Do jornalista político Bob Fernandes:
Textos de Filosofia e ensaios sobre temas atuais
Por Vitor Abdala — Agência Brasil
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada na abertura da cúpula do G20, nesta segunda-feira (18), já teve adesão de 82 países. A proposta foi idealizada pelo Brasil com o objetivo de acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza, prioridades centrais nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Entre os países que já aderiram estão todos os integrantes do G20. Apenas a Argentina ainda não havia anunciado a adesão até a manhã desta segunda, mas o país decidiu aderir de última hora e se tornou fundador do grupo.
Além dos países, anunciaram a adesão as uniões Europeia e Africana, que são membros do bloco, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.
A adesão, que começou em julho e segue aberta, é formalizada por meio de uma declaração, que define compromissos gerais e específicos, os quais são alinhados com prioridades e condições específicas de cada signatário.
Entre as ações estão os “Sprints 2030”, que são uma tentativa de erradicar a fome e a pobreza extrema por meio de políticas e programas em grande escala.
A Aliança Global espera alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.
A Aliança terá governança própria vinculada ao G20, mas que não será restrita às nações que integram o grupo.
A administração ficará a cargo de um Conselho de Campeões e pelo Mecanismo de Apoio. O sistema de governança deverá estar operacional até meados de 2025. Até lá, o Brasil dará o suporte temporário para funções essenciais.
Veja a lista dos países e organizações que aderiram à Aliança.
1. Alemanha
2. Angola
3. Antígua e Barbuda
4. África do Sul
5. Arábia Saudita
6. Armênia
7. Austrália
8. Bangladesh
9. Benin
10. Bolívia
11. Brasil
12. Burkina Faso
13. Burundi
14. Camboja
15. Chade
16. Canadá
17. Chile
18. China
19. Chipre
20. Colômbia
21. Dinamarca
22. Egito
23. Emirados Árabes Unidos
24. Eslováquia
25. Estados Unidos
26. Espanha
27. Etiópia
28. Federação Russa
29. Filipinas
30. Finlândia
31. França
32. Guatemala
33. Guiné
34. Guiné-Bissau
35. Guiné Equatorial
36. Haiti
37. Honduras
38. Índia
39. Indonésia
40. Irlanda
41. Itália
42. Japão
43. Jordânia
44. Líbano
45. Libéria
46. Malta
47. Malásia
48. Mauritânia
49. México
50. Moçambique
51. Myanmar
52. Nigéria
53. Noruega
54. Países Baixos
55. Palestina
56. Paraguai
57. Peru
58. Polônia
59. Portugal
60. Quênia
61. Reino Unido
62. República da Coreia
63. República Dominicana
64. Ruanda
65. São Tomé e Príncipe
66. São Vicente e Granadinas
67. Serra Leoa
68. Singapura
69. Somália
70. Sudão
71. Suíça
72. Tadjiquistão
73. Tanzânia
74. Timor-Leste
75. Togo
76. Tunísia
77. Turquia
78. Ucrânia
79. Uruguai
80. Vietnã
81. Zâmbia
82. Argentina
83. União Africana
84. União Europeia
Organizações Internacionais:
1. Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Auda-Nepad)
2. CGIAR
3. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal)
4. Comissão Econômica e Social para Ásia Ocidental (Cesao)
5. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
6. Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
7. Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
8. Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida)
9. Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (UNRISD)
10. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
11. Liga dos Estados Árabes (LEA)
12. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
13. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido)
14. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
15. Organização dos Estados Americanos (OEA)
16. Organização Internacional do Trabalho (OIT)
17. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
18. Organização Mundial do Comércio (OMC)
19. Organizacão Mundial da Saúde (OMS)
20. Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)
21. Programa Mundial de Alimentos (WFP)
22. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)
23. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat)
24. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
Instituições Financeiras Internacionais:
1. Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)
2. Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)
3. Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)
4. Banco Europeu de Investimento (BEI)
5. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
6. Grupo Banco Mundial
7. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)
8. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)
9. Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)
Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais:
1. Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)
2. Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)
3. Fundação Bill & Melinda Gates
4. Brac
5. Children’s Investment Fund Foundation
6. Child’s Cultural Rights & Advocacy Trust Agency
7. Citizen Action
8. Education Cannot Wait
9. Food for Education
10. Instituto Comida do Amanhã
11. Fundação Getúlio Vargas (FGV)
12. GiveDirectly
13. Global Partnership for Education
14. Instituto Ibirapitanga
15. Instituto Clima e Sociedade (iCS)
16. Câmara de Comércio Internacional
17. Leadership Collaborative to End Ultrapoverty
18. Maple Leaf Early Years Foundation
19. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
20. Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)
21. Pacto Contra a Fome
22. Fundação Rockefeller
23. Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri)
24. SUN Movement
25. Sustainable Financing Initiative
26. Their World
27. Trickle Up
28. Village Enterprise
29. World Rural Forum
30. World Vision International
31. Instituto Fome Zero
PF prendeu o general Mário Fernandes, ex chefe-substituto da Secretária-geral da Presidência no governo Bolsonaro
Polícia Federal no Distrito Federal. | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), uma operação de busca e apreensão contra militares do grupo “Kids Pretos”, investigados por um plano de emboscada orquestrado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme noticiado pelo GGN, Moraes foi minuciosamente monitorado pelo grupo como parte dos preparativos para a tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas em 2022.
Ao todo, a “Operação Contragolpe” cumpre cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão, além de outras 15 medidas cautelares nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e também no Distrito Federal.
Segundo a PF, o tal plano dos Kids Pretos, apelido dado aos militares que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, foi batizado como “Punhal Verde e Amarelo”. Além das ações contra Moraes, o plano ainda incluía a execução do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB).
Em novembro de 2022, os militares teriam feito uma reunião em Brasília para discutir os detalhes do tal plano, desde os recursos bélicos e de pessoal necessários para executar as ações, até a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as possíveis repercussões institucionais dos crimes.
Todas essas informações e provas foram recolhidas em computadores e celulares apreendidos pela PF durante e após a Operação Tempus Veritatis. Mensagens também foram recuperadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fez um acordo de delação premiada com a corporação.
Hoje, um dos alvos dos mandados de prisão foi o general Mário Fernandes, ex chefe-substituto da Secretária-geral da Presidência, durante o governo Bolsonaro. Atualmente ele estava lotado como assessor no gabinete de Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.
Fernandes seria a peça-central da atuação dos Kids Pretos no plano. Isso porque, antes de assumir o cargo no governo Bolsonaro, ele chefiava o Comando de Operações Especiais, em Goiânia, uma das unidades em que os Kids Pretos atuam.
Um dos indícios sobre o papel de Fernandes no plano de emboscada é um áudio. A gravação foi encaminhada pelo coronel Hélcio Franco ao ex-militar Ailton Barros, ambos envolvidos no caso.
“Quem tem a tropa na mão é o comandante de Operações Especiais. Por exemplo: o comandante deu a ordem, né? Tem que ver esse fenômeno aí do que é a tropa na mão, né? De qualquer forma, eu acho melhor coordenar esse assunto com o Mário, tá? Eu já falei pro Borges que eu não tenho contato com o Mário, e acho que o Borges deve encaminhar esse assunto pro Mário, que é a minha sugestão”, diz o áudio.
Também são alvos dos pedidos de prisão o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, os majores Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.
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A Polícia Federal faz uma operação de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (19) sobre o grupo de militares conhecido como “Kids Pretos”.
A PF cumpre cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão, além de outras 15 medidas cautelares na ação, batizada de Operação Contragolpe. Os alvos são endereços no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
A coluna apurou que os alvos dos mandados de prisão são o general Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, os majores Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.
A coluna apurou com fontes próximas à investigação que um dos alvos é o general Mário Fernandes, peça-central da atuação dos “Kids pretos” na investigação. Antes de comandar a Secretaria-Geral da Presidência, ele esteve à frente do Comando de Operações Especiais, em Goiânia. O coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou aos investigadores que Fernandes integrava o grupo de militares mais radicais envolvidos no planejamento do golpe.
A PF identificou um planejamento operacional detalhado, batizado como “Punhal Verde e Amarelo” para que militares, a maioria deles kids pretos, executassem ações golpistas, entre elas a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes, como a coluna revelou na semana passada. O plano também incluía a execução do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, segundo a PF.
O plano detalhava os recursos bélicos e de pessoal necessários para executar as ações golpistas. Os kids pretos montariam ainda um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as repercussões institucionais dos crimes.
A PF apurou que alguns dos alvos da operação de hoje participaram da organização de uma reunião entre kids pretos para planejar as ações golpistas, em 12 de novembro de 2022. As informações constam no relatório da PF da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro deste ano.
Segundo os investigadores, o o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o major Rafael Martins de Oliveira trocaram mensagens com Mauro Cid para tratar da reunião, realizada na SQS 112, Bloco B, em Brasília. Os detalhes do plano foram encontrados em mensagens recuperadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fez colaboração premiada com a PF. Cid foi chamada para depor nesta terça-feira (19).
Nos últimos meses, investigadores arrecadaram novos dados em computadores e celulares apreendidos durante as ações anteriores e as novas informações permitiram detalhar como se deu a preparação do golpe. Além das minutas já conhecidas, militares fizeram o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes. A coluna apurou que esse levantamento foi feito pelo grupo de “Kids Pretos”.
“Kid preto” é o apelido dado a militares que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Uma das unidades militares onde eles atuam é no Comando de Operações Especiais, em Goiânia. Segundo as investigações, a trama golpista tentou fazer com que militares dessa unidade tomassem parte no golpe de Estado. Entre as atribuições deles estaria prender o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades, sob ordem de Jair Bolsonaro.
Conversas obtidas pela PF mostram que outros envolvidos contavam com a interferência dele para garantir a adesão dos kids pretos ao plano golpista, influenciando diretamente o comandante da unidade na época, general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel.
Um dos indícios encontrados na investigação sobre o papel central do general Mário no plano de emboscada contra Moraes é um áudio. A gravação encaminhada pelo coronel Hélcio Franco ao ex-militar Ailton Barros — também envolvido na trama golpista.
“Quem tem a tropa na mão é o comandante de Operações Especiais. Por exemplo: o comandante deu a ordem, né? Tem que ver esse fenômeno aí do que é a tropa na mão, né? De qualquer forma, eu acho melhor coordenar esse assunto com o Mário, tá? Eu já falei pro Borges que eu não tenho contato com o Mário, e acho que o Borges deve encaminhar esse assunto pro Mário, que é a minha sugestão”.
Do Portal do José:
14/11/24 - ASSUSTADOR TERMOS NO BRASIL UM ATENTADO TERRORISTA! A banalização do mal se infiltrou em muitas pessoas no Brasil. Estamos diante de uma parcela da sociedade brasileira que foi completamente sequestrada mentalmente por uma espécie de virulência. Os meios de comunicação tem participação da formação desse imenso cogumelo extremista. Ao não combaterem desde o início a figura de Bolsonaro, suas falas e suas práticas, eles vitaminaram essas hordas de insanos por todos os lados. Uns mais virulentos do que outros. Todos com algo em comum: a idolatria a Bolsonaro. Que a PGR faça algo a partir desse episódio. Sigamos.
Dono do veículo que explodiu perto da Câmara fez postagens contra o STF; leia as mensagens
Francisco Wanderley Luiz, dono do veículo carregado de fogos de artifício, que explodiu no estacionamento da Câmara dos Deputados na noite desta quarta (13), antecipou o atentando em mensagens públicas na internet.
Duas horas antes do atentado, Francisco, que é filiado ao PL de Santa Catarina, divulgou nas redes sociais mensagens em que ele próprio incita uma revolução e afirma que o atentado aos Poderes seria a “verdadeira proclamação da República”, em alusão ao feriado do dia 15 de Novembro. “Após este grande acontecimento vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República. Em espírito estarei na linha de frente com minha espada erguida.”
A Praça dos Três Poderes foi isolada na noite desta quarta (13) por força de duas explosões que foram ouvidas da sede do Supremo Tribunal Federal e também da Câmara dos Deputados. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal confirmou que houve uma morte, mas a identidade do homem atingido por explosivos ainda não foi revelada.
Em outra mensagem, o bolsonarista desafia a Polícia Federal a desarmar, em 72 horas, explosivos que supostamente teria colocado na casa de três políticos – José Sarney, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso – e do jornalista William Bonner, da Rede Globo.
No Facebook, candidato a vereador pelo PL, em 2020, mostrou estar cansado da articulação política da direita e afirmou que o caminho a ser seguido deveria envolver ações nas ruas. Ele incitou os homens a deixarem suas casas e famílias para atentar contra o Judiário, que seria o principal obstáculo. Os ataques, segundo ele, deveriam ser descentralizados, na base do Judiciário em cada cidade brasileira. Na mensagem, ele ainda disse que, “se preciso for”, os aliados deveriam atear fogo, “mas com cuidado para não machucar ninguém”.
A farsa “democrata” de Jair Bolonaro chegou ao público pela Folha de S. Paulo
Do site iclenoticias.com.br
O artigo surgiu no site de um dos maiores jornais brasileiros como se fosse mais um texto opinativo corriqueiro, em meio aos palpites daqueles que tentam entender a complexidade da política nacional.
Chamou atenção pela assinatura do articulista, que contrastava com o título. O autor: Jair Bolsonaro (aquele mesmo!) O título: “Aceitem a democracia”.
Nas 623 palavras seguintes, um amontoado de mentiras, distorções e manipulações de fatos é apresentado no espaço jornalístico que ao menos em tese deveria ser dedicado a perseguir a verdade.
Ao contrário: em tom de tese cívica, como se fosse uma desinteressada defesa do bem comum, a Folha ofereceu ao leitor um rosário de lorotas.
“Aceitem a democracia”, diz o homem que usou a autoridade de presidente da República para tentar desacreditar o processo eleitoral de seu próprio país.
“Aceitem a democracia”, pede o sujeito que incitou seguidores a investirem contra as instituições, invadindo as sedes dos Poderes, em Brasília.
“Aceitem a democracia”, clama o homem que incentivou um hacker a invadir o sistema de informática do Tribunal Superior Eleitoral.
Tentando simular naturalidade, o ghost writer de Bolsonaro escreveu que “quando uma ideia ganha a alma do povo, é inútil tentar matá-la simplesmente por meio da violência”. Difícil definir o sentimento de ler algo assim assinado pelo personagem inspirador de grupos que levantaram detalhes da rotina dos seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e de Lula, para atacá-los.
Justamente o signatário que serviu de guia aos homens que planejaram e quase conseguiram concluir um atentado a bomba no aeroporto de Brasília.
Cheio de cinismo, o autor critica a “reação da esquerda às suas derrotas”, como se a gangue bolsonarista não tivesse perpetrado o 8/1.
O dublê de articulista e ex-presidente fala em aceitar a “vontade popular”, como se não tivesse esperneado e tentado até os 45 do segundo tempo manter-se na Presidência, mesmo derrotado nas urnas.
Termina o texto dizendo que trabalha “por um futuro melhor para as pessoas, para as famílias” — não incluídas aí as 400 mil pessoas cujas mortes poderiam ter sido evitadas na pandemia de covid-19, se Bolsonaro tivesse seguido os ditames da ciência.
Mas, convenhamos, do “mito” da extrema direita brasileira não se poderia esperar mesmo qualquer manifestação de honestidade intelectual.
O que surpreende no artigo não é o seu conteúdo, que se alinha com todas os disparates difundidos costumeiramente por Bolsonaro, mas o fato de ter sido divulgado não em uma live para a seita bolsonarista ou em algum site de extrema direita.
A farsa “democrata” de Jair Bolsonaro chegou ao público pela Folha de S. Paulo.
A partir daí , quem sabe, pode-se esperar que talvez Marcola escreva um artigo sobre segurança pública ou os promotores do Jogo do Tigrinho façam um texto sobre economia popular.
Na ânsia de exercer o democratismo (a prática de mostrar diversidade de opiniões, mesmo ao custo de abrir espaço para aqueles que querem destruir a democracia) o jornal chega ao ápice do “doisladismo”. Mostra os dois lados de quase todos os assuntos, menos quando se trata de economia. Na pauta do corte de gastos, por exemplo, só há espaço no noticiário para os porta-vozes do “mercado”.
O metaverso da democracia brasileira já tem seu órgão de imprensa oficial.
Afinal, se a extrema direita instaurar o caos institucional no país basta daqui a algumas décadas escrever um editorial pedindo desculpas.
E fazer tudo de novo.
Do Canal Paz e Bem:
A vitória de Trump nos EUA representa um avanço significativo para a extrema direita mundial. Os próximos anos se anunciam como sombrios! Como atravessá-los e como manter a luta e a esperança? Link para a coluna da semana no GGN: https://jornalggn.com.br/opiniao/cupi...
Ministro foi monitorado como parte do plano de golpe de Estado no fim do governo Bolsonaro
Do site ICL Notícias:
A Polícia Federal arrecadou provas desde fevereiro deste ano, durante e após a operação Tempus Veritatis, de que o grupo de militares conhecido como “Kids Pretos” teria criado um plano para uma emboscada contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O magistrado foi minuciosamente monitorado pelo grupo. Esse plano faz parte dos preparativos para a tentativa de golpe de estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
A coluna apurou com duas fontes próximas à investigação que esses novos dados foram arrecadados em computadores e celulares apreendidos durante as ações. Um dos militares envolvidos no plano seria o general Mário Fernandes, chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A coluna fez contato desde a tarde de sexta-feira com a defesa do general, mas não obteve retorno.
Na sexta-feira (8), o portal Uol revelou que a PF descobriu dados sobre a preparação do golpe que incluíram o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes. A coluna apurou que esse levantamento foi feito pelo grupo de “Kids Pretos”.
“Kid preto” é o apelido dado a militares que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Uma das unidades militares onde eles atuam é no Comando de Operações Especiais, em Goiânia. Segundo as investigações, a trama golpista tentou fazer com que militares dessa unidade tomassem parte no golpe de Estado. Entre as atribuições deles estaria prender o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades, sob ordem de Jair Bolsonaro.
Os investigadores descobriram uma reunião dos kids pretos em novembro de 2022, em Brasília. Os detalhes do plano foram encontrados em mensagens recuperadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fez colaboração premiada com a PF. Na última semana, o ex-chefe da Abin (Agência Brasileiras de Inteligência), Alexandre Ramagem, e o general Nilton Rodrigues prestaram depoimento no inquérito.
General citado pela PF comandou kids pretos
Segundo as investigações, uma das peças centrais nesse plano era o general Mário Fernandes. Antes de comandar a Secretaria-Geral da Presidência, ele esteve à frente do Comando de Operações Especiais, em Goiânia. O coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou aos investigadores que Fernandes integrava o grupo de militares mais radicais envolvidos no planejamento do golpe.
Conversas obtidas pela PF mostram que outros envolvidos contavam com a interferência dele para garantir a adesão dos kids pretos ao plano golpista, influenciando diretamente o comandante da unidade na época, general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel.
Um dos indícios encontrados na investigação sobre o papel central do general Mário no plano de emboscada contra Moraes é um áudio. A gravação encaminhada pelo coronel Hélcio Franco ao ex-militar Ailton Barros – também envolvido na trama golpista.
“Quem tem a tropa na mão é o comandante de Operações Especiais. Por exemplo: o comandante deu a ordem, né? Tem que ver esse fenômeno aí do que é a tropa na mão, né? De qualquer forma, eu acho melhor coordenar esse assunto com o Mário, tá? Eu já falei pro Borges que eu não tenho contato com o Mário, e acho que o Borges deve encaminhar esse assunto pro Mário, que é a minha sugestão”.
Trump volta ao poder tendo no currículo a promoção do caos.
Acordamos nesta quarta-feira (06) com a notícia que temíamos na noite anterior: o republicano Donald Trump venceu as eleições e se tornará novamente presidente dos Estados Unidos.
Como na campanha eleitoral de 2016, também em 2024 Trump conseguiu manipular a raiva do eleitorado e transformar sentimentos em votos.
Compartilho aqui na coluna algumas notas que escrevi ao folhear o livro “Como as democracias morrem”.[1]
Outsiders chegaram ao poder não só por conta dos seus talentos, mas também pela negligência do establishment político, que, diante dos sinais, não fecharam as portas. Isto é, o institucionalismo vigente não deu conta de novas realidades políticas.
Durante a campanha eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, e de Jair Balsonaro no Brasil, em 2018, a percepção de recessão democrática se intensificou.
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt desnaturalizam a concepção de “América Democrática”. O estudo da cultura política norte-americana leva à conclusão de que os norte-americanos têm uma veia autoritária.
Os partidos políticos são a proteção contra líderes autoritários, demagogos e aventureiros. Daí a forte ênfase do livro no institucionalismo.
Se os sinais eram tão evidentes que o candidato Donald Trump não tinha apreço pelas garantias dos direitos constitucionais nem pelas normas democráticas, como pôde a liderança do Partido Republicano deixá-lo ir tão longe?
Mesmo com todos os alarmes, o establishment político não foi capaz de construir contenções para proteger as instituições democráticas. Colocaram o eleitoral à frente da ordem democrática.
Como autocratas minam sutilmente a democracia?
Cooptação do sistema judiciário e forças policiais. Blindagem dos questionadores e “arma legal” contra os oponentes. Comprar oponentes oferecendo posições públicas ou vantagens. Marginalizar a mídia de oposição. O silenciamento de vozes influentes (empresários, artistas, intelectuais e políticos) por cooptação ou intimidação.
Esquematicamente, governos eleitos no processo democrático e que depois assumem feições autoritárias, utilizam as seguintes estratégias: (1) capturar os árbitros; (2) tirar do jogo importantes adversários; (3) reescrever as regras do jogo para desequilibrar a disputa.
Hoje, imagino, ninguém duvida que o retorno do Trump a Casa Branca representa a delegação a um autocrata para reescrever as regras do jogo. O Trump, na versão 2024, soa como uma ameaça ainda maior.
Convencionalmente, a ideia-força das democracias estabelece que os rivais discordam, mas se toleram e concordam no sentido de respeitar as regras institucionais. Tolerância mútua a partir do reconhecimento da legitimidade do rival.
Na presidência nos Estados Unidos, mesmo na ausência de barreiras constitucionais, em regra, os presidentes foram comedidos não ultrapassando suas prerrogativas para governar. Esse fenômeno é representativo do uso e reconhecimento das “regras não escritas”.
O processo de erosão das regras democráticas (escritas e não-escritas) encontra em Trump a sua expressão mais nítida, mas o processo antecede a esse fenômeno.
Os precedentes históricos em que a disputa pelo poder no bipartidarismo estadunidense se dava no ambiente respeitoso aos adversários, mas sobretudo, respeito pelas regras (escritas e não-escritas), foram descontinuados.
Extremismos, polarizações radicais estimulando rupturas e interdição do diálogo. Exercício da política na lógica da ruptura em que o adversário é tratado como inimigo.
Ainda sobre a crescente animosidade na disputa partidária nos Estados Unidos, importante contextualizar a imersão dos cristãos evangélicos a partir do final dos anos 1970. Os dois partidos radicalizaram nas disputas de natureza racial e religiosa. “A intolerância se mostrava politicamente útil” (Ibid, p. 155).
“A democracia norte-americana não é tão excepcional quanto às vezes acreditamos que seja. Não há nada em nossa Constituição nem em nossa cultura que nos imunize contra colapsos democráticos (Ibid, p. 194).”
Embora reivindique a identidade de nação democrática, os Estados Unidos não se diferenciam de outras nações. A democracia não está consolidada, é algo que está sempre adiante e precisa ser buscada. É por isso que podemos falar de avanços e retrocessos democráticos nos Estados Unidos e nos outros países que se dizem democráticos.
O processo de aperfeiçoamento institucional exige vigilância constante e a capacidade de construir acordos em torno de interesses comuns.
Essas ideias são utilizadas para pensar os desafios impostos pela figura política do Trump. Para os autores, o governo Trump representava um retrocesso de severa inflexão das instituições democráticas norte-americanas.
Cogitar um pós-Trump em que a tarefa comum seja a recomposição democrática em duas normas fundamentais: tolerância mútua e reserva institucional.
Infelizmente, a esperança de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt foi adiada.
Trump é uma real ameaça à democracia e os seus eleitores sabem disso.
[1] LEVITSKY, Steven & ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018
A curto prazo, não sou otimista. A imagem dos cupins me assalta. São milhares que saem em voo desesperado, como são milhões os extremistas do planeta em atitudes de agressão, mentira e retrocesso. Já a médio e longo prazo tenho esperança. O sofrimento está superlativo. Será ainda pior. Então, pela dor, haverá um despertar coletivo, de resistência ao mal
Cupins alados e a vitória de Trump
por Dora Incontri, no Jornal GGN
Nesta noite, ninguém dormiu aqui em casa. Milhares de cupins alados tentavam entrar pelas janelas e lá fora aglomeravam-se em torno das luzes da garagem e do jardim. E ao mesmo tempo, líamos a notícia de que Trump havia vencido a eleição nos EUA. Uma coincidência simbólica significativa essa, da invasão dos cupins e da nova ascensão do fascista!
Não que a candidata democrata fosse tão melhor que o republicano. Pouca coisa. Mas a vitória de Trump é o suficiente para piorar muito o cenário do mundo, com o avanço estratégico e galopante da extrema direita, toda assentada em Fake News, negacionismo científico, misoginia, lgtbfobia, ódio aos imigrantes, fundamentalismo religioso e outras barbáries. Qualquer um dos dois candidatos, porém, seria obediente aos interesses da indústria bélica dos EUA, à manutenção do status imperialista norte-americano, à economia neoliberal… Kamala apenas teria um pouco mais de verniz democrático.
O problema é que se fecha o cerco de uma direita internacional unida – sustentada por bilionários, como Elon Musk – que promete instalar com mais ódio e profundidade um estado de guerra permanente e global e ignorar solenemente a agenda climática do apocalipse. Em suma, a infelicidade geral do planeta, a ameaça de extinção dos seres vivos (no caso, nós, enquanto humanidade), a miséria, as secas, as enchentes, tudo sufocante e trágico.
A curto prazo, não sou otimista. A imagem dos cupins me assalta. São milhares que saem em voo desesperado, como são milhões os extremistas do planeta em atitudes de agressão, mentira e retrocesso. Nessa semana, tivemos a prisão de jovens nazistas na Alemanha, que planejavam um golpe; vimos extremistas espanhóis se valendo da tragédia de Valencia, para semear instabilidade no governo à esquerda. Os cupins alados são os reprodutores, que vão semear as colônias que depois destruirão jardins, plantas, gramados, prédios, que comerão livros e podem mesmo sobreviver à irradiação atômica. Uma praga!
Esse avanço está já muito concatenado e amarrado. Pouco provável que tenhamos um recuo proximamente. Também pelo fato de estarmos vivendo um momento de esquerda intimidada, acovardada, que flerta com o centro, com o neoliberalismo, sem se assumir nem mesmo como esquerda. Uma esquerda envergonhada, que se rende ao capital.
Precisamos, por isso, arregimentar forças, formarmos vínculos, comunidades, lideranças, assumirmos um discurso claro, de combate não só ao capital, mas a essa democracia liberal, que sempre acaba por desembocar no fascismo. Essa democracia elegeu Hitler, elegeu o nosso inominável, elegeu Trump por duas vezes. Manobrada pelos poderes econômicos e militares, essa democracia não é democracia de fato.
Como anarquista, também não me apetecem os autoritarismos de esquerda. Temos que avançar além dos limites da história que já se fez. O que estamos fazendo é repetindo o avanço do nazifascismo de 100 anos atrás. Sem a perspectiva de nenhuma revolução que se faça contrapeso à tomada das trevas.
Já a médio e longo prazo, tenho esperança. O sofrimento está superlativo. Mas será ainda pior. Então, haverá um despertar coletivo, de resistência, de força, de coragem. E conseguiremos atravessar os dias sombrios, para um novo amanhecer. Mas não fiquemos de mãos atadas e boca fechada, por enquanto. Façamos a cada dia nossa parte de militância, educação política e fortalecimento de nossos melhores afetos, de nossa melhor esperança. Até chegarmos na outra margem da história!
Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.