Texto de Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Nos orgulhamos de ser "cilivilizados", mas este orgulho é seletivo e hipócrita...
Nos orgulhamos de sermos "científicos" e racionais, e usamos este conhecimento e capacidade para racionalizar justificativas para nossas atitudes insanas e dementes, entre as quais a de criar armas e de justificar a ação de apertar o gatilho ou de transformar uma faca em instrumento de morte...
Achamos que somos educados, mas não mais andamos sorrindo, não mais estendemos à mão sequer aos "amigos"...
Mataram um menino chamado Vitor, um índio, ou melhor, uma criança de dois anos de idade.... covardemente, brutalmente, sem nenhum motivo a não ser a crueldade, a insanidade, talvez o egoismo, o preconceito, a maldade, a estupidez....
Vitor acompanhava seus pais, que sairam de Chapecó em dezembro para o litoral de Santa Catarina, aproveitando as festas de Natal para vender seu artesanato de dia, dormindo na rodoviária à noite, pensando lá estarem mais seguros, devido ao movimento de pessoas. Enganaram-se.... As pessoas da cidade encobrem doentes e alguns reais selvagens, fascistas, fascínoras maquiados de bom mocismo...
Enquanto o menino mamava no colo da mãe, um "branco", um fruto citadino, "civilizado" acercou-se, tocou sua cabecinha e, quando o menino ergueu os olhinhos, o infame degolou-lhe o pescoço com um estilete.... sem dó, sem piedade, sem alma, sem o mínimo pudor...
A mesma maldade, contudo, não é apenas do assassino - certamente um doente mental -, mas da empáfia e cinismo dos "civilizados" e se atualiza hoje, depois de 500 anos, contra os inocentes... Porque se o menino Vítor morreu diretamente por meio de uma atitude covarde, muitos outros morrem de forma tão cruel e tão cínica e convarde quanto ele, ao serem expulsos de suas terras, ao serem agredidos em seus costumes e crenças, ao ser queimados vivos por filhinhos de papai apenas por serem pobres, ao receberem balas a mando de latifundiários e grileiros politicamente poderosos, que elegem uma bancada ruralista, a nível estadual ou federal, tão malévola quanto eles mesmos...
O assassino escolheu o indizionho talvez por ser apenas pobre e, assim, refletiu a carga de preconceito de uma sociedade hipócrita, que julga-se a si mesma esclarecida. E quase ninguém notou, e quase ninguem sentiu e, ainda pior, apenas seus pais foram os que choraram pelo indefeso menininho....Veja e leia mais sobre essa brutalidade, essa expressão maior da hipocrisia humana e fascista, pouco falada e nada discutida pela grande mídia cada vez mais parcial, lendo o seguinte artigo de Elaine Tavares e vendo o vídeo da maldade em E mataram um menino kaiagang... (1492 - A conquista do Paraíso)
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