terça-feira, 5 de março de 2019

Um desgoverno em estado terminal, por Fábio de Oliveira Ribeiro


"Em silêncio Bolsonaro é um gênio. Quando abriu a boca em Davos ele começou a se complicar. Sempre que coloca a ideologia na frente do pragmatismo, o presidente brasileiro causa um dano à economia e à imagem internacional do Brasil."




Ele soube ganhar a presidência, mas em apenas dois meses ele desperdiçou todo capital político
GGN. - Após ter derrotado os romanos em três grandes batalhas campais (Trasimeno, Ticino e Canas), Hanibal acampou em frente às muralhas de Roma. Então o ilustre cartagines desistiu de atacar a cidade, razão pela qual um dos generais dele disse que ele sabia ganhar batalhas, mas não sabia tirar proveito das vitórias.
O mesmo pode ser dito de Bolsonaro. Ele soube ganhar a presidência, mas em apenas dois meses ele desperdiçou todo capital político.
Primeiro, o Exército deixou bem claro que não será comandado por Jair Bolsonaro ou pelos filhos dele. Depois os generais calaram a boca do chanceler amalucado que ele nomeou para o Itamaraty. Agora, o presidente fanfarrão que se veste como um Jeca Tatu será obrigado a ficar calado.
Essas três “capitis diminutio” ou “interditos proibitórios” que limitam o poder presidencial transformaram Bolsonaro numa espécie de palhaço com a faixa. Ele é presidente porque não governa. Se tentar governar (coisa que ele não consegue fazer), o Bozo será substituído pelo vice.
Em silêncio Bolsonaro é um gênio. Quando abriu a boca em Davos ele começou a se complicar. Sempre que coloca a ideologia na frente do pragmatismo, o presidente brasileiro causa um dano à economia e à imagem internacional do Brasil.
Bolsonaro tentou mudar a embaixada brasileira para Tel Aviv e foi desautorizado. Mesmo assim os árabes impuseram sanções comerciais que afetaram negativamente os interesses dos produtores rurais que apoiaram o PSL.
A importação de leite em pó da União Europeia não rompeu o isolamento diplomático do nosso país. Ela apenas causou danos aos próprios produtores de leite que ajudaram a eleger Bolsonaro.
Por razões ideológicas, o novo presidente do Brasil aderiu à bravata de Guaidó na Venezuela. A instabilidade em nosso afeta negativamente interesses econômicos e estratégicos da China. Imediatamente os chineses resolveram comprar nos EUA todos os produtos que compram no Brasil. Esse será o golpe de misericórdia no regime que Bolsonaro e seus filhos queriam impor aos brasileiros.
Enquanto o presidente afunda no pântanos que ele próprio criou o poder vai se transferindo para o general vice. Mourão parece ser mais preparado para exercer a presidência do que Bolsonaro. Mas assim que der o bote na faixa presidencial ele se tornará vidraça da oposição e dos fanáticos ligados à Bolsonaro dentro e fora do Congresso Nacional.
Quem disse que era só tirar a Dilma que a economia melhorava está amargando prejuízos. Quem apostou suas fichas em Bolsonaro será levado falência pelo presidente que elegeu. O impasse criado pelo golpe de 2016 “com o Supremo com tudo” não foi solucionado. Tudo piorou, inclusive os indicadores econômicos.
Se assumir a presidência Mourão não terá uma tarefa fácil pela frente. Nós precisamos de mais democracia e não de uma nova ditadura. Para sair da crise econômica/política/institucional que foi criada pela Lava Jato, agravada durante fraude do Impeachment e amplificada com a eleição “fake news” de Bolsonaro o Brasil precisa desesperadamente anular a eleição de 2018.
Entretanto, não basta eleger apenas o novo presidente do país. Um novo Congresso Nacional também terá que ser eleito para substituir esse que nasceu maculado por fraudes financeiras e publicitárias.

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