quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Devemos Temer um Judas que conspira e se move nas Sombras...

Temer, o vice que se move nas sombras


Jornal GGN Matéria do jornal Zero Hora publicada no último final de semana analisa a movimentação do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), em meio à crise política enfrentada pela presidente Dilma Rousseff. Segundo a matéria, assinada por Carlos Rollsing, Temer se distancia das negociações políticas na tentativa de preservar sua própria imagem, enquanto seus escudeiros no PMDB articulam o impeachment da presidente Dilma. 
A matéria, publicada antes da carta de Temer para a presidente, também afirma que o vice-presidente se tornou uma "peça decorativa no organograma do governo federal", sem funções executivas dentro do Planalto. 
Enviado por jns
Do Zero Hora
Carlos Rollsing
Enquanto Michel Temer se mantém distante das negociações políticas, procurando preservar a imagem, seus escudeiros do PMDB entram em campo para articular o impeachment de Dilma e planejar um eventual governo comandado pelo atual vice-presidente
Nenhum movimento em público, discretas articulações nos bastidores. Essa será a tônica do comportamento do vice-presidente Michel Temer no processo de impeachment de Dilma Rousseff, de quem ele poderá herdar o mais importante cargo do país.
A postura não fugirá ao hábito tradicional do peemedebista, de perfil moderado e conciliador, com certo grau de mistério e dubiedade em suas posturas, típico de quem sabe se mover nas sombras.
Na política, Temer sempre foi um radical da cautela. Experiente, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, agora depara com quadro mais delicado. Tem interesse direto nos desdobramentos, e os seus cuidados deverão ser redobrados. Se defender o impeachment abertamente, soará oportunista.
Se apontar ilegalidade no processo, comprometerá a sua  legitimidade para assumir o cargo caso a cassação da petista se confirme. É por isso que buscará passar longe dos holofotes.
— Ele vai ficar afastado desse processo. Isso não significa que não vai conversar com os companheiros e emitir opinião, mas, publicamente, guardará distância — avalia o deputado federal Alceu Moreira (PMDB).
Embora as análises sejam cautelosas, o indicativo óbvio é de que o vice-presidente conta com a hipótese de ser alçado à Presidência.
— Ele não manifestou nada, mas é claro que, intimamente, acredito que deve ter o interesse em ser presidente — diz o deputado federal Osmar Terra (PMDB).
Alguns sinais exarados ao longo de 2015 mostram que o PMDB se afastou do PT e, depois, procurou se apresentar como alternativa real de projeto para o país.
No primeiro semestre, o governo enfrentava dificuldades de articulação política — um dos problemas crônicos do Palácio do Planalto — e Temer foi chamado para assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Eliseu Padilha, seu braço direito, auxiliava paralelamente às atividades de ministro da pasta da Aviação Civil.
Logo as relações foram se deteriorando, os peemedebistas deixaram as funções em agosto e, partir daí, se consolidou o afastamento.
— Depois que deixou a secretaria, Temer deixou de ter funções executivas — admite o deputado federal Baleia Rossi, um dos mais próximos de Temer e presidente do PMDB de São Paulo.
Sem tarefas executivas no Poder Executivo, o peemedebista ficou escanteado, uma peça decorativa no organograma do governo federal, enquanto os petistas voltavam a controlar sozinhos o coração do Planalto.
— Depois disso, a reforma ministerial foi a linha definitiva do afastamento com Dilma. Ela conduziu as questões do PMDB somente com o Picciani (Leonardo, líder da bancada do PMDB) e passou por cima do partido, ignorou o Michel — avalia o deputado estadual Gabriel Souza (PMDB), que já atuou na Secretaria-Geral da Presidência da República, em 2011, por indicação pessoal de Temer.
A cabal sinalização do rompimento foi o lançamento, no final de outubro, do documento "Uma Ponte para o Futuro", programa político do PMDB para o Brasil alinhado com reformas estruturais clamadas pelo mercado, antagônico às pregações históricas do PT. Foi o indicador de independência.
— Com esse lance, foi como se ele dissesse que o PMDB tem proposta para um novo Brasil e que está preparado (para assumir) — analisa o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB).
Outros elementos começam a indicar que Temer não fará nenhuma defesa de Dilma. Quando Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, e Rui Falcão, presidente nacional do PT, tentaram atribuir a ele, nos últimos dias, posições de apoio a presidente, Temer prontamente desmentiu.
Temer terá encontro com oposicionistas do PSDB
Os aliados mais próximos do vice começam a trabalhar pelo impeachment ou, ao menos, a aprofundar o divórcio. Eliseu Padilha, depois de consultar Temer, abandonou a Esplanada dos Ministérios. Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, braço intelectual de Temer, é vigoroso nas críticas ao governo Dilma nas redes sociais.
Ele é apontado como um possível articulador do impeachment, assim como Baleia Rossi. O fato é que os aliados mais fiéis a Temer começam a indicar o lado da trincheira em que irão se posicionar. Nos bastidores, corre até a informação de que o vice-presidente já teria contatos, desde o PT até o PSDB, para fazer um governo de coalizão.
Pelos mais entusiasmados, ele é apontado como o novo Itamar Franco, que assumiu o país após a queda de Fernando Collor para promover um mandato de conciliação.
— Conheço o Michel e não acredito que ele esteja fazendo isso, articulando agora um governo de coalizão. Mas nós vamos fazer, vamos convencer deputados e senadores. Sem um governo de unidade, vamos para o buraco — comentou Perondi.
Com os escudeiros em campo, Temer coloca em prática o seu plano de distanciamento. Não participa das reuniões do núcleo do governo e saiu de Brasília por alguns dias. Viajou para São Paulo.
Na segunda-feira, irá ao Palácio dos Bandeirantes encontrar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e receber uma homenagem do empresário João Doria Junior, filiado ao PSDB e crítico contumaz do Planalto.
Com tantos enigmas, habilidosas costuras e movimentos calculados, Temer também é considerado um estrategista imprevisível.
— Ele é um muçum ensaboado. Em 2006, veio aqui no Estado e defendeu a candidatura própria à Presidência. Na convenção, criaram uma regra para favorecer o Garotinho (Anthony) na prévia contra o Germano Rigotto. Eles sabiam que, se ganhasse o Garotinho, ele não sobreviveria ao processo político, não chegaria a ser candidato, cairia antes. E foi isso que aconteceu. Esse é o Temer, fala uma coisa e faz outra — diz um peemedebista gaúcho.
Documento do PMDB traz críticas ao governo Dilma
Em outubro, quando lançou o documento "Uma Ponte para o Futuro", com remédios econômicos rechaçados pelo PT, a principal intenção de Michel Temer, garantem os aliados, era mostrar à sociedade o programa de governo do PMDB para as eleições de 2018, quando a sigla teria candidato próprio à Presidência.
O processo de impeachment contra Dilma Rousseff precipitou os fatos e, agora, a intenção é aplicar o programa caso Temer, de fato, se torne o presidente.
Escritas pelo ex-deputado Moreira Franco em parceria com economistas, mas sempre sob a supervisão de Temer, as 19 páginas trazem críticas claras ao governo Dilma. Embora não haja citação direta, constam frases como "nosso desajuste fiscal chegou a um ponto crítico" e "nos últimos anos, é possível dizer que o governo federal cometeu excessos".
As propostas caíram no gosto do empresariado, de investidores e de parte dos economistas. Independentemente de concordar ou não com o conteúdo, o chamado Plano Temer surpreendeu por sugerir e defender claramente reformas impopulares para ressuscitar a economia brasileira e evitar colapsos futuros.
Na política do país, calcada no acordo tácito de não desagradar a ninguém, são mais tradicionais os programas vazios e superficiais.
Já o documento do PMDB defende a necessidade de estabelecer idade mínima para a aposentadoria e de dar fim às vinculações constitucionais no orçamento, como os repasses mínimos para saúde e educação. Também seriam extintas as indexações, seja para salários ou benefícios previdenciários. Os reajustes seriam discutidos anualmente, conforme o cenário.
As medidas, assegura o texto, vão baixar a inflação, reduzir os juros, controlar o perigoso crescimento da dívida pública e devolver ao país a capacidade de investimento, sobretudo o privado, uma prioridade da cartilha.
Se subir a rampa do Palácio do Planalto, o Plano Temer estará debaixo do braço do novo presidente.
LEIA TRECHOS DO PROGRAMA

"O país clama por pacificação, pois o aprofundamento das divisões e a disseminação do ódio e dos ressentimentos estão inviabilizando os consensos políticos sem os quais nossas crises se tornarão cada vez maiores."
"Nos últimos anos o crescimento foi movido por ganhos extraordinários do setor externo e o aumento do consumo das famílias, alimentado pelo crescimento da renda pessoal e pela expansão do crédito ao consumo. Esses motores esgotaram-se e um novo ciclo de crescimento deverá apoiar-se no investimento privado e nos ganhos de competitividade do setor externo, tanto do agronegócio, quanto do setor industrial."
"Nos últimos anos é possível dizer que o governo federal cometeu excessos, seja criando novos programas, seja ampliando os antigos, ou mesmo admitindo novos servidores ou assumindo investimentos acima da capacidade fiscal do Estado. A situação hoje poderia certamente estar menos crítica."
"Outro elemento para o novo orçamento tem que ser o fim de todas as indexações, seja para salários, benefícios previdenciários e tudo o mais. A cada ano o Congresso, na votação do orçamento, decidirá, em conjunto com o Executivo, os reajustes que serão concedidos."

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