"É curioso, tomara que não trágico, que isso se faça em nome da “moralidade”. Não é inédito, entretanto. Ouve-se o mesmo canto desde a UDN, a caça aos marajás e tantos surtos com que a direita contamina o país para que não tenha de mostrar sua cara real, horrível e má. Há muita gente, porém, que não o percebe. E não percebe que a destruição dos partidos políticos, como se viu ontem e ainda se verá, por estes dias, é o caminho para colocar na venda a varejo os votos parlamentares que precisam para alcançar o poder sem os votos populares que lhes faltam." Fernando Brito
Livre para comprar. Livres para vender
Alguém, depois das histórias da Suíça e dos papéis de André Esteves ainda tem alguma dúvida sobre os “argumentos” que usa Eduardo Cunha para, mesmo a dois passos do cadafalso, obter tantos votos na Câmara?
Sejam dívidas do passado ou promessas de futuro, agora que Michel Temer já oferece as fatias do bolo que não é seu, como conta Monica Bergamo na Folha, há moedas de todos os sons a oferecer.
E, do outro lado, mãos ávidas por recebe-las.
É curioso, tomara que não trágico, que isso se faça em nome da “moralidade”.
Não é inédito, entretanto. Ouve-se o mesmo canto desde a UDN, a caça aos marajás e tantos surtos com que a direita contamina o país para que não tenha de mostrar sua cara real, horrível e má.
Há muita gente, porém, que não o percebe.
E não percebe que a destruição dos partidos políticos, como se viu ontem e ainda se verá, por estes dias, é o caminho para colocar na venda a varejo os votos parlamentares que precisam para alcançar o poder sem os votos populares que lhes faltam.
(outra curiosidade é que os agentes disso são os que sobem em suas tamancas para falar em “unidade do PMDB”, não é?)
Já não sendo, depois de décadas, um homem de partido – embora com partido, sempre – tenho liberdade para dizer que, por pior que seja, qualquer ente coletivo melhora a natureza de seus integrantes, porque estabelece entre eles um sistema de freios e contrapesos que contém a ganância individual.
É isso o que se consegue quando se faz do purismo o fundamentalismo político.
Os mais imundos, nos métodos e nos fins, são os primeiros a proclamar sua honradez.
E apontar os partidos como atividades marginais, aquadrilhadas, onde a honestidade individual, querendo ou não, sucumbe à presença do contágio.
Nessa época de culto ao indivíduo, do “só quero saber do que pode dar certo” é, reconheço, luta inglória, embora não sejam eles, mas as coletividades, em seus erros e acertos, quem empurra o carro da História.
A xepa da política é o lugar onde impera isso, o varejo do indivíduo.
E o varejo é onde não apenas se é livre para comprar os homens públicos, mas para que eles possam se vender.
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