segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Intolerância religiosa no Brasil, por Ivanir dos Santos, Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conselheiro Estratégico do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).

 

Dados do Ministério dos Direitos Humanos apontam que a intolerância religiosa carreada pela extrema direita e suas igrejas enofundamentalistas vem crescendo assustadoramente


Do ICL Notícias:


A intolerância religiosa, assim com o racismo, é um dos maiores mecanismos de exclusão.

Com bem gostamos de pontuar, um brevíssimo panorama sobre as Histórias da formação social do Brasil nos permite enxergar que a intolerância e o racismo são ainda os maiores desafios para a construção da coexistência pacífica em várias partes do mundo e promoção da equidade.

Um desafio que vem se arrastando ao longo dos séculos e se infiltrando dentro da sociedade e da política brasileira.

Podemos dizer que a intolerância religiosa é caracterizada quando uma pessoa não aceita a religião ou crença de outro indivíduo.

Como bem nos conta a História, no Brasil, por lei, o Estado é laico, ratificado e assegurado pela Constituição Federal de 1988: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a sua liturgia, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.” (Constituição federal de 1988).

Entretanto, os dados revelados pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania apontam que a intolerância religiosa vem crescendo assustadoramente no Brasil nos últimos quatro anos.

Segundos os dados publicados no ano de 2024, o Disque 100, instrumento de denúncia do governo federal, recebeu 2.472 chamadas. Em 2023, foram recebidas 1482 denúncias. No ano de 2022, houve 898 denúncias. E em 2021 foram registradas 584 relatos de intolerância religiosa.

O ministério aponta que em 2024 os casos de intolerância religiosa cresceram 66,8%. Tal crescimento se deve à falta de políticas públicas que possam fortalecer e promover uma cultura de tolerância, paz e respeito à diversidade religiosa na esfera social, politica, cultural e econômica.

É importante ressaltar que em 2013 a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) entregou ao governo federal subsidio para o Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Uma proposta que versa, acima de tudo, no fortalecimento da educação como forma de ensinar e promover a equidade religiosa no Brasil. Pois como bem afirma Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.

Na semana em que os fiéis católicos e adeptos das religiões de matrizes africanas se encontram, neste dia 20 de janeiro, nas celebrações das interfases entre São Sebastião e Oxóssi, nos preparamos para, no dia 21 de janeiro, fortalecer as nossas luta em prol da tolerância, da liberdade religiosa e do culto.

Mãe Gilda, presente!

Apoiador de Trump, Steve Bannon faz gesto nazista ao lado de Eduardo Bolsonaro

 Bannon fez referência ao partido alemão de extrema-direita AfD e comemorou o fato de a Alemanha ser o próximo país a eleger um governo de direita. A fala foi acompanhada do gesto nazista: braço direito com a palma da mão virada para baixo.


Do ICL Notícias:

Estrategista da extrema-direita lamentou ausência de Jair Bolsonaro: 'o comunista marxista no Brasil reteve o seu passaporte'

O ex-assessor do presidente eleito Donald Trump e estrategista da extrema direita Steve Bannon fez gesto alusivo à saudação nazista “Heil, Hitler” em um almoço realizado no domingo (19), em meio às atividades realcionadas à posse do novo presidente dos Estados Unidos, em que estavam presentes parlamentares brasileiros.

No encontro, Bannon fez referência ao partido alemão de extrema-direita AfD e comemorou o fato de a Alemanha ser o próximo país a eleger um governo de direita. A fala foi acompanhada do gesto nazista: braço direito com a palma da mão virada para baixo.

“Nós tivemos uma grande vitória aqui [nos EUA] e estamos ganhando no mundo todo, certo? A próxima parada é a Alemanha. Posso pedir que a Alternativa Para a Alemanha (AfD) se levante? Queremos saudá-los”, disse Bannon.

Steve Bannon em almoço ao qual compareceram vários parlamentares brasileiros (Foto: Reprodução)

Em seguida, Bannon mencionou a ausência do ex-presidente Bolsonaro na posse de Trump, e chamou ao palco o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Perguntando à platéia se Jair Bolsonaro estava presente, comentou: “(…) nós sabemos o porquê. Porque o comunista marxista no Brasil reteve o seu passaporte, e vocês sabem por que eles fazem isso? Porque eles não querem que ele esteja em um palco mundial nos EUA, onde ele é amado por todos, porque ele é um lutador da liberdade”.

Banno anunciou Eduardo Bolsonaro como “uma das pessoas mais importantes no nosso movimento pela soberania ao redor do mundo. E acho que um dia, e num futuro não tão distante, [será] o presidente do Brasil.” O filho de Jair Bolsonaro, principal organizador da delegação brasileira nos EUA, comparou a trajetória de Trump com a de Bolsonaro, sugerindo que este último pode retornar ao poder em 2026.

Steve Bannon: estrategista da extrema-direita

Steve Bannon foi um dos coordenadores da primeira campanha de Donald Trump em 2016. Esteve no escândalo da Cambridge Analytica, que comprava dados de redes sociais para influenciar o resultado das eleições de 2016 nos EUA em favor dos Republicanos.

No primeiro governo Trump, foi nomeado como estrategista-chefe da Casa Branca em 2017, mas demitido depois de poucos meses. Em seguida, Bannon passou a fazer mentoria de nomes da extrema-direita internacional, tendo no deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) um de seus principais aliados.

Em 2021, voltou a se aliar a Trump, que lhe concedeu perdão presidencial por um caso de lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Condenado à prisão em 2022, cumpriu apenas quatro meses de pena a partir de julho de 2024.


Anúncio de ano novo, prenúncio de tempestades, por Dora Incontri

 

Mas enquanto estamos no auge do caos, temos que saber o que fazer para resistirmos e alcançarmos a outra margem da história.

                                                                    Depositphotos

Jornal GGN:

O ano de 2025 se anunciou sombrio. Trump querendo anexar países e territórios; incêndios devastadores na California, como mais um sinal de que adentramos estágios mais problemáticos do aquecimento global; Zuckerberg anunciando as suas redes sociais como terra sem lei, onde podem trafegar todos os tipos de crime, ideologias extremistas, discriminações diversas, “sem censura”. Leia-se sem controle, sem nenhum princípio de ética ou de respeito ao ser humano e à verdade. Uma fábrica de produzir fanáticos, manipulados, racistas, homofóbicos. A população do mundo sob as rédeas de milionários, como Zuckerberg e Elon Musk, que dominam a comunicação sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma proposição de proteger quem quer seja: crianças, adolescentes, mulheres, o cidadão comum; e nem respeitar qualquer valor humanista e humanitário.

No macro, temos graves questões climáticas; o avanço assustador da extrema direita em inúmeros países, inclusive na Alemanha, onde ela fez trágicos estragos cem anos atrás; ameaças de novas guerras além daquelas que já nos dão pesadelos, mesmo à distância… e tantos outros assombros.

E na vida individual de cada um de nós, temos nossos lutos e lutas de cada dia, no empenho da sobrevivência, no cuidado com os que amamos, nas piruetas que temos de fazer para permanecermos lúcidos, ativos e minimamente saudáveis física e psiquicamente.

Alguns podem alegar que o mundo sempre foi assim, “um vale de lágrimas”. Sim, sempre houve sofrimento em qualquer época da humanidade: guerras, miséria, exploração, invasões, incêndios, dilúvios, pestes. Mas nunca houve uma partilha diária, ao vivo, de todas as dores e injustiças em curso. Nunca estivemos mergulhados 24 horas em notícias, informações e deformações, em imagens e vídeos tentando nos vender coisas e nos convencer de outras tantas. Estamos exaustos, estamos desnorteados.

Quando vem então um discurso cínico e indecente de um Zuckerberg, dono das redes de que muitos de nós dependemos para divulgar nossas ações, ideias e produções, bate um desânimo extremo.

E não tenhamos ilusões, pelo menos nos próximos anos, as coisas tendem a piorar, porque a extrema direita está tomando conta de inúmeros países, a crise climática também vai se tornar cada vez mais aguda, aos ecos de guerra talvez também se façam mais fortes. Depois, acredito e espero, que viraremos a página do mundo. Contemos que esses sejam os estertores finais do capitalismo.

Mas enquanto estamos no auge do caos, temos que saber o que fazer para resistirmos e alcançarmos a outra margem da história. Em primeiro lugar, não perder a esperança, mesmo que tudo nos leve a crer em rumos trágicos, insuperáveis para a humanidade. Para mantermos viva a esperança, é preciso que cuidemos de nossa mente, de nosso corpo, de nosso coração. Muita arte, muitos encontros e toques afetivos, orações para quem é de rezar, meditações para quem é de meditar, terapia, análise, mas também conversa boa com amigos e gente querida. Tudo isso nos cria imunidade psíquica contra o adoecimento, a depressão, a ansiedade e coisas mais graves.

E algo que precisamos recuperar urgentemente: a união na resistência, a luta coletiva. O individualismo feroz do sistema capitalista atingiu mesmo os que são (ou se julgam ser) de esquerda. Os movimentos de esquerda se dividem, criam seitas, massacram-se com pautas morais que vêm do sistema vigente… se não há confiança, lealdade, amor mesmo, entre os que lutam por um amanhã melhor, dificilmente chegaremos lá.

Façamos a nossa parte e busquemos alianças, mantendo o coração aberto!

Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.

Resistência se prepara para a gestão extremista de Donald Trump, afirma Jamil Chade

 Bilionários no governo e concluio com magnatas das redes sociais devem fazer com a gestão Trump torne o mundo assustador, na avaliação do jornalista

Do Jornal GGN:

                                                                Crédito: Divulgação

Horas depois do anúncio da vitória de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos, em novembro, milhares de afro-americanos receberam uma mensagem no celular pedindo que eles comparecessem em um determinado endereço, pois voltariam a plantar algodão – em referência a um capítulo escravagista da história norte-americana.

A informação é do jornalista Jamil Chade, correspondente internacional e referência em geopolítica, que descobriu o fato porque, sediado em Nova York, recebeu um e-mail da escola em que os filhos estudam, informando que a instituição de ensino estava tomando as devidas providências.

Chade, entrevistado do programa TVGGN 20H da última sexta-feira (17), contou que terá início nesta segunda-feira (20), dia da posse de Trump, um mundo absolutamente assustador – especialmente após o conluio do bilionário presidente com os magnatas das redes sociais, que dão continuidade à relação história do setor privado americano com o poder.

“A grande novidade é que, obviamente, esse salto é digital. Esse salto digital representa, obviamente, uma ameaça, não só no que se refere à soberania. Antes você precisava, para defender a Chiquita, você precisava de tropas americanas invadindo a América Central, um país na América Central ou qualquer outro lugar. Hoje você pode fazer isso de uma forma, eu diria, muito mais limpa, com justamente uma operação de inteligência, mas não uma operação de inteligência no sentido de espiões ou nada disso, mas justamente de fraturar sociedades no exterior, de conseguir influenciar o pensamento, o coração, as percepções em todo mundo, em direção a um lado ou em direção ao outro”, observou o jornalista.

Assim, Chade acredita que o mandato do republicano será uma grande ameaça para o mundo, em especial porque até o presidente Joe Biden, que deixa a Casa Branca neste domingo (19), reconheceu o perigo do avanço das oligarquias no próprio país para criticar a concentração exagerada de poder e dinheiro nas mãos de poucas pessoas.

“Essas poucas pessoas que têm a capacidade, diante desse poder, de traçar o destino daquela nação. Então, é uma democracia? Será? E essa é a pergunta, esse é o ponto que o Biden coloca ali. Será mesmo que essa democracia resiste diante de uma oligarquia que chega ao poder? Vamos lembrar dos ministros e secretários e chefes de departamento que o Trump escolheu, nove deles são bilionários”, ressalta o correspondente, que critica o atraso de Biden em reconhecer a desconexão do Partido Democrata com os trabalhadores.

Resistência

O projeto político de Trump é claro: desmontar, cada vez mais, o Estado norte-americano, sob a justificativa de que a liberdade americana e as liberdades fundamentais estão ameaçadas.

“O problema é que quem lidera essa ofensiva pelas liberdades são grupos que desmontam as liberdades. São grupos que querem a liberdade só para eles. Então, por exemplo, o Trump vem falando de paz, mas é a sua paz. Não é a paz que interessa para outros, é a paz que interessa aos americanos”, continua o entrevistado.

Outro ponto relevante para Chade é a chegada da extrema-direita ao poder, tendo em vista que todos os convidados para a posse de Trump são extremistas – o que resulta, basicamente, na criação de uma internacional fascista.

Para enfrentar tal fato, criou-se nos EUA o que o jornalista chama de trincheira legalista, em que grupos que devem ser perseguidos nos próximos quatro anos recebem instruções claras de como reagir a assédios, a quem procurar, quais são os seus direitos, entre outras indicações.

“Uma das recomendações, por exemplo, aqui da sociedade civil é se você vê um vizinho sendo alvo de um ataque, da polícia, etc., apareça, vá à porta, vá à rua, fique na frente da casa. Ou seja, para mostrar, inclusive, para as autoridades, que nós estamos aqui. Então, constranger aquela violação de direitos humanos”, aponta Chade.

Impacto político

Em relação à influência política, a vitória de Trump na disputa pela Casa Branca deve fortalecer o bolsonarismo, que vai tentar usar a proximidade ideológica com o presidente norte-americano para angariar votos.

Mas a eleição da extrema-direita no Brasil em 2026 também deve atender aos interesses de Trump. “É um cenário perfeito para o Trump. Milei [presidente da Argentina], Noboa, no Equador e um bolsonarista ou uma extrema direita no Brasil. (19:21) Então, é um cenário a ser pensado, sim.”

Confira a entrevista completa em:

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Portal do José: DOMINGÃO DA HUMILHAÇÃO! BOLSONARO E CLÃ: BAJULAÇÃO A TRUMP É INÚTIL! -10º! ERIKA HILTON: O FENÔMENO!

 

Do Portal do José:

A BAJULAÇÃO PODE SER UMA ARMA EFICAZ? É ISSO QUE O BOLSONARISMO ESTÁ ENSINANDO PARA A DIREITA. ERIKA HILTON CRIA FENÔMENO NAS REDES. SIGAMOS.



Reinaldo Azevedo: Trump e o triunfo da farsa regada ao dinheiro

 

Da Rádio BandNews FM:

Trumpe toma posse... Não há nenhum não há nenhum motivo razoável para otimismo



quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Aliadas da Ditadura militar, Globo contratou censores e Folha só apoiou Diretas Já em 1984 para ganhar mercado

 Beatriz Kushnir, historiadora que publicou trabalho sobre relação de grupos de mídia com o regime militar, fala à TVGGN; assista



Embora hoje se afirmem como defensores da democracia, o fato é que muitos dos grandes jornais brasileiros estiveram ao lado dos militares que deram o golpe de 1964, e não há ação de marketing capaz de apagar esse passado.

O Grupo Globo, por exemplo, fez editoriais apoiando a ruptura e até contratou censores profissionais para analisar previamente suas produções e evitar problemas com o regime de exceção.

O jornal Folha da Tarde, por sua vez, deu uma guinada à direita após a morte do guerrilheiro Mariguella, e Folha de S. Paulo só se engajou com as campanhas das Diretas Já para cumprir com o objetivo financeiro de abocanhar a fatia do mercado ávida pela abertura democrática.

Essas e outras histórias que revelam como os grandes grupos de mídia se relacionaram com a ditadura militar foram pauta de entrevista do jornalista Luis Nassif com a historiadora Beatriz Kushir, que publicou em 2001 uma tese de doutorado pela Unicamp que aborda o tema, mas que ainda hoje se faz muito atual.

No bate-papo [assista abaixo] veiculado no canal do GGN no Youtube na noite de terça (14), Beatriz Kushir avaliou que ainda hoje os donos dos grupos de mídias e alguns jornalistas têm dificuldade de digerir a verdade dos fatos: admitir que as redações faziam até mesmo autocensura para não melindrar a ditadura.

“As empresas de comunicação vão jogar o tempo todo com o Poder que tem no momento, tentando navegar para perder menos anéis possíveis”, disse Beatriz Kushir.


Na semana passada, dois jornais centenários, O Globo e o Estadão, se meteram em uma polêmica por conta da veiculação de uma peça publicitária feita por ocasião de aniversário de 150 anos do Estadão, que dizia que ambos os diários atuaram nas “trincheiras da democracia”, como se jamais tivessem apoiado a ditadura militar.

Pela distorção da verdade, O Globo, que vendeu o espaço publicitário ao Estadão, foi acionado no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) pelo deputado Ivan Valente (PSOL), que chamou de “escárnio” o fato de que a peça publicitária usou a frase “Ainda estamos aqui”, se aproveitando “cinicamente” do sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, ambientado na ditadura.

“Todo mundo sabe que o Grupo Globo não só apoiou o golpe, como participou das benesses do golpe e foi um dos maiores beneficiários do regime militar da ditadura”, declarou Ivan Valente ao ICL Notícias.

Para Kushnir, o que sobrevive ainda hoje é a defesa, pelos grandes meios de comunicação, de seus próprios interesses.

“Os donos de jornais querem manter controle econômico e social. (…) A gente tem a ilusão de que eles são um quarto poder”, mas na verdade, desde antes da democracia ser reestabelecida, esses jornais só publicam o que os donos querem.

Beatriz Kushnir é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense e doutora em História Social do Trabalho pela Unicamp. Pela Boitempo, publicou Cães de guarda.

Assista a entrevista completa com Beatriz Kushnir abaixo:

Luis Nassif sobre a violência genocida de Israel sobre Gaza: a causa é o petróleo, estúpido!

 Geólogos confirmaram a existência de reservatórios de petróleo e gás em território palestino, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.




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Jornal GGN:


Em 28 de agosto de 2019, a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) agência da Organização das Nações Unidas que tem por objetivo promover o comércio internacional, publicou um trabalho sobre “o potencial não realizado das reservas de petróleo e gás palestino“, que pode explicar bem o apoio dos Estados Unidos ao genocídio praticado por Israel contra a população palestina de Gaza.

O intertítulo do artigo dizia: “Os recursos de petróleo e gás natural no território palestino ocupado podem gerar centenas de bilhões de dólares para desenvolvimento”.

Geólogos confirmaram a existência de reservatórios consideráveis de petróleo e gás em território palestino, na Área C da Cisjordânia e na costa mediterrânea da Faixa de Gaza.

As estimativas iniciais calculavam em 122 trilhões de metros cúbicos de gás e 1,7 bilhão de barris de petróleo recuperável.  O artigo menciona outro trabalho da UNCTAD, sob o título “Os custos económicos da ocupação israelita para o povo palestino: o potencial não realizado do petróleo e do gás natural”. Nele, constata que a ocupação contínua do território por Israel impede os palestinos de desenvolverem seus campos de energia para financiar o desenvolvimento socioeconômico e atender às suas necessidades de energia.

O trabalho trazia uma predição trágica: “Elas também podem ser potencialmente uma fonte de conflito e violência adicionais se as partes individuais explorarem esses recursos sem a devida consideração pela parcela justa dos outros. O que poderia ser uma fonte de riqueza e oportunidades pode ser desastroso se esse recurso comum for explorado individual e exclusivamente, sem a devida consideração pelas leis e normas internacionais”.

Constata o trabalho que a exploração dos recursos naturais palestinos pela potência ocupante impõe ao povo palestino enormes custos, “que continuam a aumentar à medida em que a ocupação permanece em vigor”. A UNCTAD afirma que essa situação não é apenas contrária ao direito internacional, mas também viola a justiça natural e a lei moral.

Israel lançou uma contra-ofensiva no segundo semestre do ano passado, quando as críticas contra o genocídio se espalharam pelo mundo. O artigo “O mito do petróleo de Gaza”, de Elai Retting e Lee Wilcox, questionando as conclusões dos estudos da UNCTAD e acusando-o de ter inflado os números das reservas de petróleo e gás. Diz ele: Gaza não tem reservas de petróleo conhecidas e apenas um pequeno campo de gás offshore não desenvolvido, que Israel nunca reivindicou”. O estudo é desmentido por uma infinidade de informações sobre o gás de Gaza.

Em novembro de 2023, segundo o The New York Times, a Chevron reiniciou a produção de gás em plataforma perto da faixa de Gaza. Segundo a reportagem, “a Chevron é agora a principal participante na indústria energética de Israel, operando não apenas a plataforma Tamar, mas uma segunda grande fonte de gás chamada campo Leviathan”.

A importância estratégica da região fica nítido na informação de que a Chevron espera usar sua posição em Israel, Egito e Chipre como um trampolim regional para se tornar uma grande exportadora para a Europa .

Diz a reportagem: “A Chevron se encontra com um estoque de gás na porta da Europa que a guerra brutal da Rússia na Ucrânia tornou mais valioso. Os fluxos de gás da Rússia, há muito o principal fornecedor do continente, despencaram enquanto Moscou buscava usar o combustível como uma arma econômica, elevando os preços no ano passado e criando uma corrida para encontrar fontes de energia em outros lugares”.

En 6 de março, o Al Jazeera trazia denúncias adicionais, de autoria do Sultão Barakat, Professor de políticas públicas na Universidade Hamad Bin Khalifa, professor honorário na Universidade de York e membro do Grupo de Referência de Especialistas do Instituto Raoul Wallenberg do ICMD, reiterou as denúncias. Em outubro de 2023, o Ministério de Energia e Infraestrutura de Israel promulgou os resultados da 4a Rodada de Licitações Offshore, concedendo 12 licenças a seis empresas.

Dizia a nota: “As empresas vencedoras se comprometeram com um investimento sem precedentes na exploração de gás natural nos próximos três anos, o que, esperançosamente, resultaria na descoberta de novos reservatórios de gás natural. Isso, por sua vez, solidificará a segurança energética de Israel, aumentará as relações internacionais do país, contribuirá para a redução do custo de vida e formará uma fonte de energia de reserva segura para acelerar a transição para energias renováveis”.

Como lembrou Barakat, “Nem é preciso dizer que Israel, como ocupante, não tem o direito de conceder licenças em áreas sobre as quais não detém soberania, sob nenhuma circunstância”.

Em 6 de fevereiro de 2024, o escritório de advocacia Foley Hoag LLP, representando a Al-Haq, o Al Mezan Center for Human Rights e o Palestinian Centre for Human Rights (PCHR) enviou notificações às empresas  Eni SpA ,  Dana Petroleum Limited e  Ratio Petroleum  para que desistissem de realizar quaisquer atividades em áreas da Zona G que se enquadram nas áreas marítimas do Estado da Palestina, enfatizando que tais atividades constituiriam uma violação flagrante do direito internacional. 

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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

A disseminação de mentiras nas redes sociais como marca da extrema direita

 

POLÍTICA

Com ajuda das redes, extrema direita turbina máquina de mentiras contra o governo

Para Pedro Barciela, velocidade na resposta se mostra essencial para governo reagir às fake news


A disseminação de mentiras é uma marca da extrema direita desde que Jair Bolsonaro começou sua campanha à Presidência, em 2018. De lá para cá, o brasileiro se acostumou a ver fake news sendo usadas como argumentos no debate político. Nos últimos dias, no entanto, os extremistas deram demonstração de que essa guerra suja contra a esquerda e o governo será ainda pior a partir de agora.

Com o fim ou a flexibilização de plataformas digitais como o X, o Instagram e o WhatsApp, e a introdução de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, as narrativas mentirosas têm circulado para um número maior de pessoas e ganharam uma aparência ainda mais convincente.

Nos últimos dias, o governo sentiu os efeitos dessa estratégia da extrema direita por conta da divulgação de informações falsas sobre a nova portaria que inclui o Pix dos chamados “bancos eletrônicos”. A tropa bolsonarista e os perfis ligados de alguma forma a esses bancos inundaram as redes sociais com a mentira de que todas as movimentações de Pix passariam a ser monitoradas para cobrança de Imposto de Renda, até mesmo de quem trabalha na informalidade.

“Isso sinaliza que o campo bolsonarista elegeu a pauta econômica como o principal foco de suas ações dos últimos — e provavelmente próximos — meses”, avalia o analista de redes e colunista do ICL Notícias Pedro Barciela. “Não apenas a partir do debate sobre o Pix, mas também de temas como alta do dólar, declarações falsas que foram imputadas ao presidente do Banco Central (Galípolo) e até mesmo uma falsa taxação de animais de estimação”.

Barciela classifica esse processo como “perverso”, porque “em última instância, imobiliza a gestão pública que passa a atuar quase que em uma função reativa todo o tempo”.

Castro Rocha “Quando se anistia um golpista, ele volta mais forte e sem limites”

João Cézar de Castro Rocha

Castro Rocha explica mentiras de Nikolas Ferreira

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) deu mostras nas redes do que vem por aí em termos de fake news. Em uma postagem no X, ele publicou várias imagens fabricadas com Inteligência Artificial em que multidões aparecem em manifestações fictícias contra o governo Lula.

“Ele trata de protestos que nunca existiram, a não ser na imaginação do deputado”, alerta o historiador e colunista do ICL Notícias João Cezar de Castro Rocha. “Nikolas Ferreira o fez porque está tentando importar para o Brasil a estratégia vitoriosa de Elon Musk na campanha presidencial norte-americana”.

Para Castro Rocha, essa ofensiva começa agora porque para que essa estratégia seja vitoriosa é indispensável que ela seja natalidade no espaço público. “As postagens falsas de Elon Musk tiveram 2 bilhões de visualizações antes das eleições. É o que pretende Nikolas Ferreira”, diz o professor.

Essa massificação foi atingida em uma postagem que o mesmo deputado fez ontem no Instagram e teve, até a manhã desta quarta-feira (15), 110 milhões de visualizações.

Especialistas estranham esse alcance. Para se ter uma ideia, o Instagram tem no Brasil 130 milhões de usuários. O vídeo da vitória eleitoral de Donald Trump, em novembro, teve 57 milhões de views.

A manipulação das informações sobre a portaria do governo a respeito do Pix também foi feita em publicações nas redes de personagens como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros bolsonaristas.

Sidônio Palmeira. Foto: EBC

Sidônio Palmeira. (Foto: EBC)

Sidônio Palmeira: “Atitude criminosa”

“Isso é uma atitude criminosa que estamos vivendo, causando sérias consequências para quem tem seu pequeno comércio”, disse o novo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, em entrevista coletiva após a cerimônia de posse. Esse será a sua seu principal tarefa na pasta.

Para Pedro Barciela, desde o início do mandato o governo enfrentou episódios que apontaram, cada um a sua maneira, alternativas para dialogar com setores não-polarizados da sociedade, ainda que com todas as limitações comunicacionais do governo federal nas redes sociais.

“A antecipação de crises via monitoramento de redes, o diálogo com atores de outros agrupamentos como influenciadores temáticos, a promoção de campanhas de mídia via Google e outras plataformas que busquem ‘capturar’ àqueles usuários que apelem às redes sociais ou plataformas para sanar dúvidas e o acionamento judicial dos responsáveis por disseminar esse tipo de conteúdo falso em tempo hábil são essenciais para enfrentar e ao menos diminuir o impacto desses conteúdos falsos”, diz ele.

“Mas, acima de tudo, a velocidade na resposta se mostra essencial em episódios como esses”, recomenda.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Como reconstruir utopias e conter a extrema-direita? O jurista Pedro Serrano aponta caminhos para um futuro de justiça social

 

Jurista defende a união de movimentos sociais e um projeto político progressista que vença o "pragmatismo tóxico"

Do Jornal GGN:

O jurista Pedro Serrano em entrevista ao jornalista Luis Nassif. Reprodução/TV GGN


A ameaça à soberania do Estado e aos direitos fundamentais da população, objetivo escancarado não só no Brasil, mas com a ascensão da extrema-direita global, também tem sido agravado pelo “pragmatismo tóxico” que domina setores da esquerda e pela falta de criatividade em propor novas utopias.

Essa é a visão do jurista Pedro Serrano, que acredita que o momento é crucial para unir a energia dos movimentos sociais a um projeto político capaz de mobilizar a crença em um futuro comum, “reconstruindo utopias”.

Para o jurista, isso envolve debater questões identitárias, combater o cancelamento autoritário e buscar um equilíbrio entre pragmatismo e idealismo. Além disso, é necessário resgatar a essência da política como um espaço de produção de ideias, e não apenas de administração de poder.

“Precisamos do valor da justiça social reconstruído. Como é que nós vamos alcançar mecanismos de proteção social nessas novas formas sociais que a gente tem? E, além disso, é preciso ouvir o que a sociedade está dizendo. Há mensagens transmitidas, até mesmo de reacionários, que precisamos entender. Não devemos reagir apenas com resistência própria”, defende Serrano.

Uma via promissora, aponta o doutor em direito pela PUC, é fortalecer a organização dos pequenos empreendedores. Com apoio e estímulos governamentais, essas iniciativas podem empoderar as comunidades, desde a agricultura familiar até pequenos comércios urbanos.

Essa solução, no entanto, não é suficiente, já que a revolução tecnológica substitui a mão de obra humana em ritmo acelerado. O desafio, nesse caso, não se trata de apenas mitigar os efeitos do desemprego, mas criar mecanismos de solidariedade social para integrar os excluídos.

“Com essa ideologia do empreendedorismo, você cria mecanismos muito perversos de trabalho, de ultraexploração. Ao mesmo tempo, surge outro fenômeno que considero extremamente importante: a exclusão. Isso acontece não só pela conjuntura, mas também pela própria estrutura das tecnologias”, avalia.

Para Pedro Serrano, enquanto a extrema-direita se organiza com uma narrativa de destruição para “reconstruir”, os progressistas precisam oferecer um projeto alternativo que inspire esperança. Caso contrário, segundo Serrano, seremos empurrados para um futuro de “necropolítica”, onde grandes contingentes de pessoas são descartados pela sociedade.

“A promessa do capitalismo e do liberalismo era que isso fosse naturalmente redistribuído na sociedade e que trabalharíamos menos, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, houve uma acumulação brutal de riqueza e o surgimento de um imenso contingente de pessoas cada vez mais sem função social“.

Regulação das redes e o combate ao crime organizado

O enfrentamento progressista no campo das redes sociais, explica o jurista, é um dos caminhos possíveis para evitar o domínio da extrema-direita.

No contexto global, Serrano aponta que a “revolução tecnológica” permitiu que as big techs ousassem substituir o Estado. “Começou com elas querendo ser reguladoras do direito à livre expressão. Agora, elas não querem ter responsabilidade pelo que se fala na rede, mas exigem o poder de excluir quem quiserem.”

“Na juventude, por exemplo, um dos políticos que defendem essa postura, como Javier Milei, é hoje o mais visto na América Latina”, diz Serrano, referindo-se ao discurso ultradireitista adotado por Milei nas eleições argentinas. “Esses exemplos deixam claro que estamos diante de um desafio à soberania estatal em várias frentes.”

Outro ponto levantado por Serrano é o avanço mundial do crime organizado, que tem de ser combatido resgatando o papel do serviço público. “No Brasil, estamos cada vez mais nos ‘mexicanizando'”, referindo-se aos grandes cartéis do narcotráfico que atuam no país.

“Com grupos criminosos dominando territórios. Por isso, considero correta a proposta do governo de permitir que a União atue diretamente no combate ao crime organizado. Não é mais possível delegar essa responsabilidade exclusivamente aos Estados”.

Veja um pouco mais da entrevista abaixo:

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

8/1: NÃO ESQUECEREMOS A AÇÃO GOLPISTA DOS FASCISTAS

 


Por Igor Carvalho — Brasil de Fato

Os atos golpistas de 8/1/2023 marcaram um dos momentos mais críticos da recente história democrática brasileira. Milhares de pessoas invadiram e depredaram as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, motivados pela rejeição à vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Desde então, as investigações e processos judiciais seguem desvendando a trama que antecedeu a tentativa de golpe.

Ainda em setembro de 2023, Aécio Lúcio Costa Pereira se tornou o primeiro condenado pela intentona golpista e foi sentenciado a 17 anos de prisão. As provas incluíram vídeos feitos por ele mesmo que mostravam sua participação ativa nos atos de depredação. Outras condenações seguem o mesmo rigor, reforçando a mensagem de que ataques à democracia não serão toleradas por algumas instituições do país, entre elas o STF.

Em paralelo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) firmou acordos de não persecução penal com 71 acusados. Esses acordos preveem medidas alternativas, como serviços comunitários e cursos sobre democracia, para indivíduos considerados de menor envolvimento nos eventos. Durante o ano, alguns críticos às penas brandas alertaram para o risco de impunidade, enquanto defensores destacam a possibilidade de educação política.

Conexões políticas e financeiras

Os financiadores dos atos também estão sob escrutínio. Empresários foram denunciados por custearem viagens e alojamentos para os manifestantes. Na esfera política, antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que seria o principal beneficiado dos atos golpistas, são acusados de instigar as manifestações.

Investigações apontam que discursos inflamados e mensagens em redes sociais serviram como catalisadores. Bolsonaro enfrenta processos no STF, incluindo o de incitação ao golpe, e segue inelegível para a disputa de qualquer cargo eletivo no país.

Dois militares na Justiça

O ponto alto das investigações sobre os crimes cometidos no dia 8 de janeiro de 2023, foi a prisão de dois dos principais nomes ligados aos atos golpistas: o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto. As detenções trouxeram avanços significativos para a elucidação dos eventos e para a responsabilização de seus organizadores.

Mauro Cid foi preso em março de 2024, sob acusação de coordenar o financiamento e a logística dos atos golpistas. O tenente-coronel foi identificado como intermediário entre os financiadores privados e os organizadores das manifestações.

Manifestantes da direita na frente do STF em 8 de janeiro de 2023 (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Foragidos

Segundo o levantamento, pelo menos 122 pessoas são consideradas foragidas. Em relação à metade desse quantitativo (61), foram adotadas medidas para o pedido de extradição junto a outros países.

Nesse caso, essas pessoas monitoradas por tornozeleira eletrônica romperam o equipamento e saíram do Brasil. Depois que forem extraditadas, elas deverão cumprir suas penas em regime fechado.

Entre os cinco crimes, golpe de Estado

As condenações ocorreram por cinco tipos de crimes: tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.

Foram considerados crimes mais simples a incitação e associação criminosa. Nessas situações, 146 pessoas foram condenadas, mas não foram presas e devem usar tornozeleira eletrônica por um ano, pagar multa, prestar 225 horas de serviços à comunidade e participar de um curso presencial sobre democracia.

Esses condenados foram proibidos de usar redes sociais nesse período e de viajar, mesmo dentro do Brasil, sem autorização judicial.

Até o momento, cinco pessoas foram absolvidas.

A manifestação bolsonarista desandou para depredação de patrimônio e ataque às instituições em 2023 (Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil)

Multas

Os 527 envolvidos que fizeram acordos com o MP pagaram multas que somaram uma arrecadação de R$ 1,7 milhão.  Além das multas, ficaram obrigados a prestar 150 horas de serviço comunitário e não podem manter perfis em redes sociais abertas durante a vigência do acordo.

Também devem frequentar um curso sobre o funcionamento da democracia oferecido pelo Ministério Público Federal (MPF).

Recuperação

Os danos materiais causados pelos atos são estimados em centenas de milhões de reais. Obras de arte, móveis históricos e documentos foram destruídos. O governo brasileiro tem investido em restauração, enquanto processos civis buscam responsabilizar os culpados pelos prejuízos financeiros.

A resposta das instituições democráticas foi rápida. Em menos de 24 horas após os ataques, alguns dos acampamentos em frente aos quartéis foram desmobilizados, e centenas de pessoas foram presas.

Dois anos após o 8 de janeiro, o Brasil continua lidando com as consequências desses atos. O processo de responsabilização é complexo, mas fundamental para garantir que eventos semelhantes não se repitam.