" (...) as prisões deixaram de ser instrumento de formação do processo criminal e passou a arreganho de poder judicial, agora que os juízes estão livres para exercer a sua sanha aprisionadora sem que nenhuma consequência lhes venha senão a de virar uma “celebridade” justiceira. Neste caso, inclusive, deixando ao tribunal superior a tarefa de desgastar-se como o “solta bandido”. Este esquiva-se e joga a batata para o STJ ou para o STF."
Prende, prende, prende…
Procure aí nos escaninhos de sua recordações quando foi que alguém foi preso por inside information em operação de câmbio de de Bolsa de Valores, como foi hoje Wesley Batista, da JBS.
Não achou? Não culpe a sua memória nem apele para o famoso lítio do Doutor Ulysses Guimarães.
Está na cara que ela ocorreu por duas simples e evidentes razões.
Uma, é que as prisões deixaram de ser instrumento de formação do processo criminal e passou a arreganho de poder judicial, agora que os juízes estão livres para exercer a sua sanha aprisionadora sem que nenhuma consequência lhes venha senão a de virar uma “celebridade” justiceira. Neste caso, inclusive, deixando ao tribunal superior a tarefa de desgastar-se como o “solta bandido”. Este esquiva-se e joga a batata para o STJ ou para o STF.
A segunda, é que se trata de uma “vingança” contra o fato de Joesley Batista ter passado a perna em Rodrigo Janot. Prender o irmão, que deverá ser solto logo em seguida – porque a prisão não se sustenta legalmente – é uma demonstração de força familiar.
A operação com ações entre a FB (100% Batista) e a JBS (43% Batistas) é das espertezas mais comuns entre holding e controlada. É verdade que a escala e as circunstâncias são escandalosas, mas não é nada raro que grupos controladores, que têm autonomia e segredos em decisões que afetam suas empresas, sobretudo em negociações, a moda do capitalismo moderno, de fusão e incorporação de ou a outras instituições.
Só que não é tão simples de demonstrar assim , como não é simples explicar que o mercado de ações seja ele uma imensa roubalheira. Se é verdade que, ao vender ações, os Batista reduziram a perto da metade o prejuízo que teriam com a desvalorização dos papéis. Mas é também verdade que, se nada tivesse sido operado desde março, quando começaram as negociações com a Procuradoria Geral da República, mesmo com aquela maxidesvalorização do vazamento, teriam tido lucro duas vezes maiores que os prejuízos que evitaram vendendo.
Claro que eles – e qualquer empresa – jogariam com ações, mas é complicado “adivinhar” mercado acionário. Hoje, por exemplo, seria de se esperar uma queda forte das ações da JBS com a prisão de seu presidente. Não houve.
Muito mais graves são as operações com dólar futuro, mas ainda faltam informações para analisar isso. Sobretudo, saber quem mais estava em posição comprada e vendida quando o dólar “pulou” 9% com o escândalo. Em tese, todos os que estavam comprados no curto prazo tiveram este lucro gigantesco. Não foram só os Batista.
PS. Enquanto escrevia o post anterior, prendeu-se Wesley Batista. Enquanto escrevo este, prende-se Anthony Garotinho. O título acerto na mosca, sem saber disso.
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