terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Chefe do Executivo e os grandes exmpresários & Cia. Ltda

Devido a grande decepção que agrassa a muitos de minha terra...

Devido à hipocrisia da política cada vez mais vilipendiada nas mãos de uns poucos que pretendem fazer do serviço público meio de enriquecimento ilícito...

Devido ao sucateamento da saúde pública, transformada em moeda de troca...

Devido às benesses imobiliárias à mega-empresários ambientalmente criminosos que definem o que querem, e onde querem...

Devido à tentativa de se formar uma ditadura com membros manipulados e teleguiados, incluindo-se prefeitos...

Devido, enfim, a dor de milhares que são ludibriados em prol de uma piora da maioria para o benefício de uma minoria, transcrevo aqui um texto do professor Durval Glozio, da UPFB, sobre a transformação de uma promessa de luta para o bem social em um burguês ditatoria a comandar os destinos de um estado do Brasil....
Chefe de Executivo e grandes empresários Cia. Ltda. 05/09/2011

Blog Ponto Crítico Pb

O político “X” agora ocupa o posto mais alto da escala eleitoral de um dos vários estados da federação. Havia feito dos vários mandatos parlamentares (vereador e deputado) uma trincheira no combate a privatização dos serviços públicos do Estado e na crítica aos setores empresariais que se locupletavam das benesses patrocinadas por políticos mais interessados em engordar os profundos bolsos do que melhorar a qualidade de vida da população.

Os setores empresariais que mais criticava concentravam-se nos transportes públicos, na construção civil e em algum raro empresário do comércio instalado na Capital. Num dos bairros próximos a orla marítima chegou a solicitar, na Justiça, a demolição de um edifício que, de acordo com seu entendimento, estava fora dos padrões ou do gabarito que limitava a altura das edificações em um determinado número de andares. Quando ocupou uma das cadeiras da Câmara dos Vereadores e, mais tarde, da Assembléia Legislativa enxergava nas construtoras verdadeiras máquinas de moer o meio ambiente.

Ainda como parlamentar “X” criticava com voracidade os empresários dos transportes coletivos. Para o político esse era um dos setores mais atrasados do atrasado Estado que vivia e que almejava governar para mudar. Dizia existir uma relação promiscua entre poder público e os donos das empresas de ônibus. Fazia discursos quase semanais pregando a revisão das concessões e uma relação que beneficiasse mais a população e inibisse os constantes reajustes de tarifa.

Com o empresário do setor do comércio desenvolveu ódio visceral. Não só porque havia construído seu “império” sobre um manguezal, mas, sobretudo, por acreditar que este mesmo empresário comprava a tudo e a todos, que fazia e acontecia. O parlamentar via neste empresário um corruptor que mandava na cidade, incluindo-se os demais parlamentares da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa e o Chefe do Executivo. Ele dizia que, se um dia tivesse a oportunidade de governar a Capital ou o Estado, tudo mudaria e esse empresário, em particular, enfrentaria a publicização dos espaços urbanos e que o tráfego elaborado para beneficiar suas lojas seria revisto.

Casado, o parlamentar foi eleito prefeito da Capital. Mas, depois de uma crise conjugal voltou a descasar. Sua ex esposa fincou pé e não arredou do apartamento do político “X”, em ascensão. Ele havia mudado de um bairro classe média para o mais valorizado da cidade, acompanhando o padrão de vida que um Chefe de Executivo exige. Como brigão esboçou uma reação para retirar a ex do seu apartamento, mas julgou que a empreitada poderia deixar fissuras profundas na sua imagem de bom moço, já que ela poderia botar a boca no trombone.

É nessa ocasião que o empresário que odiava lhe solicita uma audiência para tratar de uma pendência relativa ao embargo de parte um edifício de sua propriedade, situado também no bairro mais caro da Capital. Quatro apartamentos nos andares mais altos estavam sem uso por infringir o Código de Postura e deveriam ser demolidos. O empresário fez as contas e percebeu que poderia doar um dos apartamentos em troca da liberação dos demais. Feita a proposta, o Chefe do Executivo da Capital pediu tempo para “consultar a legislação” e decidir sobre o tema.

Não tardou para decidir sobre o assunto. Sua reflexão levou em consideração alguns ganhos. O primeiro deles era o de não efetivar a demolição de todo um andar do edifício e obter ganhos que agradassem o maior número de pessoas envolvidas: ele mesmo (evidente), a ex esposa e o empresário. Acatou a proposta de não solicitar a derrubada da edificação que se encontrava fora da legalidade, agradou a ex esposa com um apartamento no mesmo nível e no mesmo bairro do seu e, estabeleceu laços de amizade com o empresário mais prospero da Capital.

Passou a perceber que aquele empresário que acreditava ser uma ameaça ao estado de direito e, sobretudo, ao meio ambiente, era um empregador de milhares de cidadãos, um excelente contribuinte de impostos e, de quebra, das futuras campanhas eleitorais. A amizade prosperou ao ponto de estabelecerem sociedade em empreendimentos imobiliários e comerciais. Agora, juntos, avançam na geração de empregos para os eleitores de um dos bairros mais populosos do Estado.

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