruz não é mais assim.
O coração da Exortação de Francisco diz: santidade é um caminho aberto a todas as pessoas e não exclusivamente aos fiéis católicos e um caminho que se faz à luz da grande convocação de Jesus no texto central dos Evangelhos, o Discurso das Bem-Aventuranças, complementado por um trecho do capítulo 25 do Evangelho de Mateus.
“Há uma cena de grande dramaticidade no evangelho se São Mateus quando se trata do Juízo Final, quer dizer, quando se revela o destino último de cada ser humano. O Juiz Supremo não perguntará a que Igreja ou religião alguém pertenceu, se aceitou os seus dogmas, quantas vezes frequentou os ritos sagrados.
Esse Juiz se voltará aos bons e dirá: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino preparado para vós desde a criação do mundo; porque tive fome e de me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes, estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, estava preso e viestes me ver… todas as vezes que fizestes a um destes meus irmãos e irmãs menores, foi a mim que o fizestes… e quando deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes’ (Evangelho de S.Mateus25, 35-45).
Neste momento supremo, são as práticas e não as prédicas para com os sofredores deste mundo que contarão. Se os tivermos atendido, ouviremos aquelas palavras benditas.”
Segundo o texto de Gaudete et Exsultate, a caminhada para a santidade tem uma única “grande regra de comportamento”, estabelecido por este trecho de Mateus, à luz das Bem-Aventuranças: “No capítulo 25 do Evangelho de Mateus (vv. 31-46), Jesus volta a deter-se numa destas bem-aventuranças: a que declara felizes os misericordiosos. Se andamos à procura da santidade que agrada a Deus, neste texto encontramos precisamente uma regra de comportamento com base na qual seremos julgados: ‘Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo’ (25, 35-36)” [95].
As bem-aventuranças são a grande convocação de Jesus para um jeito de levar a vida, rumo a um novo tempo e lugar chamado Reino de Deus. No seu discurso, Jesus convocou: “em marcha!”. Em marcha (ashréi, em aramaico/hebraico, línguas de uso corrente na Israel de Jesus). Em marcha os pobres em espírito (ou os pobres, simplesmente, na versão de Lucas), os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos. Santos e santas são, dentre estes, os que se colocarem em marcha a caminho do tempo/lugar chamado por Jesus de Reino de Deus e se dispuserem a, de alguma maneira, por suas vidas, presentificarem tal Reino.
Não, escreve o Papa, rezar o terço e ir à missa aos domingos por si só não faz ninguém santo ou santa. Obedecer às prescrições formais da religião, mas alimentar o ódio, incensar os ricos e a riqueza, desejar o mal não é caminho de santidade:
“Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o outro, desejar o repouso e rejeitar a atividade, buscar a oração e menosprezar o serviço. Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, entrando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão.” (26)
“Poder-se-ia pensar que damos glória a Deus só com o culto e a oração, ou apenas observando algumas normas éticas (é verdade que o primado pertence à relação com Deus), mas esquecemos que o critério de avaliação da nossa vida é, antes de mais nada, o que fizemos pelos outros. A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos.” (104)
É cara aos jesuítas como o Papa a expressão “contemplar na ação”. Em outras palavras, caminhar no cotidiano com os olhos e o coração bem apertos para testemunhar a Presença daquele que se fez Amor entre nós. É viver contagiado pelo Mistério. É este o espírito original da oração que pode desenhar um traço de união entre toda a gente de todo mundo, os que creem e os que não creem, mas estão comprometidos com este desejo.
Um homem que está para ser declarado formalmente santo pela Igreja, dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador assassinado pelos militares sob a indiferença do Vaticano em março de 1980, deixou claro em uma homilia em dezembro de 1977 o caminho de santidade e como ele pode ser corrompido no interior mesmo da Igreja Católica:
“Uma religião de missa dominical, mas de semanas injustas não agrada ao Deus da Vida. Uma religião de muita reza, mas de hipocrisias no coração não é cristã. Uma Igreja que instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, porém que não ouve os clamores das injustiças não é a verdadeira igreja de nosso Divino Redentor.”
O caso de Oscar Romero é exemplar. Fez-se santo no exato espírito da Exortação de Francisco ainda em vida. Portanto, era santo –e assim foi considerado por milhares de católicos de todo o mundo por décadas- muito antes de seu reconhecimento pela hierarquia católica. Era santo enquanto era condenado por João Paulo II, que lhe ordenou abandonar os pobres de seu país e aliar-se à genocida elite política salvadorenha e à reacionária cúpula da Igreja local. Era santo quando, depois de morto, sua memória sofreu intensa campanha de difamação orquestrada pela Cúria romana, que bloqueou o processo de canonização por mais de 30 anos.
Santa foi também Edith Stein, sequestrada pelos nazistas no mosteiro carmelita de Echt, na Holanda, em 2 de agosto de 1942 para ser morta na câmara de gás em Auschwitz uma semana depois. Ela oficialmente canonizada em 1999. Mas sua santidade continha uma contradição que só agora, com a Exortação de Francisco, está resolvida: Edith Stein não foi sequestrada e morta pelos nazistas por ser católica ou por ser monja, mas por ser judia. Tornou-se santa por pertencer a um povo e fazer a escolha de levantar-se contra a injustiça e o ódio e não por seu caminho particular de fé.
A história de Edith Stein guarda enorme semelhança com a de outra judia, Olga Benário Prestes, ambas alemãs. Enquanto Edith foi sequestrada na Holanda, a comunista Olga, casada com Luís Carlos Prestes foi sequestrada no Brasil e enviada para uma prisão de mulheres da Gestapo. Grávida, deu à luz Anita Leocádia Prestes (hoje com 81 anos). Depois não de sete dias, como Edith, mas de sete anos de intenso sofrimento na prisão, onde sofreu diversas torturas psicológicas, agressões e humilhações morreu na câmara de gás quatro meses antes da monja carmelita, em 23 de abril de 1942, no campo de extermínio de Bernburg. É santa, por sua vida pobre ao lado dos pobres, igualmente pelo Reino, como Stein.
Santa igualmente fez-se Marielle Franco, mártir do tempo da Justiça-Paz como Edith Stein e Olga Benário Prestes. Executada, como as duas, com uma diferença de quase 80 anos. Não num campo de concentração nazista, mas numa rua do Rio, cidade cercada por um sem-número de campos de concentração conhecidos, no Brasil, como favelas.
Francisco, o pequeno Emanuele e a comunidade da periferia mais pobre de Roma mudaram a história da Igreja e proclamam em alto e bom som: Oscar Romero, Edith Stein, Olga Benário Prestes, Marielle Franco e milhares de homens e mulheres ao redor do planeta e ao longo da história, fizeram-se santas e santos. Cada um do seu jeito escutou a convocação de Jesus e pôs-se em marcha.
Intervenção não melhorou segurança no Rio, diz estudo
Relatório aponta que, nos dois meses de ocupação militar, estado teve mais tiroteios e mais chacinas. Cerca de 40 mil homens foram postos nas ruas, mas apenas 140 armas foram aprendidas.
Miliares patrulham comunidade no Rio: estado teve mais chacinas com intervenção
A intervenção federal tem amplo apoio da população, mas, nos dois meses desde seu início, falhou em conter a violência no Rio de Janeiro: houve mais tiroteios e chacinas no estado, segundo revela um relatório independente divulgado nesta quinta-feira (26/04), sob o título À deriva: sem programa, sem resultado, sem rumo.
O título do relatório produzido pelo Observatório da Intervenção sintetiza a análise das instituições que integram a iniciativa criada para monitorar a intervenção. Coordenadora do projeto, a pesquisadora Sílvia Ramos define o que os dados ilustram: “A intervenção não resolveu os problemas da segurança pública do Rio e trouxe outros novos”.
De acordo com os dados coletados entre 16 de fevereiro e 16 de abril deste ano pelas 20 instituições públicas e privadas que integram o Observatório, as 70 operações realizadas nesse período envolveram 40 mil homens, no total, e resultaram na apreensão de apenas 140 armas. Durante as ações, 25 pessoas morreram. O número de tiroteios registrados no estado durante a intervenção chegou a 1.502, ante os 1.299 observados nos dois meses anteriores à vinda das Forças Armadas.
Outro indicador revelou que, em comparação ao mesmo período do ano passado, o número de chacinas praticadas no estado dobrou, saltando de seis para 12. Ante esses dados, Sílvia Ramos criticou a falta de transparência sobre as verbas empregadas na intervenção e cobrou esclarecimento sobre as metas a serem atingidas com a presença dos militares no estado, para que possam ser monitoradas.
“Neste momento, a intervenção não tem programa. Utilizaram 40 mil homens para apreender 140 armas. Algo está errado. Nenhuma política de segurança pode funcionar no Rio sem inteligência. É simples: onde há mancha criminal, onde está havendo mais mortes e roubos, é preciso investir mais”, afirmou.
“Não dá para termos esses números e, no sábado e domingo, colocar ‘soldadinho’ lá na orla, deixando a Baixada Fluminense e o município de São Gonçalo nessa situação que vem se agravando desde 2017, de forma dramática nos últimos dois meses”, completou.
A reportagem entrou em contato com o Gabinete de Intervenção Federal para questionar os objetivos do projeto e os recursos empregados até aqui. Em nota, o Gabinete afirmou estar “dedicado aos objetivos estabelecidos de diminuir progressivamente os índices de criminalidade e fortalecer as instituições da área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Medidas emergenciais e estruturantes estão sendo tomadas e serão observadas ao longo do período previsto de Intervenção Federal”.
A que serve a intervenção?
O coronel Íbis Pereira, comandante geral da PM do Rio em 2014, lembrou que as Forças Armadas atuam no estado do Rio desde agosto do ano passado. Logo, o período de dois meses seria suficiente para se fazer uma avaliação crítica da intervenção até aqui. Ele defendeu uma reforma das instituições policiais como uma pauta a ser priorizada pela próxima legislatura.
“O relatório não poderia ter um nome mais preciso e verdadeiro. Não podemos continuar tratando a segurança pública da forma amadora e irresponsável como a União tem feito nos últimos anos. A Constituição de 1988 completa 30 anos, e o capítulo sobre esse tema nunca foi regulamentado. Temos uma Polícia Civil que investiga e não patrulha, uma Polícia Militar que patrulha e não investiga, e uma Polícia Federal que não trabalha em sintonia com as instituições estaduais”, criticou.
Blindado e soldados em ação no Rio de Janeiro: só 140 armas apreendidas
“Não dá para continuar nesse cenário com o número de mortos que temos. Ultrapassamos o limiar de 60 mil e, se não fizermos nada, vamos ultrapassar os 70 mil por ano. Não dá para viver em um país assim e continuar acreditando que vivemos em um Estado democrático de direito”, acrescentou.
Os representantes de instituições que atuam em parceria com o Observatório lembraram que a chacina de oito mortos na Rocinha, no final de março, segue sem explicações do Gabinete de Intervenção Federal. Outro massacre mencionado foi o ocorrido no morro do Salgueiro, no município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Na ocasião, oito pessoas foram mortas com características de execução durante operação conjunta da Polícia Civil com as Forças Armadas.
O subdefensor público-geral do Rio, Rodrigo Pacheco, afirmou que o caso foi encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em outubro do ano passado, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que transfere o julgamento de crimes cometidos por agentes das Forças Armadas em missões de Garantia da Lei e da Ordem para a Justiça Militar.
Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional no Brasil, afirmou que a medida inibe investigações sobre esses atos. “É algo muito perigoso, que respondeu a um clamor das Forças Armadas. Eles diziam que precisavam de garantias legais se fossem atuar com maior frequência na segurança pública”, criticou.
Para a representante da Anistia Internacional, a intervenção federal aprofunda e consolida um modelo de militarização da política de segurança pública. Em sua visão, experiências anteriores evidenciariam que esse caminho não gera melhorias nos indicadores de violência.
"No Rio e em outros estados, o uso das Forças Armadas não reduziu a criminalidade, custou muito caro e produziu violações de direitos humanos. O México vive esse processo desde 2006. Nesse período, houve aumento dos homicídios e desaparecimentos, com um custo orçamentário altíssimo e muitas violações. Se a intervenção não serve ao propósito de reduzir a violência, precisamos nos perguntar a que ela serve”, argumentou.
A prisão de 159 pessoas durante uma festa organizada por milicianos em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, era considerada a maior vitória da intervenção até aqui. Na última quarta-feira, 137 deles, todos réus primários, foram liberados. No pedido de soltura, o Ministério Público alegou que não havia provas efetivas que permitissem o oferecimento de denúncias contra eles.
O subdefensor Pacheco, que atuou no caso, afirmou considerar necessário despolitizar a intervenção. “Essas prisões foram apresentadas como um troféu do projeto. Porta-vozes do governo disseram que o Rio vivia uma nova era a partir delas. A intervenção está extremamente politizada”.
Durante o lançamento do relatório, integrantes do Observatório cobraram explicações para a execução da vereadora Marielle Franco, ocorrida em 14 de março. Ela esteve na primeira reunião de elaboração do projeto e coordenava a Comissão Representativa da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar ações da intervenção.
Uma pesquisa divulgada no fina de março pelo Instituto Datafolha revelou que a intervenção federalno Rio de Janeiro tem o apoio de quatro em cada cinco moradores da cidade, mas apenas 21% acham que a situação melhorou com os militares nas ruas.
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"Hoje são fartas as provas (documentos, vídeos, confissões) de que o MPF e o Moro se associaram aos EUA, a um governo estrangeiro, para deflagrarem as ações que culminaram claramente com a deposição de uma Presidente da República seguido de saque às propriedades nacionais, agindo por fora dos trâmites legais estipulados no decreto nº 3.810/2001, o qual estipula como devem se dar as ações conjuntas entre Brasil e Estados Unidos, prevendo um procedimento específico para a cooperação criminal entre essas nações."
Sobre o Moro e Dallagnol não deixarem que o processo contra o Lula, sobre o sítio em Atibaia, saia da jurisdição de Curitiba para a de São Paulo.
Quando o Juíz Moro vazou ilegalmente, fora do prazo legal, o áudio de uma Presidente com um ex-presidente, especialmente em uma situação crítica para o país onde se consumava um Golpe de Estado, naquele momento o Moro passava a ser suspeito de crime contra a soberania nacional fortemente passível de ser enquadrado na Lei 7170/1983, também conhecida como Lei de Segurança Nacional, a qual diz em seus artigos:
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:
I - a integridade territorial e a soberania nacional;
Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União.
Com agravante:
Art. 4º , II, letra (a) : “Ter o agente praticado o crime com o auxílio, de qualquer espécie, de governo, organização internacional ou grupos estrangeiros;”
Com Pena:
Art. 8º - Entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil.
Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.
Hoje são fartas as provas (documentos, vídeos, confissões) de que o MPF e o Moro se associaram aos EUA, a um governo estrangeiro, para deflagrarem as ações que culminaram claramente com a deposição de uma Presidente da República seguido de saque às propriedades nacionais, agindo por fora dos trâmites legais estipulados no decreto nº 3.810/2001, o qual estipula como devem se dar as ações conjuntas entre Brasil e Estados Unidos, prevendo um procedimento específico para a cooperação criminal entre essas nações.
O artigo II do decreto versa que cada país designará uma "Autoridade Central" para enviar e receber solicitações de cooperação: Ministério da Justiça. Ou seja, Moro e Dallagnol descumpriram Legislação Federal resultando em possível crime contra a Soberania Nacional tipificado e agravado na Lei 7170/83.
Em resumo: eles negligenciaram a competência do Ministério da Justiça para esse tipo de cooperação internacional , se associando a um Governo estrangeiro em prejuízo da soberania nacional, do regime representativo e democrático, da Federação e do Estado de Direito, bem como contra a pessoa dos chefes dos Poderes da União.
É por isso que eles partirão para o tudo ou nada. É por isso que não abrirão mão de forma alguma do poder de encarcerar o Presidente Lula pelo resto da vida com posterior eliminação do PT da face do país. Caso contrário, caso um governo popular ascenda ao poder, os dois, Moro e Dallagnol, poderão ir para a cadeia com um só direito: ao da desonra nacional.
Para Moro e Dallagnol: agora é matar ou morrer!!
Tal como os militares no período final da ditadura, Dallagnol e Moro têm hoje pavor de perderem o poder, não tanto pelo apego ao poder em si, mas por medo do que os vitimados poderão fazer com eles com base na lei, sem o amparo de uma anistia que lhes garanta a liberdade. O trágico é que toda a magistratura nacional, de forma desavisada, está se deixando ser arrastada por esses dois suspeitos para o cadafalso. Eles sabem que poderão pagar pelos crimes e estão conseguindo levar o Judiciário Nacional junto com eles para a cova como refém.
Flávio Louzada (Engenheiro da Computação, Especialista em Marketing, estudante de Direito)
Leonardo Boff fala à TV 247 na Praça São Salvador, no Rio, sobre as exceções do Judiciário. "O golpe foi comandado pelo Judiciário", disse. Gravação de Túlio Ribeiro.
Uma das mais importantes lideranças budistas do País defende a liberdade de Lula e denuncia a mídia e o golpe por ela defendida. Confira o vídeo (acima) de William de Lucca
"Sabemos que não é fácil chegar ao consenso dentro de uma Conferência Episcopal tão grande como a brasileira, com tendências, mentalidades e espiritualidades tão diversas. Porém, quando se escolhe o caminho da diplomacia, do “politicamente correto”, isso nos distancia da profecia e, por consequência, do Evangelho." - Padre Luis Miguel Modino Do site Caminho pra Casa, de Mauro Lopes
Padre Luis Miguel Modino avalia as duas notas lançadas nesta quinta-feira (19) pela CNBB para marcar o encerramento de sua 56ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP). Falta profetismo e Evangelho à entidade dos bispos brasileiros; sobram diplomacia e silêncios cúmplices
Por padre Luis Miguel Modino, pároco na Diocese de São Gabriel da Cachoeira*
Sabemos que não é fácil chegar ao consenso dentro de uma Conferência Episcopal tão grande como a brasileira, com tendências, mentalidades e espiritualidades tão diversas. Porém, quando se escolhe o caminho da diplomacia, do “politicamente correto”, isso nos distancia da profecia e, por consequência, do Evangelho.
O episcopado brasileiro publicou neste 19 de abril duas notas nas quais pretende apresentar sua postura diante do momento sócio-político que o país atravessa e das eleições que devem acontecer em outubro. Os textos são resultado dos debates levados a cabo na 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reuniu de 11 de abril até hoje (20) os prelados do país.
Eram pronunciamentos esperados, mas em muitos deixaram um gosto agridoce, com palavras temperadas que tentam agradar a todos, mas que acabam produzindo o efeito oposto.
Na primeira nota, sob o título de “Mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao Povo de Deus” (veja a íntegra no final), a CNBB começa defendendo-se dos ataques sofridos nas redes sociais, dos quais participam grupos conservadores e reacionários, com o apoio mais ou menos explícito de padres, alguns com grande popularidade, sem qualquer atitude concreta por parte dos bispos dos quais dependem canonicamente. São estes os mesmos grupos nos quais confluem interesses políticos, econômicos e religiosos, que perseguem os bispos e a CNBB.
Perante esta situação, o episcopado faz um apelo à unidade dentro da Igreja, que eles dizem ser parte do episcopado, ao afirmar que “estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro”. Esta afirmação é colocada em dúvida a seguir, quando se afirma no texto a CNBB que “não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos”. Ao mesmo tempo, os bispos anotam que “a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência”, embora muitos percebam que essa história foi gradualmente diluída.
A nota assinala que “a CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político”, mas, ao mesmo tempo, com base em uma frase da última exortação apostólica do Papa Francisco, critica o “intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101)”, o que é contraditório.
Os bispos dizem que assumem um compromisso profético em sua nota, o que para muitos permanece num nível teórico, porque falta uma defesa explícita do padre José Amaro Lopes, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), aprisionado desde 27 de março, como resultado de uma trama de poderes políticos e econômicos no Pará. A mesma omissão acontece em relação à morte de Marielle Franco, a vereadora do Rio de Janeiro assassinada há mais de um mês, cuja família confortada por um telefonema do Papa Francisco. Sobre cuja morte, que provavelmente nunca será resolvida pela polícia e pelo Judiciário, nunca houve um pronunciamento da CNBB, apesar de a Conferência Episcopal começar a nota afirmando estar “em comunhão com o Papa Francisco”.
Na segunda nota, sobreas eleições de outubro, que muitos descrevem como mais profética, enquadra-se na perspectiva da “defesa integral da vida e da dignidade da pessoa humana, especialmente dos pobres e excluídos”, atitude que surge do fato de que “o Brasil vive um momento complexo, alimentado por uma aguda crise que abala fortemente suas estruturas democráticas e compromete a construção do bem comum, razão da verdadeira política”. A nota faz uma crítica à corrupção cada vez mais presente , o que causa “um perigoso descrédito com a política”.
Os bispos denunciam “a falta de políticas públicas consistentes”, que é considerada “a raiz de graves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, provoca vítimas entre milhares de pessoas, acima de tudo , mulheres, pobres, jovens, negros e indígenas “, como resultado das decisões de um governo que assumiu o poder como resultado de um golpe de Estado parlamentar e ao qual, por outro lado, nenhuma crítica explícita é feita (nem ao golpe de Estado). Tudo isso é consequência, segundo a nota episcopal, da “perda de direitos e conquistas sociais, resultado de uma economia que sujeita a política aos interesses do mercado”.
Uma das realidades mais preocupantes para os bispos são “os discursos e atos de intolerância, ódio e violência” que impedem “qualquer possibilidade de diálogo”, uma atitude abertamente defendida por alguns políticos, apoiada até mesmo por grupos católicos. Nesse sentido, os bispos definem as eleições como “um passo importante para o Brasil reafirmar a normalidade democrática, superar a atual crise institucional, garantir a independência e autonomia dos três poderes constituídos”.
O episcopado convoca as pessoas a “participarem efetivamente da construção de um país justo, ético e igualitário”, vendo “neste momento difícil uma oportunidade de crescimento, abandonando os caminhos da intolerância, do desânimo e do desencantamento”. A CNBB também exorta os políticos para “que anteponham o bem comum aos seus interesses privados” uma realidade cada vez menos presente na política brasileira, onde quase tudo é comprado e vendido.
As duas notas provocam diferentes reações em um país cada vez mais dividido, mas no qual muitos sentem a falta de palavras mais decisivas e contundentes, especialmente aqueles que desejam uma reflexão sobre o momento atual pelo qual o Brasil está passando. Até mesmo alguns bispos, em particular, reconhecem que a profecia é algo cada vez menos presente na CNBB.
* Este artigo está sendo publicado simultaneamente em espanhol no site Religión Digital